David Lee Roth – Skyscraper [1988]
Por Daniel Benedetti
Skyscraper é o segundo álbum de estúdio da carreira-solo do vocalista norte-americano David Lee Roth, lançado em 1988. No final de 1985, agora fora do Van Halen, Roth montou um supergrupo virtuoso, composto pelo guitarrista Steve Vai (da banda de Frank Zappa), o baixista Billy Sheehan (oriundo do Talas) e o baterista Gregg Bissonette (que vinha da big band de Maynard Ferguson). Com a produção do veterano produtor do Van Halen, Ted Templeman, Roth lançou seu primeiro LP solo, Eat ‘Em and Smile, em julho de 1986.
O álbum trouxe Roth em uma veia hard rock, mas incorporando alguns de seus gostos musicais ecléticos, incluindo um cover de Frank Sinatra, “That’s Life”, e o hit dos anos 1960, “Tobacco Road”. Eat ‘Em and Smile obteve amplo sucesso comercial e de crítica, alcançando a quarta posição na Billboard 200, vendendo mais de 2 milhões de cópias apenas nos EUA. Roth e sua banda viajaram extensivamente, fazendo shows em arenas, para divulgarem Eat ‘Em and Smile, antes de retornarem ao estúdio em 1987 para gravarem um novo álbum.
O disco foi gravado na metade do ano de 1987, nos estúdios Capitol (Hollywood), Stucco Blue e Smoketree (ambos em Los Angeles), nos Estados Unidos. O selo responsável foi o Warner Bros., e a produção ficou a cargo de Steve Vai e David Lee Roth. Skyscraper seria lançado oficialmente em 25 de janeiro de 1988.
“Knucklebones” abre o disco com um bom riff de Vai e um ritmo mais intenso e malemolente. O sucesso “Just Like Paradise” surge na sequência, sendo dominada pelos teclados. “The Bottom Line” é mais voltada ao Hard Rock que Roth produziu com o Van Halen. “Skyscraper” é mais, digamos, experimental enquanto a suave e tocante “Damn Good” possui um toque intimista e ótima atuação de Roth. “Hot Dog and a Shake” traz um Steve Vai muito inspirado, com solos bem afiados. “Stand Up” é dominada pelos teclados e, para o bem ou mal, é a cara dos anos 1980. Já em “Hina”, Vai é novamente o destaque, com a guitarra muito presente. “Perfect Timing” é uma boa canção enquanto “Two Fools a Minute” tem um caráter mais experimental, é bem divertida, e encerra o disco em alta.
Toda a fúria Hard Rock que Roth apresentava junto ao Van Halen original e que estava presente em Eat ‘Em and Smile, ficou em segundo – ou terceiro – plano em Skyscraper. Aqui a sonoridade é bem menos agressiva, muito mais voltada à música mainstream norte-americana dos anos 1980, com o abuso de sintetizadores e teclados Os momentos em que o Rock é resgatado (“Knucklebones”, “The Bottom Line” e “Hot Dog and a Shake”) permanecem nossos destaques.
O álbum alcançou a sexta posição na principal parada de álbuns dos EUA em fevereiro de 1988. “Just Like Paradise” é, até hoje, um dos singles mais populares de Roth, também atingindo a sexta posição, mas na parada Billboard Hot 100 dos EUA, referente a singles. “Damn Good” e “Stand Up” também foram lançadas como singles, mas obtendo repercussões mais modestas.
Skyscraper foi recebido com opinião dividida tanto do público quanto da crítica. Embora a Skyscraper Tour de Roth, em 1988, tenha sido um sucesso, muitos fãs e críticos, os quais ficaram desapontados com o uso pesado de teclados no Van Halen sem Roth, expressaram insatisfação semelhante com a sonoridade de Skyscraper. Em uma entrevista de 2022, Steve Vai disse que a música “Damn Good” foi desenvolvida a partir de uma peça chamada “Scandinavian Air Solo”, originalmente programada para aparecer em seu álbum Passion and Warfare.
A gestão da carreira de Roth teria recebido um telefonema pedindo permissão para uso de “Just Like Paradise” como música tema de um, então, novo programa de televisão, Beverly Hills 90210. A ideia teria sido rejeitada, sem uma consulta prévia a Roth, então uma peça original de música instrumental foi usada.
Logo após o lançamento de Skyscraper, o baixista Billy Sheehan deixou a banda de Roth devido a diferenças musicais. Ele foi substituído, a tempo para a turnê de divulgação do álbum, pelo baixista Matt Bissonette (irmão do baterista Gregg Bissonette). A turnê internacional Skyscraper Tour foi uma grande produção, apresentando, em diferentes pontos de cada show, Roth surfando acima do público em uma prancha de surf suspensa nas vigas da arena e baixada até o centro de um ringue de boxe. Ambas as partes do show foram apresentadas no videoclipe “Just Like Paradise”.
Após a turnê de Skyscraper, Vai deixou a banda de Roth para seguir carreira solo, além de gravar e fazer turnê com o Whitesnake. Mesmo com as críticas supracitadas, segundo estimativas, Skyscraper supera a casa de 1 milhão de cópias vendidas nos Estados Unidos.
Track List
- Knucklebones
- Just Like Paradise
- The Bottom Line
- Skyscraper
- Damn Good
- Hot Dog and a Shake
- Stand Up
- Hina
- Perfect Timing
- Two Fools a Minute
É interessante observar que tanto o Van Halen quanto o David Lee Roth ganharam, comercialmente falando, com a saída do vocalista. “5150” e “OU812” venderam bem, do lado dos irmãos, e “Eat’em and Smile” e “Skyscrapper” também tiveram bom desempenho nas paradas. Musicalmente falando, acho que ambos perderam – gosto muito do Sammy Hagar, mas sou obrigado a admitir que o trabalho do grupo com Roth é superior. E quanto ao Diamond Dave, para ser honesto, tolerava as palhaçadas dele porque estava cantando no Van Halen, e acho que esses dois discos dele só compensam mesmo por causa da monstruosidade que é o Steve Vai (é verdade que a banda de apoio é toda boa, mas Vai é outro patamar, hehehe…)
O impacto do Roth à frente do Van Halen é muito grande, ao menos eu penso assim. Ele virou o protótipo de vocalista para bandas de Hard/Heavy nos EUA, durante os anos 1980s, basta ver como a maioria das bandas de Glam Metal tinham vocalistas que tentavam emular o trabalho do Damond Dave, seja na forma de cantar, seja nas “palhaçadas” (ao menos, é a percepção que eu tenho). E, musicalmente, eu concordo: ambos perderam. Abraço!
Realmente, Daniel, o Diamond Dave era o cara que a maioria das bandas de hard rock e heavy americanas queriam imitar. Acho que nos anos 80, nesse panorama, quem não tentava imitar Robert Plant tentava se espelhar no Roth. Valeu pelo comentário, abraço!!