Linkin Park – Papercuts (Singles Collection 2000–2023) [2024]

Linkin Park – Papercuts (Singles Collection 2000–2023) [2024]

Por Micael Machado

Seja através de edições especiais de seus primeiros discos, ou de boatos de um retorno com um novo (ou uma nova) vocalista substituindo Chester Bennington, tragicamente falecido em 2017, o nome do grupo Linkin Park vem se mantendo em evidência na mídia nos últimos tempos. Um dos motivos que contribuíram para isto foi o lançamento, no começo deste 2024, da coletânea Papercuts (Singles Collection 2000–2023), primeira compilação de sucessos da carreira do sexteto norte-americano. Com vinte faixas em pouco mais de uma hora, o disco (lançado nos formatos CD, vinil duplo e K7, além das hoje obrigatórias plataformas digitais) percorre quase toda a carreira do grupo, além de trazer algumas raridades e uma faixa inédita.

Pois é justamente por ela que gostaria de começar minha análise desta compilação. “Friendly Fire”, colocada na posição de encerramento da coletânea, é uma sobra do último disco de estúdio da banda, One More Light (de 2017), cuja existência já havia sido revelada pelo vocalista e multi-instrumentista Mike Shinoda durante uma transmissão ao vivo na Twitch em junho de 2020, embora na época ela ainda não estivesse finalizada, nem houvessem planos iminentes para seu lançamento. Na versão deste disco (a qual foi lançada como single em 23 de fevereiro de 2024, recebendo também um clipe oficial), a faixa se revela uma quase balada repleta de elementos eletrônicos, tendendo muito mais para o lado pop da música do grupo do que aquele nu metal dos primeiros anos, aspecto ressaltado pela letra, que trata de um relacionamento se acabando, apesar das duas partes, aparentemente, não desejarem isto! A meu ver, uma faixa apenas mediana, como muitas outras nos últimos discos do grupo.

O Linkin Park, em foto promocional do lançamento da coletânea: Phoenix, Joe Hahn,
Chester Bennington, Mike Shinoda, Brad Delson e Rob Bourdon

O repertório de Papercuts ainda conta com duas faixas que não são exatamente inéditas, mas que podem ser consideradas como raridades para os fãs da banda. Lançada originalmente no EP LP Underground 6.0 (de 2006, disponibilizado apenas para o fã clube oficial do grupo), “QWERTY” foi gravada durante as sessões que resultariam no disco Minutes to Midnight (de 2007), e representa com precisão a mistura de nu metal com rap que o sexteto costumava fazer no começo da carreira, alternando momentos mais pesados com outros em que o rap de Shinoda fica em evidência. Mais antiga ainda, “Lost” foi composta durante as gravações do segundo álbum, Meteora (de 2003), e lançada em uma versão demo na edição de vigésimo aniversário do disco, em 2023, e é uma faixa que já aponta os rumos mais pop que a banda adotaria em pontos futuros de sua carreira, embora ainda conte com algumas passagens mais pesadas de guitarra aqui e ali. Ainda no campo de “raridades”, embora bem mais fácil de ser encontrada, podemos incluir “New Divide”, originalmente presente na trilha sonora do filme Transformers: Revenge of the Fallen (de 2009), e cuja versão de estúdio pela primeira vez faz parte de um álbum oficial da banda, visto que uma versão ao vivo já havia sido incluída no disco One More Light Live, de 2017.

O restante do track list, embora não esteja organizado de forma cronológica, parece, pela quantidade de músicas escolhidas para cada álbum, ressaltar o quanto a carreira do Linkin Park foi perdendo qualidade com o passar dos anos. Dos dois primeiros discos (Hybrid Theory e o já citado Meteora, para mim, os melhores da banda), foram selecionadas quatro músicas de cada um. Do terceiro, o também citado Minutes to Midnight, foram incluídas três faixas. De Living Things (2012), o quinto registro, foram incluídas duas músicas, e os demais discos de estúdio contribuíram com apenas uma faixa cada um, com exceção de The Hunting Party, de 2014, penúltimo registro de inéditas (e, para mim, um dos destaques na discografia do grupo, pois foi um álbum onde os músicos abandonaram um pouco o lado mais pop que vinha dominando as canções mais recentes do sexteto para fazer uma espécie de “volta às raízes” mais pesadas dos primeiros discos), o qual, infelizmente, nem chegou a ser representado nesta compilação, que ainda conta com uma faixa retirada de Collision Course, disco lançado em 2004 em parceria com o rapper Jay-Z, onde músicas dos dois artistas foram mixadas em “mashups” para criar faixas inéditas.

Contracapa da versão em CD de Papercuts (Singles Collection 2000–2023)

Se você for um colecionador bastante dedicado do Linkin Park, Papercuts (Singles Collection 2000–2023) talvez lhe atraia por causa de “Friendly Fire”, ou, talvez, de uma das demais “raridades” que apontei no texto. Se você nunca suportou ouvir a música do Linkin Park (ou se afastou do grupo a partir da guinada mais pop ocorrida a partir do terceiro álbum), não vai ser esta coletânea que vai mudar seu pensamento. Mas, se você for um ouvinte casual do grupo, e gosta de alguma faixa que ouviu aqui ou ali em algum lugar, é bem possível que esta música esteja nesta compilação, pois, como reunião de “hits” da banda, o álbum cumpre muito bem seu objetivo. Se este for o seu caso, pode dar uma chance ao registro, pois possivelmente vai encontrar algo de seu agrado!

Track List:

1. Crawling
2. Faint
3. Numb / Encore
4. Papercut
5. Breaking The Habit
6. In The End
7. Bleed It Out
8. Somewhere I Belong
9. Waiting For The End
10. Castle Of Glass
11. One More Light
12. Burn It Down
13. What I’ve Done
14. QWERTY
15. One Step Closer
16. New Divide
17. Leave Out All The Rest
18. Lost
19. Numb
20. Friendly Fire

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