Discografias Comentadas: David Bowie [Parte III]

Discografias Comentadas: David Bowie [Parte III]

Por Marcello Zapelini

Continuamos nossa aventura pela Discografia de David Bowie. Hoje, passaremos pelo estrelato dos anos 80, o projeto paralelo Tin Machine e as inovações musicais que o Camaleão trouxe para a música no início dos anos 90, assim como algumas das trilhas produzidas por ele no período entre 1983 e 1994.


Let’s Dance [1983]

No final de 1982, Bowie começou a arquitetar seu plano de voltar à linha de frente da música. Um novo contrato com uma nova gravadora (a gigante EMI), um novo LP (com produção de Nile Rodgers, um mestre em canções dançantes) e uma turnê mundial (a primeira desde Isolar II). Musicalmente falando, o produto é este Let’s Dance, um álbum que divide opiniões de fãs – alguns gostam, outros detestam. O álbum se compõe de três ótimas canções, a cover de “China Girl” (que Bowie compôs com Iggy Pop), a nova versão de “Cat People (Putting Out Fire)”, composta com Giorgio Moroder e gravada inicialmente em 1982 para o filme “Cat People”, e “Modern Love”; duas boas, a faixa-título e a eletrônica “Without You” (que soa um pouco como música do movimento New Romantic); por fim, três bem fraquinhas: “Ricochet” (cinco minutos de pura tortura musical, apesar de um bom, mas curto, solo de Stevie Ray Vaughan), a tolinha “Criminal World”, cover de uma banda chamada Metro (quem?), parcialmente redimida por outro ótimo solo de guitarra, e “Shake It”, outra música com arranjo baseado em eletrônicos e que soa como trilha sonora de videogame Atari (essa é para quem viveu a época…). O álbum foi promovido na turnê Serious Moonlight, que rendeu um vídeo ao vivo, cuja trilha sonora foi posteriormente disponibilizada no ótimo álbum duplo Serious Moonlight (Live ’83). É uma pena que Stevie Ray Vaughan, que brilhou no álbum de estúdio, não chegou a um acordo com Bowie e não participa desse álbum ao vivo, ainda que Earl Slick se saia muito bem. Let’s Dance foi muito bem-sucedido, chegando ao 3º lugar da Billboard e liderando as paradas britânicas. Mas o bom momento se perdeu logo depois.


Tonight [1984]

Pergunte a qualquer conhecedor da obra de David Bowie qual é o pior disco que ele lançou, e as probabilidades mais altas são que este disco seja apontado. Ele terminara a turnê Serious Moonlight esgotado, mas a EMI o pressionava para lançar um novo disco – até porque a RCA lançou o álbum ao vivo gravado na despedida de Ziggy e duas coletâneas, Fame and Fashion e Golden Years e a Deram, outra (Love You Till Tuesday) para capitalizar com o sucesso de Let’s Dance. Ou seja, como todo mundo estava ganhando muito dinheiro, exceto a EMI, Tonight foi gravado e lançado às pressas, e o álbum reflete isso: há três regravações de músicas lançadas em álbuns de Iggy Pop, uma dos Beach Boys, e outra para a jurássica “I Keep Forgetting”, que ficou muito ruim. As duas composições novas de Bowie, “Loving the Alien” (ainda que o arranjo seja prejudicado pelas irritantes marimbas que aparecem ao longo do disco) e “Blue Jean”, uma das melhores músicas dele em toda a década de 80, são os destaques. As regravações de músicas de Iggy Pop variam do ruim (“Don’t Look Down”) ao razoável (“Neighborhood Threat”, ainda que prejudicada pelo arranjo), passando pelo dueto com Tina Turner em “Tonight” (mas este ficou melhor na versão ao vivo lançada em Tina Live in Europe). Até gostava de “God Only Knows”, dos Beach Boys, que Bowie canta num barítono aveludado – até conhecer a original e perceber que a versão perde muito para a original. Duas outras parcerias com Iggy, “Tumble and Twirl” e “Dancing with the Big Boys”, completam o álbum sem acrescentar muito. O álbum foi bem-sucedido, liderando a parada britânica (ainda que tenha ficado no 11º da americana), mas não vale tudo isso.


Labyrinth [1986]

Hesitei em incluir este disco, já que somente uma parte dele traz Bowie. A trilha sonora para o filme que ele estrelou usando uma peruca de Tina Turner não é grandes coisas, mas merece uma resenha (diferentemente da trilha sonora de Christiane F., que é tecnicamente uma coletânea, esta traz músicas novas). David gravara recentemente duas músicas para o filme Absolute Begginers, uma versão (dispensável) para “Volare” e a faixa-título, uma bela balada que, felizmente, pode ser encontrada em versões ao vivo e coletâneas, e foi convidado para atuar e compor a trilha sonora deste filme fantasioso. Ele aparece em seis das doze músicas da trilha (“Opening Titles Including Underground”, “Magic Dance”, “Chilly Down”, “As the World Falls Down”, “Within You” e “Underground”), com as demais a cargo de Trevor Jones, que são basicamente música incidental e não são abordadas aqui (dessas, “Home at Last” é a mais interessante). Passando para o material composto por David Bowie, o que se tem é um punhado de composições pouco atraentes com muitos instrumentos eletrônicos prejudicando os arranjos. Pior, “Chilly Down” nem mesmo traz Bowie no vocal, que é dividido entre alguns dos atores do filme. Entretanto, “As the World Falls Down” é uma bela balada que, com um arranjo menos artificial, poderia funcionar bem – um problema que também acomete “Within You”. “Underground” é a música mais bem trabalhada, e a melhor do álbum, com direito ao mestre do blues Albert Collins na guitarra. Tudo considerado, de seis músicas de Bowie, três são razoáveis; imagino que boa parte das vendas tenha se dado para colecionadores que precisavam ter tudo o que o Camaleão gravou.

Bowie contracenando com a jovem Jennifer Connely em Labyrinth

Never Let me Down [1987]

Tão malhado quanto Tonight, mas nesse caso acho um pouco injusto. A produção é excessiva e datada e o próprio Bowie, antes de morrer, decidiu que uma nova versão era necessária. E já em 1989 ele mandou retirar “Too Dizzy” do disco; a música, bem fraquinha (ainda que ele tenha feito pior), simplesmente sumiu (ela é a única do álbum que nunca foi apresentada ao vivo, e nunca reapareceu em nenhum outro lançamento). O vinil e o CD de 1987 tinham durações diferentes, pois as músicas foram editadas para o LP não perder qualidade sonora. “Day In Day Out” abre o disco com um forte sabor funk e soul, como em “Young Americans”; primeiro single do LP, traz um bom solo de guitarra de Sid McGinnis (isso num álbum que tinha Peter Frampton!). “Time Will Crawl”, na sequência, é muito prejudicada pelo excesso de sintetizadores (até o sax parece sintetizado) e a bateria oitentista. E assim vai, com a produção estragando as belas “Beat of Your Drum” e “Never Let Me Down”, essa última a mais prejudicada, pois o ouvinte acaba não focalizando o vocal frágil de Bowie, que canta quase em falsete. “Zeroes” traz uma introdução “ao vivo” que me lembrou de “Future Legend” do “Diamond Dogs” e abre espaço para o velho amigo Frampton brilhar. “Glass Spider”, que daria nome à turnê de lançamento do disco, traz Bowie declamando a letra quase em deadpan, até a música efetivamente começar e abrir espaço para Frampton se destacar novamente. “Shinin’ Star (Making My Love)” é uma música inofensiva e leve, provavelmente a mais fraca do álbum. Mas a sequência final, “New York’s in Love”, “’87 and Cry” e a versão para “Bang Bang”, de Iggy Pop, recoloca o disco nos eixos, apesar dos arranjos datados. A Glass Spider Tour percorreria América do Norte, Europa e Oceania e renderia um vídeo ao vivo, posteriormente relançado em DVD e CD duplo trazendo um show no Canadá. E finalmente em 2018 sairia (na box set Loving the Alien) a versão retrabalhada do álbum, Never Let Me Down 2018, em que músicas como a faixa-título, “Time Will Crawl”, “’87 and Cry”, “Beat of Your Drum” e “Zeroes” (que praticamente renasceu, mas devo confessar que há momentos em que prefiro a original!) mostram que havia um bom álbum soterrado pela produção original. Mais ainda, a nova versão valoriza o bom desempenho de Bowie nos vocais.


Tin Machine [1989]

David Bowie admite que sofria de bloqueio criativo (writer’s block) no final dos anos 80, e depois de  Never Let Me Down ter sido destroçado pelos críticos, ele se escondeu por trás de uma banda formada pelos irmãos Tony e Hunt Sales, que ele conhecia desde os tempos de trabalhar com Iggy Pop, e o guitarrista Reeves Gabrels; as gravações foram marcadas por conflitos pessoais, mas Bowie não gostou de a EMI exigir um novo Let’s Dance e se voltou para a sonoridade do Pixies, que declarou ser sua banda favorita na época. Indubitavelmente todos são bons instrumentistas, mas Gabrels decepciona quando se tem em mente que Bowie trabalhou com feras como Fripp, Ronson e Frampton – o cara soa como um Adrian Belew com o pé atolado no pedal de distorção. O álbum traz composições de todos, além de uma cover (bem fraca) para “Working Class Hero”, de John Lennon, e David se recusou a ser o “foco” do grupo, exigindo que todos ou pelo menos um dos outros integrantes estivessem nas entrevistas. As composições do álbum não se destacam, ainda que “Crack City” e “I Can’t Read” sejam boas; essa última, prefiro essa versão à regravação em “Earthling”. “Run” é agradável, com menos distorção nas guitarras e um bom vocal. “Baby Can Dance” encerra bem o disco – mas não deixa saudade. Sabe aquele disco que quando termina você sente vontade de tocar de novo? Tin Machine não é desses; tenho um grande amigo que adora o disco, mas é a única pessoa que conheço que tem uma visão tão favorável do álbum. A turnê rendeu o vídeo ao vivo Live at La Cigale, registrado em show em Paris em junho de 1989 – posteriormente sairia também em CD, mas é um dos lançamentos mais obscuros da carreira de Bowie.

A Tin Machine: Reeves Gabrels, David Bowie, Tony Sales e Hunt Sales

Tin Machine II [1991]

O segundo álbum do Tin Machine dividiu os críticos, mas vendeu bem menos do que o primeiro. Entre o, ele fez uma turnê solo, “Sound + Vision”, em que pretensamente tocaria pela última vez suas canções mais conhecidas, e depois iria se dedicar exclusivamente à banda. O tempo demonstraria que ele não cumpriu sua promessa, pois já em 1993 lançaria dois álbuns solo, Black Tie White Noise e The Buddha of Suburbia. Mas vamos a Tin Machine II; em minha opinião, as composições nesse disco são mais interessantes do que no primeiro, daí minha preferência: Bowie e sua turma investiram mais nas melodias e menos no barulho puro e simples. “One Shot”, “You Belong to Rock’n’Roll”, “Amlapura”, “Betty Wrong”, “Shopping for Girls”, são boas composições, mas, por outro lado, há músicas ruins como a versão para “If There is Something”, “You Can’t Talk”, e a horrorosa “Big Hurt”. No meio disso, várias músicas não chegam a se destacar, embora também não comprometam – dentre elas, a bluesy “Stateside”, que teria se beneficiado de um vocal de Bowie no lugar do de Hunt Sales (que também cantou “Sorry”, mas essa nem Bowie salvaria). O disco se encerra com a boa “Goodbye Mr. Ed” – ou seria “Goodbye Tin Machine”? A turnê de divulgação de Tin Machine II, It’s My Life Tour, rendeu o álbum ao vivo Tin Machine Live: Oy Vey Baby (o título é uma gozação com Achtung Baby, do U2), lançado em 1992. O fracasso comercial e artístico do projeto levou Bowie a retomar sua carreira solo, e, embora Gabrels tenha continuado a colaborar com ele, a banda nunca se reuniu novamente.


Black Tie White Noise [1993]

A volta de Bowie à carreira solo rendeu um álbum produzido pelo velho chapa Nile Rodgers e cheio de altos e baixos. Inspirado pelo seu casamento com a modelo somali Iman, Bowie apresentou novas composições e gravou covers de gente que ele admirava, como Scott Walker (“Nite Flights”), e Morrissey (“I Know it’s Gonna Happen Someday”), bem como uma curiosa (mas interessante) versão para “I Feel Free” (do Cream, com Mick Ronson na guitarra, que faleceu pouco depois, e uma composição originalmente cantada em árabe, vertida para o inglês como “Don’t Let me Down and Down”, gravada por uma amiga de Iman. O álbum abre com “The Wedding” e se encerra com “The Wedding Song”: a primeira é instrumental, baseada na melodia que ele escreveu para seu casamento, a segunda com letra. A faixa-título reflete suas impressões sobre o levante racial em Los Angeles em 1992 (ele e Iman tinham se casado poucos dias antes e ficaram trancados no hotel enquanto a violência explodia); a letra é muito boa, mas a música não atrai muito, para ser franco. “You’ve Been Around” põe em destaque o trompete de Lester Bowie, que dá um sabor jazzístico à música e é homenageado em “Looking for Lester”, segunda instrumental do disco, ambas boas músicas que elevam o nível do álbum; Lester aparece com destaque em várias músicas além dessas duas. Já “Jump They Say” foi feita para o meio-irmão Terry, que foi diagnosticado como esquizofrênico e se suicidou nos anos 80; uma ótima música, que considero das melhores que ele fez nos anos 90. “Pallas Athena”, lançada em single, é um experimento meio falho, mas não compromete – por outro lado, “Miracle Goodnight”, que a sucede, não tem o que a salve. Mas dali em diante se tem “Looking for Lester”, “The Wedding Song” e “Don’t Let Me Down and Down”, boas músicas que encerram bem o álbum (com a enjoadinha “I Know it’s Gonna Happen Someday” no meio, a música de Morrissey, um sujeito que particularmente não me atrai, seja como letrista, compositor ou cantor). Mas todos sabemos que Bowie era capaz de fazer melhor; pena que demorou um pouco para isso acontecer.


The Buddha of Suburbia [1993]

Um adjetivo que me vem à cabeça quando ouço este álbum é “inútil”. O que deveria ser uma trilha sonora para uma adaptação de uma novela de Hanif Kureishi com o mesmo título (o livro trata sobre um jovem que queria ser ator, e inclui um personagem chamado Charlie que foi inspirado em David) acabou se tornando uma coleção de músicas pretensamente vanguardistas, mas, na maioria das vezes, tediosas. O grande beneficiado com este lançamento foi o músico turco Erdal Kizilçay, que se mostra um verdadeiro homem-orquestra, e que já participara (e ainda participaria) de outros projetos de Bowie. A única música que realmente se destaca é “Strangers When We Meet”, que está entre as melhores coisas que nosso herói fez nos anos 90, na minha opinião, é a única que eu selecionaria para uma coletânea (mas teria que ser pelo menos um CD duplo para entrar) – mas o que dizer, se ela é “reprisada” em “Outside”?. A faixa-título, única música efetivamente usada na trilha sonora, é boa, mas empalidece no contexto da produção geral de Bowie. “Bleed Like Crazy, Dad” é bem rocker, mas precisava de menos efeitos no vocal para funcionar. Por outro lado, “Sex and the Church” beira o ridículo, as instrumentais “South Horizon” e “The Mysteries” não cativam (a primeira pelo menos mostra que Mike Garson continuava sendo um pianista instigante), “Dead Against It”, “Untitled No. 1” e “Ian Fish U.K. Heir” passam quase desapercebidas, e tudo termina com a “rock mix” da faixa-título, com Lenny Kravitz na guitarra. Bowie afirmou no começo do século XXI que este era seu disco favorito dentre todos os que tinha gravado, e a crítica à época elogiou. Mas eu não gostei, e mais de trinta anos depois de ter ouvido pela primeira vez, continuo não gostando.


Mês que vem encerraremos essa sequência de textos, com os álbuns da segunda metade dos anos 90 e os lançamentos dos anos 2020.

4 comentários sobre “Discografias Comentadas: David Bowie [Parte III]

  1. Período que considero menos criativo de Bowie, mas com uma obra-prima chamada Let’s Dance. Fica difícil fazer algo tão incrível nos anos 80 depois de clássicos como “Let’s Dance”, “China Girl” e “Cat People (Putting Out Fire)”? Muito difícil. Discaço-aço, top 5 da minha lista do Bowie

    Ao mesmo tempo, Tonight e Never Let Me Down concorrem forte para piores do camaleão. Acho que o segundo é ainda pior que o primeiro, mesmo com a defesa do Marcello. Nenhum dos dois tem algo atrativo.

    Eu curto ambos os discos do Tin Machine, mais o segundo do que o primeiro. Talvez apareça um dia no Discos Que Parece Que Só Eu Gosto, por que acho discos muito bons e bem elaborados. Quanto ao Black Tie White Noise é um disco de transição que considero fraco para Bowie, mas tem seus momentos.

    Já das trilhas, fiquei surpreso de ver o Labyrinth aqui. Gosto bastante do Absolute Beginners, e o Buddha é realmente bem fraquinho. Vale a pena citar tb a participação do Bowie cantando “This is Not America” junto de Pat Metheny na trilha do The Falcon and the Snowman, de 1985.

    A ultima parte terá no minimo mais duas obras-primas. Veremos
    Belo texto Marcello

  2. Os anos 80 foram cruéis com a maior parte dos rockers das décadas de 60 e 70, sem dúvida! Esse período realmente é meio complicado na carreira do Bowie, e certamente “Let’s Dance” é o disco que todo mundo que gosta do cara tem que ter em sua coleção – e os demais são questão de gosto.
    Foi bom conhecer outra pessoa que gosta do Tin Machine; desde que o primeiro disco saiu no longínquo 1989 eu venho tentando apreciar e não consigo ir muito além do que mencionei na resenha.
    Sobre as trilhas sonoras, de fato me esqueci de mencionar “This is Not America” – um dos maiores sucessos dele nos anos 80, e dar mais destaque para a bela “Absolute Begginers”, que é uma das melhores músicas dele nos anos 80.
    O “Never Let Me Down” ainda vai me render um “discos que parece que só eu que gosto”, porque não adianta, não vejo mais ninguém que aprecie o álbum – no máximo vejo pessoas elogiarem as versões ao vivo de suas músicas no “Glass Spider”.

      1. Pois é, parece ser unanimidade… As pessoas que não curtem o “Never Let Me Down” sempre apontam que ao vivo as músicas ficaram melhores. Acho que a regravação/remixagem na box set, “Never Let Me Down 2018” serviu para apontar que as músicas no mínimo não eram tão ruins quanto a produção fizera pensar.

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