Cinco Discos Para Conhecer: Templos do Rock – Hammersmith Odeon
Por Marcello Zapelini
Outro templo do rock londrino, o Hammersmith Odeon também faz bonito no quesito “gravações ao vivo memoráveis”. Inaugurado em 1932 como um cinema (Gaumont Palace), o Hammersmith Odeon se localiza no bairro de Hammersmith, Londres, e ganhou seu nome mais famoso em 1962 – para tornar-se o Apollo em 1993, mudando de nome conforme o patrocinador (hoje é o Eventim Apollo, ainda que seja popularmente conhecido como Hammersmith Apollo). Inicialmente, o público máximo permitido consistia em 3500 pessoas sentadas, mas as reformas subsequentes, que o transformaram em uma casa de shows, permitem que 5000 pessoas possam assistir as apresentações. O Gaumont Palace era dotado de um órgão, e nos filmes mais longos era comum que um músico o tocasse durante o intervalo – os filmes eram interrompidos para que o público pudesse fumar um cigarro, e os não-fumantes, que permaneciam sentados no cinema, tinham um pouco de entretenimento musical. Em 2007 esse órgão foi consertado e pode ser novamente usado para performances musicais.
Embora o teatro não seja tão prestigiado quanto o Royal Albert Hall, não é nenhum exagero considerá-lo um dos templos do rock britânico. A lista de músicos que se apresentaram nele é impressionante, incluindo todas as gerações de rockers americanos e ingleses, como Buddy Holly, The Beatles, David Bowie (a última performance de Ziggy Stardust – mas esse álbum e filme estou guardando para outra resenha), Elton John, Queen, Kiss (os primeiros shows da banda em Londres, em 1976), Bruce Springsteen, Thin Lizzy, Black Sabbath (o show comemorativo dos dez anos de carreira da banda, ainda com Ozzy, em 1978, uma série de shows com Dio, que rendeu o Live at Hammersmith Odeon e, posteriormente, com Tony Martin – registrado no Cross Purposes Live), Rush, UFO, Iron Maiden, Dire Straits, Japan, Blondie (com um guitarrista convidado, Robert Fripp!), Marillion (que gravou o vídeo “Recital of the Script” lá), Prince, Eric Clapton, Duran Duran, a reunião da formação original do Status Quo… A lista é imensa!
Para conhecer os discos ao vivo no Hammersmith Odeon, optei por alguns favoritos pessoais, deixando de lado algumas escolhas mais óbvias). Como bonus tracks, dois álbuns “póstumos”, um do Queen e outro do Black Sabbath. Uma nota pessoal: gostaria de ter incluído o álbum ao vivo do Japan, “Oil on Canvas”, mas ao consultar informações sobre o disco para auxiliar na resenha, descobri que somente a bateria foi gravada ao vivo – todo o resto foi “recriado” em estúdio. Com isso, achei melhor incluir outro no lugar…
Mott The Hoople – Live [1974]
O Mott The Hoople ganhou fama, em sua primeira encarnação (os quatro primeiros discos, antes do sucesso com “All The Young Dudes”), como uma banda absolutamente incendiária num palco – e os lançamentos de arquivos, em que pese uma qualidade sonora usualmente meio ruim, comprovam essa fama. Entretanto, durante sua existência nos anos 60 e 70, somente um álbum ao vivo foi lançado oficialmente. Mott The Hoople Live era um álbum simples com mais de 50 minutos de duração, com um lado dedicado a um show na Broadway (o Mott foi a primeira banda de rock a se apresentar lá) em 1974 e outro a um no Hammersmith em 1973. Eventualmente, o álbum foi expandido para um CD duplo, com cada disquinho dedicado a um dos concertos. Vou passar direto pelo show da Broadway e me concentrar no do Hammersmith, na versão em CD – mas porque é o objeto desse artigo, não por algum problema do show em si. Em novembro de 1973, na gravação desse show, o Mott já tinha perdido o guitarrista Mick Ralphs e o tecladista Verden Allen, substituídos respectivamente por Ariel Bender (ou Luther Grosvenor, se preferir o nome de batismo do moço) e Morgan Fisher, com Mick Bolton colaborando no órgão (no show de 1974 Blue Weaver se encarrega do órgão). Após a introdução com “Jupiter”, da suíte “The Planets”, de Gustav Holt, o Mott The Hoople descasca o sarrafo com “Drivin’ Sister”. Daí em diante a banda apresenta clássicos como “Sweet Jane” e “All the Young Dudes”, um longo medley que inicia com “Jerkin’ Crocus” e termina com “Violence”, passando por “One of the Boys”, “Rock’n’Roll Queen”, “Get Back” (aquela mesma) e “Whole Lotta Shakin’ Goin’ On” (o clássico de Jerry Lee Lewis), até terminar apoteoticamente com uma versão absolutamente matadora de “Walkin’ With a Mountain”, com um solo de guitarra estupendo de Ariel Bender e com o público em absoluto delírio; aliás, a versão gravada no Uris Theatre da Broadway, presente no lado 1 do antigo LP e CD1 na versão de 30º aniversário, é mais curta do que a do Hammersmith porque o público invadiu o palco e por pouco não baixaram as cortinas com o grupo ainda tocando! O Mott gozava da justa fama de ser uma das melhores bandas britânicas ao vivo – e este Live é uma prova disso.
Ian Hunter (guitarra, vocais), Ariel Bender (guitarra, vocais) Overend Watts (baixo, vocais), Dale Griffin (bateria, vocais), Morgan Fisher (piano, vocais)
Mick Bolton (órgão, show britânico)
Blue Weaver (órgão, show norte-americano)
Stan Tippins (vocais em 4)
- All The Way From Memphis
- Sucker
- Rest In Peace
- All The Young Dudes
- Walking With A Mountain
- Sweet Angeline
- Rose
The Sensational Alex Harvey Band – Live [1975]
O quinto álbum da Sensational Alex Harvey Band (doravante SAHB) – e primeiro ao vivo – foi gravado em 24 de maio no Hammersmith Odeon e lançado em setembro de 1975. A formação é a clássica com o guitarrista fantasiado de palhaço, Zal Cleminson, mais Chris Glen no baixo e os irmãos McKenna, Ted na bateria e Hugh nos teclados, e, claro, o figuraço Alex Harvey no vocal e guitarra. No repertório, apenas uma música do mais recente disco de estúdio (Tomorrow Belongs to Me, o único que conseguiu chegar no top 10 britânico), “Give My Compliments to the Chief”, “Tomahawk Kid” e “Vambo”, do terceiro (Tomorrow Belongs to Me), “The Faith Healer” do segundo LP (Next … ), “Framed”, do primeiro, e uma versão para “Delilah”, gravada por ninguém menos do que Tom Jones, inédita nos discos da SAHB e lançada como single para promover o LP. Ou seja, um setlist de primeira qualidade, mas que falta “Midnight Moses”, na minha opinião. Independentemente disso, o álbum é energia pura do começo ao fim, e a voz infame de Harvey (o melhor cantor ruim que já ouvi – nesse quesito ele ganha até mesmo do Bon Scott, um cara que o imitou até dizer chega) reina soberana sobre as bases da excelente (sensacional?) banda de apoio; o público reage à altura e o resultado é um daqueles discos que só não são melhores porque não são duplos. Alex Harvey já estava com quarenta anos nessa época (o cara era menos de um mês mais jovem do que Elvis Presley, então um verdadeiro sinônimo de rocker veterano), o que o tornava uma exceção no mundo do rock setentista, ainda mais na cena glam, da qual a SAHB fazia parte. E Zal Cleminson, que futuramente se juntaria (ainda que por pouco tempo) ao Nazareth, brilha sempre que tem uma oportunidade, em especial em “Vambo”. Este Live é uma das melhores introduções que se pode ter ao mundo da SAHB, e um bom exemplo do que o glam rock britânico conseguia atingir em termos de potência nos anos 70. Destaques para “Tomahawk Kid” e a versão fantástica de “Framed”, em que Harvey se mostra perfeito para cantar esse velho blues de Leiber e Stoller.
Alex Harvey (vocais, guitarras), Zal Cleminson (guitarras), Chris Glen (baixo), Ted McKenna (bateria), Hugh McKenna (teclados)
- Fanfare
- Faith Healer
- Tomahawk Kid
- Vambo
- Give My Compliments To The Chef
- Delilah
- Framed
Whitesnake – Live… In the Heart of the City [1980]
Quem conheceu o Whitesnake somente a partir do multiplatinado álbum homônimo de 1987 deve ter coçado a cabeça ao ouvir os lançamentos anteriores, mormente os quatro primeiros – do qual este é o último da fase mais blueseira da banda de David Coverdale. O álbum duplo traz duas apresentações diferentes no Hammersmith, uma em 1978, após o lançamento de “Trouble”, e ainda contando com Dave Dowle na bateria (não-creditado, a não ser na exclusividade japonesa Live at Hammersmith), e a outra em 1980, quando a banda promovia Ready An’ Willing, com a formação clássica com Coverdale, Bernie Marsden e Micky Moody nas guitarras e backing vocals, Jon Lord nos teclados, Neil Murray no baixo e Ian Paice na bateria. Lembro-me muito bem da versão em vinil, que era meio desprezada por ter os dois discos numa capa simples, e pelo fato de ambos os shows começarem com “Come On”, música do EP Snakebite – e não muito boa, aliás. O show de 1978 trazia duas músicas do Deep Purple, “Might Just Take Your Life” e “Mistreated”, com Bernie fazendo bonito ao replicar os vocais de Glenn Hughes – e ele e Micky falhando miseravelmente ao tentar replicar o solo de Ritchie Blackmore em “Mistreated”. Destaques nesse primeiro show incluem uma ótima versão para “Ain’t no Love in the Heart of the City” e uma “Trouble” com ótimo apoio vocal e uma slide guitar memorável de Micky. Já no disco de 1980, “Walking in the Shadow of the Blues”, “Fool for Your Loving”, “Ain’t Gonna Cry No More”, “Take Me With You” e “Love Hunter” – esta última incorporando o solo de Micky Moody são destaques absolutos. Com mais de 80 minutos, o álbum original foi relançado em CD duplo, originalmente; posteriormente, um relançamento limou a versão de 1978 de “Come On”. Finalmente, uma nova edição remasterizada trouxe um bônus, a versão do show de 1980 para “Ain’t No Love…” – e essa edição é a melhor disponível, pois a bela música está muito bem nessa versão, provando que o Whitesnake bluesy era uma máquina de
primeiríssima qualidade nesse período inicial de sua carreira.
David Coverdale (vocais), Bernie Marsden (guitarras, backing vocals), Micky Moody (guitarras, backing vocals), Jon Lord (teclados), Neil Murray (baixo), Ian Paice (bateria)
- Come On
- Sweet Talker
- Walking In The Shadow Of The Blues
- Love Hunter
- Fool For Your Loving
- Ain’t Gonna Cry No More
- Ready An’ Willing
- Take Me With You
- Come On
- Might Just Take Your Life
- Lie Down
- Ain’t No Love In The Heart Of The City
- Trouble
- Mistreated
Iron Maiden – Beast Over Hammersmith [2002]
Como todo fã do Iron Maiden sabe, a banda gravou um dos lados do álbum duplo Live After Death no Hammersmith, para que os fãs ingleses fossem recompensados com material ao vivo na terra natal (afinal, a maior parte do álbum foi gravado em Long Beach). Mas, antes disso, uma gravação e filmagem ao vivo tinha sido feita em 1982, com o quinteto formado ainda por Steve Harris, Dave Murray, Adrian Smith, Clive Burr e o então calouro Bruce Dickinson, dois dias antes do lançamento oficial de The Number of the Beast. O show foi lançado num dos CDs que compõem a box Eddie’s Archive, em 2002, enquanto uma parte do filme foi lançada no DVD The History of Iron Maiden Part 1 – The Early Days, de 2004. O livreto do CD reproduz parcialmente o programa dos shows da época. Quanto ao álbum em si, tem-se material dos primeiros três discos do Maiden, com Bruce ainda soando próximo de Paul Di’Anno como frontman – mas dando um show no antecessor em termos de alcance vocal (gosto muito de Di’Anno, mas Bruce canta melhor), Steve dando o máximo de si, Dave e Adrian mostrando porque eram uma das melhores duplas de guitarristas da história do rock, e o grande Clive Burr, que deixou saudade (gosto mais do estilo dele do que do Nicko), minha formação preferida do grupo, aliás. Muitas das 18 músicas que aparecem no disco raramente reapareceram nos setlists posteriores, tornando Beast Over Hammersmith um disco essencial para os fãs da Donzela de Ferro. Para mim, “Killers”, “Children of the Damned”, “Run to the Hills” (uma eterna favorita minha), “The Prisoner”, “Sanctuary” e “Prowler” são os principais destaques, mas não é exagero nenhum dizer que qualquer pessoa que ouça o disco tenha com uma lista diferente de favoritas, tamanha é a qualidade da performance do grupo. Beast Over Hammersmith não é exatamente o lançamento oficial mais fácil de se encontrar no catálogo do Iron Maiden, mas também não é uma raridade absoluta – e se você encontrá-lo dando sopa por aí, não perca.
Bruce Dickinson (vocais), Steve Harris (baixo), Dave Murray (guitarras), Adrian Smith (guitarras), Clive Burr (bateria)
- Murders In The Rue Morgue
- Wrathchild
- Run To The Hills
- Children Of The Damned
- The Number Of The Beast
- Another Life
- Killers
- 22 Acacia Avenue
- Total Eclipse
- Transylvania
- The Prisoner
- Hallowed Be Thy Name
- Phantom Of The Opera
- Iron Maiden
- Sanctuary
- Drifter
- Running Free
- Prowler
Dire Straits – Alchemy Live [1984]
Em 1984, o Dire Straits era um one hit wonder. Com quatro discos de estúdio nas costas, o grupo decidiu lançar um duplo ao vivo para demonstrar sua excelência nos palcos, e escolheu as gravações feitas no venerando Hammersmith Odeon, no encerramento da turnê que promoveu Love Over Gold, quarto álbum de estúdio do grupo, em 1983. O fato de serem os últimos shows pode fazer com que as pessoas pensem que o Dire Straits estaria cansado – mas se eles tinham algum problema, não deixaram transparecer. Nessa época, o grupo trazia o líder Mark Knopfler, seu fiel escudeiro e baixista John Illsley, Allan Clarke nos teclados, Hal Lindes na guitarra rítmica e o ótimo baterista Terry Williams, além de três músicos adicionais (o grande Mel Collins no sax, Tommy Mandel nos teclados e Joop de Korte na percussão). O álbum revisita todos os discos de estúdio do grupo até então, em versões que, na maioria das vezes, são mais longas que o original, com destaque para Mark e Terry soltando todos os bichos do zoológico em “Sultans of Swing”, Mel Collins com seu sax rock’n’roller em “Two Young Lovers”, a bela “Love Over Gold” (exclusiva do CD), a rocker “Solid Rock”, até chegar ao final com a famosa “Going Home”, da trilha sonora de Mark Knopfler para o filme Local Hero (aliás, o que tinha de gente que tinha o LP nos anos 80 e não tinha a menor ideia de que filme era esse…). Um grande disco ao vivo para marcar o fim da primeira etapa da carreira do Dire Straits, já que em 1985 o LP Brothers in Arms, puxado pelo clip de “Money For Nothing”, explodiria no mundo inteiro e faria deles uma das bandas mais conhecidas do mundo – mas o sucesso não lhes fez bem, pois apenas um álbum de estúdio e outro ao vivo se seguiriam antes do fim da banda nos anos 90. Mark Knopfler retomou sua carreira solo e alguns sobreviventes montaram uma banda para se apresentar ao vivo. Recentemente, uma box set com os álbuns ao vivo do grupo acrescentou as músicas que faltavam ao lançamento original – e essa é a melhor versão disponível.
Mark Knopfler (guitarra, vocais), John Illsley (baixo), Allan Clarke (teclados), Hal Lindes (guitarras), Terry Williams (bateria)
Mel Collins – saxofone
Tommy Mandel – teclados
Joop de Korte – percussão
- Once Upon A Time In The West
- Romeo And Juliet
- Expresso Love
- Private Investigations
- Sultans Of Swing
- Two Young Lovers
- Intro (The Carousel Waltz)
- Tunnel Of Love
- Telegraph Road
- Solid Rock
- Going Home – Theme From ‘Local Hero’
BONUS TRACKS:
Como bonus tracks, decidi incluir dois discos “póstumos” do Black Sabbath e do Queen, gravados em momentos bem diferentes da carreira das duas bandas: uma estava renascendo, a outra ainda estava no começo da sua escalada para o sucesso. Mas ambos são discos muito interessantes e bastante relevantes para os fãs, ainda que por motivos diferentes.
Queen – A Night at The Odeon [2015]
Podem atirar as pedras: eu não gosto dos discos de estúdio do Queen. Ao vivo, entretanto, era outra história, e na minha opinião o grupo rendia muito mais nos palcos do que em estúdio, quando tendiam a sobrecarregar os arranjos de suas músicas. Assim, tenho mais discos ao vivo do que de estúdio deles – até porque não sou fã do Queen. Este A Night at The Odeon, gravado na véspera de Natal de 1975, segue o padrão dos outros ao vivo do Queen que conheço, com uma performance avassaladora dos músicos, tanto instrumental quanto em termos de vocais. Abrindo com duas pauladas, “Now I’m Here” e “Ogre Battle”, o disco suaviza com “White Queen” e segue com uma curiosa versão em medley de “Bohemian Rhapsody” (sem a introdução a capella), que engata com “Killer Queen” e “The March of the Black Queen” antes de voltar ao single mais famoso do grupo, justamente na parte final com Freddie cantando “Nothing really matters…”. “Brighton Rock” é basicamente uma introdução para o solo de Brian May, e o nível do álbum se eleva novamente com “Keep Yourself Alive” (com solo de Roger Taylor) e “Liar”. Uma música que desconheço completamente, “Big Spender” conduz a um medley de clássicos do rock capitaneado por “Jailhouse Rock”, que me deixou pensando se não foi influência do Uriah Heep, com quem o Queen excursionou bem no começo da carreira. O encore com “Seven Seas of Rhye” e a bluesy “See What a Fool I’ve Been” é para colocar um sorriso na boca até mesmo de um cínico não-fã do Queen como eu, e claro que a festa se encerraria com “God Save the Queen”. Aí eu fico imaginando: se eu, que não ligo muito para a banda, gosto do disco, imagina um fanático… A BBC filmou e exibiu o show (incompleto em relação ao CD), o que deu origem a múltiplos bootlegs até ser oficialmente lançado em 2015 em CD e DVD. Junto com Live at the Rainbow ‘74, este álbum permite ter um vislumbre de como eram os shows do Queen antes de se tornarem um megahit em escala mundial.
Black Sabbath – Live at Hammersmith Odeon [2007]
Lançado em 2007 (pouco depois da coletânea The Dio Years, que trouxe três músicas novas) para promover a nova reunião de Tony Iommi e Geezer Butler com Dio e Vinnie Appice – quando a banda se metamorfoseou em Heaven and Hell – este álbum foi gravado em 31/12/1981 e 2/1/1982, pouco antes dos shows que renderiam Live Evil. O repertório é bem semelhante ao do duplo ao vivo lançado em 1982, mas incluiu “Country Girl”, numa versão fantástica, com Vinnie Appice jogando ainda mais peso na sua bateria e “Slippin’ Away”, que é apresentada incompleta, após “War Pigs”, e com o solo de bateria que emenda na introdução de “Iron Man”, mas não traz o trecho de “The Sign of the Southern Cross” que levava à conclusão de “Heaven and Hell”. A qualidade de gravação é superior à do Live Evil (um álbum marcado pelo baixo desempenho nesse quesito, problema só resolvido na recente box set), mas, em termos de performance, é difícil escolher um deles. O grupo estava realmente muito bem nos shows dessa época, e as versões de “Neon Knights”, “War Pigs”, “The Mob Rules” e “Children of the Sea”, por exemplo, não devem nada às mais famosas do “Live Evil”, e prefiro a versão de “Heaven and Hell” no Hammersmith do que a do duplo. “Paranoid” ainda se encerra com o riff de “Heaven and Hell”, e curiosamente “Voodoo” (numa versão mais cadenciada, mais próxima da original) antecede “Children of the Grave” no encore. O álbum foi lançado em tiragem muito limitada de 5000 cópias pela Rhino Handmade, que esgotou rapidamente, mas posteriormente foi incluído na DeLuxe Edition de Mob Rules. Entretanto, a edição mais recente desse álbum excluiu-o e trouxe um concerto completo da série gravada nos EUA para Live Evil, fazendo com que um fã completista seja obrigado a ter duas edições diferentes do segundo disco do Sabbath com Dio se quiser ter tudo o que a banda lançou oficialmente. O Live at Hammersmith Odeon original era um digipack numerado com uma reprodução do programa dos shows no encarte, tornando-o ainda mais importante para os Sabbathmaníacos.
Apenas para citar que o Hammersmith Odeon do Rush, presente como CD extra no Different Stages, é um dos melhores ao vivo da banda. A presença de “Cygnus X-1”, “A Farewell To Kings” e “Xanadu” alavancam E MUITO o disco. Dos citados, meu preferido é o do Sabbath, mas o Whitesnake também é um discaço
Um adendo sobre o Dire Straits é que discordo da visão do Marcello a respeito de a banda ser um one hit wonder em 1984. Tudo bem que “Sultans of Swing” fez um baita sucesso, mas Communique trouxe “Lady Writer” (e foi platina no Reino Unido), Making Movies tem no mínimo “Romeo and Juliet” (para não citar tb “Tunnel of Love”) e Love Over Gold, o melhor disco da banda ao meu ver, simplesmente traz “Telegraph Road” e “Private Investigations”.
Com Brothers in Arms a banda foi para outro patamar, mas acredito que taxar de one hit wonders é bem pejorativo
Até me deu vontade de fazer um Do Pior Ao Melhor da banda, mesmo tendo já destacado aqui o primeiro lugar heheheh.
Esse disco do Rush de 1978 ficou na minha lista, mas acabei tirando porque o resto do álbum não foi gravado no Hammersmith. Mas merecia ter sido mencionado, quem sabe como bonus track, porque o álbum é simplesmente estelar.
Minha intenção não foi desmerecer o Dire Straits, se soou dessa forma então me expressei mal. É que a banda fez um sucesso gigantesco em escala internacional logo de cara com “Sultans of Swing”, mas depois fez bons discos que não tiveram nem metade do sucesso esperado – e em alguns casos, merecido. E aí explodiram com “Brothers in Arms”.
Fiquei curioso de ver o “Do Pior ao Melhor” do Dire Straits a partir da sua caneta, Mairon!! O meu ficaria assim:
1) Communiqué (não sei porque, nunca me entrou)
2) On Every Street (decepcionante)
3) Dire Straits (meio cru, meio mal produzido, mas cheio de energia)
4) Making Movies (a banda no caminho certo)
5) Brothers in Arms (pop ao extremo, mas de muito bom gosto)
6) Love Over Gold (sempre foi meu favorito do grupo, concordamos nesse aí)
Valeu pelo comentário!
vou fazer o meu então Marcello, mas vai ter que esperar até o ano que vem hehehehe