Anthrax – State of Euphoria [1988]
Por Daniel Benedetti
State of Euphoria é o quarto álbum de estúdio da banda americana de heavy metal Anthrax. Ele foi lançado em 19 de setembro de 1988, pela Megaforce/Island Records. O terceiro álbum de estúdio da banda, Among the Living, foi lançado em março de 1987, e é frequentemente considerado pelo conjunto e pelos críticos como um grande avanço para o Anthrax. Produzido por Eddie Kramer, ele mostrou o lado humorístico e experimental do grupo e começou uma tendência lírica com foco em filmes, política, histórias em quadrinhos e romances de Stephen King. O álbum foi dedicado à memória de Cliff Burton.
Impulsionado pelos singles “Indians” e “I Am the Law”, o sucesso de Among the Living não apenas transformou o Anthrax em um nome familiar (junto aos “Big 4” do thrash metal – Metallica, Megadeth e Slayer), mas eventualmente lhes rendeu um de seus primeiros discos de ouro certificados pela Indústria Fonográfica. “I Am the Law”, que foi lançada como o segundo single do álbum, foi apoiada por um híbrido de rap-metal “I’m the Man” como seu lado B.
O Anthrax demonstrou ainda mais sua apreciação pelo rap ao aparecer na faixa-título do álbum Lethal, do grupo U.T.F.O., e sua adoração pelo gênero também foi atribuída a Ian vestindo uma camiseta do Public Enemy tanto no palco quanto em sessões de fotos publicitárias; em resposta, o Public Enemy mencionou o nome do Anthrax na letra de seu single de 1988 “Bring the Noise”. O Anthrax excursionou por mais de um ano para promover Among the Living, sendo que, pela Europa, novamente com o Metallica, e pelos Estados Unidos com Metal Church, Testament, D.R.I., Exodus e Celtic Frost e apoiando o Kiss em sua turnê Crazy Nights.
State of Euphoria foi produzido pelo Anthrax e por Mark Dodson, com engenharia de som de Alex Perialas. O guitarrista Scott Ian foi citado dizendo que a banda contratou Dodson para produzir este álbum por causa de seu trabalho com o Judas Priest e com o Metal Church.
A música “Misery Loves Company” é baseada no romance Misery, de Stephen King, enquanto “Now It’s Dark” foi inspirada no filme Blue Velvet, de David Lynch, especificamente o comportamento do sociopata sexualmente depravado, autoasfixiante e assassino Frank Booth, interpretado por Dennis Hopper. A música “Make Me Laugh” critica Jim e Tammy Fae Bakker e o televangelismo em geral, um alvo popular de bandas de thrash metal daquele período. A música mencionou especificamente minúcias como a casinha de cachorro com ar-condicionado e o parque de diversões cristão.
A maioria das partes sonoras do álbum foi composta pelo baterista Charlie Benante, enquanto as letras foram criadas pelo guitarrista rítmico Scott Ian. A contracapa do álbum contém uma imagem de paródia da banda desenhada por Mort Drucker, um caricaturista mais conhecido por suas artes na revista Mad. Joey Belladonna nos vocais, Dan Spitz e Scott Ian nas guitarras, Frank Bello no baixo e Charlie Benante na bateria era a formação do grupo.
“Be All, End All” traz uma boa composição, rápida e com boa dose de peso. Em “Out of Sight, Out of Mind”, a banda traz uma trilha thrash bem executada, mas não muito inovativa. A boa “Make Me Laugh” mistura Heavy/Thrash com competência. A excelente versão para “Antisocial”, do Trust, é um clássico do Anthrax. “Who Cares Wins” traz peso e velocidade novamente, com ótimos vocais de Belladonna. “Now It’s Dark” é uma canção que segue o thrash metal padrão do conjunto, mas sem muita inspiração. “Schism” se sobressai pelos inspirados vocais de Belladonna. “Misery Loves Company” é uma ótima faixa, ponto alto do disco, thrash de primeira ao estilo Anthrax. “13” é só um interlúdio e abre para a criativa música de encerramento, “Finale”.
Posso até ser exceção, mas gosto bastante deste State of Euphoria. Claro, ele não traz o brilhantismo atingido em discos como Spreading the Disease e Among the Living, mas é também uma amostra fiel do Thrash Metal criativo que o Anthrax produzia na década de oitenta. Canções como “Antisocial”, “Misery Loves Company” e “Be All, End All” são das melhores do repertório da banda.
O álbum alcançou a 30ª posição na parada Billboard 200 no final de 1988 e foi certificado como Ouro (500 mil cópias vendidas) pela RIAA em 8 de fevereiro de 1989. As canções “Who Cares Wins”, que tratam da situação dos sem-teto, e “Antisocial” (um cover da canção da banda francesa Trust) foram lançadas como singles com videoclipes que as acompanhavam. A recepção crítica para o disco foi morna em seu lançamento. O álbum não conseguiu corresponder às expectativas, comerciais estabelecidas pelos lançamentos anteriores da banda, Spreading the Disease, Among the Living e o EP I’m the Man.
Além de “Be All, End All” e “Antisocial”, a maioria das músicas de State of Euphoria não aparecem nos setlists ao vivo da banda desde a turnê que acompanhou o álbum em 1988–1989. Os membros do Anthrax já falaram sobre suas opiniões mistas sobre State of Euphoria, e o baterista Charlie Benante foi citado dizendo que a banda sente que o disco não foi finalizado corretamente.
O Anthrax passou quase um ano em turnê para promover State of Euphoria. Antes do lançamento do álbum, a banda apoiou o Iron Maiden em sua Seventh Tour of a Seventh Tour na Europa, e abriu para Ozzy Osbourne em sua turnê No Rest for the Wicked nos Estados Unidos de novembro de 1988 a janeiro de 1989. A banda também abriu para o Metallica em sua turnê Damaged Justice. O Anthrax continuou em turnê em 1989, tocando seis shows no Reino Unido com o Living Colour em março, e liderando a Headbangers Ball Tour (com apoio do Helloween e do Exodus) em abril-maio. Após a turnê Headbangers Ball, o Anthrax excursionou pela Europa com Suicidal Tendencies, King’s X e M.O.D., o que ocorreu em junho-julho de 1989.
Um novo álbum de inéditas surgiria com Persistence of Time, em agosto de 1990.
Canções:
1. Be All, End All
2. Out of Sight, Out of Mind
3. Make Me Laugh
4. Antisocial
5. Who Cares Wins
6. Now It's Dark
7. Schism
8. Misery Loves Company
9. 13
10. Fīnalē