Cinco Discos Para Conhecer: Bobby Rock
Por Igor Miranda (Publicado originalmente no site Van do Halen)
Muito antes de se autodenominar “Homem da Renascença” e se dedicar quase que em tempo integral a outras atividades que não à música, Bobby Rock fez parte de bandas que marcaram época e se estabeleceu entre os principais bateristas do hard rock das décadas de 80 e 90. Confira agora os cinco melhores discos para conhecê-lo.
Vinnie Vincent Invasion – Vinnie Vincent Invasion [1985]
Foi no primeiro álbum da banda de Vinnie Vincent que Bobby Rock fez sua estreia como músico profissional, sendo recrutado pelo então ex-guitarrista do KISS depois de se definir como “um cruzamento entre Paul Stanley e Rambo.”, Mas basta ouvir o hit “Boyz Are Gonna Rock” para atestar que o cara não era só visual. Formado no renomado Berklee College of Music, em Boston, Bobby espanca as peles de seu kit como se fosse destruí-lo. E não era só isso: além de Vinnie, que dispensa apresentações, e Bobby, o Invasion contava ainda com a precisão de Dana Strum no baixo e os vocais esganiçados do experiente Robert Fleischmann. Apesar da produção um tanto precária, Vinnie Vincent Invasion entrou para a história como recordista de vendas da modesta Chrysalis e hoje em dia é tomado como referência quando o assunto é o rock farofa dos anos 80. Músicas como “Shoot U Full of Love”, “Back on the Streets” (regravada por John Norum em Total Control, de 1987) e “Invasion” (que parece não ter fim) estão entre os destaques. No ano seguinte, o quarteto gravaria All Systems GO, com Mark Slaughter no lugar de Fleischmann, mas o ego de Vinnie, inversamente proporcional ao seu tamanho, acabaria dinamitando a coisa toda.
Vinnie Vincent (guitarras, backing vocals), Dana Strum (baixo, backing vocals), Bobby Rock (bateria), Robert Fleischman (vocais)
1. Boyz Are Gonna Rock
2. Shoot U Full of Love
3. No Substitute
4. Animal
5. Twisted
6. Do You Wanna Make Love
7. Back on the Streets
8. I Wanna Be Your Victim
9. Baby-O
10. Invasion
Quando o Vinnie Vincent Invasion acabou, em 1987, Bobby Rock já possuía status na cena – além de ser patrocinado pela Sabian, o baterista ganhava uns bons trocados fazendo workshops e drum clinics – e acabou sendo chamado para tocar nos álbuns No Bones About It, do Skull de Bob Kulick e Lookin’ for Action, do japonês Kuni. Em 1989, porém, veio o convite para se juntar àquele que é lembrado até hoje como o grupo mais espalhafatoso de todo o Hair Metal. Visual e musicalmente, Bobby era o ingrediente que faltava ao Nitro. Pode-se dizer que, em alguns aspectos, o Nitro lembrava o Invasion, pois Michael Angelo – que na época usava uma guitarra de quatro braços – era tão virtuoso e egocêntrico quanto Vinnie Vincent e Jim Gillette era dono de um agudo capaz de quebrar taças de cristal. Ainda que na época, a expressão em vendas tenha sido abaixo do esperado, atualmente, O. F. R. ostenta uma reputação inexplicável entre os aficionados. “Freight Train” virou hino e não há guitarrista que não se arrepie diante do solo dela.
Jim Gillette (vocals), Michael Angelo (guitarras), T.J. Racer (baixo), Bobby Rock (bateria)
1. Freight Train
2. Double Trouble
3. Machine Gunn Eddie
4. Long Way From Home
5. Bring it Down
6. Nasty Reputation
7. Fighting Mad
8. Shot Heard ‘Round the World
9. O.F.R.
After the Rain, o primeiro dos três álbuns de Bobby Rock na banda dos irmãos Nelson é de longe seu trabalho mais bem sucedido comercialmente. Foram quase sete milhões de cópias vendidas – das quais três milhões só nos Estados Unidos –, quatro singles no Top 10 norte-americano – inclusive ocupando a primeira posição do ranking com “(Can’t Live Without Your) Love and Affection” –, videoclipes em alta rotatividade na MTV, turnê mundial com shows lotados e inúmeras participações em programas de TV no mundo todo. Em outras palavras, o Nelson foi um dos últimos grupos de Hard Rock a estourar nos tempos em que a mídia já se preparava para a invasão do Grunge. Filhos do ícone da música Country Ricky Nelson, os gêmeos Matthew e Gunnar souberam incorporar elementos do gênero na medida certa em seu som. As letras são pra lá de ginasianas e, em sua maioria, falam de relacionamentos – bem sucedidos, mal sucedidos ou apenas imaginários. Somado a isso, os olhos claros, os sorrisos Colgate e as longas madeixas loiras dignas de ensopar as calcinhas das novinhas, não tinha como não ser um sucesso. No Brasil, o reconhecimento veio através de “Only Time Will Tell”, que tocava na novela O Dono do Mundo, da Rede Globo. Mas quem se deu bem mesmo foi o público japonês, onde After the Rain foi lançado com cinco bonus tracks.
Matthew Nelson (lead and backing vocals, baixo, guitarras, violões), Gunnar Nelson (lead and backing vocals, guitarras, violões), Brett Garsed (violões, backing vocals), Paul Mirkovich (teclados, piano, backing vocals), Bobby Rock (bateria)
1. (Can’t Live Without Your) Love and Affection
2. I Can Hardly Wait
3. After the Rain
4. Tracy’s Song / Only Time Will Tell
5. More Than Ever
6. (It’s Just) Desire
7. Fill You Up
8. Interlude / Everywhere I Go
9. Bits and Pieces
10. Will You Love Me?
Por João Renato Alves
Quase dez anos depois do lançamento de Double Eclipse, o debut do Hardline, os irmãos Gioeli se reuniram para o sucessor II, com uma nova formação que passou a incluir, entre outros bons nomes, o baterista Bobby Rock, e sem o fundador Neal Schon, que já estava faturando de novo com o Journey. Apesar do hiato de uma década, a espera foi muito bem compensada. II apresenta um conjunto mais antenado nas mudanças sonoras que atravessaram os anos, mas sem perda de essência. Há um passeio entre o Hard Rock, o AOR, o Pop Rock e algumas tendências mais modernas no Rock, mas há uma coesão incrível entre as composições e os integrantes dão, cada um, um show a parte – com destaques para a incrível percussão de Bobby, para os bons solos de Josh Ramos e para o magnífico vocal de Johnny.
Johnny Gioeli (vocals), Josh Ramos (guitarra), Joey Gioeli (guitarra), Bobby Rock (bateria), Christopher Maloney (baixo), Michael T Ross (teclados)
1. Hold Me Down
2. Y
3. Paralyzed
4. Face The Night
5. Do Or Die
6. Hey Girl
7. Only A Night
8. Your Eyes
9. Weight
10. Way It Is, Way It Goes
11. This Gift
Relegado ao segundo escalão dos chamados deuses da guitarra, Gary Hoey é cria da cena hard rocker do final dos anos 80/início dos anos 90, quando deu as caras ao lado do exímio Frankie Banali no Heavy Bones. Com o fim do grupo, Hoey dedicou-se a sua carreira-solo e, até hoje, lançou dezesseis álbuns, fez incontáveis participações em trilhas sonoras para cinema e TV e contou com colaborações de renome em todos os seus projetos. Wake Up Call saiu em 2003, a princípio, em formato promocional e é o único álbum do guitarrista a contar com Bobby Rock na bateria. Ainda que não seja um destaque na discografia de Hoey, Wake Up Call conquistou lugar nesta seleção justamente pela participação de Bobby, que fez a diferença ocupando o banquinho que já pertenceu, entre outros, ao já citado Banali e Gregg Bissonette. Neste que é um dos seus últimos trabalhos propriamente musicais, Rambo Stanley se afirma como referência na arte de espancar peles. Uma pena que hoje em dia o cara prefira atacar de nutricionista e personal trainer…
Gary Hoey (vocals, guitarra), Jamie Carter (baixo), Bobby Rock (bateria), Stuart Ziff (guitarras, background vocals), Jesus Florido (violino), Tony Franklin (baixo), Frankie Banali (bateria), Gregg Bissonette (bateria), Jean Marie Horvat (background vocals)
1. Frankenstein
2. It Don’t Mean Nothin’
3. Electric Karma
4. Wake Up Call
5. Surf Alert
6. Last Good Nerve
7. Magic Ride
8. Big Step Back
9. Trainwreck
10. Devil’s On The Phone
11. Fillmore Blues
12. Low Rider
13. Linus And Lucy
14. Drive
15. Hocus Pocus