Maravilhas do Mundo Prog: Yes – Yours Is No Disgrace [1971]
Por Mairon Machado
Finalmente, chegamos às Maravilhas criadas pelo quinto membro do clã das principais bandas do rock progressivo, o Yes. Depois de Pink Floyd, King Crimson, Emerson Lake & Palmer e Genesis, chegou a hora de falar daquela que é uma das minhas bandas favoritas, e melhor ainda, começar essa série de Maravilhas exatamente no mês do meu aniversário. Já apresentei a Maravilhosa “Awaken” logo no início da série, e se me permitem, vou incluir muito do lado pessoal nessas matérias, pois o Yes acabou sendo a banda que me fez virar um apaixonado e colecionador de discos, e se não fosse por ele, certamente eu não estaria aqui tecendo as linhas abaixo para vocês. Não poderia começar então com outra que não fosse a canção que me apresentou ao grupo, em meados de 1992, através do programa Hollywood Rock In Concert, da TV Bandeirantes.
O programa costumava passar nas segundas-feiras (depois foi transferido para os sábados) e apresentava shows e documentários em VHS que haviam sido lançados apenas no exterior. Nesse programa, conheci mais a fundo (na época, com oito a dez anos) muitas bandas, como Firehouse, Mötley Crüe, Def Leppard (um vídeo com Steve Clark nas guitarras e Rick Allen ainda com dois braços, e depois outro com um braço apenas), Metallica, U2 Guns N’ Roses, que a Band passava frequentemente. A turnês Stadium Tour (com Metallica e Guns N’ Roses), assim como a Zooropa TV Tour, foram transmitidas diversas vezes, e a imagem do giganteso palco do Guns, ou dos óculos escuros de Bono, marcaram minha infância.
Houve um período que o Hollywood Rock resolveu passar bandas de rock progressivo. Lembro que ali eu tive meu primeiro contato com Asia (o famoso show Asia in Asia, um dos melhores da banda), Pink Floyd (Live at Venice), Genesis (We Can’t Dance Tour) e Yes, através do VHS Round the World in Eighty Dates, show que registra a apresentação do Yes durante a Union Tour, contando com oito membros que haviam passado pelo grupo, e que já comentei sobre as gravações do álbum Union, e da própria turnê, aqui.
Lembro até hoje da abertura do programa, com as capas do álbum do Yes sendo jogadas na tela, e todas aquelas pitorescas imagens de Roger Dean desossando meu cérebro e fervilhando minha mente, ao som da introdução de “Lift Me Up”, com a guitarra comendo solta. Eu, que não sabia nada da carreira do Yes naquele instante, e vivia um período conturbado na qual adorava Led Zeppelin, mas tinha Possessed e Slayer como bandas favoritas, e ainda curtia o pop escrachado de Madonna e Erasure, fiquei fascinado com a velocidade daquela guitarra.
Eis que quando encerra-se a apresentação do VHS, surge um senhor meio idoso, de cabelos compridos, uma enorme guitarra amarela e preta nas mãos (que anos depois aprendi ser uma Semi-Acústica da Les Paul) e com um tímido sorriso larga um riff pesadíssimo. O palco giratório enche-se de luzes, e os oito músicos aparecem distribuídos, fazendo aquele riff praticamente ao mesmo tempo (com exceção do vocalista) e depois, quase todos cantando com uma afinação incrível a canção, que apareceu na tela da Bandeirantes com o título “Yours Is No Disgrace”. Paixão a primeira vista, que se tornou em casamento com o enorme solo de guitarra feito pelo tal idoso, um senhor que apelidei de velhinho, em uma destreza que jamais tinha visto em guitarrista algum, com os dedos subindo e descendo escalas naquela guitarrona de forma magistral, além de balançar o pescoço para a frente e para trás acompanhando as notas de seu solo, pulando, dançando e sorrindo com naturalidade, acompanhado por um homem sério na bateria, quebrando as batidas de maneira que não dava para acompanhar, mas de forma que encaixavam perfeitamente com o solo do velhinho.
Depois, veio um jovem, calça de couro, camisa listrada de forma extravagante e um longo sobretudo preto, cabelo engomado, estático e solando veloz, rápido, arrancando notas de sua guitarra, estuprando-a tentando superar o velhinho, com uma invejável virtuose, com bends, tappings e outras técnicas, acompanhado por um baterista de camisa sem mangas, cabelos compridos, e que socava os pratos e a caixa com muita fúria. O sentimento do baterista não era visível no tal jovem, que apesar de tocar muito bem, parecia tremer diante do velhinho, e assim, curvando-se perante o público que aplaudia em pé o incrível duelo, ele encerrou seu solo e levou para o final da canção.
O idoso era Steve Howe, acompanhado de Bill Bruford, e o jovem era Trevor Rabin, acompanhado de Alan White. Eu tive a sorte de gravar aquele programa, e furei a fita de tanto ver esse solo. Hoje, encontramos o vídeo que falo no youtube aqui), e lembrar daqueles momentos como se fossem vividos em 2024, trinta anos depois. Durante anos fiquei me perguntando qual dos dois era melhor, mas o amadurecimento da idade fez-me reconhecer as linhas que escrevi sobre Rabin, um incrível guitarrista, mas que jamais chegou aos pés de Steve Howe.
E claro, a canção em si era grandiosa, tanto que mesmo que não fosse ela a primeira do Yes que eu ouvi, ela certamente seria a escolhida para abrir a série de Maravilhas do Yes, até por que ela foi realmente a primeira Maravilha gravada pelo grupo em sua carreira. Para explicar, volto no tempo, em janeiro de 1968, quando o baixista Chris Squire ingressa na banda Mabel Gree’s Toyshop, ao lado de Clive Bailey (guitarra, vocais), Peter Banks (guitarra) e Bob Hagger (bateria).
Banks era um músico experiente na banda, tendo começado sua carreira aos dezesseis anos com o grupo The Nighthawks, passando pelos The Devil’s Disciples até chegar ao grupo The Syn, em 1965. O The Syn era a banda de Squire, e com os dois, o quinteto (que contava também com Steve Nardelli na guitarra, Andrew Jackman nos teclados e Martyn Adelman na bateria) lançou dois cobiçados compactos, “Created By Clive” / “Grounded” e “Flowerman” / “14 Hour Technicolour Dream”, ambos lançados pelo selo Deram em 1967, ano que o grupo repentinamente gravou, depois de ter feito bastante sucesso e inclusive, ter aberto shows para The Jimi Hendrix Experience e The Who.
Squire havia tocado no The Selfs antes do The Syn, sendo que o The Syn foi a fusão do The Selfs de Squire com o High Court de Nardelli) e na infância, havia participado de um coral, aonde aprendeu a desenvolver suas técnicas de harmonias vocais. Com o Mabel Gree’s Toyshop, fazia shows pela Inglaterra. Em uma apresentação no tradicional Marquee Club conheceram o vocalista Jon Anderson, um funcionário de um bar localizado próximo ao Marquee, o La Chasse que estava com um emprego temporário após morar na Alemanha, onde excursionou com o seu grupo, o The Warriors, com quem gravou um único compacto, também raro, “You Came Along” / “Don’t Make Me Blue” (lançado em 1964 pela Decca). A experiência não foi das mais bem-sucedidas, mas foi importante para seu crescimento como músico.
Anderson chegou à Londres meses depois dos demais colegas do Warriors, que foram recepcionados pelo empresário Jack Barrie, que era dono do La Chassee, e foi responsável por revelar em seu bar nomes como Led Zeppelin, King Crimson, Jethro Tull, Faces e Van der Graaf Generator, graças principalmente ao fato de que em seu pub, a bebida com álcool era liberada (diferente do Marquee). Um dos principais interessados no La Chasse foi Tony Stratton-Smith, poderoso empresário da The Charisma Label Records, e que lá angariou diversos artistas para seu selo.
Naturalmente Anderson foi recebido por Barrie, que se tornou um grande amigo do músico, inclusive incentivando-o para seguir uma carreira solo. Foi Barrie que levou Anderson para os estúdios, sob o pseudônimo de Hans Christian, lançou dois singles, “Never My Love / “All of the Time”, pela Tower (subsidiária da Parlophone). Como Barrie também era conhecido do pessoal da Mabel Gree’s Toyshop, foi o cupido entre ambos, apresentando-os através de duas canecas de cerveja, já que Anderson era um dos garçons do La Chassee.
Squire e Anderson conversaram por um bom tempo, e foram para a casa de Squire, aonde na mesma noite escreveram “Sweetness”, e rapidamente, o convite para Anderson ingressar no Mabel Gree’s Toyshop surgiu. Porém, Banks estava saindo para o Neat Change, desmantelando temporariamente o grupo de Squire. Bailey seguiu como guitarrista único da banda, e assim, partem atrás de um baterista, já que Bob Hagger, também havia abandonado o barco.
Através de um anúncio no Melody Maker, recebem a resposta de Bill Bruford, um jovem de dezoito anos apaixonado por Max Roach, Art Blakey e Joe Jones. Enquanto frequentava o Ensino Médio, e no início dos estudos de economia na Leeds University, Bruford fugia para pequenos bares, aonde fazia longas jams de jazz com conhecidos e conhecidos de conhecidos. Bruford ingressou no Mabel Gree’s Toyshop, e fez a última apresentação do grupo no Rachel Macmillan College, em julho de 1968.
Ao mesmo tempo, Banks deixava o Neat Change, recusando-se a raspar o cabelo no estilo skinhead, e perguntou para Squire como estava o Mabel Gree’s Toyshop. Squire falou que o grupo havia acabado, mas que estavam ensaiando ele, Anderson e Bruford em um novo projeto, chamado Yes. Esse era exatamente o nome que Banks havia proposto para o Mabel Gree’s Toyshop, mas que havia sido recusado.
Banks então passou a ingressar o Yes, mas o grupo sentia a ausência de teclados em seu som. Eis que surge o talentoso Tony Kaye. Pianista formado, com uma didática excepcional, Kaye tinha tudo para ser um famoso concertista, mas decidiu seguir a carreira de músico de jazz, depois de deparar-se com o estilo. Depois de ter feito parte da banda de Roy Orbison, ele estava insatisfeito como músico de apoio no Johnny Taylor’s Star Combo e também no The Federals, e viu a oportunidade no Yes como a chance de mostrar seu talento.
No dia 27 de julho de 1968, surge o Yes, que apresenta-se oficialmente uma semana depois, no dia 04 de agosto em um acampamento da juventude na cidade de East Mersea, no condado de Essex, apresentando covers para The 5th Dimension, Beatles e Traffic. As apresentações subsequentes foram bem recebidas, mas, ao ver um show do King Crimson, perceberam que haviam muito chão para ser caminhado se queriam conseguir um espaço ao sol.
Apesar disso, conseguiram um contrato com a Atlantic Records, lançando seu primeiro álbum, Yes, em agosto de 1969, destacando as versões para “Every Little Thing” (Beatles) e “I See You” (Byrds), além de uma psicodelia pop de bom gosto, que foi melhorada no segundo disco do grupo, Time and a Word em novembro de 1970, com a inclusão de elementos orquestrais e quase que totalmente com canções próprias, exceções para “No Opportunity Necessary, No Experience Needed”, de Richie Havens, e “Everydays”, do Buffalo Springfield. Inclusive, um show no Queen Elizabeth Hall em 21 de março de 1970, acompanhados de uma orquestra de jovens com vinte membros. Aqui começaram a surgir as indiferenças musicais entre Banks e o resto do grupo, que acabou levando a saída do guitarrista em maio de 1970.
A urgência de um novo guitarrista foi resolvida através de uma ligação telefônica feita por Squire para a casa de Steve Howe. Minimalista e perfeccionista, Howe começou a estudar guitarra aos doze anos, e aos quatorze, já fazia apresentações em pequenos clubes, tornando-se músico profissional com quinze anos de idade. Sua carreira pré-Yes é de gravações em participações ao lado de nomes como The Syndicats, The In Crowd e com o Tomorrow, aonde fixou-se como membro principal, lançando um único álbum,Tomorrow (1968). Ele entrou no grupo em junho de 1970, antes do lançamento de Time and a Word, e por isso aparece na capa da versão americana do LP, apesar de Banks ser o responsável pelas guitarras.
Passam então a ensaiar em uma fazenda no condado de Devon, e apresentam-se pela primeira vez ao grande público no Lyceum Ballroom, ao lado de Black Sabbath e Uriah Heep. Apesar da discrepância sonora, o grupo mandou ver com novas canções, as quais foram “Yours Is No Disgrace”, “Starship Trooper”, “I’ve Seen All Good People” e “Perpetual Change”, e conquistaram a plateia na noite de 17 de julho de 1970.
Com a colaboração do produtor Eddie Offord, entre outubro e novembro de 1970 passam a gravar o terceiro disco do grupo, desenvolvendo as canções as vezes por mais de doze horas por dia, mostrando o quanto estavam afim, e quão grande seria o passo que iriam dar na carreira da banda.
Em fevereiro de 1971, após uma longa excursão pela Europa, acompanhados do Iron Butterfly, The Yes Album chegou às lojas, e apresentou um quinteto com excelente performance. A faixa de abertura do álbum é justamente nossa Maravilha de hoje.
“Yours Is No Disgrace” surge com a marcação que citei no início do texto, com bateria, guitarra, baixo e órgão tocando as mesmas notas juntos, trazendo o riff de órgão. A base muda seu tom enquanto Kaye desfila seus acordes, e desse andamento, somos levados pelo baixo cavalgante de Squire para o primeiro solo de Howe, um breve tema sobre a mesma escala, com muita velocidade, e com uma performance primordial dos teclados de Kaye e da bateria de Bruford.
Um longo acorde de órgão traz os vocais de Squire, Anderson e Howe, em perfeita afinação e simetria. A entrada da voz de Howe ampliou as harmonias vocais, algo que não havia antes, fazendo com que o Yes além de crescer instrumentalmente, ganhasse bastante também nas vozes. O trio canta as famosas frases da canção: “Yesterday a morning came, a smile upon your face Caesar’s Palace, morning glory, silly human race On a sailing ship to nowhere, leaving any place If the summer changed to winter, yours is no disgrace“. A guitarra de Howe faz o tema principal junto com o órgão, solando endiabradamente, com Bruford e Squire comandando o andamento, e o trio vocal sobressaindo-se mais uma vez na segunda estrofe.
O tema pré-vocais retorna, com o baixo em destaque, levando-nos para o trecho central, uma jazzística sessão somente com o baixo e uma tímida marcação no chimbal acompanhando o trio vocal repetindo a primeira estrofe da canção, parecendo sair das tumbas de Pet Sounds, enquanto Howe faz pequenas intervenções na guitarra com o pedal de volume.
A introdução é repetida nota por nota, para Howe abrir seu gigantesco solo, utilizando-se do wah-wah e arrancando um efeito muito interessante. As marcações órgão, guitarra e baixo são espetaculares, e o andamento de Bruford é preciso. Baixo e guitarra entoam um breve tema, repetindo as marcações e novamente o tema, aonde com muita distorção, Howe sola melodicamente, acompanhado por Squire, que parece solar em um mundo a parte. A guitarra liberta-se da distorção, e Howe sola com escalas jazzísticas, encerrando seu solo com uma série de viradas feitas ao mesmo tempo por guitarra, baixo e bateria.
Longos acordes de órgão apresentam a última estrofe da canção, cantada apenas por Anderson, acompanhado do violão e do baixo. A marcação no bumbo surge, e Anderson solta sua voz gritando o nome da canção, para então Howe, sozinho, relembrar o início de seu solo, voltando então ao andamento cavalgante e repetindo a segunda estrofe com o trio vocal. “Yours Is No Disgrace” encerra-se com o tema apresentado antes da entrada dos vocais, com um clima alegre, e uma série de marcações e viradas de bateria, baixo e guitarra, explodindo em um crescendo de notas que vão do grave ao agudo em poucos segundos.
Depois de toda a exibição de Howe na guitarra, somos abençoados com uma performance estupefante do músico ao violão country na gema “The Clap”, um solo veloz, complicado, e que ele toca com uma simplicidade que mais parece uma gaivota voando tranquilamente sobre o mar, registrado exatamente no show do dia 17 de julho citado acima. O lado A encerra com os três movimentos de “Starship Trooper”: “Life Seeker”, com Kaye sobressaindo-se nos teclados, “Disillusion”, aproveitando de uma canção não usada ainda da fase Banks, chamada “For Everyone”, e “Würm”, um longo trecho instrumental destacando o solo de Howe.
O Lado B apresenta os dois clássicos movimentos de “I’ve Seen All Good People” “(“Your Move” e “All Good People”), que fizeram parte de todas as apresentações do Yes a partir de então, com sua mensagem positiva e hipponga, a desconcertante “A Venture”, quase que esquecida dos fãs, apesar de sua beleza jazzística, e a viajante “Perpetual Change”, candidata também à Maravilha Prog, com diversas viradas e uma letra tão alucinada quanto seus quase nove minutos de duração.
O álbum alcançou a quarta colocação no Reino Unido (quadragésima nos Estados Unidos), e o Yes partiu para sua primeira turnê americana em abril daquele ano, abrindo para o Jethro Tull. As plateias não paravam de crescer, e não demorou para o Yes passar a tocar em estádios. Nos Estados Unidos, em poucos dias o grupo virou uma imensa atração, no nível do Grateful Dead (a banda mais adorada naquele país), e claro, o elaborado conjunto de luzes e fumaças que Michael Tait havia desenvolvido para o palco do grupo também chamava a atenção, assim como as performances sobrenaturais de Howe, Bruford e Squire.
Porém, Howe e Kaye discutiram durante a turnê, já que o tecladista não gostava de tocar Mellotron ou Minimoog, instrumentos que Howe considerava essenciais para o crescimento do Yes, e que Anderson e Squire estavam tentando inserir na banda. Kaye deixou o Yes em agosto daquele ano, e a lacuna foi preenchida por Rick Wakeman, em uma história que será contada daqui um mês, quando apresentaremos a Maravilhosa “Heart of the Sunrise”.
Muito legal ver uma das minhas músicas favoritas do Yes nessa seção, especialmente com todo esse nível de detalhamento. “The Yes Album” tem mais duas fortes candidatas a maravilhas do mundo prog (“Perpetual Change” e “Starship Tropper”), que bem que poderiam ser homenageadas também no futuro. Mas quanto a “Yours Is No Disgrace” em particular, gosto muito das versões ao vivo disponíveis na box set “Progeny”, com as gravações ao vivo de 1972, por conta do improviso inicial da banda, antes do riff inicial. Já li que esse riff tinha sido inspirado em uma trilha sonora de filme de faroeste, alguma informação a respeito? Ele me lembra um pouco o início da música-tema de “The Magnificent Seven” (“Sete Homens e um Destino”, a versão original)…