Não Era Rock – Não Era Rock [2013]

Não Era Rock – Não Era Rock [2013]

Por Davi Pascale

Sempre fui um grande fã do rock produzido no Brasil. Nunca entrei nessa briga de “underground é melhor do que o mainstream”, ou se “tem baladas e refrão não é rock”. Nunca fui de ficar criando teorias. Sempre entendi que o rock n roll nunca foi uma coisa só e que há coisas interessantes em todos os lados. Basta ligar sua antena e deixar captar a frequência. Gosto do rock suave produzido nos anos 50, gosto da cena radiofônica dos anos 80, gosto da sonoridade pesada produzida pela turma do heavy metal. Por essas e outras, a galera do site pediu para que eu escutasse e escrevesse sobre esse CD. Bem, vamos lá…

Formado em 1996, pelo vocalista Anselmo Coutinho, o guitarrista Fabio Che e o tecladista Guz Ruiz, Não Era Rock lançou em 2013 seu primeiro – e único – CD. Uniram-se à eles; o baixista Gabriel Salgueiro, o baterista Piero Forones e o percussionista Thiago Lima. O disco, na verdade, era um EP com apenas 5 faixas e foi lançado de forma independente. A produção ficou a cargo do grande Joe Moghrabi. Na minha opinião, um dos grandes guitarristas do Brasil e um cara que merecia maior atenção entre os amantes da cena.

 

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O Não Era Rock apostava em uma sonoridade pop/rock com refrãos pegajosos. A faixa “Não Há Tempo” abria o trabalho começando com uma pegada bem direta e logo entrando em uma onda mais suingada. Soava como uma feliz mistura entre Paralamas do Sucesso fase Cinema Mudo e Barão Vermelho na fase Rock n Geral. “Livro Aberto” vinha na sequência com uma sonoridade mais rock n roll, mais direta. Dona de um bom refrão, poderia facilmente tornar-se um hit nas FMs. “Saliva”, a balada do álbum, poderia ter sido gravada pelos Titãs em álbuns como A Melhor Banda de Todos os Tempos ou Como Estão Vocês.

A qualidade de gravação é muito boa para um trabalho independente, mas peca em um aspecto que também vejo muito artista de grande porte deixar a desejar. O som da bateria não recebeu o mesmo cuidado que os demais instrumentos. A sonoridade do instrumento está bem magra, sem brilho. Em um álbum de rock n roll, bateria e baixo pulsantes fazem tanta diferença quanto o timbre das guitarras.

“Bandeira” começava lenta contando apenas com o vocal, uma guitarra dedilhada e um teclado sutil, mas logo ganhava corpo e se tornava uma musica animada, pra cima. “Homem Sem Fim” ficou responsável por fechar o CD. A faixa é boa, mas carecia de um bom refrão. Talvez a única do disco com tal defeito.

Os trabalhos vocais eram divididos entre Anselmo e Gus Ruiz. Não sei se fui o único a ter essa impressão, mas em vários momentos quando ataca a voz para cima, o cantor Anselmo me lembrava bastante o Frejat. Outro grande destaque do disco era o guitarrista Fabio que chamava a atenção com bons riffs e bons solos.

A arte gráfica era simples, bem feita, porém arriscada, já que trazia o nome da banda somente na contracapa. Embora seja diferente, não sei se é a jogada ideal para quem está lançando um primeiro trabalho e de forma independente. O grupo tinha personalidade, estava com uma sonoridade redondinha e contava com algumas músicas bacanas, mas ao que tudo indica, o projeto não foi pra frente.

Pelo que busquei, os rapazes ficaram apenas neste CD. Em 20 de fevereiro de 2017, anunciaram que um membro essencial da banda foi retirado em razão de desentendimento, enquanto outro decidiu sair por motivos pessoais. Os demais integrantes tentaram manter o projeto vivo, buscaram reestruturar a banda e continuar o trabalho, no entanto por divergências não foi possível dar andamento ao projeto. Ou seja, Não Era Rock, deixou de existir a partir de então.

Track list:

1. Não Há Tempo
2. Livro Aberto
3. Saliva
4. Bandeira
5. Homem Sem Fim

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