Melhores de 2024 – Por Fernando Bueno

Melhores de 2024 – Por Fernando Bueno

Tem dois anos que não participo dessas listas de fim de ano e estou aqui para inaugurar as listas da Consultoria do Rock desse ano. Nossos consultores e alguns leitores e amigos participarão de todo o processo. Nos anos anteriores fiquei focado em ouvir muitos discos novos mas aqueles lançados há anos, décadas atrás que não tinha acompanhado tantos lançamentos assim para ficar confortável para poder escolher dez. Continuo no meu garimpo, mas quando comecei a listar tudo o que tinha ouvido de discos lançados em 2024 eu até me surpreendi. Fiz uma lista rápida, sem pensar muito para não enrolar muito, mas acho que cheguei numa lista e sequencia que representou o que mais goste nesse ano. Depois dos dez preferidos mais dez discos que recomendo sem ordem de preferência. Espero que gostem.


01. Judas Priest – Invincible Shield

Judas Priest tem lançado discos que no futuro vão ser lembrados se não como os principais, mas pelo menos como discos de alto nível se comparando com a qualidade de sua discografia. Se Firepower já tinha sido uma grande adição, Invincible Shield foi melhor ainda, sendo o melhor disco pós Painkiller. Não dá para saber direito qual a real participação de Glenn Tipton em todo o processo, mas ficou claro que Andy Sneap fez muitas das partes de guitarra desse disco junto ao já bem habituado Richie Falkner. Seria um disco de despedida? Não sei, mas se for isso é um adeus em altíssimo nível.


02. Opeth – The Last Will and Testament

O Opeth surpreendeu todos os fãs e não fãs quando deu uma das maiores guinada sonora dentro do estilo. Foram quatro discos apostando em um progressivo setentista para deixar qualquer medalhão orgulhoso. Uma pausa de cinco anos depois sem um álbum de estúdio e eles voltam surpreendendo de novo. Voltam os vocais guturais, também as partes mais metálicas e conseguem expandir as influências prog de sua música. Acredito que o balanço para a banda foi encontrado e novamente o Opeth consegue evoluir.


03. David Gilmour – Luck and Strange

Gilmour traz mais um disco com sua assinatura, daqueles que você reconhece quem é o compositor de tudo pela primeira nota do disco. Desde A Momentary Lapse of Reason David Gilmour criou um estilo musical próprio e vem seguindo-o desde então. A presença de sua filha em duas faixas remete ao que ele começou a fazer durante a pandemia naquelas lives entre família – e também para dar um gás inicial na carreira musical da garota. Não consegui decidir ainda se gostei mais desse do que do anterior. Talvez não, entretanto ainda um ótimo disco do Sr Gilmour.


04. Rotting Christ – Pro Xristou

Sei que muito fãs do início de carreira não gostam desses discos recentes do Rotting Christ, mas como eu não faço parte deles estou adorando. Disco a disco a banda cresce no meu conceito e, junto do Behemoth, é das preferidas do black metal. O clima desse álbum é bastante parecido com o do disco solo do Sarkis, que também é um grande disco, com muita melodia, passagens épicas e atmosféricas. Acredito até que ele trará novos fãs para a banda. E mesmo que Pro Xristou não fosse um bom disco ele teria que entrar só pela belíssima capa.


05. Big Big Train – The Like of Us

Durante muito tempo eu tratei o Big Big Train como ‘a nova banda do Nick D’Virgilio’. Claro que hoje em dia é muito mais que isso e a quantidade de ótimos discos que a banda já gravou estão aí para provar isso. Além do mais eles tiveram um reforço recentemente com a entrada de um ex-Premiata Forneria Marconi, o vocalista Alberto Bravin. Apesar do rótulo de prog, o Big Big Train tem uma pegada mais acessível, sendo de fácil assimilação mesmo para quem não tem inclinação para as peculiaridades do estilo. Nesse último álbum a banda acertou novamente e traz um dos melhores discos do ano.


06. Therion – Leviathan III

O fim da trilogia iniciada em 2021 pela banda sueca chegou com o melhor disco da série. Depois de Beloved Antichrist, um fiasco por conta de todos os exageros empregados em seu longuíssimo tempo, a Christofer Johnsonn disse que decidiu fazer discos mais “normais”. Todos esses álbuns focam em diversas mitologias ao redor do mundo e nessa terceira parte eles vão para a Suméria, Turquia, Grécia e chegam até a américa latina em “Ayahuasca”.


07. Suicidal Angels – Profane Prayer

Eu ainda não entendi o motivo dos gregos do Suicidal Angels não ser uma banda de pelo menos médio porte. Eles estão trazendo de volta os bons tempos de Slayer, Kreator, Sepultura e todas aquelas bandas de thrash que todos adoram. Gostei demais desse álbum mesmo entendendo que outros discos da banda são melhores que eles, como é o caso do anterior, Years of Agression. Ainda há uma participação do conterrâneo Sakis Tolis em “Deathstalker”.


08. Lucifer – V

Já podemos colocar o Lucifer naquela categoria de Motorhead, Ramones e AC/DC? Na categoria ‘gravam sempre o mesmo álbum’. É claro que é uma brincadeira, mas é real que o Lucifer desde seu álbum de estreia vem gravando discos consistentes que podem não serem clássicos, mas são muito bons. Do hardão setentista da primeira faixa “Fallen Angel”, passando por músicas que parecem que saíram de algum disco engavetado do Black Sabbath, da lenta e blueseira “Slow Dance In A Crypt” e até algumas coisas que lembram outra banda setentista que gostava de coisas obscuras, o Blue Oyster Cult. Parece que o Lucifer não quer, também não consegue, esconder de onde vem suas influencias.


09. King Gizzard and the Lizzard Wizard – Flight b741

Eu sei. Essa banda é de difícil assimilação. Eu mesmo não gosto da grande maioria de seus discos, não consigo acompanhar o ritmo de lançamentos deles e várias coisas são sim batente estranhas, mas de vez em quando eles acertam. Eu gosto de imaginar que um dia no ensaio alguém puxou uma levada southern rock por brincadeira e a banda toda embarcou na curtição e quando viram tinham um álbum finalizado. Algumas passagens parecem que saíram depois de uma audição de algum disco do Jack White e se empolgaram com alguma coisa dali. Se você já ouviu a banda e achou ruim, pelo menos dê uma chance à esse disco. O único problema de gostar de um disco desse de uma banda como o KG&LW é saber que a chance de um próximo ser totalmente diferente é enorme.Entretanto um novo disco pode sair a qualquer momento.


10. Bruce Dickinson – The Mandrake Project

Esse disco matou a saudade de todos os fãs que esperavam mais um álbum desde o Tyranny of Souls de 2005. Bruce Dickinson não conseguiu chegar no nível dos três álbuns anteriores de sua carreira solo, mas entregou um álbum bastante digno. A parceria com Roy Z – que aparentemente está abalado no momento – sempre rendeu bons frutos. O peso foi diminuído um pouco também. A promessa de ser mais que um álbum, mas uma junção do formato musical, com a de história em quadrinhos pode parecer uma boa sacada, mas não sei se foi executada a contento. Pode ser que colocar uma nova “Eternity Has Failed” não seja tão interessante, mas ela faz parte da história, portanto compreensível. Porém para mim o ponto baixo ficou com “Sonata (Immortal Beloved)”. Achei a gravação ruim, com cara de fita demo que acabou entrando para aproveitar espaço do disco ou para completar tempo faltante. Sem ela o álbum já passaria de 50 minutos, então nem acho que seja isso. Bruce fez seu show solo nesse ano de 2024, veio para o Brasil novamente em dezembro com o Iron Maiden e volta para o Brasil em 2025 em carreira solo de novo. Já deve ter dado entrada no CPF e vai começar a pagar imposto de renda por aqui. Que volte mais vezes…


Bônus. Piah Mater – Under the Shadow of A Foreing Sun

Já fiz um texto mais completo sobre esse terceiro disco da banda carioca que você pode ler aqui. O Piah Mater foi uma agradável surpresa para mim. Uma bela capa que me chamou atenção para conhecer um som que abusa da mistura das diversas vertentes do metal e ainda consegue espaço para adicionar pitadas de brasileiridades que deixam o resultado todo muito bom. Uma pena que os discos tenham sido lançados apenas por selos europeus e seja um pouco chato de conseguir por aqui.

 


Mais 10 discos que você deveria ouvir (se ainda não ouviu)

Beardfish – Songs for Beating Hearts

Dark Tranquillity – Endtime Signals

Deep Purple – = 1

Jack White – No Name

Magnum – Here Comes the Rain

Midnight – Hellish Expectations

Myrath – Karma

Powerwolf – Wake Up the Wicked

Saxon – Hell, Fire and Damnation

Troops of Doom – A Mass to the Grotesque

4 comentários sobre “Melhores de 2024 – Por Fernando Bueno

  1. Muitos lançamentos legais de fato em 2024, vou sacar alguns de sua lista…pra mim as veteranas mataram a pau…Judas, Saxon, Demon, Playing Mantis, Magnnun, Hammerfall, BOC…as novas Nestor, Revolution Saints…

    1. Opa Vidal. Certeza. Lembrou de vários discos legais que foram lançados em 2024.
      Abraços e obrigado pela força…

  2. Das duas listas suas, somente um disco entrou no meu top 10.

    Desses que postou, ouvi com mais atenção o do Bruce Dickinson. Achei bacana, mas é daquela categoria “bom disco que vale uma ouvida aqui e acolá”.

    No mais, vou atrás do restante da sua lista que não ouvi. Dos 20 postados, não ouvi 14 deles.

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