Melhores de 2024: Por Davi Pascale

Melhores de 2024: Por Davi Pascale

Por Davi Pascale

E chegamos naquele momento de revivermos os destaques do ano que passou. Tivemos artistas veteranos lançando álbuns extremamente fortes e comprovando o porquê de serem referência à tanto tempo. Tivemos uma banda dos anos 2000 renascendo das cinzas com enorme dignidade, tivemos artistas brasileiros lançando álbuns fora da curva. E minha lista aborda tudo isso. Para criar essa seleção, fui bastante honesto. Não fiquei preocupado em fazer uma seleção de artistas novos, uma seleção de artistas desconhecidos ou uma seleção de artistas consagrados. Meu único critério foi: o cara tem que ter lançado um grande álbum. Bem, sem mais delongas, vamos a eles.


Black Country Communion – V

O que dizer de um grupo formado por nomes como Glenn Hughes, Joe Bonamassa, Derek Sherinian e Jason Bonham? A combinação não poderia ser mais perfeita e a prova disso são os álbuns criados pelos caras. Em seu quinto trabalho, os músicos mantêm sua sonoridade intacta. Ou seja, a combinação do hard rock setentista, do blues e do funk com uma produção mais moderna. Mesmo tendo 73 anos nas costas, the voice of rock continua com o gogó intacto atingindo notas que muitos garotos de 20 e poucos apenas sonham (desiste dessa aposentadoria aí, rapaz). O início do álbum é perfeito com três de suas faixas mais inspiradas na sequência: “Enlighten”, “Stay Free” e “Red Sun”. Quando você acha que o nível vai cair, vem o blues “Restless” com um Joe Bonamassa para lá de inspirado. E a festa não acaba aí. Ainda temos, ao menos, mais duas grandes canções: “Skyway” e “You´re Not Alone”. Se esse for o trabalho derradeiro de Glenn Hughes, o cara encerra as atividades dando aula.


Lucifer – V

Tomei conhecimento do Lucifer quando Nicke Andersson se juntou à eles e lançaram o álbum II. Sempre gostei muito do trabalho que realizou ao lado do Hellacopters e fiquei curioso para ouvir a tal nova banda do rapaz. Liderados pela cantora Johanna Sadonis, o grupo aposta em uma sonoridade com bastante referência de anos 70, uma forte influência de Black Sabbath (que aparece até mesmo nas roupas que Johanna usa nos shows. Em muitas apresentações, ela usa aquela blusa com longas franjas que o Ozzy Osbourne usava. Para quem não sabe do que estou falando, basta olhar a contracapa de Blizzard of Ozz) e letras com temas relacionados ao ocultismo, no melhor estilo Coven. A fórmula tem sido basicamente a mesma desde então e os discos têm sido todos de alto nível contando com uma interpretação correta e composições inspiradas. Desse novo trabalho, destacaria: “At The Mortuary”, “Maculate Heart”, “A Coffin Has No Silver Lining” e “Strange Sister”.


Judas Priest – Invincible Shield

Desde que o lendário Rob Halford retornou ao grupo, toda vez que os caras lançam um álbum, aparece um monte de gente nas redes socias dizendo que “esse é o melhor trabalho desde Painkiller“. Toda vez que ouço algo do tipo, fico com dois pés atrás. Não sei se foi por isso que alguns trabalhos cultuados da fase recente, não me empolgaram (vamos ser francos, esse tipo de conversa costuma criar uma expectativa além da conta). O disco que marca a chegada de Andy Sneap traz o Judas Priest fazendo o que sabe de melhor. Um heavy metal tradicional, oras mais velozes (como ocorre em “Panic Attack”, “Invincible Shield e “As God Is My Witness), oras mais cadenciados (como ocorre nas inspiradas “Devil In Disguise”, “Sons of Thunder” e “Giants In The Sky”), mas sempre criados na dose certa para que todos saiam bangeando nos shows. Ao menos no álbum, os músicos ainda demonstram estar com uma vitalidade além do esperado. Grande álbum de uma das maiores bandas da história do metal.


Sebastian Bach – Child Within The Man

Sebastian Bach criou fama ao lado do Skid Row, banda que fazia um hard rock pesado, por vezes flertando com o heavy metal. E essa é a jogada de Sebastian Bach em seu novo álbum solo. Fazia tempo que Tião (como é conhecido pelo público brasileiro) não fazia um álbum tão forte. Inclusive, me arrisco a dizer, que esse é seu melhor trabalho fora do Skid Row. Fui com uma alta expectativa (causada depois de assistir ao clipe do ótimo single “What Do I Got To Lose”) e não me frustrei. Pelo contrário, a cada audição, ele me empolga mais e mais. Culpa do ótimo trabalho vocal de Sebastian e do ótimo repertório que traz verdadeiras pérolas como “Freedom”, “F.U.”, “Everybody Bleeds”, “Vendetta”, além da já citada “What Do I Got To Lose”. Agora é torcer para que ele passe a explorar mais seus álbuns solo nos shows.

 


The Warning – Keep Me Fed

Essa banda me chamou a atenção depois que vi um clipe no Youtube para uma faixa intitulada “Money” (não, não é a do Pink Floyd). Três meninas jovens e bonitas fazendo um som moderno e pesado. Interessante! Na minha última ida à Galeria do Rock, consegui encontrar o novo álbum delas e gostei muito do que ouvi. As três irmãs mexicanas apostam em um hard rock pesado e moderno. Elas dizem que não querem ficar presas à uma vertente, que se consideram apenas rock, mas para quem nunca ouviu nada delas, acredito que essa seja a melhor definição. O que você irá encontrar aqui é uma bateria pesada, uma guitarra suja e um trabalho vocal forte e consistente. O único senão é que o disco não tem solos de guitarra (algo que os fãs do gênero costumam apreciar). Ainda assim, o trabalho me conquistou pela qualidade do repertório. Tirando “Escapism” e “Consume”, o restante do álbum é excelente.

 


Nestor – Teenage Rebel

Ao contrário do The Warning, o Nestor aposta em um som retrô, diria até clichezão. Descobri essa banda no festival Summer Breeze. Os caras abriram o evento fazendo um set curto, mas demonstrando que as faixas eram divertidas e que tinham um vocalista de mão cheia. A banda é bem competente, para dizer a verdade. O único senão é que os backing deles são todos pré-gravados (prática que está ficando cada vez mais comum), mas ainda assim fiquei curioso para conferir os discos. O show daqui foi baseado no álbum de estreia Kids In The Ghost Town. Esse novo trabalho segue a mesma cartilha, um hard rock com pegada AOR e sonoridade bem anos 80. Ou seja, você irá encontrar linhas vocais extremamente melódicas, bons riffs e aqueles refrãos que custam à sair de sua cabeça. Os grandes destaques ficam com “Victorious”, “Teenage Rebel”, “Addicted to Your Love” e “Unchain My Heart”.

 


Lenny Kravitz – Blue Electric Light

Lenny Kravitz começou sua carreira com uma série de álbuns espetaculares, mas depois que sentiu o gostinho da fama, o músico passou a cometer alguns deslizes (musicalmente, falando). Os álbuns Lenny e Baptism apesar de terem algumas ótimas canções, eram trabalhos não mais do que medianos. Após ter lançado alguns discos que eram bons, mas não espetaculares, o rapaz voltou a acertar a mão em Strut e vem mantendo a qualidade desde então. Blue Electric Light traz um repertório bem variado e com pouquíssimos fillers. “Paralyzed” e “Love Is My Religion” resgatam sua veia roqueira, enquanto a balada “Stuck In The Middle”, a animada “Bundle of Joy” e a funkeada “TK421” transpiram influência de Prince. Outro grande momento é a dançante “Human”, faixa que considero seu melhor single desde “Fly Way”.

 


Linkin Park – From Zero

Essa foi uma ótima surpresa. Honestamente, achava depois da morte de Chester Bennington, o Linkin Park acabaria para todo sempre. E eis que eles retornam com a excelente cantora Emily Armstrong. Tenho visto muitas críticas em relação à garota e realmente não consigo compreender. A menina tem um ótimo visual, uma ótima postura de palco e uma ótima voz. Para mim, ela revigorou o grupo. E isso não ocorre somente no Brasil. Pouco tempo atrás, vi um post do Michael Sweet (cantor do Stryper) falando a mesma coisa e pedindo para a galera tratá-la com mais respeito. From Zero traz um pouco de tudo aquilo que os rapazes aprontaram durante os anos, mas sendo bem honesto, fazia tempo que eles não vinham com uma seleção de músicas tão fortes. Certamente, um dos álbuns mais impactantes do Linkin Park e que vai ser melhor compreendido no futuro, quando todos já estiverem mais acostumados com a ideia de Emily pertencer à banda. “IGYEIH”, “Two-Faced”, “Heavy Is The Crown,” e o (bom) single “This Emptiness Machine” se destacam.


Deep Purple – =1

Outra banda que se revigorou com a entrada de um novo integrante foram os veteranos do Deep Purple. Simon McBride mostrou ter sido uma escolha acertada para o grupo que inaugura a Mark IX, com técnica de sobra, porém mais conciso do que Steve Morse. Com uma veia um pouco mais blues, um pouco menos fusion. Já tinha assistido o grupo com o rapaz no Monsters of Rock 2023 e gostei muito de seu desempenho. Faltava saber como iria se sair no estúdio e o cara tirou de letra. =1 traz o Deep Purple com um gás que há muito tempo não se via. Ian Paice aparece empolgado em “A Bit On The Side”, com uma levada de bateria que me remeteu aos seus dias de Fireball. “Bleeding Obvious” traz uma introdução com um pé no progressivo, contudo os grandes destaques ficam “Lazy Sod”, “Portable Door” (ok, a intro é roubada de “Pictures of Home”, mas a música é muito boa), “Pictures of You” (a melhor entre as baladas do disco) e “Sharp Shooter”. O único senão foi o desnecessário agudo de Ian Gillan em “Now You´re Talkin´” que comprova que sua voz já não é mais a mesma. Ainda assim, grande disco. Melhor trabalho deles desde o Now What?


Jon Anderson & The Band Geeks – True

Outro artista veterano que me impressionou bastante foi o Jon Anderson, conhecido por ter sido a voz do Yes por mais de 30 anos. E, com todo o respeito aos demais cantores que se aventuraram no cargo, ele foi o melhor vocalista do grupo. E o mais impressionante de tudo é que, ao menos no álbum, a voz dele está a mesma. A sonoridade que explora nesse disco é bem próxima à do grupo que o tornou famoso, basta escutar as 2 primeiras músicas – os singles “True Messenger” e “Shine On” – para entender o que estou falando. A qualidade dos músicos é altíssima e das composições também. Se tivesse que destacar algum momento nesse belíssimo álbum seriam as lindíssimas “Counties and Countries” e “Once Upon a Dream”.

 

 


Discos de Artistas Brasileiros:

Spektra – Hypnotized

E eis que os brasileiros do Spektra chegam ao seu segundo álbum. Lançado no Brasil pelo selo da Animal Records (loja da Galeria do Rock) e internacionalmente pela Frontiers, os músicos apostam em uma sonoridade AOR fazendo um trabalho bem acima da média. Formado pelo vocalista BJ, seu parceiros dos tempos de Tempestt – Henrique Canalle e Edu Cominato, além do guitarrista Leo Mancini, o disco traz um ótimo trabalho vocal, refrãos fortes e riffs bem construídos. “Freefall”, “Tears of Heaven”, “Search For More”, “Agains The Wind”, “Hypnotized” e “Runnin´ Out of Time II” se destacam nesse trabalho que deve agradar aos fãs de Journey, Foreigner, WET, Nestor e Crazy Lixx.

 


Hurricanes – Back To The Basement

Essa foi a última banda brasileira a me impressionar de verdade. Não tem muito tempo, eu recomendei o álbum de estreia deles aqui no site, inclusive. Quem curtiu, pode ir sem medo. O novo trabalho segue a mesma linha do debut. Ou seja, rock n rollzão com aquela pegada de fim dos anos 60, início dos anos 70, com a influência de blues comendo solta. Vale destacar o ótimo trabalho vocal de Rodrigo Cezimbra, o cara é o Chris Robinson brasileiro.


 

Gus Monsanto – Dandelions

A qualidade vocal de Gus Monsanto dispensa comentários. Afinal, o cara sempre foi um destaque em nossa cena, tendo conseguido, inclusive, projeção internacional. Em Dandelions, o músico traz um álbum com forte influência de hard rock – o que pode ser sentido em faixas como “Imaginary Friends” e “Hypnotized” (a linha de guitarra e a levada de bateria dessa música me remeteram ao Van Halen). Há também espaço para bastante baladas e uso de violões, como ocorre nas inspiradíssimas “Serendipitty” e “Stentorian”. Quem o acompanhou no Astra, ou curtiu o Karma Café pode ir sem medo.

 

 


Discos Ao Vivo:

 

Skid Row – Live In London

O Skid Row foi uma banda que teve uma enorme projeção no fim dos anos 80 e início dos anos 90 e, por incrível que pareça, nunca tinham lançado um álbum ao vivo. Ok, teve um EP, mas sempre existiu essa expectativa por conta do público. O resultado final é excelente. A banda está tocando bem, o show está bem gravado, o repertório foi bem escolhido e o cantor Erik Gronwall segurava bem a peteca. Infelizmente, o rapaz abandonou o grupo antes do álbum chegar ao mercado e com isso volta o suspense: “será que os caras vão encontrar um vocal à altura”? Espero que sim…

 

 


Dr. Sin – Acústico

Sempre gostei muito do trabalho do Dr. Sin. Passei a acompanhá-los em 1993, eu era um fã do Taffo e decidi conferir o material da nova banda dos irmãos Busic. Durante esses mais de 30 anos que estiveram na estrada (infelizmente, a banda entrou em um hiato novamente), os caras fizeram um som de responsa misturando hard rock e heavy metal com toques de progressivo. Os músicos sempre foram de altíssimo calibre e o trabalho vocal de Andria Busic sempre foi um diferencial. A dúvida era se um som tão elaborado e – por vezes, pesado – funcionaria bem nos violões. E, sim, funcionou incrivelmente bem, realçando as melodias e o forte trabalho vocal do Andria. Minha única reclamação é que o volume da orquestra ficou muito baixo na mixagem. De resto, nada a reclamar. Show sensacional com destaque para o novo arranjo de “Fire”.

 


Angra – Acoustic Live At Ópera de Arame

Outra banda que sempre teve um trabalho fora da curva foi o Angra. O modo que eles misturam o power metal com rock progressivo e elementos da música popular brasileira sempre foi impactante. O grupo teve vários álbuns realmente fortes em sua trajetória e músicos que sempre foram referência na cena. Portanto, tinha uma enorme expectativa nesse projeto e o resultado final é realmente brilhante. Rafael Bittencourt chama a atenção com um ótimo trabalho vocal em “Holy Land”, Amanda Somerville brilha em “Tears of Blood” e “Wuthering Heights” (essa, infelizmente, ficou fora da versão física), enquanto Fabio Lione se destaca em “Nova Era” e “Bottom of My Soul”. Showzaço!

 


Discos de covers / regravações:

Slash – Orgy of the Damned

Um dos discos que mais me impressionaram nesse ano de 2024 foi esse álbum do Slash, mas infelizmente tive que mantê-lo fora da minha lista principal por ser um álbum de covers. O guitarrista fez um álbum de blues, repleto de convidados de primeiríssimo calibre. Os meus momentos favoritos estão com as releituras de “The Pusher”, na voz de Chris Robinson, “Oh Well”, na voz de Chris Stapleton, “Born Under a Bad Sign” na voz do lendário Paul Rodgers, “Killing Floor” na voz de Brian Johnson e “Stormy Monday” na voz de Beth Hart. O time de convidados não para por aí e traz artistas do porte de Billy Gibbons, Iggy Pop e Gary Clark Jr. Já deu para sentir o baque, né?

 

 


Michael Schenker – My Years With UFO

Outro álbum de regravações, repleto de convidados estelares, é o novo trabalho do grande Michael Schenker. Como o próprio nome entrega, ele decidiu regravar canções dos seus tempos de UFO. Dividindo a cena com ele, estão vocalistas como Joe Lynn Turner, Axl Rose, Stephen Pearcy, Dee Snider, Biff Byfford e Jeff Scott Soto, além de músicos do calibre de Adrian Vanderberg, John Norum, Joel Hoekstra, Roger Glover e Carmine Appice. Com um time desses, não tem como dar errado, né? Em tempos, minhas regravações preferidas ficaram por conta de “Only You Can Rock Me”, “Lights Out” e “Too Hot to Handle”.

 

 

 


Melhores Shows Internacionais:

 

Summer Breeze Brasil – Memorial da América Latina – (26/04)

 

Estive presente no primeiro dia do Summer Breeze Brasil e assisti acho que 8 shows por lá. Lembro que gostei bastante da apresentação do Nestor, achei divertido assistir o Sebastian Bach revivendo o primeiro álbum do Skid Row, mas os que me chamaram a atenção foram mesmo o Mr. Big – que é sempre uma aula – e o Gene Simmons. O líder do Kiss estreou sua banda solo no Brasil e, embora, o setlist não trouxesse novidades, fiquei impressionado com o peso que os caras tiraram. Também foi bacana que o show teve um ar de descontração, sem nenhuma pirotecnia, somente com os músicos no palco tocando e se divertindo.

 

Accept – Santo Rock Bar (19/05)

 

Esse foi uma surpresa, para mim. Para quem não é da região do ABC, o Santo Rock Bar é um bar de rock n roll nos moldes do Manifesto. Nunca imaginaria ver o Accept tocando lá. Quando anunciaram, até liguei no estabelecimento para saber se não era uma banda cover. Não era! Os caras vieram e arregaçaram. Showzaço, com o lugar tomado e a banda transpirando energia (e pingando um tanto de suor hehehe) em um set onde mesclavam músicas de seu (ótimo) álbum Humanoid com clássicos do porte de “Metal Heart”, “Balls To The Wall” e “Restless and Wild”. Estava tão perto dos caras que, em determinado momento, o Joel Hoesktra até brincou comigo apontando para minha camiseta do Ozzy (com a capa do The Ultimate Sin) e fazendo sinal de punho cerrado. Coisas que só acontecem nesse tipo de ambiente…

 

Lenny Kravitz – Allianz Parque (23/11)

 

Acompanho o trabalho do Lenny Kravitz desde que lançou o álbum Mama Said, no longínquo ano de 1991, e nunca tinha assistido um show dele. Consegui ficar bem perto do palco, o que acabou sendo uma enorme vantagem, já que todas as vezes que arrisquei olhar para o telão, a imagem estava cheia de efeitos, distorcida. Quem assistiu de longe, perdeu bastante. De sua banda original, apenas o excelente guitarrista Craig Ross segue com o cantor. Na verdade, ele é seu fiel escudeiro. É o único que participa dos discos, inclusive (para quem não sabe, o Lenny Kravitz costuma tocar todos os instrumentos nos álbuns). O set foi bem dosado, passando por quase todos os seus trabalhos e mesclando lado B com hits. Os músicos são excelentes (onde vale uma menção para a baterista Jas Kayzer) e Lenny é um ótimo showman. O único senão é que está sendo usado muita gravação nos vocais. E, de boa, ele não precisa. De todo modo, showzão. No dia ainda tivemos o Frejat dando um showzaço (e tendo o som cortado injustamente), além das apresentações do Liniker e da Lianne La Havas, que assisti, mas não me cativaram.

 

Melhores Shows Nacionais: 

 

Edu Falaschi + Noturnall – Santo Rock Bar (28/07)

 

Já tinha assistido o Edu Falaschi esse ano no Summer Breeze, mas isso não me impediu de conferi-lo no Santo Rock Bar. Ainda mais com o setlist que estava fazendo. Para quem não está por dentro, o cantor estava revivendo o DVD Rebirth World Tour – Live In São Paulo. Nos shows, ele cantava o DVD na integra (inclusive, o cover do Iron) e depois mandava mais uns 2 sons no final. O show no festival, obviamente, foi cortado (pela limitação de tempo), então quis conferir o set completo. E valeu a pena. A banda estava afiada e o Edu estava mandando bem. Antes dele, ainda tivemos a oportunidade de conferir um ótimo show do Noturnall (aliás, o Thiago Bianchi está cantando em altíssimo nível) e uma apresentação correta do Storia. Enfim, noite bem bacana.

 

Pitty – Aramaçan (14/11)

 

Sempre gostei do trabalho da cantora Pitty. Sei que tem muita gente que não curte, mas sempre achei o trabalho dela bem honesto e com bastante personalidade. Sempre curti também o trabalho vocal dela. Apesar de não ter um grande alcance, ela tem um estilo próprio e um timbre bacana. Tinha assistido, recentemente, o show de abertura que ela fez para a Alanis Morissette, mas show completo dela eu não via desde a gravação do DVD Desconcerto. Gostei bastante do que vi. Jean Dolabella preciso e com pegada. O guitarrista Martin Mendonça, que sempre considerei um diferencial em seu trabalho, também segue mandando bem. A Pitty entregou um bom trabalho vocal e parecia estar de bem com a vida. Conseguiu manter a calma até mesmo quando uma pessoa, lá do camarote, arremessou um copo em sua direção (juro que não entendo esse tipo de comportamento). O setlist foi bem pensado, passando por todos os discos e entregando todas as faixas realmente marcantes e alguns (poucos) lados B. O show  de abertura ficou por conta do Di Ferrero. O cantor do NX Zero levantou o público misturando faixas de sua ex-banda (sim, eles já pararam de novo) com algumas músicas solo. O show estava bem ensaiado, mas ainda acho que ele deveria ter mantido o grupo que o consagrou.

 

Paulo Ricardo – Santo Rock Bar (05/12)

 

Outro show brasileiro que gostei bastante de assistir foi o do Paulo Ricardo. Gosto do trabalho dele (inclusive, escrevi recentemente a discografia comentada do RPM para esse site), e ainda não tinha tido a oportunidade de assisti-lo fora da banda. Sim, já tinha assistido com o RPM, já tinha assistido ele fazendo participação no show de outros artistas, mas sempre tive curiosidade de ver como funcionava uma apresentação solo dele. O show que veio para cá foi o Rock Popular Brasileiro, onde misturava clássicos do RPM, com canções de sua carreira solo e algumas composições de outros interpretes do pop rock brasileiro. Todas elas, já conhecidas de seus fãs. A apresentação teve início com o hit “Rádio Pirata” e trouxe números como “Juvenília”, “Alvorada Voraz”, “2×100”, “Tudo por Nada” (música de sua fase romântica que ganhou um novo arranjo com uma pegada blues) e “Gita”. Sua banda de apoio é excelente, com destaque para o guitarrista Ícaro Scagliussi, e o carismático cantor segue com a voz em dia. Show memorável para os amantes do pop/rock brasileiro.

 

Pior Notícia do Ano: Morte de Paul Di´Anno e Pit Passarel

Todos os anos recebemos a triste notícia de artistas que admiramos e que resolveram deixar esse planeta. Em 2024, as mortes que mais mexeram comigo foram a de Paul Di´Anno e de Pit Passarel. Ok, dois músicos com trajetória repleta de abusos, mas ainda assim é o fim de uma era. Os vocais cortantes de Paul Di´Anno me marcaram em álbuns como Killers e Nomad. O Viper é uma banda que acompanho desde o álbum Evolution. E, mais do que isso, tive a oportunidade de estar com Pit Passarel por 3 vezes. Em todas as ocasiões, ele estava do mesmo jeito. Divertido, engraçado, sem um pingo de ego. Era, sem dúvidas, um dos caras mais bacanas da cena e fará muita falta.

 

 

Bem… É claro que o ano nos proporcionou mais lançamentos interessantes como o One Hand Clapping, com gravações de Paul McCartney nos tempos de Wings, o Anthem com Artimus Pyle revivendo seus tempos de Lynyrd Skynyrd ou o Dark Matter, novo trabalho do grande Pearl Jam. Teve ainda o inconfundível Bruce Dickinson e a lista segue, mas de um modo geral, acho que deu para vocês terem uma ideia do que andei ouvindo. É claro… Sempre vai faltar uma coisa ou outra. E, por isso mesmo, é sempre um desafio e tanto criar essas listas. Espero que vocês tenham curtido as dicas e continue conferindo nosso trabalho em 2025. Keep on rocking!

13 comentários sobre “Melhores de 2024: Por Davi Pascale

  1. Lista muito legal também, em especial por recuperar um álbum que adorei e acabei me esquecendo de mencionar, que é o do Slash – discaço, até a Demi Lovato dá show em “Papa Was A Rolling Stone”, que ainda me serviu para conhecer a ótima vocalista Dorothy. Não ia colocar entre os dez melhores porque disco de covers quando é bem feito vira covardia, mas ia mencionar entre os bons lançamentos do ano e falhei nessa. Dos demais discos, o do Jon Anderson é muito bom, mas não consegui ouvir vezes suficientes para formar uma opinião definitiva, o do Sebastian Bach preciso ouvir de novo porque não me chamou atenção na primeira audição, e fiquei curioso em conhecer o do Nestor. E definitivamente preciso engolir o ranço e dar uma chance para o do Linkin Park, bem como procurar o do Hurricanes!!
    Por fim, quanto ao do The Warning, também achei curioso que Dany Villarreal não fez nenhum solo, nos discos anteriores ela se arriscava em alguns (independentemente disso, a garota canta muito, e a cover para “You Oughta Know”, da Alanis Morrissette, que está rolando por aí é uma prova).

    1. Obrigado, Marcello. O The Warning, as meninas são extremamente talentosas, mas estou tendo uma dificuldade enorme em encontrar os álbuns delas. Na internet, não acho nada (para comprar). Somente no site da banda e os discos vão e voltam. Lá na Galeria, só encontrei o último, que é esse da reportagem. Tenho conferido bastante coisa delas pelo Youtube (clipes, shows…). A Demi Lovato parece que tem talento, estou com vontade de ouvir alguma coisa dela, inclusive. Os dois últimos álbuns, pelo que li, parece que são voltados ao rock e tem bastante gente de peso (inclusive, o próprio Slash). Vou ver se escuto pela internet antes de arriscar comprar algo. E, realmente, é meio injusto colocar discos de covers e, na minha opinião, ao vivo, porque você está comparando um cara que criou do zero com outro que criou um com repertório já conhecido do público. Por isso, faço separado sempre, mas cara, que disco. Sem contar que eu amo o timbre de guitarra do Slash.
      Quanto ao Linkin Park, é uma banda que tem coisas interessantes, mas sempre foi banda com um pé no comercial. Então, tem gente que ama e gente que odeia. Essa cantora deles está dividindo opinião do público, mas está quase unanimidade entre os músicos. Até o cantor do Stryper, saiu em defesa dela. Disse que assistiu um show deles e que ficou impressionado com o desempenho dela. Isso eu explico por um certo fanatismo. O Chester Bennington é idolatrado pelos fãs do Linkin Park. Então, tem muita gente que não aceita a banda sem ele.

  2. Excelente lista! Parabéns! Em todos os anos, todos vocês dão show, mas nestas listas de melhores de 2024 estão no auge, sério, são as melhores listas (escolhas + resenhas) de toda a série histórica!
    A sua lista é a única (até então) em que ouvi absolutamente todos os álbuns – e é a que concordo com a maior parte das escolhas – o Jon Anderson eu não escolheria, mas vou ouvi-lo hoje novamente para ver se mudo de opinião; já o Linkin Park… Nunca gostei e continuo a nunca gostar. Os demais, eu aprovo com sobras.
    Vou compartilhar um hábito que possuo e que acho interessantes, sempre me trouxe ótimas surpresas ao longo dos últimos anos: eu crio, a partir de janeiro, uma playlist no Spotify intitulada com o ano corrente (2019, 2020, …, 2024) e acrescento os álbuns na íntegra do ano (os que curto, claro). Rapidamente, o algoritmo entende a só me recomenda músicas do ano corrente da lista – foi assim que, por exemplo, lá por abril, março, não me lembro, ouvi uma música do novo do Sebastian Bach e me amarrei. Outro álbum que chegou via Spotify (e tal qual o do Sebastian Bach, eu não chegaria sozinho nele) foi o do Phill Moog, que me lembro exatamente do dia em que apareceu uma música dele: 7 de setembro, pois era feriado e estava ouvindo atentamente a playlist na estrada.
    Abraços a todos.

    1. Opa, Marcelo. Muito obrigado pela dica e pelos elogios. O Linkin Park já sabia que ia dividir opinião entre os leitores, mas foi um álbum que superou minhas expectativas. Gostei bastante da nova cantora e acho que pode ser o início de uma segunda fase bem interessante. Vamos ver o que vem por aí… O Jon Anderson achei o disco lindo, agora o mais bizarro de tudo é que tem um trecho de “Counties and Countries”, lá pelos 55 segundos, que a melodia do teclado me lembrou muuuuuuito a melodia de “Brincar de Índio” da Xuxa (fiquei duas horas tentando descobrir de onde era aquela melodia, e vem daí). Não coloquei isso na matéria para ninguém me rodar praga, mas que lembra bastante, lembra, hein…

    2. Interessante, tenho o mesmo hábito, mas na Amazon Music (que acesso por conta do serviço Prime): desde 2020 tenho feito uma lista com os álbuns que são lançados no ano. Mas o algoritmo da Amazon não recomenda nada pelo ano…

      1. Bom, eu não uso esse serviço que mencionou da Amazon, mas no Spotify vá por mim: é batata! Já criei a lista de 2025 e já recebi uma indicação massa demais de uma banda que nunca tinha ouvido falar e que lançou álbum anteontem.

      2. Pronto, vou trazer um exemplo fresquinho: acabei de receber a recomendação, na minha playlist 2025 do Spotify, do álbum novo do Magnum, “Live At KK’s Steel Mill”, que lançaram ontem ou hoje. Já o inseri na íntegra na playlist (essa é a jogada para orientar o algoritmo). Olhem o setlist:

        Tracklist:
        01 – Days of No Trust (Live)
        02 – Lost on the Road to Eternity (Live)
        03 – The Monster Roars (Live)
        04 – The Archway of Tears (Live)
        05 – Dance of the Black Tattoo (Live)
        06 – Where Are You Eden? (Live)
        07 – The Flood (Live)
        08 – The Day After the Night Before (Live)
        09 – Wild Swan (Live)
        10 – Les Morts Dansant (Live)
        11 – Rocking Chair (Live)
        12 – All England’s Eyes (Live)
        13 – Vigilante (Live)
        14 – Kingdom of Madness (Live)
        15 – On a Storyteller’s Night (Live)
        16 – Sacred Hour (Live)

        Nenhuma música do álbum do ano passado – pelo que entendi, é de um show de 2022.

  3. no geral a lista tá boa. de todas as postagens dos melhores de 2025 sebastiam bach e lenny kravitz são duas surpresas , porém .fizeram um ótimo trabalho em 2025.

    já deep purple e linkin park eu vou explicar :
    sobre o deep purple , não conseguiram fazer um album pra competir com os grandes albuns de 2024 , nem foi ruim mas também não foi excelente. a banda envelheceu muito e não vai conseguir fazer um trabalho nas alturas. eles estão muitos cansados. o que eles fizeram foi um feijão com arroz , um album simples e agradável. a banda não precisa provar mais nada.
    linkin park: gosto muito dessa banda, mais me parece que que está caindo de produção e a cantora não tem culpa, ela até encaixa bem na banda. a culpa são dos caras que não lapidou direito a composição desse álbum ( lembrando que o outro álbum antrior a esse teve criticas negativas) ou o produtor pode ter culpa também era pra ter exigido mais da banda. no meu entender essa banda está com falta de inspiração que é o mesmo problema do smashing pumpkins. e vai caminhar pro limbo.
    amas no geral a lista tá boa

    1. Fala Gugu,

      Não tem problema você não ter gostado do Purple e do Linkin Park, gosto é gosto, mas eu realmente achei esses discos bem superiores aos últimos álbuns gravados por eles. O Purple, para mim, foi o melhor trabalho desde o Now What, mas tranquilo. Muito obrigado pelos comentários e pelo elogio.

  4. Muita coisa para ouvir. Mas já dando minhas voltas pela internet, escutei umas coisinhas desse disco do Jon Anderson e… rapaz, deveria ter ouvido antes de fazer minha lista porque seria uma grande possibilidade de entrar no meu top 10 ou 15.

    E não sabia que o Bastião tinha lançado disco esse ano. Teria conferido também.

    1. O trabalho do Jon Anderson é sensacional mesmo. E se você curte o Sebastian Bach, pode ir sem medo. Dá uma conferida nos clipes de “What Do I Got To Lose” e “Everybody Bleeds” que já dá para você ter uma ideia.

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