Melhores de Todos os Tempos: 1988


Por Mairon Machado
Com Anderson Godinho, Andre Kaminski, Daniel Benedetti, Davi Pascale, Diogo Bizzoto, Fernando Bueno, Leonardo Castro, Luis Fernando Brod (do canal Minha Vida em Vinil e do site Disconecta) e Marcello Zapelini
Recentemente, durante nossas férias, conseguimos resgatar algumas de nossas matérias da série Melhores de Todos os Tempos. Foi um trabalho árduo, buscando em e-mails, conversas privadas de facebook e whats app, até que concluísse o que pudéssemos de matérias. E três anos infelizmente não foram possíveis de serem resgatados: 1988, 1990 e 1991. Foram tantos os pedidos de vocês leitores que decidimos refazer essas listas.
Com alguns novos consultores, e com a ausência de outros, decidimos por refazer essas listas, e após um amplo debate, chegamos a conclusão que o ideal seria refazer do zero, tudo de novo, seguindo a pontuação * que será apresentada na sequência. Assim, nove consultores e mais um convidado (para manter a tradição dos convidados) elaboraram suas listas dos 10 melhores destes anos, e hoje apresentamos 1988.
Apesar da mudança na primeira posição, é curioso que seis dos quatro discos escolhidos originalmente estão presentes novamente entre os dez mais. Isso só demonstra como em 1988 estes seis álbuns são essenciais nas prateleiras daqueles que apreciam música, sendo os discos: Operation: Mindcrime (Queensrÿche), The New Order (Testament), South of Heaven (Slayer), Keepers of the Seven Keys: Part II (Helloween), … And Justice for All (Metallica) e Seventh Son of a Seventh Son (Iron Maiden). Se na primeira edição o primeiro dessa sequência foi exatamente o primeiro colocado, agora ele perdeu posições, mas mesmo assim mostra sua relevância entre os 10 mais. Por outro lado, os três últimos estão no pódio, com o Iron buscando ponto a ponto junto ao Metallica a primeira posição. No final, deu Iron na cabeça, mostrando a força de um dos grandes álbuns de Steve Harris e cia.
Acompanhe então nossos comentários, deixem suas listas, seus comentários e aguardem para maio e junho as listas (novas) de 1990 e 1991.
* A pontuação estabelecida é a seguinte: 1° lugar – 25 pontos; 2° lugar – 18 pontos; 3° lugar – 15 pontos; 4° lugar – 12 pontos; 5° lugar – 10 pontos; 6° lugar – 8 pontos; 7° lugar – 6 pontos; 8° lugar – 4 pontos; 9° lugar – 2 pontos; 10° lugar – 1 ponto. Além disso, para cada indicação, o álbum ganha mais um ponto.
1° Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son [130 pontos]
Anderson: Um primeiro lugar digno, talvez óbvio para muitos, mas que eu deixei em terceiro. Na minha concepção é o álbum que encerra a grande fase do Iron Maiden, um álbum muito rebuscado em que tudo se encaixa muito bem, me soa extremamente planejado e é uma delícia de ouvir do começo ao fim. Na minha mente esse disco da um passo além do que o Maiden tinha produzido até então, evidentemente isso não agrada a todos e muda um pouco a sonoridade da banda frente ao que tinham desenvolvido até então. Clássicos absolutos então nesse material e dentre eles a música que credito como a mais bonita da banda: “The Evil That Men Do”. Finalizo afirmando que se a banda tivesse terminado aqui ainda seria lembrada do mesmo tamanho que é hoje, talvez maior. Acredito que considerando o rock e o metal de modo amplo, esse material é um marco final do mainstream como o mundo conhecia, logo depois os anos 1990 e 2000 viriam mudar muita coisa nesse universo musical.
André: Um ótimo disco da donzela, gosto mais deste que do anterior Somewhere in Time. Para mim, a produção mais limpa deu uma cara diferenciada à banda sem comprometer o som. Gosto principalmente de “Moonchild” e “Can I Play with Madness”, simplezinha mas ganchuda.
Daniel: O último grande álbum da fase áurea do Iron Maiden. Sim, digno de estar entre os 10 melhores do ano, mas jamais na primeira posição (e o Maiden é minha banda preferida). Nele há duas das melhores canções do grupo, a belíssima “Infinite Dreams” e a subestimada “The Clairvoyant”. Ao mesmo tempo, o disco tem a pior música do Maiden lançada até então, a equivocada “Can I Play with Madness”, e outra que é apenas mediana em “Only the Good Die Young”. O restante, porém, é material acima da média.
Davi: Na década de 80, se você era um rocker, era quase obrigatório que adentrasse ao universo do Guns n Roses, do Metallica e do Iron Maiden. O impacto que esses grupos causaram na época, repetiram-se pouquíssimas vezes nas gerações seguintes. E Seventh Son of a Seventh Son – o álbum conceitual que não é conceitual (palavras do próprio Bruce Dickinson, não adianta brigar comigo) – foi lançado bem no meio desse furacão e sempre esteve entre os favoritos dos fãs da donzela. Mais do que um clássico da banda, diria que é um clássico do metal. De diferente, eles exploravam aqui uma maior influência do progressivo e arriscavam o uso de teclados. O tracklist é quase perfeito. Se tivesse que citar alguns destaques, provavelmente, seriam “Moonchild”, “The Clairvoyant”, “The Evil That Men Do”, além da faixa-título. Na verdade, o único filler desse álbum é “Only The Good Die Young”. O restante não tem o que mexer. Primeiro lugar merecido. Tanto pelo impacto, quanto pela qualidade.
Diogo: Não é meu favorito, mas não discordo de quem considera Seventh Son of a Seventh Son a obra mais ambiciosa e bem-acabada do Iron Maiden, o apogeu da formação clássica. Se em discos anteriores já ficavam evidentes as inclinações progressivas do grupo, em especial nas músicas compostas por Steve Harris, foi em Seventh Son… que a banda finalmente fez por merecer o rótulo “prog metal”, ainda que não fosse um gênero bem estabelecido até então. Sim, as canções mais progressivas são aquelas assinadas somente por Harris, em especial a faixa-título e “Infinite Dreams”, mas há uma coesão instrumental e estilística tão grande ao longo do álbum que, ao menos para mim, a coesão lírica e o fato de se tratar de uma obra conceitual ficam em segundo plano. Falando em coesão, merece destaque o fato de que Harris, Bruce Dickinson e Adrian Smith voltaram a compor em grupo, em contraposição ao que ocorreu em Somewhere in Time (1986), um disco de créditos quase totalmente solitários. Esse time pariu o maior sucesso comercial do tracklist, “Can I Play With Madness”, além do seu destaque-mor, “The Evil That Men Do”. Destaco ainda aquela que me cativou antes de todas, há mais de 25 anos, “The Clairvoyant”. Que saudade de quando as introduções compostas por Harris eram assim, e não certas coisas intermináveis que abundam em suas criações mais recentes. E os teclados? Na maior parte, são mais texturas do que intervenções que realmente saltam aos ouvidos, mas a atmosfera do disco é, em geral, bem mais leve do que a dos anteriores, “peso” propriamente dito passa meio longe. Quer apresentar o Iron Maiden para aquele seu amigo não muito chegado em heavy metal? Seventh Son… é a obra perfeita.
Fernando: Pessoalmente falar sobre esse disco é bastante fácil para mim. Junto do The Number of the Beast é o álbum que eu mais gosto da banda. Comecei a ouvir o Iron Maiden por volta de 1989/1990, portanto a fase de ouro do grupo já existia. Eu só precisava conhecer todos os discos e não me importava muito com a ordem que tinha sido lançados e não tinha nenhum deles como preferido. Entendo que o fã mais antigo tenha outro disco como preferido e isso pode ser explicado pelo apego que temos nesses casos. O álbum, inclusive, contém a faixa que eu mais gosto da carreira do Iron Maiden: “Infinite Dreams”. Música que poderia ser tão presente no set lista quanto “The Trooper”. Um álbum conceitual em que todas as faixas funcionam separadamente o que é algo muito difícil de acontecer. Algumas músicas que são consideradas fillers como “The Prophecy” e “Only the Good Die Young” são faixas que eu amo. “The Clairvoyant” foi single e é uma faixa praticamente esquecida, mas é excelente. Ou seja, um álbum nota 10 de uma banda nota 10 que obrigatoriamente deve fazer parte de qualquer fã de metal de respeito.
Leonardo: Ainda mais progressivo que Somewhere In Time, Seventh Son Of A Seventh Son tinha mais teclados e uma atmosfera mais épica que seu antecessor. Ao lado de algumas das melhores composições da carreira da banda, como “The Evil That Men Do” e “The Clairvoyant”, estavam canções que já demonstravam um certo cansaço, como a primeira música de trabalho, “Can I Play With Madness”. Ainda assim, é um belíssimo disco da Donzela de Ferro, ainda que sem o mesmo brilhantismo absurdo de Killers, The Number Of The Beast ou Piece Of Mind.
Luis Fernando: Não tem como não achar este um dos melhores discos de 1988. É o Iron assumindo de vez sua veia progressiva, com sintetizadores e com um tema que é praticamente uma narrativa.
Mairon: Quando comecei a ouvir Iron Maiden, pela forte influência do Micael, eu detestava a voz do Bruce Dickinson. Somewhere in Time, Fear of the Dark e Powerslave mudaram meu conceito sobre a banda, mas nunca sobre a voz de Dickinson. Porém, Seventh Son of a Seventh Son é um disco a parte na coleção do Iron. As canções soam conforme a história se desenvolve, e há diversas canções nas quais Dickinson consegue encaixar sua voz de forma que me agrada, com destaque para a suavidade de “Infinite Dreams” e a brilhante “The Clairvoyant”, com uma performance irreparável de Steve Harris. O Iron escolheu muito bem as faixas para abrir (“Moonchild”) e encerrar o LP (“Only the Good Die Young”), pois ambas conseguem trazer ao ouvinte, mesmo aquele que não manja do inglês, a sensação de que uma história foi narrada através dos mais de 40 minutos de duração do disco. Outra pérola vai para a faixa-título, que apesar de ser a mais fraca das mini-suítes que o Iron gravou nessa época (as outras são “The Rime of the Ancient Mariner” e “Alexander the Great”), é muito bela em toda sua construção, ainda mais com a sequência de solos feitas por Dave Murray e Adrian Smith na segunda metade da canção. Minhas principais críticas para o álbum vão para duas canções mais famosas, “Can I Play With Madness” (da qual gosto apenas da linda versão do seu single, no formato shaped) e “The Evil That Men Do”, e por isso, acabei colocando o mesmo em uma posição baixa no meu Top 10. Outro pecado é “The Prophecy”, que já mostra indícios da falta de criatividade que o Iron passou a viver a partir de No Prayer for the Dying, sem ter nada de novidade além de um interessante trecho com guitarras gêmeas e um encerramento acústico. Acredito que esse seja o último grande disco do Iron, mesmo gostando do Fear of the Dark, mas a partir dele, o Iron virou uma repetição de si mesmo totalmente sem graça para quem não é fã da banda.
Marcello: Para mim, um dos melhores discos do grupo; de “Moonchild” a “Only the Good Die Young”, o que se tem é uma bela coleção de músicas bastante sólidas (“The Prophecy” é a que menos gosto, mas ainda assim é interessante), com variação suficiente entre si para manter a atenção do ouvinte e dar vontade de ouvi-las mais vezes. A banda mostrou que continuava progredindo, e a longa faixa-título, “Infinite Dreams” e “The Evil That Men Do” são bons exemplos dessa progressão. O single “Can I Play With Madness” provou que era possível fazer boa música e ainda manter o apelo comercial, o que sem dúvida contribuiu para o bom desempenho do álbum nas paradas. Steve Harris, Dave Murray, Adrian Smith, Bruce Dickinson e Nicko McBrain estavam no seu quarto álbum de estúdio juntos (o quinto no total), e a integração entre os músicos estava praticamente perfeita. Pena que no álbum seguinte o ótimo Smith deixou a banda e acabou com o momento; diferentemente de muitos fãs por aí, gosto da guitarra de Janick Gers, mas ele não tem o mesmo talento de Adrian para compor, e com isso os discos seguintes do Iron Maiden sofreram um pouco. A banda ainda lançou coisas boas, mas Seventh Son of a Seventh Son acabou virando o último capítulo de uma das mais impressionantes sagas da história do heavy metal, escrita pelo Iron Maiden entre 1980 e 1988.
2° Metallica – … And Justice for All [104 pontos]
Anderson: O quarto álbum do Metallica apresenta três músicas que considero dentre as melhores da carreira da banda: a inicial “Blackened”, a faixa título e, uma das melhores músicas da banda e do gênero, “One”. O restante do material é muito bom, também, mas vindos do espetacular Master of Puppets e considerando o tamanho que a banda alcançara com este era de se esperar algo maior. Acredito, inclusive, que hoje o … And Justice for All está maior do que quando foi lançado. Creio ser importante destacar que o processo de gravação, segundo consta, não foi dos mais coletivos e amigáveis, bem como, contou com a entrada/contratação de Jason Newsted para suprir o falecimento do ícone Cliff Burton em trágico acidente. Era o início de um relacionamento, considerando entrevistas de ambos os lados, no mínimo abusivo, e foi também o início do fim do Metallica Thrash Metal que o mundo conhecia até então. Recomendo a versão remasterizada que, finalmente, apresenta as linhas de baixo ocultadas no original.
André: Mesmo com a merda do baixo inaudível, incrível como eles ainda fizeram composições de altíssimo nível e várias delas sendo clássicos da banda até hoje. Acho impressionante como este álbum, que tinha tudo para ser a “ovelha negra” desta fase, ainda se sustenta. Sim, Cliff Burton segue fazendo falta até hoje ao Metallica. Mas não podemos tirar os méritos de James e Lars quanto à composições,arranjos e ideias notáveis neste período farto de ótimos discos que foi o final dos anos 80.
Daniel: Metallica foi uma das minhas bandas preferidas por um bom tempo, mas ultimamente tenho pouca paciência para ouvir seus trabalhos. Entendo sua presença na lista, pois aqui há algumas composições relevantes do grupo: “Blackened”, “Harvester of Sorrow”, a faixa-título e, claro, “One”. Entretanto, a produção que praticamente retira o baixo do resultado final, afasta-me bastante de uma maior imersão. Prefiro as versões das músicas ao vivo.
Davi: Outro álbum extremamente emblemático. Os reis do thrash metal chegavam ao seu quarto LP, com um trabalho quase irretocável e cheio de polêmicas. Foi aqui que começou a choradeira: “o Metallica se vendeu”. A razão? Os caras fizeram um videoclipe para “One” (quem viveu a época, vai inclusive se recordar de um VHS single que trazia o vídeo em duas versões) e muitos fãs começaram a dizer que ‘isso não era metal’. A outra polêmica – e aqui a galera tinha razão – é que eles tinham um novo baixista (Jason Newsted) e o instrumento estava inaudível no disco. É justamente por conta dessa ideia de ostra da dupla Lars & James, que uso a expressão ‘quase’ irretocável. O tracklist é matador! “Blackened”, “And Justice For All”, “Harvester of Sorrow”, a própria “One”… Só musicão!!! A banda, embora mantivesse sua sonoridade clássica, trazia algumas inovações como criar canções mais longas, fazer arranjos mais elaborados, mais cadenciados até. Agora… a infame decisão realmente prejudica o resultado final, já que com isso boa parte do grave se vai. De todo modo, grande fase dos caras.
Diogo: Acreditem, amigos, antes do mosquito da preguicite picar Lars Ulrich e Kirk Hammett, o Metallica chegou a flertar com os caminhos mais técnicos do thrash metal. Em Ride the Lightning (1984) e Master of Puppets (1986), o quarteto já vinha mostrando que sabia como poucas formações compor canções unindo complexidade e acessibilidade, só que em … And Justice for All foi dado um passo além em termos de complexidade, chegando a flertar com o incipiente prog metal, especialmente na faixa-título, em “The Frayed Ends of Sanity”, “To Live Is to Die” e “One”, cujos predicados eu não preciso mencionar. No outro lado desse espectro musical fica uma das minhas favoritas, “Harvester of Sorrow”, mais arrastada e carregada de groove, diria eu um leve prenúncio do que estava por vir em lançamentos posteriores (“Sad But True”, alguém?). Quem gosta do thrash mais veloz e porradeiro dos primórdios, mas com um passo além na técnica, tem nas fantásticas “Blackened” e “Dyers Eve” o suspiro final daquele Metallica, que até fez algumas gracinhas nesse estilo muito tempo depois, mas sem a qualidade e a classe manifestada em … And Justice for All.
Fernando: Que disco!!! “Blackened” começa de onde Master of Puppets finalizou. Peso e técnica em seu auge. A discussão eterna sobre a falta de baixo é quase esquecida, pois o peso que está nos sulcos desse disco é fora do comum. Sempre penso nesse disco quando se fala sobre a possível falta de técnica de Lars Ulrich. Como alguém considerado fraco em seu instrumento poderia grava algo assim? Acredito que essa crítica seja por conta de outros motivos. Outro ponto é que, por mais que não tenha (ou seja escondido na mixagem) o baixo, o peso das guitarras é tão grande que no fim das contas parece não fazer falta. Na época de adolescência ninguém se preocupava com isso.
Leonardo: O álbum mais discutido entre os fãs do Metallica. Definitivamente mais técnico que seus anteriores, o disco chamou atenção pela ausência do baixo na mixagem e pelas músicas mais longas e progressivas. Curiosamente, os melhores resultados estão nas músicas mais curtas e diretas, como a rápida “Blackened” (que riff!) ou na cadenciada “Harvester Of Sorrow”, além da clássica “One”. A faixa título, apesar de longa, também é outro destaque. Contudo, algumas músicas se perdem nos inúmeros riffs e mudanças de andamento que não leval a lugar algum, como “The Shortest Straw” e “The Frayed Ends Of Sanity”. Em resumo, um degrau abaixo dos 3 discos anteriores, mas ainda indispensável aos fãs do estilo.
Luis Fernando: Um grande disco com uma grande lacuna. Me pergunto até hoje o porque eles não deixaram as linhas de baixo de Jason Newsted na gravação. Pra mim, é o disco prog do Metallica.
Mairon: Não entendo o ranço que muitos tem com esse álbum. Para mim, … And Justice for All é um dos melhores trabalhos do Metallica, acima de Master of Puppets por exemplo. O grupo passa pelo período de transição pós o trauma da perda do excelente baixista Cliff Burton, e com Jason Newsted, encontra novos caminhos, não tão velozes como no início da carreira, mas mais trabalhados e com canções longas. As maiores, no caso a faixa-título e a excelência musical da linda “To Live is to Die”, já valem a presença desse magnífico álbum nessa lista, só que ainda temos as clássicas “Blackened”, “Harvester of Sorrow” e a perfeição de “One”, fácil fácil Top 3 do grupo (ao lado de “Fade to Black” e da já citada “To Live is to Die”). Mesmo as renegadas “The Frayed Ends of Sanity”, “Eye of the Beholder” e “The Shortest Straw”, com seu riff maluquíssimo, merecem destaques. Em tempo, melhor trabalho da carreira de Kirk Hammet e Lars Ulrich. Que bom que entrou nessa lista.
Marcello: Já tinha comprado os três discos anteriores do Metallica e este eu fiquei contando os dias para chegar nas lojas daqui. Quando apareceu o álbum duplo em vinil, comprei-o imediatamente e literalmente corri para casa para ouvir – e pouco depois do disco começar veio a pergunta: cadê o baixo? “Blackened” pedia um baixão como o do Cliff Burton, e… nada! Ouvi o disco todo e fiquei bastante decepcionado com a produção, embora tenha gostado das músicas. E embora tenha feito parte da minha lista, … And Justice for All tem esse amargo gosto de um bom disco prejudicado pela qualidade sonora. Claro, temos “One”, “To Live is to Die”, Harvester of Sorrow”, “The Shortest Straw”, ou seja, várias músicas legais. No final das contas, considerando a qualidade das músicas, o álbum merecia uma posição mais elevada na minha lista, mas simplesmente não consigo engolir a bobagem que a banda e o produtor Flemming Rasmussen aprontaram com o novato Jason Newsteed. No dia que sair uma versão remixada, quem sabe eu mudo meu conceito…
3° Helloween – Keeper of the Seven Keys: Part II [85 pontos]
Anderson: Enquanto Iron Maiden aprofundava-se em seu próprio universo e “nichava” sua música; enquanto Metallica surfava o, até então, apogeu pós-Master of Puppets e passava por reestruturação (ou aprofundava sua desestruturação mental…) interna, uma banda apresentava e, com esse álbum, consolidava uma nova variante do Heavy Metal: o Power Metal. Os considero expoentes do subgênero que viria a criar uma legião de fãs pelo mundo. Mesmo com o rock e, especialmente, o metal passarem por mudanças substanciais que criam um mainstream totalmente diferente entre os anos 1980 e 90 (com reflexos até os anos 2000), por trás (muitas vezes no underground) o Power Metal se consolidava de forma muito sólida com inúmeras bandas e variações sonoras aparecendo em função do que o Helloween ajudou a criar. Essencial esse material, meu primeiríssimo lugar.
André: “Happy, happy Helloween!” Gosto muito dessa fase com Kai Hansen e clássicos despejam um atrás do outro nesta bolacha. Aliás, hoje reouvindo, me arrependo de não o ter incluído na minha lista particular. “I Want Out”, “Dr. Stein” e “March of Time” continuam a me divertir e me empolgar e o trabalho de guitarras de Kai e Weikath segue impressionante.
Daniel: Sou grande fã de Power Metal. Este álbum, junto ao seu irmão gêmeo lançado no ano anterior, formam a “bíblia” desta vertente do Metal. A qualidade das composições é excelente em uma fusão de peso, de ritmo (intenso e acelerado) e de melodias cativantes e bem construídas. Tudo isto é unido em um arcabouço musical único, para aquela época, e que se tornou exaustivamente copiado pelas décadas seguintes. A grandiosa faixa-título é épica e emblemática, “Eagle Fly Free” é incrível e “I Want Out” é definidora de todo o estilo. Discaço.
Davi: Indiscutivelmente, a década de 80 foi a era de ouro do heavy metal e temos mais uma prova aqui. Keeper of The Seven Keys Pt II não é apenas o álbum definitivo do Helloween. É mais do que isso, diria que é o álbum definitivo do power metal. Se você quer entender o que é o tal metal melódico, é esse LP que você precisa ouvir. Todas as características estão aqui: a velocidade, a melodia, o peso, além dos vocais poderosos, inconfundíveis e inimitáveis de Michael Kiske. Sério! O cara estava no auge e o que ele fez aqui não foi brincadeira. Sem contar que o rapaz acabou se tornando referência para praticamente todos os cantores que vieram a seguir (dentro desse gênero, é claro). Os dois trabalhos anteriores já eram bons discos, demonstravam que o grupo tinha personalidade e competência de sobra, mas é aqui que se tornam imbatíveis. O repertório levanta até defunto e traz várias músicas que se tornaram clássicos dos alemães como “Eagle Fly Free”, “Dr. Stein”, “I Want Out”, “March of Time”, “Keeper of The Seven Keys” e “Save Us”.
Diogo: A primeira parte cristalizou o gênero, mas foi a segunda que alavancou e consolidou o power metal como uma realidade que influenciaria milhares de outras bandas nos anos vindouros, fomentando o êxito de colegas geracionais e gestando uma leva de seguidores, leva essa tão grande que provocou um novo boom do estilo na virada dos anos 1990 para os anos 2000, quando múltiplos lançamentos do gênero infestavam as páginas das revistas especializadas, alguns com talento, mas outros com qualidade muito duvidosa. Não duvide, porém, das virtudes desses alemães em Keeper II. Conduzidos pelos agudos poderosos de Michael Kiske, o arquétipo máximo do vocalista de power metal, o Helloween passeia por canções que se tornaram moldes para tantas outras, com ênfase para a imponente “Eagle Fly Free”, com uma sequência de solos que ilustra uma das características básicas do estilo, o gosto pelo virtuosismo, além da condução incessante dos bumbos de Ingo Schwichtenberg. Michael Weikath tornou-se porta-estandarte do happy, happy Helloween e levou o jeito gozadinho de compor às raias do delicioso absurdo em “Rise and Fall” e “Dr. Stein”, enquanto Kiske trouxe as cadenciadas (e ótimas) “You Always Walk Alone” e “We Got the Right”. Para arredondar, Kai Hansen deu suas últimas contribuições em sua primeira passagem pela banda com as magníficas “March of Time” e “I Want Out”, essa última talvez aquilo mais próximo de um hit produzido pelo Helloween. O power metal é um dos subgêneros mais odiados do heavy metal, mas odiar este Helloween é estupidez.
Fernando: Um dos meus discos da vida. Curiosamente 1988 possui dois deles. Gosto demais da parte I dessa saga, mas o segundo álbum é fora do comum. O maior clássico do que se convencionou a chamar de power metal com a música “Eagle Fly Free” como sendo seu principal clássico do estilo. O que Michael Kiske canta nesse disco é fora do comum e chega a ser tão alto quanto o impossível. Ele é sem dúvida meu vocalista preferido. Difícil não colocar mais da metade das músicas desses disco em uma coletânea, mesmo as mais curtas.
Leonardo: Em Keepers 2, o Heloween se aprofundou ainda mais no “melodic power metal” que havia criado no álbum anterior, se afastando quase por completo das tendências mais ríspidas de Walls Of Jericho ainda presentes nas parte 1, e investindo em melodias alegres e estruturas quase pop em algumas faixas. Quando funciona, como em “Eagle Fly Free”, “Dr. Stein” e “I Want Out”, o resultado é irrestível, mas quando passam do ponto, como em “Rise Or Fall” ou “We Got The Right”, não se pode dizer o mesmo. Ainda assim, definiu um estilo, e a performance de Michael Kiske nos vocais é de outro mundo.
Luis Fernando: Não sou muito fã de Helloween, mas eu reconheço que este disco já nasceu clássico. Penso que se não fosse por ele, o Angra talvez não existisse.
Mairon: Qual o melhor dos Keepers? 90% dos fãs da banda diz que é o segundo, e eu estou entre eles. Esse disco é uma sequência (óbvio) de Keepers of the Seven Keys Part I, mas muito mais trabalhado. O quinteto alemão inspira-se em Queen para construir um encantador arranjo vocal (“Rise and Fall”), e puxa as raízes Priestianas na clássica “I Want Out”. Só a introdução de “March of Time” ou toda “Eagle Fly Free” já valem a presença desse álbum entre os dez mais, com a última sendo uma das músicas mais lindas e genias do todo o metal melódico, que arregaça as caixas de som logo no início do LP (depois da vinheta “Invitation”). Outra pancada é a suíte que dá nome ao álbum, quatorze minutos construídos milimesimamente, uma perfeição sonora elevada ao status de adoração graças ao fantástico trabalho das guitarras de Michael Keiwath e Kai Hansen. Michael Kiske dá um banho em outros vocalistas do estilo na épica “You Always Walk Alone” e na orquestral “We Got the Right”, e até Keiwath brilha nos teclados de “Dr. Stein”. Desta vez não cometi o erro de deixá-lo de fora de minha lista como foi lá em 2015, e feliz de ver ele novamente entre os dez mais. Merecidíssimo.
Marcello: Lembro-me de ler sobre o Helloween no final dos anos 80 e ficar imaginando como eram os discos tão elogiados do grupo, que não pintavam por aqui. Quando finalmente consegui ouvi-los, gostei, mas o impacto foi menor; devia tê-los ouvido quando as revistas começaram a falar da banda, lá por 1986-88, quando meu gosto por heavy metal se definiu – e pouco mudou desde então. Após a introdução instrumental, tem-se “Eagle Fly Free”, uma das músicas que mais gosto dos alemães, e dela em diante se tem um power metal bem elaborado, com seu ótimo trabalho instrumental e os influentes vocais de Michael Kiske (quase todo vocalista de power metal acaba de uma forma ou de outra remetendo a ele), ainda que pessoalmente eu não goste muito de sua voz (ela tende a me cansar com o tempo). Embora seja uma coleção de boas canções, o disco realmente atinge seu auge no final, com “I Want Out”, uma das músicas mais conhecidas deles, e a imensa “Keeper of the Seven Keys”, que em alguns momentos tem guitarras que me lembram David Gilmour no Pink Floyd. Como disse, se tivesse tido a oportunidade de ouvir na época do lançamento, provavelmente teria sido um favorito da casa. Hoje em dia, belisca um 11º ou 12º lugar na lista dos melhores do ano de 1988.
4° Slayer – South of Heaven [81 pontos]
Anderson: Clássico absoluto da banda, talvez o segundo melhor álbum do Slayer, apresenta as características básicas da banda em seu máximo: blasfêmia, violência, thrash metal puro, de primeira. No contexto da banda, esse álbum mostrou um Slayer mais maduro, capaz de variar seu estilo sem se render às tendências comerciais da época (Alô? James? Alô Mustaine, WTF r u doing!???), consolidando seu lugar como uma das bandas mais importantes do Thrash. Esse disco é um pouco mais cadenciado (relativo ao som da banda, claro), porém compensa com alguma ambientação sinistra, destacando nesse caso “South of Heaven” e “Spill the Blood”. Obrigatório para bons ouvintes de metal.
André: Dentre as grandes do thrash, o Slayer é uma daquelas que fica mais lá em baixo em termos de apreço pessoal. Não nego a importância dos caras, só que tem tantas outras tão boas ou melhores para se encaixar neste espaço aqui. Já fui mais crítico ao Slayer, hoje até ouço mais embora ainda haja canções que fazem minha boca entortar.
Daniel: Espremido entre os clássicos Reign in Blood e Seasons in the Abyss, tenho a impressão de que South of Heaven acaba esquecido em um segundo plano. De longe o melhor álbum da lista, aqui o Slayer começa a colocar “o pé no freio”, mas sem perder um naco de peso e de agressividade, em que excelentes amostras são “Mandatory Suicide”, “Live Undead” e a faixa-título, cujo riff inicial é assombroso (no melhor sentido). Músicas com a trilha thrash insana vista no álbum anterior continuam aparecendo (“Silent Scream” e “Cleanse the Soul”), mas de forma mais pontual. Só quero saber em que posição o disco ficou na lista final…
Davi: O Slayer havia deixado o mundo do heavy metal de queixo caído quando lançaram o agressivo Reign In Blood. Quem esperava que seu sucessor seguisse a mesma cartilha, quebrou a cara bonito. Sim, South of Heaven é pesado e impactante, porém o grupo chocou indo para o caminho oposto. Ou seja, explorando arranjos mais cadenciados. As exceções, acredito que sejam “Ghosts of War” e “Silent Scream”. E, não, não dá para ninguém dizer que os caras se venderam. O álbum é Slayer puro apresentando a bateria trincada de Dave Lombardo, os vocais gritados de Tom Araya e as guitarras cortantes de Jeff Hanneman e Kerry King. O tracklist traz faixas matadoras como “Mandatory Suicide”, “Spill The Blood”, além da clássica faixa-título. Indiscutivelmente, mais um clássico do Slayer.
Diogo: Muito se fala nas mudanças que Metallica e Megadeth manifestaram em suas discografias ao longo dos anos, gerando discos tão díspares quanto Kill ‘Em All (1983) e Load (1996) ou Peace Sells… but Who’s Buying? (1986) e Cryptic Writings (1997) – lhes pouparei de comparações ainda mais desiguais. Pois eu lhes convido a fazer o mesmo exercício em relação ao Slayer e comparar o thrash metal classudo de South of Heaven com o turbilhão beirando o extremismo chamado Hell Awaits (1985), lançados com meros 39 meses de diferença. É claro que a diferença em termos de produção é monstruosa, isso Reign in Blood já havia mostrado em 1986, mas as composições de Jeff Hanneman e Kerry King adquiriram um refino quase inimaginável pouco tempo antes. Sua maior expressão é a estupenda faixa-título, construída sobre uma inteligente variação de tema e de velocidade, uma das marcas registradas deste álbum, mostrando que a banda estava ciente de que repetir a fórmula de Reign in Blood poderia ser um erro, se não comercial, provavelmente artístico. Deu certo. Por mais que tenha havido diversas críticas (inclusive internas), a força de “Mandatory Suicide” (quase obrigatória ao vivo), “Silent Scream” e “Spill the Blood” sustenta o disco, e o resto não serve para meia-boca. Há de se enfatizar ainda que a bateria do grandioso Dave Lombardo está cada vez mais à frente, e até Tom Araya, talvez o elo mais fraco do grupo, tecnicamente falando, fugiu do seu habitual gritedo e efetivamente cantou muito mais do que em oportunidades anteriores, com resultados que podem não ser magníficos, mas funcionaram muito bem no contexto do Slayer.
Fernando: Junto de Reign in Blood esta é a obra-prima deles. As melhores músicas da bandas estão nesses dois discos e eu nem vou ficar lembrando de outros álbuns para não me extender, principalmente Show No Mercy ou o Seasons in the Abyss. Os andamentos mais lentos realmente fez os fãs da época estranharem, mas realçam a força da banda. Todas as músicas aqui são ótimas, com exceção de “Cleanse the Soul”, que é mais fraca. Este álbum tem uma bateria incrível, uma atmosfera incrível, muitos riffs matadores e músicas memoráveis. Envelheceu extremamente bem. Um dos meus favoritos de todos os tempos.
Leonardo: Depois do extremismo, rispidez e velocidade de Reign In Blood, para onde o Slayer poderia ir? Pois a banda decidiu tirar o pé do acelerador e apostar em músicas mais soturnas, com riffs e andamentos mais lentos e climáticos. E o resultado foi espetacular, como as duas músicas mais celebradas do disco, a faixa título e “Mandatory Suicide”, comprovam. Mas ainda há bastante peso e agressividade no álbum, como em “Ghosts Of War” e “Silent Scream”. E a versão mais crua de “Dissident Agressor” do Judas Priest ficou sensacional.
Luis Fernando: Outro grande disco deste ano. Reconheço a grandeza deste disco, mas eu tomei uma saturada de Slayer que não consigo mais ouvir. Depois deste, tudo me parece mais do mesmo.
Mairon: O álbum que me mostrou que o mundo não era perfeito. South of Heaven foi o primeiro disco mais “pesado” que ouvi, junto com Seven Churches (Possessed), e foi amor a primeira ouvida. Os riffs animalescos da faixa-título, “Read Between the Lies” e “Ghosts of War”, os solos velozes de “Behind the Crooked Croos”, “Cleanse the Soul” e “Live Undead”, a versão definitiva de “Dissident Aggressor” (original do Judas Priest), o esmagador peso de “Spill the Blood” – que introdução – e a pancadaria ignorante de “Silent Scream” – o que Dave Lombardo faz nessa música é inexplicável – já colocam South of Heaven em um Top 3 de 1988, mas “Mandatory Suicide” é a responsável por esse disco ser meu preferido desse ano. Acima de tudo, “Mandatory Suicide” é daquelas canções que ainda hoje, passados poouco mais de 30 anos (puta merda, tô velho) da primeira audição, arrepiam do início ao fim, por toda a magia pesada e enigmática envolvida nos vocais de Tom Araya, ou no agonizante grito das guitarras durante a parte final da canção que encerra o lado A. Por muito tempo considerei esse o melhor disco do Slayer, até que captei a perfeição de Reign in Blood (1986), mas com certeza, o quarto disco do grupo não deve nada para seu antecessor. Escrevi mais sobre esse belíssimo álbum aqui.
Marcello: Primeiro os fatos: nunca gostei do Slayer; thrash metal nunca me pegou de jeito (gosto do Metallica e do Megadeth, mas não vou muito além deles); este South of Heaven sempre aparece entre os melhores da banda. Isto posto, fui ouvir South of Heaven pela primeira vez em muitos anos, e o disco me surpreendeu muito. Tom Araya canta em vez de urrar, Dave Lombardo continuava sua progressão para se tornar um dos melhores bateristas do seu estilo e Kerry King e Jeff Hanneman estão perfeitos (ainda que King considere seu desempenho neste álbum como atroz). Músicas como a faixa-título, “Ghosts of War”, “Behind the Crooked Cross” e a cover para “Dissident Aggressor” são minhas favoritas no disco. South of Heaven faz parte daquela progressão amada pelos fãs do grupo que vai de Show No Mercy até Seasons in the Abyss, embora na época tenha decepcionado muita gente que ficara embasbacada com o peso e a velocidade de Reign in Blood. No meu caso, passou batido. Felizmente as cabeças mudam, e hoje em dia consigo ver com bons olhos a hipótese de um exemplar deste disco ocupando um espaço na minha coleção entre o Slade e o Sly & The Family Stone…
5° Queensrÿche – Operation: Mindcrime [77 pontos]
Anderson: O que fazer em um cenário saturado de bandas grandes e criativas? Aqui está uma proposta boa: se você gosta de histórias complexas, músicas técnicas e letras provocantes, Operation: Mindcrime é obrigatório. Os caras trouxeram uma obra conceitual envolvendo lavagem cerebral, corrupção, religião e revolução para a música pesada de uma forma muito orgânica. A ideia de álbuns conceituais não era nova em 1988, mas com certeza a execução aqui é o que o torna único, acredito que seja a obra prima da banda e um ótimo disco de Heavy Metal com muitos elementos progressivos.
André: Clássico do metal progressivo. Álbum conceitual com uma história memorável, instrumental impecável (Rockenfield se destaca em sua bateria aqui) e um Tate com uma garganta em dia. O disco se eleva em meu conceito por sua imensa variedade de riffs, velocidade, partes reflexivas, agitadas, angustiantes, raivosas e tristes. Todo esse mix de sentimentos se faz presente a cada audição minha a este petardo. Me custa a acreditar no que o Rÿche se tornou desde a metade da década de 90 para cá, nunca mais chegando ao bicho de pé deste aqui e de Empire, lançado pouco tempo depois.
Daniel: Penso que este é o melhor trabalho do Queensrÿche, com folga. Muitas bandas mais pesadas se dedicaram a criar álbuns conceituais, mas poucas conseguiram atingir a qualidade de Operation: Mindcrime. Uma história criativa e bem desenvolvida, com a parte instrumental sendo igualmente ambiciosa, funcionando como parte do enredo. Faixas brilhantes como os singles “I Don’t Believe in Love” e “Eyes of a Stranger” são bons exemplos do que afirmei. Um trabalho fundamental para o chamado Prog Metal.
Davi: Lançado apenas 5 anos após o seu EP de estreia, o Queensrÿche atingia seu auge nesse lançamento de 88. É realmente incrível o salto que os músicos deram, saindo de uma fase onde transpiravam influência de Iron Maiden para uma ópera rock extremamente elaborada e com altos toques de progressivo. Ok, Rage For Order já deixava esse lado Maiden pra trás e apostava em novos caminhos, mas vamos combinar que era um LP bem mais ou menos. Aqui, eles acertaram em cheio. Chris de Garmo era um grande destaque do grupo com suas linhas de guitarra extremamente desenvolvidas, assim como Geoff Tate que é dono de uma voz extremamente potente, além de ser um músico extremamente criativo. Todo o conceito desse trabalho, inclusive, surgiu de sua mente. (Como esse cara faz falta no Queensrÿche!!!). O álbum é praticamente perfeito e prende a atenção do início ao fim. Se tivesse que citar alguma música daqui para alguém que nunca ouviu nada deles, provavelmente seria “Revolution Calling”, “The Mission”, “Suite Sister Mary” ou o single “Eyes of a Stranger”. Ou, melhor ainda, recomendaria assistir ao VHS Operation Livecrime. Você vai querer comprar o álbum no dia seguinte.
Diogo: Eu admito que, nos últimos anos, o disco do Queensrÿche que mais tenho ouvido é Rage for Order (1986). Impressiona como se trata de uma obra de certa forma datada, mas ainda assim absurdamente à frente do seu tempo. Não esqueço, contudo, o grande fascínio que senti ao conhecer e devorar Operation: Mindcrime. Para começar, seu conceito fazia a grande maioria dos álbuns conceituais de heavy metal parecer história para boi dormir. Se Rage for Order tem uma produção que finca seus pés em um período de tempo muito bem estabelecido, Mindcrime recebeu do produtor Peter Collins um tratamento que lhe deu características bem mais atemporais. O principal, porém, é que a música que embala esse conceito dá show de qualidade e coesão. Todo o álbum desenrola-se com harmonia invejável, manifestando em seu tracklist emoções como euforia, luxúria, medo, melancolia, raiva e decepção, consolidando Geoff Tate como um dos maiores em seu ofício. Os pontos altos estão em nível realmente elevado, e entre eles destaco como meus favoritos “Revolution Calling”, que abre o disco com entusiasmo e ambição, o furor de “I Don’t Believe in Love”, e “Eyes of a Stranger”, fechando o disco de forma a amalgamar aquilo de melhor que o quinteto apresentou em todo o tracklist.
Fernando: Eu sei que é um clássico, gosto do disco, mas não é meu preferido da banda – esse posto vai para o disco seguinte Empire. Acho um pouco longo demais (seria ele o precursor desse “problema” no metal progressivo?). A história do disco é meio complexa e para falar a verdade nunca tive vontade de me aprofundar. Tem um simbolismo de política, violência, sexo e religião mas não é algo que eu procuro quando vou atrás do disco. Li em um local que seria um ótimo EP com as seguintes faixas: “Revolution Calling”, “Spreading the Disease”, “I Don’t Believe in Love” e “Eyes of a Stranger”. São realmente os pontos altos do disco, mas não concordo que o resto seja dispensável.
Leonardo: A obra prima do Queensrÿche e um dos melhores discos conceituais de todos os tempos. A fusão de heavy metal clássico e hard rock, com doses generosas de prog, e as performances impressionantes do vocalista Geoff Tate e dos demais membros da banda geraram uma coleção de músicas marcantes e cheias de classe, que funcionam tanto individualmente quanto conduzindo a história contada no álbum. O Heavy Metal não tem como ser muito melhor do que foi apresentado aqui.
Luis Fernando: Se o Helloween está para o Angra, este disco definitivamente está para o Dream Theater. Álbuns conceituais podem ser traiçoeiros. Mas no caso do Queensrÿche é um dos melhores álbuns dos anos 80, ponto final!
Mairon: Esse álbum em primeiro lugar para mim na lista original foi mais uma das piores piadas que essas listas ofereceram na década de 80. Desta vez ele entra em uma posição mais baixa, que eu mesmo achando-o chato para caralho, tenho que respeitar, pois o disco é um fenômeno entre a massa METALERA. Já ouvi e reouvi Queensrÿche, sempre esperando para ver as revoluções que são atribuídas ao grupo, mas todos os discos que ouvi deles considero de uma pomposidade inigualável no rock. Mais uma vez perdi quase uma hora da minha vida – o que a gente não faz por amor à Consultoria do Rock … . Os caras tentam fazer música complicada sem ter o mínimo de talento para isso, fora que Geoff Tate é uma cópia mal-produzida de Bruce Dickinson misturado com Michael Kiske. Esse, que para muitos é considerado a obra-prima da banda, foi um parto de trigêmeos realizado à forcéps de se ouvir, de novo! Não tem nada de bom nele, somente uma tentativa babaca de criar um álbum conceitual, misturando vozes e barulhos com “música”, além de um tal de “abre porta” e “fecha porta” a torto e a direito entre a maioria das faixas. O resumo de toda essa pomposidade sem fundamento é a tal “Suite Sister Mary”, recheada de corais operísticos que só tornam ainda mais sonolento essa bomba. Chato pacas, e espero nunca mais precisar ouvir isto.
Marcello: Para muitos, a obra-prima do Queensrÿche, mas o disco não me chamou a atenção na época; nunca fui fã do grupo e tive apenas o Empire em vinil. Pouco depois de chegar ao Brasil, peguei-o emprestado de um amigo, animado com as boas críticas que tinha lido do LP, mas acabei não gostando muito – embora em termos de instrumental e vocais o grupo tenha me impressionado favoravelmente. Só voltei a ouvir muito tempo depois, e a minha opinião melhorou bastante, mas não o suficiente para colocar o disco na minha coleção. No álbum, acho a faixa-título bem interessante, bem como “Spreading the Disease”, “Suite Sister Mary”, gosto das vinhetas que amarram as músicas na narrativa, e tenho que reconhecer que a banda conseguiu construir um álbum conceitual com uma narrativa que se sustenta bem. É interessante que este seja o único disco de heavy metal da lista em que a bateria tem aquele timbre bem oitentista e é mixada bem alto, como ocorreu com muitas bandas da época. A sequência que veio quase vinte anos depois também é interessante, e a versão em box set traz material ao vivo muito bom, que mostra que Geoff Tate e seus asseclas mandavam bem nos shows. Se continuar assim, mais alguns anos e o disco entra na minha lista dos melhores de 1988.
6° R.E.M. – Green [87 pontos]
Anderson: A banda não era nova quando lança essa pedrada, trata-se do seu sexto álbum. Porém esse material coloca o R.E.M. em evidência, muito por conta da mudança da banda para as garras da Warner, é importante que se diga que a banda não traiu seu som ao migrar para uma grande gravadora. Pode-se dizer que Green é um dos primeiros sucessos comerciais atrelados ao rock alternativo nesses moldes. O R.E.M. trouxe sua proposta até a gravadora e com ela desenvolveu seu trabalho em alto estilo, em Green é possível perceber que o, então, lado A é mais pop que o B onde os experimentalismos da banda afloram. De qualquer modo se trata de um belo disco.
André: Olha aí, saiu o Diogo e entrou o Mairon subornando os consultores para votar nas bandas preferidas dele. Não dá, não consigo gostar de R.E.M.. Olha essa “The Wrong Child”. Dá a impressão que não afinaram o violão para gravar. Living Colour saiu para a entrada deste… oh céus.
Daniel: Foram mais de 20 anos para que meus ouvidos brutalizados admirassem a sonoridade do R.E.M. Em Green, o grupo faz um Rock bem acessível, mas, ao mesmo tempo, criativo e experimental. Faixas como “Get Up”, “Turn You Inside Out” e “Orange Crush” apresentam guitarras mais presentes, “The Wrong Child” tem um toque folk belíssimo e ainda há espaço para canções introspectivas como “Hairshirt”, além, claro, de Pop Rock como “Stand”. E, em todos os casos, o R.E.M. constrói músicas com brilhantismo. Discaço.
Davi: Oriundos da cena alternativa de Georgia, o R.E.M. vinha crescendo a cada ano e, conforme esperado, os caras acabaram assinando com uma major. A atitude desagradou parte dos velhos seguidores, porém levou o quarteto à um novo patamar (inclusive – e principalmente – de popularidade). Green marca um amadurecimento do grupo buscando novas sonoridades, ao mesmo tempo que apresenta um flerte maior com o universo pop. O trabalho, que foi minha porta de entrada no mundo do R.E.M., é excelente e acabou se tornando um clássico da banda com o passar do tempo. Vamos ser sinceros… Bastam poucos acordes de “Pop Song 89”, “Stand” ou “Orange Crush” para que nossa memória desperte em 1988. Ou não? Agora, para quem sentia falta do grupo com uma pegada mais alternativa, acredito que só deva ter agradado mesmo “Turn You Inside Out”. De todo modo, a verdade é que, para o bem ou para o mal, a mudança foi para melhor.
Diogo: Não tem nada de especial no som do R.E.M. que me desagrade, mas é uma banda que até hoje não me fisgou, e não foi desta vez, com Green, que isso aconteceu. Eu poderia dizer que o problema é o vocal anasalado de Michael Stipe, mas não é; o que não falta são ótimos grupos com vocalistas que não são exatamente um primor, mas se encaixam em suas sonoridades. Tenho simpatia pelo jangle pop, considero o Smiths uma das melhores formações de sua época, adoro a influência que os Byrds tiveram nas décadas posteriores à sua existência e acho que as guitarras também têm o direito de ressoar livres, abertas e com aquele brilho agudo que o estilo utiliza tão bem, mas o R.E.M. não me causa nenhuma reação muito digna de nota. Destaco, contudo, que “Stand” e “Orange Crush” são boas músicas.
Fernando: Já falei sobre isso algumas vezes. O R.E.M. para mim virou uma banda de coletâneas muito por conta de como eu conheci o grupo de Michael Stipe. Portanto é difícil para mim analisar um álbum completo deles. Portanto os pontos altos do disco são aquelas faixas que apareceram nas coletâneas e as outras faixas ficam sempre sendo um tempo até chegar à elas. “World Leader Pretend”, “Orange Crush” e “You Are Everything” são boas músicas. De resto não cheguei numa conclusão.
Leonardo: Disco extremamente eclético do REM, que vai do pop ao alternativo, passando por baladas e canções com inclinação folk… Mas tudo soa tão pretensioso que acaba se tornando cansativo. A banda faria melhor, e muito melhor, no disco seguinte…
Luis Fernando: Green é um álbum de experimentos. É pop bublle gum, é punk, é folk rock, country e gospel. Ao longo de seus 41 minutos, o REM nos proporciona momentos de beleza de de desgosto que são de tirar o fôlego. Nirvana, Radiohead, Pavement tantos outros beberam direto desta fonte.
Mairon: Uma das novidades em relação à lista original, Green é um disco de transição na carreira do R. E. M. . Se antes o grupo de Athens perambulava pelos bares e boates de cidades pequenas dos Estados Unidos, com um público sempre fiel, é no seu sexto álbum, e o primeiro pela gravadora Warner Bros, que eles entram para o Mainstream com o papel de cumprir com as expectativas, e daqui extraem no mínimo três grandes hits. O disco já abre com a clássica “Pop Song ’89”, que levou o grupo para outros patameres comercialmente, junto com a bobinha, mas de enorme sucesso, “Stand”, fazendo a banda entrar entre os 10 mais na parada musical estadunidense. E ainda tem “Orange Crush”, uma das melhores criações dos caras, baixão na cara, ritmo oitentista e uma letra para cantar e explodir estádios (como foi em Porto Alegre naquele saudoso 6 de novembro de 2008, um dia antes do álbum completar 20 anos – e puta merda, quase 20 anos desse show já), e que também fez muito sucesso. A marca do grupo está presente em “Get Up”, com suas letras críticas mas positivistas, e o instrumental bastante para cima, mas os caras resolvem extrapolar, colocando um peso até então não ouvido em suas canções na extraordinária “Turn You Inside Out”, mais uma faixa que coloco entre as melhores deles, e até fazendo algo pré-grunge na soturna “I Remember California”. Adoro o mandolin brilhando como instrumento principal em “The Wrong Child”, onde sintetizadores e piano também participam com brilho, assim como ele também é o instrumento principal, junto de sintetizadores, na emocionante “Hairshirt”, e junto do acordeão na linda “You Are The Everything”, mostrando que o R. E. M. também se permitia experimentar um pouco e sair da caixinha. Para quem aprecia Murmur e Reckoning, temos o piano, slide e vocais tristonhos de “World Leader Pretend”, com o delicado dedilhado da guitarra e a batida quadrada que marcam os primeiros anos do grupo, presentes também em “Untitled” (que belo nome de uma música). Na sequência, o R. E. M. lança Out of Time, estourando definitivamente com clássicos como “Losing My Religion” e “Radio Song”, mas isso é papo para (espero) um futuro breve. E para quem é só ouvinte de METÁU aqui no site, bom, temos METÁU no R. E. M., já que o lado B é justamente batizado de METAL, enquanto o lado A é chamado de AIR (e fica a pergunta, o que seria AIR METAL?).
Marcello: Nessa época, o R.E.M. eu já acompanhava desde Lifes Rich Pageant, e tinha ficado na espera desse disco, como no caso do Metallica. Como será que a banda iria se comportar numa grande gravadora (incidentalmente, a mesma pergunta que fazia em relação ao Metallica)? Para mim, a resposta é “muito bem”: duas das músicas que mais gosto do grupo (a alegremente crítica “Pop Song ‘89”, com seu riff inesquecível, e a linda e triste “World Leader Pretend”, com uma pedal steel guitar fantástica) estão em Green. Além disso, o álbum traz as ótimas “Orange Crush”, “Turn You Inside Out”, “I Remember California” e “You Are the Everything”; é verdade que tem as bobinhas “Stand” (que fez sucesso nas paradas e era apresentada nos shows por Michael Stipe como “a nossa música mais idiota”) e “Get Up”, mas elas acabam sendo perdoadas no contexto geral do disco (verde) de capa laranja. O álbum seguinte (Out of Time) seria o que catapultaria o grupo para o sucesso, mas as sementes para o sucesso tinham sido plantadas em Document e estavam quase prontas para a colheita em Green. E quem conheceu a banda com Out of Time e decidiu ir atrás do que eles já tinham gravado encontrou muitas coisas boas para explorar. O R.E.M. manteve, de Lifes Rich Pageant a New Adventures in HiFi, uma sequência praticamente perfeita de sete discos em dez anos.
7° Testament – The New Order [41 pontos]
Anderson: Correndo por fora em um cenário de grandes bandas de Thrash Metal, o Testament apresenta o ótimo The New Order, seu segundo álbum. A produção ótima e a sonoridade sombria, bem como, uma melhora considerável no vocal do Chuck Billy e que viria a criar uma identidade até hoje tida como “a cara do Testament” são destaques. Ótimos clássicos da banda estão aqui e merecem destaque, como “Trial by Fire”, “Into the Pit”, “The Preacher” e “Disciples of The Watch”. Acredito que é um dos principais álbuns de Thrash até hoje, apesar de particularmente colocar algumas coisas recentes da banda a frente deste clássico.
André: Tinha conhecido este álbum pela votação da lista anterior jantada pelo UOL Host. Na época, eu adorei. Ouvi mais algumas vezes neste período e continuo adorando. Mais um que eu me arrependo de não ter acrescentado em minha lista atual. É o tipo de thrash metal que eu acho muito foda. “Hypnosis” é um exemplo que um disco de thrash não precisa ser pancadaria a todo instante. Uma instrumental como essa se ajusta muito bem à proposta do álbum. Excelente disco.
Daniel: Excelente álbum do Testament e fico surpreso com sua entrada na lista final. Aqui há alguns clássicos do grupo como “Into the Pit”, “Disciples of the Watch” e “Trial By Fire”. Thrash Metal característico da Bay Area: pesado, veloz e cheio de energia, destacando-se os vocais de Chuck Billy e a guitarra feroz de Alex Skolnic. Não entrou na minha lista, mas é um disco relevante.
Davi: Depois do (bom) álbum The Legacy, o Testament chegava ao apogeu com The New Order. O disco coloca os músicos em um novo patamar trazendo um trabalho muito mais maduro e com uma execução bem superior. Um dos diferenciais dos garotos da bay area sempre foram os ótimos trabalhos vocais de Chuck Billy e aqui ele estava sem seu auge. Sim, é verdade que em vários momentos, o instrumental remete ao Metallica, mas isso nunca foi um problema, para mim. Pelo contrário, sempre achei o trabalho deles empolgante, onde vale uma atenção especial também para as guitarras de Alex Skolnick. Em relação às composições, o único filler desse LP é “Day of Reckoning”. No restante, é clássico atrás de clássico. Se você nunca ouviu nada dos caras, eis aqui uma bela porta de entrada.
Diogo: O Testament pode não ter uma discografia com pontos altos tão altos quanto aqueles de Metallica, Megadeth e Slayer, mas compensa isso com uma constância ímpar, lançando ao longo dos anos uma série de obras de muita qualidade. Algumas podem não constituir thrash metal de primeira grandeza, mas a única que realmente soa um pouco estranha aos meus ouvidos é Demonic (1997), flerte confuso com uma faceta mais extrema. Não vou cravar que The New Order seja sua criação máxima, mas certamente está entre os melhores álbuns do grupo, tendo aparado algumas pequenas arestas daquilo apresentado em sua estreia, The Legacy (1987), e consolidado sua maneira de fazer um thrash metal mais melódico, que provocou injustas comparações com o Metallica. Diversas de suas melhores músicas dão a cara no disco, com ênfase para a faixa-título, “Into the Pit” e “Disciples of the Watch”. Destaque ainda maior merece “The Preacher”, dona de uma linha melódica tão cativante, que consegue ficar cravada na mente do ouvinte sem sequer contar com um refrão, exemplo perfeito de como o Testament tem na composição o seu maior trunfo. Não posso deixar de enfatizar, contudo, que Eric Peterson e Alex Skolnic formam uma das melhores duplas de guitarristas que o heavy metal em geral já viu em ação, combinando a mão pesada de Eric nos riffs e a técnica de Alex nos solos. Para arrematar, Chuck Billy é um vocalista fantástico, único no thrash metal, agregando extremismo e melodia de forma natural.
Fernando: O Testament é a melhor banda de Thrash depois do Big Four. Alguns diriam que ela poderia entrar no lugar do Anthrax, mas isso é outra discussão. E The New Order faz parte daquele período que podemos chamar “de ouro” dos americanos. Uma banda thrash gravar um cover de uma de hard rock é algo um pouco incomum, mas “Nobody Fault” está aí para isso provar que é possível. Com músicas sólidas e algumas características mais marcantes do Testament. A voz do Chuck Billy é uma delas. Na minha opinião, ele é um dos melhores vocalistas de thrash de todos os tempos, porque sua voz é muito versátil saindo do heavy metal tradicional até o death metal. A outra característica marcante é o Alex Skolnick, um dos guitarristas mais talentosos que já vi. Sem mencionar os interlúdios acústicos que a maioria das músicas tem que são primorosos.
Leonardo: Após uma estréia impressionante com The Legacy, o Testament retornou em 1988 com um álbum ainda mais forte. The New Order seguia fielmente os primeiros passos do Metallica, apresentando um Thrash Metal vigoroso, pesado, mas ainda assim acessível e melódico, com destaque total para o virtuosismo do guitarrista Alex Skolnick e os voz potente e marcante de Chuck Billy. O repertório mais parece uma coletânea com tantos clássicos que até hoje estão presentes nos shows da banda, mas é impossível não destacar “Disciples Of The Watch” e seus riffs e solos absurdos! E pensar que Skolnick não tinha completado nem 20 anos quando o discos foi gravado…
Luis Fernando: Vou confessar. Nunca fui um grande fã do Testament.
Mairon: O Testament é uma das boas bandas do Thrash Metal que não conseguiram alcançar um grande status por conta da sombra de gigantes como Slayer e Metallica. Porém, para muitos, eles são uma das maiores forças do estilo, merecendo o lugar do Anthrax no que compete ao alto escalão (complementado pelos dois citados e pelo Megadeth). Eu acho a banda muito boa, tendo como único ponto negativo o fraco baterista Louie Clemente. Em compensação, o trabalho das guitarras de Erick Peterson e Alex Skolnick é soberbo, como atesta a instrumental “Hypnosis”, a linda “Musical Death (A Dirge)” – também instrumental – ou a pancada “A Day of Reckoning”, assim como a voz de Chuck Billy em faixas como “Trial By Fire” e “Disciples of the Watch”. Deste álbum, forte candidato a melhor da banda, destaco ainda o trabalho instrumental de “Eerie Inhabitants” e os solos da faixa-título. Ainda temos a clássica “Nobody’s Fault”, que lembra muito canções do Anthrax, e acredito ser a mais conhecida do grupo aqui no Brasil. Bom disco, que figurou um bom tempo na minha lista final.
Marcello: Como o Death, não costumava ouvir a banda. Só fui ouvir o álbum muito tempo depois de seu lançamento. E como não conheço a discografia do Testament, não posso posicionar esse disco no contexto mais amplo de sua produção; os únicos discos que tinha ouvido mais atentamente eram o ao vivo no Fillmore e o Souls of Black (que prefiro a este The New Order aliás). Ao revisitar este álbum, não posso dizer que tenha gostado, mas também não reclamo dele; músicas como a faixa-título, “Into the Pit”, “Disciples of the Watch” e as instrumentais “Hypnosis” e “Musical Death (A Dirge)” são bem interessantes – e no caso dessas duas últimas, quebram um pouco o peso que rola do começo ao fim. Sei que este disco é benquisto pelos fãs do Testament e está bem posicionado nas listas de melhores do thrash, mas, ainda que tenha gostado, não deverei voltar a ele tão cedo. Honestamente, os bons guitarristas Alex Skolnick e Eric Peterson mereciam um cantor melhor do que Chuck Billy.
8° U2 – Rattle & Hum [38 pontos]
Anderson: U2 é escola do rock e esse álbum mostra um pouco isso quando apresenta uma banda vinda de um sucesso absoluto e incontestável, mas aberta a novas ideias seja musicalmente, mas também pensando em imagem, em impacto. Esse material é bem claro quanto a essas ideias quando se apresenta no modo de álbum duplo, com canções ao vivo e inéditas, com algumas influências de blues, jazz e soul. Não acho que esteja entre os melhores da banda, nem coloquei no meu top 10 de 1988, mas talvez pela grandeza e importância que teve na época merece seu posto aqui.
André: Não sei o que é pior, se este ou o Sonic Youth que ficou para trás. Um longuíssimo álbum cheio de faixas ao vivo, covers e as suas próprias canções mais chatas do que nunca. Meu único elogio vai ao baixista Adam Clayton que com certeza é o melhor integrante da banda e que no ao vivo se demonstra um instrumentista digno.
Daniel: Excelente álbum, um dos melhores do ano, o qual apresenta faixas ao vivo em conjunto com novas gravações, incluindo algumas gravadas no icônico Sun Studios em Memphis e participações de músicos como B.B. King, por exemplo. O disco é uma amostra do U2 experimentando com as raízes da música estadunidense como o Blues, o Soul e o Gospel. Apenas para destacar algumas de minhas preferidas: “Angel of Harlem”, “Desire” e “When Love Comes to Town”.
Davi: “This song, Charles Manson stole from the Beatles, we´re stealing back”. É assim que se inicia Rattle and Hum. Esse disco, na verdade, é a trilha do filme de mesmo nome. Misturam-se aqui; músicas covers e autorais, novidades e regravações, material ao vivo e de estúdio. Engana-se – e muito – quem acha que o álbum é uma colcha de retalhos mal resolvida. O disco é brilhante e conta com as interpretações definitivas de “Pride (In The Name of Love)”, “Silver and Gold” e “Bullet the Blue Sky”. As versões de “Helter Skelter” e “All Along The Watchtower” são matadoras. E para deixar tudo ainda mais interessante, as inéditas “When Loves Comes to Town” (gravada ao lado do saudoso B.B. King) e “Angel of Harlem” também se destacam. Durante a audição, vale a pena prestar atenção na interpretação magistral de Bono e nas guitarras certeiras de The Edge. Há quem critique seu estilo minimalista de tocar, mas a verdade é que ele sempre foi um dos grandes diferenciais do U2.
Diogo: Faz um bom tempo que o U2 é saco de pancadas de muita gente. Grande parte disso é exagero, mas a banda também tem feito sua parte para merecer esse tratamento, lançando uma sequência de álbuns constrangedores nas duas últimas décadas. Em 1987, porém, o U2 vinha em uma crescente, tendo lançado três grandes discos em sequência e consolidado seu nome como uma das formações mais relevantes de seu tempo. O passo seguinte seria ambicioso, um misto de novas músicas, faixas ao vivo, covers e um documentário a tiracolo. O resultado, que no papel parecia ser grandioso, acabou ficando meio desconjuntado, com cara de coletânea embalada às pressas, não de um projeto supostamente bem pensado. Uma espécie de “nem caga, nem desocupa a moita”. Variedade quase sempre é interessante, mas nesse caso faltou coesão. Para mim, a incursão pela música tipicamente norte-americana até gerou resultados aceitáveis, especialmente “Desire”, mas nada tão memorável quanto aquilo que o grupo vinha apresentando em suas obras recentes. A canção mais atípica é justamente aquela que salva o álbum, “All I Want Is You”, com uma atmosfera barroca que não soaria deslocada em The Unforgettable Fire (1984). De resto, é muita ambição para pouco resultado.
Fernando: A exemplo do R.E.M. o U2 é outra banda de coletânea para mim. Porém eu já consigo identificar mais o que é de qual disco. Tem a faixa que eu mais gosto da banda “I Still Haven’t Found What I’m Looking For”, tem um hino “Pride (In the Name of Love)” e tem uma bela faixa chamada “Bullet Blue Sky”. Aí podemos listar mais outras duas boas músicas (“Desire” e “Angel of Harlem”) e só. Para um disco duplo com mais de 70 minutos de duração eu fico imaginando que ele poderia ser um excelente disco simples.
Leonardo: O disco não soa como um álbum coeso, mas como uma colcha de retalhos, compilação de sobras, demos, músicas ao vivo, covers e algumas músicas inéditas. As versões ao vivo são dignas, os covers variam muito, e as músicas novas parecem marcar o fim de uma era da banda, que ressurgiria repaginada no disco seguinto. Em resumo, um disco que soa despretensioso, e alterna bons momentos com outros totalmente dispensáveis, recomendado apenas para os fãs mais ardorosos da banda.
Luis Fernando: Acho que tinham tantos outro discos pra estar nesta lista que prefiro não opinar, apesar de gostar de U2.
Mairon: Não é que eu não goste de Rattle And Hum, mas acho ele um disco excessivamente voltado para o mercado dos Estados Unidos, e sei lá, parece que falta honestidade aqui. Há grandes músicas, claro que há, principalmente as versões para “Helter Skelter” e “All Along the Watchtower”, mas no conjunto da obra, é muita alegria estadunidense para meus ouvidos. Para não incomodar mais o leitor, indico o meu Do Pior Ao Melhor, onde comento sobre minha opinião sobre o disco, a qual não mudo uma vírgula.
Marcello: Outro que comprei assim que foi lançado, este álbum duplo, parte ao vivo e parte em estúdio, que mostra a fascinação dos irlandeses com os EUA, acompanhado do estiloso filme em preto e branco, que é bem interessante e esclarece ainda mais o estado de espírito do U2 nessa época. Até hoje gosto do disco, mas não fica na minha lista dos dez melhores do ano, porque a parte em estúdio alterna ótimos momentos como “God Part II” (com a magnificamente sardônica frase “I don’t believe in riches but you should see what I mean”), “When Love Comes to Town” (com B. B. King mostrando como é que se faz) e a simpática “Angel of Harlem” (com seu belo arranjo de metais) com composições bem mais fracas como “Love Rescue Me” (com participação de Bob Dylan) e “Hawkmoon 269”, e a parte ao vivo traz a melhor versão de “Bullet the Blue Sky” lançada oficialmente, mas também a desnecessária cover para “Helter Skelter”. E confesso gostar mais da versão gospel e “I Still Haven’t Found What I’m Looking For” (quem mandou procurar onde as ruas não têm nome? Bem-feito) do que da original. No todo, um bom disco, mas que se beneficiaria muito de um relançamento em box set, contendo o material de estúdio com raridades e takes alternativos e pelo menos um show completo da turnê de The Joshua Tree (com o filme em bônus, claro), a um preço compatível com a pregação do Bono pelo fim da pobreza no mundo enquanto ele nada em $$$. Quem sabe no 40º aniversário?
9° Death – Leprosy [29 pontos]
Anderson: Bom, aqui uma banda que não sou fã… e mais… acho supervalorizada. Um surto coletivo do pessoal do Death Metal. Todavia, é notório que a banda trouxe ou aprofundou elementos importantes para o gênero. Nesse quesito esse disco aumenta a complexidade das músicas, o clima pesado e sombrio também é um destaque, a questão melódica no death metal é colocada em algum grau aqui (para mim não de modo determinante como obras dos anos 90 fizeram). Creio que Chuck Schuldiner é alçado a um status altíssimo pelo esforço em composição e interpretação realizado nesse disco. Definitivamente é um clássico do Death Metal, apesar de particularmente não achar muito interessante, tanto que deixei de fora de minha lista definitiva.
André: Saiu o Bon Jovi para entrar o único que faltava da discografia do Death. Mesmo longe do site há quase 10 anos, Diogo segue a estender seus tentáculos nas entranhas das listas para continuar a emplacar as suas bandas favoritas. Mesmo sem conhecer metade dos participantes! Enfim, o Death. Este é o disco que menos gosto deles até pelo fato de eu preferir a fase noventista da banda. Mas mesmo sendo o “pior disco do Death” ainda é um bom álbum e um death metal pesado e marcante. As composições seguem legais. Durante a audição, acho que percebi o que me incomodava: o baterista Bill Andrews. O anterior Chris Reifert e qualquer um dos posteriores são bem melhores e mais encaixados ao som do Death que ele. Talvez não merecesse um top 10, mas é melhor do que o Bon Jovi.
Daniel: Lá nos idos dos anos 2000 eu tentei me embrenhar pelo Death Metal e sonoridades mais extremas. Tenho total respeito pelo legado de Chuck Schuldiner e pela importância do Death. Contudo, definitivamente, eu não fui feito para este tipo de som. Não passei da terceira música.
Davi: Dentro do heavy metal, as vertentes que me chamaram a atenção durante os anos foram o NWOBHM, o metal tradicional, o power metal, o symphonic metal, o prog metal e o thrash metal. Como podem ver, o death metal não aparece entre minhas vertentes preferidas. Aliás, pelo contrário, é uma das que menos gosto. Sendo assim, não preciso dizer que não cresci ouvindo e cultuando o Death. Por respeito aos colegas, peguei o disco para ouvir e o que me deparei? Com um disco agressivo, bem tocado, com uma produção de acordo com a época, porém o trabalho vocal de Chuck Schuldiner não me agrada e nenhuma faixa se destacou, para mim. Se você é fã do gênero, contudo, a audição é obrigatória já que é considerado um clássico do segmento.
Diogo: Geralmente não me agrada muito a ideia de bandas tributo fazendo covers de luxo de determinados artistas. Em se tratando, porém, de um grupo extinto há quase 25 anos, após a morte de seu criador e mentor, Chuck Schuldiner, e com o envolvimento de músicos que trabalharam e conviveram intensamente com Chuck, especialmente o também fundador Rick Rozz, não hesitei em comparecer ao show do Left to Die ocorrido em janeiro deste ano, em Porto Alegre. Claro que sou suspeitíssimo para falar, afinal, trata-se da minha banda favorita, mas certamente foi uma das melhores experiências que tive nessa vida de shows. Um dos motivos disso foi a execução na íntegra de Leprosy, único disco gravado por Chuck ao lado de Rozz e com ele coescrito. Scream Bloody Gore (1987) fez com que eu me apaixonasse pelo Death, mas Leprosy é a manifestação da rápida evolução musical da banda, construindo, dentro de um gênero musical ainda muito jovem, músicas que desde então já primavam por conquistar o ouvinte com riffs realmente memoráveis, ganchos melódicos bem sacados e linhas vocais que, apesar dos vocais guturais, fisgam o ouvinte. Tudo isso dentro de uma expressão musical que ainda era vista como barulho por uma parcela muito grande dos próprios fãs de rock pesado. Já disse, sou suspeitíssimo para comentar a respeito, todo o álbum é obrigatório para fãs de death metal da velha escola, mas “Pull the Plug” e “Open Casket” são extraordinárias e a faixa-título periga ser aquilo de mais maduro e ambicioso que o death metal já havia parido até então.
Fernando: Lembro de ver esse disco numa lista de 100 melhores álbuns de metal todos os tempos na finada revista de metal Top Rock (ou seja, um recorte até a época). A lista foi um importante compilado que me direcionou a buscar discos que eu não conhecia lá no início dos anos 90. Ao longo das edições foram apresentadas várias bandas e discos que na época, muito antes das facilidades da internet, eu só conhecia pelas capas. Quem viveu aquele período sabe que para conhecer um disco precisávamos comprar o mesmo ou conhecer alguém que tinha comprado. Fiquei anos com esse disco na memória e quando finalmente consegui uma cópia para ouvir eu não gostei. Demorou muito tempo para eu me acostumar com a sonoridade do death metal e finalmente entender por que esse disco era considerado um bom disco. Hoje é o meu preferido do Death.
Leonardo: O disco que consolidou o que o Death havia começado no ano anterior. Se em Scream Bloody Gore, de 1987, a banda soava como um thrash metal mais extremo, altamente influenciado pelo Possessed da fase Seven Churches, em Leprosy tudo era mais extremo e pesado, definindo como boa parte das bandas de Death Metal soaria nos anos seguintes. E a evolução técnica dos riffs e solos de Chuck Schuldiner era notável. Obrigatório para quem gosta de metal extremo.
Luis Fernando: Falem o que quiserem, mas Chuck Schuldiner foi o cara que popularizou o Death Metal. Com uma mistura perfeita de peso e técnica, aliada as letras, é um dos grandes clássicos deste ano (e da banda).
Mairon: Confesso que não gosto do Death, é fui com a maior boa vontade tentar ouvir Leprosy. Começando com a faixa-título, gostei bastante do arranjo instrumental, cheio de quebradas e virações, e com bons riffs de baixo e guitarra, o que até me animou mesmo com o vocal gutural de Chuck Schuldiner, que não consigo gostar. Os 6 minutos se foram, e daí, os demais 32 minutos foram dose. Ok, o trabalho de guitarra é bem feito, há bons solos aqui e ali, mas esse gutural do Chuck me afasta totalmente de tentar conseguir ouvir isso. E o baterista também não ajuda muito. Ouvi até o fim, e até gostei de “Choke On It”, mesmo com esses gritos terríveis, só que não tem como, Death não é para mim.
Marcello: Não conheci na época, devo ter lido a respeito nas revistas, mas não me chamou a atenção. Como não gosto de death metal, nunca liguei para a turma de Chuck Schuldiner e por isso fui ouvir o álbum sem esperar muita coisa. O resultado é que me surpreendi pelo fato de termos, no álbum, um bom trabalho de guitarras (embora os solos se baseiem exclusivamente na velocidade), e algumas quebradas de ritmo inesperadas, formando um trabalho mais elaborado do que jamais imaginara. “Leprosy” (a faixa-título) e “Pull the Plug” são as músicas que mais me chamaram a atenção, ainda que o disco se mantenha bem uniforme em termos de qualidade; os fãs de death metal provavelmente ouviram o disco até furar. Mas, no todo, trata-se de um álbum que não me agrada; reconheço a importância do Death para o seu estilo, admiro a persistência de Schuldiner em manter a banda viva (até sua morte prematura em 2001), apesar de tantas mudanças de formação, e admito que o disco é melhor do que esperava inicialmente, mas após as audições para comentar aqui provavelmente nunca mais voltarei a este Leprosy. Se o conhecesse antes de elaborar a lista, o disco não teria ameaçado nenhuma das minhas escolhas.
10° Robert Plant – Now And Zen [26 pontos]
Anderson: Nunca acompanhei a carreira do Robert Plant fora do Led Zepellin, aliás são poucos os artistas que considero relevantes em carreira solo fora das bandas em que se consagraram. Em Now and Zen lembro o motivo de não acompanhar ou seguir os passos de Robert, são vários elementos oitentistas incorporados e que fazem a sonoridade do disco parecer um cover mal acabado das bandas e artistas que realmente colocaram esses elementos em voga (Billy Idol, Heart, INXS talvez… enfim). Falo de sintetizadores, possivelmente bateria eletrônica, aquele “reverb” chatíssimo dos anos 80, a forma de cantar, os riffs fraquíssimos, composições bem limitadas… pior quando o artista nos remete ao passado setentista em pequenas passagens durante músicas como “Tall Cool One”… tosco. Apesar de na época esse disco ter se destacado e sido sucesso comercial nos EUA e Reino Unido, não acho que envelheceu bem. São mais de 60 minutos de música de estacionamento de shopping… não chegou a ser cogitado em minha lista pessoal, não recomendo.
André: Nunca havia ouvido este álbum do Roberto Planta. E confesso que me surpreendi positivamente. Ignorando completamente a carreira do vocalista no Zeppelin, ouvi aqui um disco daqueles AORs/soft/pop rocks bem típico de bandas como o Starship e Toto, que eu gosto bastante. E achei excepcional. “Tall Cool One” é disparado a que mais gostei. O restante é feito daqueles rocks bem leves, divertidos e bacanas que ouvimos muito mais para relaxar e curtir do que sair por aí batendo cabeça. Estou muito surpreso, se tornou o meu disco favorito de qualquer coisa que ele fez fora do Zeppelin.
Daniel: Este foi um erro na minha lista. Não o ouvi antes de fazer a minha lista individual e me passou em branco. Ouvindo-o pela primeira vez em décadas, achei-o bem melhor que pensava que fosse. É um disco com a cara dos anos 1980, com ótimas presenças das guitarras de Doug Boyle e dos teclados de Phil Johnstone. Claro, sempre a voz de Plant é estrondosa. Minhas preferidas são “The Way I Feel”, “Billy’s Revenge” e “Ship of Fools”.
Davi: Gosto muito dos primeiros álbuns solo do Robert Plant. A fase que vai de Pictures at Eleven até No Quarter (lançado ao lado do grande Jimmy Page) acho muito bacana, mas é preciso cautela. Não espere aqui aquele hard rock bluesy poderoso do Led Zeppelin. Ainda que Page participe das ótimas “Heaven Knows” e “Tall Cool One”, o LP tem 2 pés no pop ao contar com uma produção clean, programações e teclado. Plant cantava em alto estilo, mas não há espaço para aqueles agudos estilo “Immigrant Song”. É uma outra pegada. É um álbum típico dos anos 80. Se você conseguir separar o artista solo de sua ex-banda, você irá se divertir bastante. Além das 2 faixas citadas, o disco conta ainda com as divertidas “Helen of Troy” e “Billy´s Revenge”, além da linda “Ship of Fools”. Boa lembrança.
Diogo: Tivesse sido lançado por alguém como Lou Gramm, duvido muito que Now and Zen chegasse a qualquer lista de melhores, mesmo esta, com todas as nossas idiossincrasias. A verdade é que nem o primeiro disco que Gramm lançou ainda enquanto vocalista do Foreigner, em 1987, é tão rico em elementos datados, típicos dos anos 1980, quanto o trabalho que Robert Plant apresenta em Now and Zen. Claro que o charme de sua voz e interpretação são grandes diferenciais e ainda dão as caras, mas a percussão robótica, o excesso de reverb e diversos timbres causam estranhamento para alguém que, como eu, ouve o disco pela primeira vez, tanto tempo depois de seu lançamento. Em si, isso não é problema algum, pois não faltam exemplos de álbuns datados que marcaram época e operaram revoluções musicais, mesmo abusando das armadilhas tecnológicas de seu tempo. O que falta em Now and Zen é um tracklist com boas composições, consistente, pois as ideias que Plant apresenta não são ruins em si, nem mesmo o uso dos samples de canções clássicas do Led Zeppelin, mas o desenvolvimento dessas ideias em meio a músicas medianas não ajudou para que o resultado fosse satisfatório. Talvez o exemplo mais bem-sucedido seja “Helen of Troy”, enquanto “Ship of Fools” soa mais próximo daquilo que eu imaginava que escutaria em um álbum de Plant. Apesar de tudo o que disse, Now and Zen deve ter vendido bastante, pois era presença certa nos sebos de discos que muito frequentei nos anos 2000.
Fernando: Não sei muito o motivo, mas nunca acompanhei a carreira solo do Plant. Uma música aqui, outra acolá e só. Sendo assim nunca tinha ouvido esse album e nem sabia de sua existência na verdade. Chego a conclusão que nunca me fez falta. De todas as bandas e artistas clássicos que cairam na tentação de ‘oitentizar’ seu som acho que essa é uma das piores empreitadas e nem falo isso só pela patética bateria programada. A grande voz de um dos melhores cantores da história sequer dá o sinal da graça.
Leonardo: Plant para mim é só no Led. A carreira solo dele não me traz atrativos, e não foi desta feita que fui fisgado por algo feito por ele pós Zepelim de Chumbo.
Luis Fernando: Após três discos onde ele tentava negar seu passado, Now and Zen é como se fosse um “reencontro” com aquele período áureo, onde ele se permite utilizar algumas daquelas formas familiares de deus do rock das quais ficou conhecido. A única diferença aqui é que o que dá o tom são os sintetizadores, enquanto as guitarras servem apenas de embelezamento. Essa escolha dá ao som um brilho pop inesperadamente rico que muitos não imaginassem que Robert usaria. E serviu de pontapé inicial para os disco seguites.
Mairon: Plant voltando às suas origens roqueiras após o experimentalismo de Shaken ‘n’ Stirred (1985), trazendo as lembranças do início da carreira solo, e mais que tudo, explorando os caminhos que iriam culminar em seus melhores discos, Manic Nirvana (1990) e Fate of Nations (1993), graças a sua colaboração com o tecladista Phil Johnstone. Ok, ouvir o disco certamente soa datado demais, vide “Dance on My Own”, a chatíssima “”White, Clean and Neat” e “Why”, mas nas demais canções, Now And Zen acaba se tornando um bom álbum, com faixas bem interessantes através de “Helen of Troy”, e até o rockabilly do projeto Honeydrippers sendo parcialmente resgatado em “Billy’s Revenge”. Não sou muito de “Heaven Knows”, o grande hit do disco, apesar do belo solo de nada mais nada menos que Jimmy Page, . O grande destaque é “Tall Cool One”, faixa que também tem a participação de Page (e samples de diversas canções do Led), e que é a mais roqueira, apesar da bateria quadradona e todo o jeitão anos 80 da mesma, assim como a baladaça “Ship of Fools”, e de balada Plant entende (nada supera, em carreira solo, a sensacional “Big Log”). Mas as que mais gosto são as desconhecidas “The Way I Fell”, que traz um estilão In Through the Out Door nostálgico aos meus ouvidos, . Tendo sido platina tripla nos Estados Unidos significa bastante, e não vejo absurdo nenhum em estar aqui, apesar de curtir mais outros álbuns de Plant solo.
Marcello: Quarto disco-solo de Plant, e o melhor até então, Now and Zen é fruto da colaboração entre o ex-vocalista do Led Zeppelin e o tecladista e compositor Phil Johnstone, e traz a banda que, com uma ou outra modificação, iria acompanhá-lo pelos dois discos seguintes. Mais do que isso, marcou o reencontro com Jimmy Page (ainda que demoraria mais seis anos para o projeto Page/Plant), que faz um solo magistral na faixa de abertura, a linda “Heaven Knows”, e participa do quase hit “Tall Cool One”. Now and Zen é consideravelmente mais comercial do que os discos anteriores, mas é considerado por muitos como o disco em que Robert fez as pazes com o legado do Led Zeppelin, sobretudo pelos samples de “Custard Pie”, “The Ocean”, “Whole Lotta Love”, entre outras, em “Tall Cool One”. Além das músicas com Page, o álbum traz as boas “Dance on my Own”, “Why”, “Helen of Troy” e “Billy’s Revenge” (esta com um delicioso sabor rockabilly), e as belíssimas “The Way I Feel” e “Ship of Fools”. Lembro-me de ter assistido o clip de “Heaven Knows”, com Plant e seus músicos nas areias do Marrocos num sábado à tarde na TV; na semana seguinte comprei o LP. Anos depois comprei o CD, que trazia como bônus “Walking Towards Paradise”, uma música leve e sem grandes consequências, que até hoje tem lugar no meu player. Now and Zen é, para mim, o melhor disco lançado em 1988 e um dos meus discos favoritos de todos os tempos; não conheço ninguém que concorde comigo nessa avaliação, mas não me importo – prefiro ouvir o álbum novamente do que discutir com os outros.
Listas Individuais
ANDERSON
1. Helloween – Keeper of the Seven Keys: Part II
2. Metallica – … And Justice for All
3. Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son
4. Cazuza – Ideologia
5. Slayer – South of Heaven
6. Bad Religion – Suffer
7. Testament – The New Order
8. Queensrÿche – Operation: Mindcrime
9. Bon Jovi – New Jersey
10. R.E.M. – Green
ANDRÉ
1. Queensrÿche – Operation: Mindcrime
2. Metallica – … And Justice For All
3. King Diamond – Them
4. House of Lords – House of Lords
5. Leviathan – Heartquake
6. Lucinda Williams – Lucinda Williams
7. Dirty Looks – Cool From the Wire
8. Deja-Vu – Baroque in the Future
9. Cannata – Images of Forever
10. Helstar – A Distant Thunder
DANIEL
1. Slayer – South of Heaven
2. U2 – Rattle & Hum
3. R.E.M. – Green
4. Helloween – Keepers of the Seven Keys 2
5. Queensrÿche – Operation: Mindcrime
6. Cardiacs – A Little Man and a House and the Whole World Window
7. L.A. Guns – L.A. Guns
8. Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son
9. Running Wild – Port Royal
10. King’s X – Out of the Silent Planet
DAVI
1. Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son
2. U2 – Rattle and Hum
3. Metallica – … And Justice For All
4. Jane´s Addiction – Nothing´s Shocking
5. Bon Jovi – New Jersey
6. R.E.M. – Green
7. Traveling Wilburys – Vol. 1
8. Helloween – Keeper of The Seven Keys PT II
9. Barão Vermelho – Carnaval
10. Cinderella – Long Cold Winter
DIOGO
1. Death – Leprosy
2. Queensrÿche – Operation: Mindcrime
3. Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son
4. Metallica – … And Justice For All
5. Helloween – Keeper of the Seven Keys Part II
6. Bon Jovi – New Jersey
7. Crimson Glory – Transcendence
8. Slayer – South of Heaven
9. Testament – The New Order
10. Riot – Thundersteel
FERNANDO
1. Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son
2. Helloween – Keeper of the Seventh Keuys II
3. Metallica – … And Justice For All
4. Slayer – South of Heaven
5. Queensrÿche – Operation Mindcrime
6. King Diamond – Them
7. Candlemass – Ancient Dreams
8. Testament – New Order
9. Riot – ThunderSteel
10. Danzig – Danzig
LEONARDO
1. Testament – The New Order
2. Manowar – Kings Of Metal
3. Crimson Glory – Transcendence
4. Bathory – Blood Fire Death
5. Danzig – Danzig
6. L. A. Guns – L. A. Guns
7. Riot – Thundersteel
8. Chastain – The Voice Of The Cult
9. Death – Leprosy
10. Running Wild – Port Royal
LUIS FERNANDO
1. R.E.M. – Green
2. Iron Maiden – Seventh Son Of A Seventh Son
3. Tracy Chapman – Tracy Chapman
4. Pixies – Surfer Rosa
5. NWA – Straight Outta
6. Nick Cave and The Bad Seeds – Tender Prey
7. Metallica – … And Justice For All
8. Queensrÿche – Operation: Mindcrime
9. Public Enemy – Takes a Nation of Millions to Hold Us Back
10. Pet Shop Boys – Introspective
MAIRON
1. Slayer – South of Heaven
2. Arnaldo Baptista e Patrulha do Espaço – O Elo Perdido
3. Ira! – Psicoacústica
4. R. E. M. – Green
5. Helloween – Keeper of the Seven Keys 2
6. Courtneu Pine – Destiny’s Song + The Image Of Pursuance
7. Michel Petrucciani – Michel Plays Petrucciani
8. Metallica – … And Justice For All
9. Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son
10. Erasure – The Innocents
MARCELLO
1. Robert Plant – Now and Zen
2. Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son
3. Cowboy Junkies – The Trinity Session
4. Keith Richards – Talk is Cheap
5. Living Colour – Vivid
6. Metallica – … And Justice for All
7. R.E.M. – Green
8. Jeff Healey Band – See the Light
9. Van Halen – OU812
10. Megadeth – So Far So Good… So What!
O Mairon conseguiu criticar “The Evil that Men Do”! Haha, esse é o velho Mairon de guerra que eu conheço!