Shows Inesquecíveis: Kreator (Manaus, 13 de dezembro de 2013)

Shows Inesquecíveis: Kreator (Manaus, 13 de dezembro de 2013)

Por Fernando Bueno

Há 10 anos, vivi uma aventura inesquecível para ver um dos maiores nomes do metal mundial em Manaus. Sim, foi uma alegria quando fiquei sabendo que o Kreator tocaria em Manaus. Para mim uma viagem à capital amazonense saindo de Porto Velho / RO é muito mais rápida e prática do que ir para São Paulo ou até mesmo Brasília. Como nunca tinha visto a banda alemã ao vivo não sosseguei enquanto não consegui comprar passagens com preços acessíveis. Fiquei surpreso também por terem agendado um show em Manaus já que no país todo apenas três deles foram programados (São Paulo e o festival Zoombie Ritual Metal Festival em Rio Negrinho / SC).

Manaus já havia recebido grandes bandas, como Scorpions, Iron Maiden, Gamma Ray, Helloween e várias outras, e em todas as ocasiões com ótimos públicos. O motivo de não termos ainda mais shows na cidade, muito provavelmente, tem relações com a parte logística da operação, mesmo assim tenho certeza que com um pouco de esforço poderíamos ter muito mais atrações se apresentando lá já que o público sempre comparece. O local do show foi curioso, a quadra de uma escola de samba chamada Aparecida.

Claustrofobia-manaus
Claustrofobia

Entramos logo na abertura do portão e ficamos um pouco preocupados com o tamanho do local. Julgamos no princípio que teríamos muitos espaços livres o que sempre deixa uma impressão ruim para o espetáculo. Quando o Claustrofobia começou sua apresentação ainda tínhamos vários clarões na platéia. Como é de praxe, o som de bandas de abertura nunca é bom, e o Claustrofobia não recebeu tratamento diferente. O instrumental estava bom, mesmo com o volume da bateria acima dos demais, porém ninguém conseguia entender o vocal. Como algumas pessoas não conheciam a banda paulista era comum ouvir alguns se perguntado se as letras das músicas eram em português ou inglês. Mesmo assim o público aprovou o quarteto. Curioso que ingressos de front stage foram vendidos para esse show, mas a produção disse que o próprio Kreator proibiu essa área já que eles esperavam um Wall of Death do público.

Estávamos todos bastante ansiosos com a banda principal e quando os alemães entraram no palco foi uma excitação só. Quem deu uma olhada no set list dos shows anteriores sabia que a apresentação seria calcada no ótimo material do então último álbum Phantom Antichrist, lançado em 2012. A introdução com “Mars Mantra” trouxe “Phantom Antichrist” e ainda “From Flood Into Fire”, todas do álbum citado e com ótima recepção do público. A seguinte foi “Warcurse” do álbum anterior Hordes of Chaos (2009), provando que desde a volta à sonoridade clássica, sem a experimentação dos anos 90, o Kreator estava (e continua) produzindo material que agrada a todos os fãs.

Depois desse começo baseado em material mais recente foi a vez dos manauaras serem agraciados com clássicos. “Coma of Souls” e “Endless Pain” foram tocadas como se fossem uma só e “Pleasure to Kill” veio em seguida praticamente resolvendo o jogo logo de cara. Depois disso dificilmente o público ficaria insatisfeito.

Mais uma de Hordes of Chaos, dessa vez a faixa título, foi tocada e outra do clássico Pleasure to Kill (1986), “Riot of Violence” para mais uma do último álbum ser recebida como se fosse um clássico dos anos 80, “Death to the World”. A ótima recepção ao material mais recente faz a gente pensar que as bandas sabem exatamente o que os fãs esperam. A tentativa de entregar algo novo como o Kreator fez de Renewal até Endorama é compreenssível, já que nem mesmo os fãs ficam presos à um mesmo estilo durante tanto tempo como os alemães tinham de carreira. A evolução dos gostos musicais acontecem com os fãs e com os músicos então é natural que novas tendências musicais que estejam fazendo a cabeça do músico o influencie na hora de compor. Por outro lado quando há uma volta às origens podemos ponderar o quanto o próprio músico está sendo sincero. Será que ele não desistiu e está fazendo o mais simples, que é entregar o que os outros esperam? Esse é um questionamento que poderíamos fazer não só para esse caso, mas para vários outros.

Mas durante o show ninguém estava preocupado com questões mais complexas como essa e “Enemy of God”, do álbum de mesmo nome lançado em 2005 fez todos cantarem juntos. “Phobia”, de Outcast (1997), foi a única música da época controversa da carreira do Kreator a ser executada e após essa a banda saiu do palco.

Mais uma faixa de introdução, agora “The Patriarch” soou nos autofalantes e o Kreator retorna com a faixa título de Violent Revolution (2001). Nessa segunda parte do show mais duas faixas de Phantom Antichrist foram tocadas, “United in Hate” e “Civilization Collapse”. Porém ao meu ver duas outras do mesmo disco ainda mereceriam estar no set list: “The Few, the Proud, the Broken” e “Until Our Paths Cross Again”. Ainda tivemos “People of the Lie”, do Coma of Souls (1990), que ficou na minha cabeça no final do show por uns três dias. Finalizando essa segunda parte do show “Betrayer” do álbum Extreme Agression de 1989.

A banda sai do palco novamente por alguns instantes e Petrozza volta com a bandeira alusiva à música “Flag of Hate”. Fez um pequeno discurso até a banda toda retornar para tocar a faixa emendada com “Tormentor” ambas do álbum de estréia Endless Pain de 1985. Esses discursos de Petrozza foram frequentes durante o show seja sobre religião ou sobre política, dependendo do teor de cada faixa que seria executada. Esperava uma produção de palco parecida com o que vimos no DVD Dying Alive, com as projeções e bandeiras caindo. Porém não tivemos nada disso, nem mesmo aquele tradicional bandeirão atrás da bateria. Não que qualquer dessas coisas tenham feito falta. A porradaria do comandante Mille Petrozza e seus companheiros Jürgen Reil (bateria), Christian Giesler (baixo) e Sami Yli-Sirniö, empunhando sua Les Paul, foi o suficiente para fazer todos os presentes irem embora satisfeitos.

1505291_698171790202241_799075202_nSet List

1. Mars Mantra
2. Phantom Antichrist
3. From Flood into Fire
4. Warcurse
5. Coma of Souls
6. Endless Pain
7. Pleasure to Kill
8. Hordes of Chaos (A Necrologue for the Elite)
9. Riot of Violence
10. Death to the World
11. Enemy of God
12. Phobia

Pausa

13. The Patriarch
14. Violent Revolution
15. United in Hate
16. People of the Lie
17. Civilization Collapse
18. Betrayer

Bis

19. Flag of Hate
20. Tormentor

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