Suicidal Tendencies – How Will I Laugh Tomorrow… When I Can’t Even Smile Today [1988]
Por Micael Machado
O Suicidal Tendencies surgiu em 1981 como uma das principais bandas de punk/hardcore da cidade de Los Angeles, mas, com a entrada do guitarrista Rocky George a partir do segundo disco, a música do grupo se aproximou bastante do heavy metal, fazendo com que o ST fosse apontado como um dos primeiros grupos de crossover dos EUA. Influenciado por esta nova sonoridade, o eterno líder Mike Muir (vocais) transformou o agrupamento em um quinteto, trazendo para o line-up o guitarrista Mike Clark, colega do cantor em seu projeto paralelo chamado No Mercy (completavam o time o baterista R.J. Herrera e o baixista Bob Heathcote, outro estreante na formação do Suicidal). Clark se integrou muito bem aos parceiros, assumindo inclusive boa parte do trabalho de composição daquele que viria a ser o terceiro disco dos californianos, lançado em 1988 e intitulado How Will I Laugh Tomorrow… When I Can’t Even Smile Today, talvez o mais pesado registro da história destes skatistas de Venice Beach!
Faixas como “Hearing Voices” (que lembra o Metallica de Ride The Lightning), “If I Don’t Wake Up” e “The Feeling’s Back” aproximavam de vez a sonoridade do ST da então emergente cena do thrash metal dos EUA, enquanto as guitarras melódicas de “The Miracle” (que, em certo trecho, ganha velocidade e peso equivalentes aos de um Slayer fase Reign In Blood), “One Too Many Times” e “Sorry?!” (a qual, arrisco a dizer, não faria feio no track list de um dos primeiros álbuns do Iron Maiden com Bruce Dickinson nos vocais) causavam arrepios de terror nos fãs do hardcore presente no registro de estreia do agrupamento de Mike Muir. Os admiradores desta fase encontravam apenas no CD uma faixa que lembrasse os primórdios da banda, a qual era intitulada “Suicyco Mania”, a qual não estava presente na edição em vinil, ficando de fora até mesmo da versão em K7!
O Suicidal Tendencies em 1988: Mike Clark, Bob Heathcote, Mike Muir, R.J. Herrera e Rocky George
Sempre gostei muito da abertura do lado B do vinil (a faixa “Surf And Slam“, praticamente toda instrumental, e que, apesar de rápida, conta com guitarras limpas e bastante melodia em seu arranjo, com solos que lembram as músicas da época da surf music durante quase toda sua curta duração) e de “Pledge Your Allegiance“, mais cadenciada e ainda mais pesada que outras canções citadas acima (e com um coro de “ST, ST” em seu início que, tenho quase certeza, influenciou e muito ao rapper Ice T quando da criação de seu grupo Body Count, o qual adotou como tema um canto de “BC, BC” muito semelhante ao entoado pelo Suicidal nesta faixa).
Mas How Will I Laugh Tomorrow… acabou gravando mesmo na história do grupo as duas músicas que seriam lançadas como single e que viriam a receber vídeo clipes de divulgação: “Trip At The Brain“, porrada metálica que abria os trabalhos com direito até a um curto solo de baixo lá pelo meio, e, principalmente, a faixa título, um dos principais temas do heavy metal oitentista, e, paradoxalmente, uma das mais “leves” e melódicas canções deste registro (apesar de, em sua segunda metade, trazer algumas partes que chegam a lembrar as origens punk do grupo). O vídeo desta canção, infelizmente, acabou encurtando em muito sua duração original, inclusive deixando de fora (em um verdadeiro absurdo, na minha opinião) uma de suas melhores partes, o característico refrão com a repetição do nome da faixa. Mesmo mutilada nesta “versão para divulgação”, a canção ainda mantinha sua força, e ajudou o registro a atingir a posição de número 111 na parada norte-americana, permanecendo no chart da Billboard por onze semanas, uma conquista para um grupo do porte do Suicidal.
Contracapa da edição em vinil de How Will I Laugh Tomorrow… When I Can’t Even Smile Today
O próximo registro da banda (a união de dois EPs diferentes intitulada Controlled by Hatred/Feel Like Shit… Déjà Vu) marcaria a estreia do baixista Stymee, o qual, após abandonar o apelido e adotar seu nome de batismo (Robert Trujillo), traria para a sonoridade do Suicidal Tendencies elementos de groove e funk que ajudariam a tornar o grupo um dos principais nomes do heavy metal do início da década de 1990. Mas isto já é papo para um outro post…
“Find no hope in nothing new and I never had a dream come true… Does anyone even care at all?”
Track List (versão do CD):
1. Trip at the Brain
2. Hearing Voices
3. Pledge Your Allegiance
4. How Will I Laugh Tomorrow
5. The Miracle
6. Suicyco Mania
7. Surf and Slam
8. If I Don’t Wake Up
9. Sorry?!
10. One Too Many Times
11. The Feeling’s Back
Vi o Suicidal naquele Monsters de 1994. Lembro-me que o Rodolfo dos Raimundos no fim do show gritou que estariam saindo para dar lugar à melhor banda do mundo, se referindo ao grupo de Muir. Robert Trujillo se destacou naquele dia com sua movimentação característica (que foi podada agora no Metallica). Porém mesmo com uma boa impressão naquela ocasião ouvi pouquíssimas vezes a banda novamente. Vou procurar esse disco e me redimir….
A entrada de Trujillo mudou bastante a sonoridade do grupo, que não perdeu nem qualidade nem agressividade enquanto manteve sua formação mais “clássica”. Mas os discos anteriores também são muito bons, e merecem ser conferidos. Bravo é o que o ST lançou quando só Mike Muir restava dos “originais”…
Caramba! Ouvi esse disco ontem, e hoje ta ele aqui, sendo resenhado.
Acho que a adição de duas guitarras só melhorou o som da banda.
Esse álbum sempre me acompanha quando vou surfar aqui pelo litoral catarinense.
Bela resenha, grande disco.
Valeu, Luiz, obrigado pela força!
Bom álbum!!Consultores,vocês já ouviram o single de ROCK PROGRESSIVO que o nosso querido Papa lançou?Provavelmente já,então depois façam um War Room do Wake Up quando for lançado,pois,sério,eu não estou zuando,parece que será o “bicho” esse Wake Up,pelo menos a primeira faixa lançada tem um instrumental sensacional…..para os tempos de hoje,é SENSACIONAL!
Eu ainda não ouvi, mas estou bastante curioso.
Eu ouvi, e achei uma VIAGEM!
Santo Tony Pagliuca!As vocalizações da música em questão não é uma beldade,mas a instrumentação é belíssima para uma música feita em um tempo que a PUTARIA é a puta da rainha…
Quando eu era adolescente, um amigo me emprestou uma fita K7 do Suicidal, mas não consigo me recordar qual foi o álbum, mas a pegada era muito Hardcore.
Recentemente, adquiri uma caixinha com 5 CDs da banda e How Will I Laugh Tomorrow… When I Can’t Even Smile Today foi o que mais me chamou a atenção.
Ótimo texto. Vou até ouvir o álbum novamente hoje.
Daniel, foi justamente a aquisição desta caixinha citada que me motivou a escrever esta resenha! Valeu pelo seu comentário!
O disco é muito bom. O texto é ótimo. Melhor ligar pro CVV.
Não entendi a referência, Marco, mas obrigado de todo modo!
Vou explicar, Micael, embora explicar piada… CVV é aquele tal de Centro de Valorização da Vida que você procura (liga por telefone) quando está com suicidal tendencies… pegou? pegou?
Putz, é C-V-V… eu li C-W! Por isso não entendi! Que burro, dá zero para mim!