Melhores de Todos os Tempos: 1987

Melhores de Todos os Tempos: 1987
Guns N’ Roses em 1987: Izzy Stradlin, Steven Adler, Axl Rose, Duff McKagan e Slash
Guns N’ Roses em 1987: Izzy Stradlin, Steven Adler, Axl Rose, Duff McKagan e Slash

Por Diogo Bizotto

Com André Kaminski, Bernardo Brum, Bruno Marise, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, Leonardo Castro, Mairon Machado e Ulisses Macedo

Participação especial de João Renato Alves, editor da Van do Halen

Pelos comentários, o leitor vai perceber que esta edição da série reserva algumas surpresas para os próprios colaboradores, e não deve ser diferente para quem agora toma conhecimento desta publicação. A primeira posição, porém, não é segredo pra ninguém, na verdade uma pedra cantada desde que as discussões que deram origem a esta série tiveram início. A posição de protagonismo ocupada pelo Guns N’ Roses em 1987, por mais que venha sendo contestada desde sempre, é uma realidade muito bem estabelecida, que se reflete em uma alta pontuação, com nada menos que quatro menções individuais no primeiríssimo posto para Appetite for Destruction. Lembro, como sempre, que o critério para elaborar cada edição dos “Melhores de Todos os Tempos” segue a pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1. Leitores: estejam convocados a também registrar suas opiniões, além de enumerar seus álbuns favoritos lançados em 1987.


01 Appetite for Destruction

Guns N’ Roses – Appetite for Destruction (142 pontos)

André: Incrível que com o passar dos anos tem gente ainda querendo desfazer a importância deste disco para o rock mundial. Não falo por questão de gosto pessoal, mas sim querer diminuí-lo como algo superestimado pela maioria ignorando toda a energia e a qualidade das composições desses caras, que são diferenciados no meio do rock. O Guns foi uma puta banda, praticamente como uma seleção de grandes personalidades do rock tocando juntas. E neste disco, cheio de clássicos, impossível ignorar os petardos “Welcome to the Jungle”, “It’s So Easy”, “Sweet Child o’ Mine” e “Rocket Queen”, as minhas quatro músicas favoritas do álbum. Eu ainda acho hilário quando citam sempre a rivalidade Axl versus Slash como os motores da banda, quando o principal crédito pelo sucesso do grupo cabe a Izzy Stradlin, como principal compositor, e Duff McKagan, sempre o mais sensato do grupo. Este último, por sinal o meu integrante preferido – minhas músicas favoritas do Guns tiveram a participação de Duff entre os compositores. O fato é que Appetite for Destruction merece a primeira colocação e é um dos discos mais importantes da história do rock.

Bernardo: Gosto de “Welcome to the Jungle” e “Mr. Brownstone”, que ainda mantêm um ar de perigo com uma garra punk, riffs “ardidos” e interpretações rasgadas e malandras de Axl Rose. “Sweet Child o’ Mine” é a típica música de trabalho, que não difere muito da farofada feita à época – entendo ouvir e curtir da primeira vez, mas continuar ouvindo por anos a fio, só curtindo de verdade. O resto tem seus acertos, mas considero pouco marcante.

Bruno: A cena mainstream de rock estava tão ruim, mas tão ruim no final dos anos 1980, que bastou aparecer uma banda com um pouquinho mais de vigor e menos purpurina que logo virou a salvação da lavoura. Tá aí um dos grupos que eu mais abomino, não só pelo babaca insuportável do Axl Rose, mas também pelo trabalho não transmitir o mínimo de honestidade. Tudo soa muito plástico, muito certinho. Gostaria de entender a adoração por este disco. Sinceramente. Tá certo, tem os maiores hits da banda – inclusive eu não aguento mais ouvir nem cinco segundos de cada um deles –, mas, fora isso, é uma encheção de linguiça só. Como se não bastasse, o Guns N’ Roses é responsável por angariar um dos piores agrupamentos de fãs de toda a história da música pop, daqueles que se o Axl lançasse um disco de arrotos, fariam fila pra comprar sem pensar duas vezes.

Davi: Disco perfeito! Não tem uma música ruim na parada. Tudo o que se pede em um bom álbum de hard rock está em Appetite for Destruction. Vocais gritados, letras ásperas, guitarra falando alto com ótimos riffs. Axl Rose pode ser egocêntrico, megalomaníaco, o que você quiser. Agora… Quando decide fazer música boa, ninguém segura o cara. Disco altamente emblemático do rock oitentista. Primeiro lugar merecidíssimo.

Diogo: Deixe-me ver: Van Halen, Black Sabbath, King Crimson, Death… É, a disputa para decidir qual é meu álbum de estreia favorito é ferrenha, mas ainda assim fico comAppetite for Destruction, que é muito mais que isso. Trata-se de uma obra que, na intenção de ser apenas rock como o rock deve ser, sem as aspirações megalomaníacas que surgiriam posteriormente, deixou uma marca indelével não apenas na música, mas na cultura popular, exalando sangue, suor, sexo, violência e malandragem, falando uma língua que a juventude entendia e fisgando sua atenção tal qual um anzol bem afiado. Já mencionei diversas vezes o quanto considero Axl, Izzy, Slash, Duff e Steven músicos sem dotes extraordinários, mas a união desse quinteto resultou em material mais explosivo do que aquele lançado pelo Enola Gay sobre Hiroshima. Izzy e Axl, em especial, destacam-se como compositores, dando a tônica da sonoridade, mas com importantíssimas contribuições dos outros integrantes, ajudando a tornar Appetite for Destruction uma verdadeira coletânea. Dissertar sobre as qualidades de cada canção tomaria um artigo gigantesco, então resumo afirmando que mesmo aquelas não tão exaltadas são essenciais, em especial “Out ta Get Me”, síntese de todas as características que citei mais acima. No mais, exaltar “Welcome to the Jungle”, “Nightrain”, “Rocket Queen” e afins é uma garoa sobre o oceano. Nunca um primeiro lugar foi tão óbvio.

Eudes: Inevitável primeiro lugar, embora isto não absolva os consultores do crime de obviedade. O primeiro disco do Guns N’ Roses segue sendo seu melhor trabalho, com faixas inspiradas, embora nunca extraordinárias. O álbum se beneficiou grandemente da ausência de uma concorrência de peso na área do hard rock de boteco, uma das vertentes mais autênticas e queridas do gênero. E não que não houvesse pretendentes ao trono. Slash é um guitarrista padrão, mas bastante eficiente, a cozinha da banda tinha estrada e o cantor, embora formando na tradicional dupla de compositores, como cantor mesmo, segue sendo fraco até hoje. Mas o disco funciona. E mais não digo.

Fernando: Disco que ajudou a moldar o gosto musical de uma geração inteira. Conheço várias pessoas que passaram a gostar de rock, hard rock e heavy metal por conta deste album. Só isso já não justifica a posição que alcançou aqui? O hard rock feito na Califórnia nos anos 1980 estava começando a ficar igual comida congelada industrializada, tudo igual, e o Guns N’ Roses conseguiu fazer uma iguaria usando os mesmos ingredientes que essas outras bandas usavam, ou seja, porções generosas de Aerosmith e Van Halen. Mais sobre este disco aqui.

João Renato: O último entre os melhores álbuns de estreia da história do rock oferece a agressividade necessária para um tempo em que o estilo parecia farofar cada vez mais. O Guns N’ Roses foi a banda derradeira da era dos músicos icônicos. Independente de questões técnicas (se isso fosse importante, Dream Theater era bom e Ramones não, mas sabemos ser exatamente o contrário), o grupo injeta alma em suas composições. Pena que foi só este disco mesmo, até que Axl resolveu virar um Elton John ruim.

Leonardo: Pode-se falar o que quiser do Guns N’ Roses. Que o grupo não criou nada de novo, que o guitarrista é superestimado, que a banda era farofa, que não fez mas nenhum disco bom depois desse… Mas é inegável que Appetite for Destruction é um dos melhores discos de estreia de uma banda de rock em todos os tempos. Ao misturar o rock ‘n’ roll do Aerosmith com uma pegada mais punk e agressiva, o quinteto compôs um conjuto de canções fortes, enérgicas e extremamente memoráveis.

Mairon: Um álbum que já inicia te dando as boas-vindas à selva em um dos riffs mais conhecidos da música mundial não podia ficar de fora desta lista, e a primeira posição talvez seja mesmo justa. Afinal, Appetite for Destruction é recheado de clássicos que mudaram uma geração inteira de ouvintes de rock. Antes do Guns N’ Roses, ou você ouvia o thrash metal de Metallica e Slayer (e derivados), ou o metal mais trabalhado de Iron Maiden e Judas Priest (e afins), mas não havia um som popular, que cativasse os jovens simplesmente por ser rock. Dá para se dizer que o Guns foi os Stones dos anos 1980, fazendo um som simples, mas que contagia os ouvidos, com uma imagem marcante dentro e fora dos palcos (a cartola e a cabeleira de Slash, as roupas de Axl Rose, quem não identifica essas imagens com o rock?) e um vocalista que, apesar de não ter a melhor voz do mundo, é uma das figuras mais lembradas de toda a história da música. A sequência do álbum é um “best of” invejável: “Welcome to the Jungle”, “It’s So Easy”, “Nightrain”, “Out ta Get Me”, “Mr. Browstone”, “Paradise City”, “My Michelle”, “You’re Crazy” e as duas pérolas roseanas, candidatas para a posição de melhores canções do início da carreira do grupo, a classicíssima “Sweet Child o’ Mine” e a menosprezada e bela “Rocket Queen”. Até mesmo “Anything Goes” e “Think About You”, que não fizeram tanto sucesso assim, possuem qualidades suficientes para agradar qualquer um que curta rock. Álbum essencial, com um detalhe a mais: a versão em vinil é dividida em lado G e lado R (seria Guns N’ Roses ou Geffen Records??). Para muitos, esta é a maior estreia de uma banda em todos os tempos. Honestamente, é difícil que Appetite for Destruction consiga concorrer com Led Zeppelin (1969), Black Sabbath (1970), The Piper at the Gates of Dawn (Pink Floyd, 1967) ou In the Court of the Crimson King (King Crimson, 1969), isso só para citar alguns, mas que o disco da trupe de Axl Rose é um clássico, ah isso é!!

Ulisses: Você pode até não gostar de Axl, Slash e cia. (eu mesmo não sou tão fã assim), mas é inegável que Appetite for Destruction é o disco mais importante desta lista, responsável por mudar o cenário hard rock de forma expressiva. Dissertando sem pudor sobre drogas, sexo e violência, o álbum é liderado pelas faixas mais conhecidas: “Welcome to the Jungle”, “Paradise City” e “Sweet Child o’ Mine” – esta última vale o disco inteiro. Audição obrigatória.


02 1987

Whitesnake – Whitesnake (1987) (84 pontos)

André: Existem dois vocalistas no meio rock com um bom gosto incrível para escolher os guitarristas que os acompanham em suas bandas. Seja em qual fase, seja em qual época, nos discos desses caras sempre haverá riffs diferenciados e solos excepcionais. Um deles é o Ozzy Osbourne. O outro é o David Coverdale. Se alguém questionar o trabalho excepcional de John Sykes neste álbum, sujeito que já tocou muito nos excelentes Tygers of Pan Tang e Thin Lizzy, merece um tiro na cara, ser banido deste site e ser torturado com pancadão carioca por toda a eternidade. Quer uma porrada do hard rock? Escute “Still of the Night”. Balada melosa? “Is This Love” foi feita para o seu coraçãozinho apaixonado. E o hit “Here I Go Again”? Não te satisfaz? A mim também não, porque, infelizmente, a formação que gravou este disco foi chutada antes mesmo dele chegar às lojas, e eu ficaria feliz se mais cinco discos fossem gravados com esses caras. Este é o meu disco de hard rock favorito dessa década. Perfeito do início ao fim.

Bernardo: Na mesma medida que gosto do Deep Purple com Coverdale, não gosto do Whitesnake. O que tinha de diferente o sujeito já diluiu, e não fosse por uma guitarra lá e cá, a banda dele poderia ser muito bem o que aqui no Brasil chamam de “romântico”. Tou só de olho, quando é Fábio Jr. a galera fala mal.

Bruno: Até gosto deste álbum, que é execrado principalmente pelos fãs da fase mais antiga do Whitesnake. Apesar de uma porrada de clichês, da produção tipicamente oitentista e da abominável balada “Is This Love”, acho-o um bom disco. Mas jamais o colocaria como um dos melhores do ano. Exageraram forte.

Davi: Adoro este disco. David Coverdale arregaçando, John Sykes debulhando e um repertório matador. “Still of the Night”, “Bad Boys” e “Give Me All Your Love” já são classicões, e as regravações de “Crying in the Rain” e “Here I Go Again” ficaram matadoras. E “Is This Love” é mais uma daquelas baladas que os marmanjos ouvem escondido no quarto. Discaço para ouvir no talo!

Diogo: A turma de David Coverdale já merecia ter dado as caras por aqui desdeReady an’ Willing (1980), e ainda mais com Slide It In (1984), mas agora isso finalmente ocorreu. Sem surpresa, com seu álbum mais popular, sucesso massivo que expõe uma pequena contradição, pois ao mesmo tempo em que, sim, soa mais palatável ao ouvinte que estava se habituando ao êxito de grupos como Bon Jovi, Ratt e Europe, também é o disco da banda mais pesado até então, com um John Sykes endiabrado, cuspindo riffs heavy metal sem piedade, como nas empolgantes “Bad Boys”, “Chldren of the Night” e “You’re Gonna Break My Heart Again”, pra não deixar fã algum parado. “Still of the Night” então, é uma obra massiva, atualizando a estética zeppeliana para a época e soando ainda mais excitante na voz daquele que é meu vocalista favorito. As regravações de “Crying in the Rain” e “Here I Go Again”, originalmente lançadas em Saints & Sinners (1982), foram outros golaços, especialmente a segunda, que ganhou sua versão definitiva e infinitamente mais apoteótica, destacando-se com justiça. Por falar em destaque, o único senão em relação ao álbum é o fato de “Is This Love” ter virado um sinônimo dele e do próprio Whitesnake, quando na verdade é a música menos empolgante do disco e a balada mais fraca do grupo até então, que já havia composto canções gigantescamente melhores nesse mesmo formato. “Looking for Love”, ausente na versão norte-americana do disco, é uma delas. Não posso deixar de destacar também o trabalho de Neil Murray, Aynsley Dunbar e Don Airey, que infelizmente não chegaram a colocar o pé na estrada com Coverdale, mas foram muito bem substituídos. Meu preferido ainda é Slide It In, mas 1987 chega perto.

Eudes: Apesar de surgido de uma dissidência do Deep Purple na segunda metade dos anos 1970, o Whitesnake tornou-se uma banda prototípica do hair fashion hard  dos anos 1980, lançando praticamente todos os seus maneirismos, dos riffs pegajosos às guitarras cruzadas e ao cantor de dotes mas exagerado (no tempo do Blackmore ele não permitia essas frescuras!). Mas fazer o que, se a banda sempre teve como principal fim ser um veículo para David Coverdale? Agora, vamos combinar, precisava ter escolhido para estrear nesta lista justo o disco com as insuportáveis “Still of the Night” e, pela mãe dos meus filhinhos, “Is This Love”? Respeitem minha idade…

Fernando: Não foi na verdade uma grande surpresa, mas em 1987 o Whitesnake farofou. A carreira do grupo, que começou com o fim do Deep Purple, calcada no blues, e produziu vários ótimos álbuns, eventualmente tinha alguma faixa com potencial radiofônico. Porém, a experiência e a classe de David Coverdale não admitiria que o resultado fosse apenas mais um disco para concorrer com aquele monte de bandas em que as rádios estavam apostando. São faixas mais pop, mas tudo com uma qualidade superior. Para os que ainda insistem em dizer que é pop (no sentido pejorativo), fico pensado que eu ficaria muito feliz se hoje existissem músicas pop desse nível tocando nas rádios e saindo dos alto-falantes dos carros.

João Renato: Não votei, mas já imaginava que estaria na lista final. Apesar de reconhecer a qualidade, é a fase do Whitesnake que menos gosto. Prefiro a inicial, com um hard/blues vigoroso, ou até mesmo a mais recente, que promove um mix de tudo que a banda fez em sua história – embora Coverdale esteja cantando muito mal, mas no estúdio a “mágica” acontece. Apesar da grande quantidade de hits, tudo soa muito sem graça para mim. E a coisa ficaria ainda pior no disco seguinte.

Leonardo: Reinventado e repaginado para o mercado norte-americano, o Whitesnake de 1987 contava com o fantástico guitarrista John Sykes, que havia tocado no Tygers of Pan Tang e no Thin Lizzy. E tendo o guitarrista como parceiro, David Coverdale deixou de lado a pegada bluesy do começo da carreira e apostou todas as fichas no heavy metal tão em alta na época nos Estados Unidos. Sorte que o talento de Sykes para compor riffs do estilo beira o absurdo, como as sensacionais “Bad Boys”, “Still of the Night” e “Children of the Night” comprovam. Havia ainda espaço para as baladas e duas regravações, uma versão estupenda de “Crying in the Rain e outra de “Here I Go Again”, que explodiu na MTV e fez o disco vender milhões de cópias. Mas a pérola do álbum é uma música que só saiu na versão europeia, “You’re Gonna Break My Heart Again”, dona de um riff sensacional e de um dos melhores solos de John Sykes.

Mairon: David Coverdale fez seus melhores trabalhos como vocalista principal do Deep Purple, isso é difícil de questionar, mas e no Whitesnake? A banda que ele fundou no final da década de 1970 começou ligada ao rhythm ‘n’ blues, com influências hard que privilegiavam os teclados de Jon Lord e a bela dupla de guitarristas Micky Moody e Bernie Marsden. Porém, a década de 1980 mostrou que faturar $ com esse estilo de som era démodé, e, vagarosamente, a banda modificou seu som, adaptando-se ao mercado farofa norte-americano. Mas, como todo gigante, a adaptação foi feita com dignidade, e o complemento fundamental da maior feijoada de todos os tempos foi trazido por um então quarteto Whitesnake em um disco muito, mas muito farofa, mas da melhor qualidade. O diferencial dessa farofa para as outras é que a inspiração latente no Led Zeppelin brota como o suor nos corpos das moças durante o verão carioca, trazendo ao mundo uma ideia do que seria, talvez, a maior banda de rock de todos os tempos na década de 1980. Afinal, o riff de “Still of the Night”, bem como sua inesperada mudança com a entrada de “pseudocordas”, ao mesmo tempo com o timbre de voz de Coverdale, são provas suficientes de como o grupo bebia das fontes zeppelianas. Acompanhado de um faminto John Sykes nas guitarras, carregando solos e riffs doces e ácidos como a laranja (ouçam “Children of the Night, “Bad Boys”, “Straight for the Heart” e “Crying in the Rain” e duvido não brincarem de air guitar), os teclados de Don Airey fazendo o papel das partes do porco, apenas dando mais gosto para o feijão, e uma dupla tão talentosa quanto Ian Paice e Glenn Hughes, capaz de tocar o terror na cozinha com receitas de deixar Mr. Fogaça de boca aberta, e ao mesmo tempo fazer um feijãozinho com couve básico e saboroso (nesse caso Neil Murray no baixo e o fantástico Aynsley Dunbar na bateria), Coverdale apenas tempera a farofa com sua voz, apimentada por letras quentes sobre sexo, mulheres, mais sexo e mais mulheres, fazendo a melhor farofa da história para acompanhar a melhor feijoada da história. Não tem choradeira de corno ou clemência por separações, é “love” para cá, “love” para lá o tempo todo, com uma sensualidade que faz mulheres molharem calcinhas até hoje. “Give Me All Your Love” e a unânime e deliciosa “Is This Love” arrepiam machões e fazem qualquer mulher se derreter, e fizeram (ainda fazem) parte da trilha sonora de muitos momentos amorosos de inúmeros casais mundo afora. Mesmo as recriações para “Crying in the Rain” e “Here I Go Again” caíram muito bem, e, joguem as pedras, ficaram muito melhores com essa porção de farofa sobre elas. As mudanças de formação certamente afetaram a sonoridade do grupo, levando-os a lançar este que, para mim, é um dos melhores trabalhos dos anos 1980 e da carreira de Coverdale. A versão europeia é ainda melhor por conta da presença da melosíssima e linda “Looking for Love” e da arrepiante e pegada “You’re Gonna Break My Heart Again”. Desculpem por me estender, só que este álbum merece não somente palavras, mas sim audições regulares, acompanhadas por uma linda mulher, vinho, morango, chocolate e o que sua imaginação quiser levar. Farofa boa e de verdade é essa. DISCAÇO!

Ulisses: Muito bom disco. Nada que me faça querer ouvi-lo novamente, mas contém de fato ótimas faixas, como “Still of the Night” e “Bad Boys”; entretanto, não vejo onde está este “tchan” todo por “Is This Love”…


03 Among the Living

Anthrax – Among the Living (65 pontos)

André: Eu já gostava muito do Anthrax antes mesmo de escrever para esta série, e agora com esses discos entrando em quase todos os anos, estou ficando cada vez mais fã da banda. O trabalho de guitarras de Scott Ian e Dan Spitz é simplesmente espetacular, uma chuva de riffs diferenciados a cada canção. E Charlie Benante só possui mesmo Iggor Cavalera como um sujeito a seu nível quando se trata de bateria no meio do metal. “Caught in a Mosh”, como o nome já diz, é perfeita para abrir a roda e sair se empurrando junto a outros cabeludos embriagados em um show. Ainda há “I Am the Law”, clássica homenagem a “Judge Dredd”, gibi meio desconhecido no Brasil, mas famoso nos Estados Unidos. Ainda destaco “A Skeleton in the Closet” e “One World”, músicas com temática referente à Segunda Guerra Mundial, tratadas de maneira muito interessante no retrato dos horrores do conflito. Ótimo disco; mesmo que eu não tenha votado nele, merece aparecer nesta requintada série.

Bernardo: O pogo definitivo de “Caught in a Mosh”, a trágica e revoltada “Indians”, a porrada de entortar pescoços “I Am the Law”… Ao ouvir, minha pergunta do porquê o Anthrax ser minha banda de thrash metal favorita some logo na primeira faixa. Nice fuckin’ record.

Bruno: Se em Spreading the Disease (1985) o Anthrax ainda estava formatando sua sonoridade, em Among the Living definitivamente a encontraram, criando assim o seu trabalho essencial. Os clichês do metal tradicional ficaram para trás, e a banda abraçou de vez o thrash metal e as influências do hardcore novaiorquino, injetando velocidade na mistura. As letras, que se diferenciavam por falar de quadrinhos, histórias de terror e cultura pop, aparecem ainda mais fortes no álbum. A cozinha, formada pelos parentes Frank Bello (sobrinho) e Charlie Benante (tio), cria uma base afiadíssima para a parede de guitarras da dupla Scott Ian e Dan Spitz. A única ressalva fica para Joey Belladonna. Apesar de sua ótima performance no disco anterior, o seu estilo vocal na linha mais clássica da escola Ronnie James Dio e Bruce Dickinson não casa bem com a nova sonoridade mais urgente do Anthrax, que pede uma abordagem diferente. Não que isso estrague a qualidade do álbum, apenas soa um tanto estranho e fora de lugar.

Davi: Foda! Fase de ouro do Anthrax. Clássico atrás de clássico. “Among the Living”, “Caught in a Mosh”, “Indians”, “I Am the Law”… Em uma palavra: essencial!

Diogo: Meu favorito é Spreading the Disease, mas é perfeitamente plausível queAmong the Living seja tido como o melhor e mais importante álbum do Anthrax, pois foi através dele que a banda forjou de vez sua identidade, evidenciando uma pegada punk que se traduz em músicas recheadas de urgência, mas que não deixam de ser bem trabalhadas, jamais soando monótonas. A sequência de canções boas é tão invejável que quase me faz reconsiderar a primeira afirmação que fiz neste comentário, entre elas destacando-se “Caught in a Mosh”, “Efilnikufesin (N.F.L.)” e “Indians”. A evolução de Frank Bello no baixo é evidente, e gosto de destacar também que um grande diferencial sempre foi Joey Belladonna, um vocalista totalmente atípico no meio thrash metal, justamente por isso emprestando distinção ao grupo. Apesar dos elogios, friso que, para mim, o melhor disco de thrash metal lançado em 1987 foi a estreia do Testament, The Legacy.

Eudes: Expoente do heavy metal oitentista, esse estilo tão indistinto, o Anthrax chegou a altos níveis de popularidade com este disco. Não faz meu gênero, mas o LP é bem feito e soa melhor do que a maior parte do que se fez na área. Coerente com o o perfil uniformizante desta lista.

Fernando: Pode parecer simplista da minha parte, mas quando leio “Among the Living” eu logo relaciono com “Indians”. Obviamente que essa faixa, que nem é uma das preferidas dos fãs, não é o único predicado deste disco, mas é para mim um das músicas que definem o Anthrax.

João Renato: Após algumas tentativas, o Anthrax finalmente acertou o centro do alvo. A banda mais diversificada do Big Four oferece sua melhor compilação de temas aqui. Embora eu até prefira a fase posterior, com John Bush, Among the Living é o melhor disco da carreira da banda com sobras.

Leonardo: Mergulhando de vez no thrash metal, o Anthrax em Among the Livingadicionou ao seu som muito do hardcore novaiorquino e, na contramão das outras bandas do estilo, inundou suas letras com referências à cultura pop da época, como os quadrinhos do Juiz Dredd, os livros de Stephen King e até uma música sobre a trágica vida do comediante John Belushi. Musicalmente, o disco é uma coleção de riffs sensacionais, refrãos fortes e levadas de bateria impressionantes de Charlie Benante, como na clássica “Indians”, uma das melhores canções da carreira da banda.

Mairon: Depois da farra metálica de 1986, com Reign in Blood e Master of Puppetsmostrando que Slayer e Metallica reinavam soberanos no topo do thrash, e ainda com o Megadeth seguindo os passos dos reis com Peace Sells… But Who’s Buying?, 1987 foi ano de outros nomes tentarem roubar o reinado da dupla, que ficou sem lançar material inédito por diferentes questões que não vêm ao caso. O Anthrax certamente foi o que mais perto conseguiu chegar dos reis, com o excelente Among the Living. Logo de cara, a faixa-título traz uma introdução fuderosa, e outros grandes momentos vão para a pancadaria de “One World” e as mágicas linhas de guitarra de “A Skeleton in the Closet”. Para muitos é o melhor trabalho do grupo, e eu me incluo entre eles, não somente pela presença dos clássicos “I Am the Law”, “Indians” e “Caught in a Mosh”, mas porque é o mais redondo dos trabalhos dos norte-americanos. Uma pergunta: é este álbum o que tem a melhor performance da carreira de Charlie Benante?

Ulisses: Eu já li comentários internet afora que questionavam a presença do Anthrax no Big Four, afirmando que a vaga seria melhor aproveitada por uma banda como Exodus ou Testament. Mas, para mim, Among the Living garante o trono do Anthrax com folga, e essa afirmação é provada por petardos como a faixa-título e “Caught in a Mosh”.


04 Keeper of the Seven Keys Part I

Helloween – Keeper of the Seven Keys, Part I (60 pontos)

André: Happy, happy Helloween! Até hoje o lema da banda! Está aí o primeiro dos dois discos que inspiraram algumas centenas de grupos a utilizar vocais agudos, temas épicos e fantasiosos, colocar tanto velocidade quanto melodia e assim criar o gênero mais amado e odiado do metal, o conhecido power metal. Os dois álbuns são ótimos, embora eu tenha uma preferência um pouco maior pela parte 2, com mais clássicos. Daqui eu destaco “A Little Time”, com grandes guitarras por parte de Kai e de Weikath, e “A Tale that Wasn’t Right”, uma grande balada com um lindo solo inicial de guitarra, e “Future World”, o grande clássico deste álbum. A questão é que eu adoro power metal, foi um dos meus subgêneros preferidos durante muito tempo e eu continuo gostando e procurando ouvi-lo cada vez mais. E o Helloween sempre carregou muito bem o fardo de ser a banda ícone do estilo. Não tem como deixar passar despercebido a voz cristalina de Michael Kiske, até hoje soando perfeita no Unisonic. Outra é perceber o quanto a bateria de Ingo Schwichtenberg faz falta ao Helloween, ditando o ritmo preciso para cada composição. Foi a maior perda que a banda sofreu junto à saída de Kai Hansen alguns anos depois, já que eu não sinto tanta falta assim de Kiske por eu gostar dos vocais de Andi Deris nos dias atuais. Poderia falar muito mais, porém, vou deixar para a parte 2, que eu tenho certeza que vai dar as caras por aqui no mês que vem.

Bernardo: Te falar que já ouvi muito Helloween na adolescência… Com o Andi Deris! Sim, eu que vivo zoando as bandas do hair metal ouvia direto o Helloween com o mano do Pink Cream 69. Com essa farofada admitida, tenho que falar que nunca dei muita bola para a banda com o Michael Kiske – por ter a impressão que um Bruce Dickinson no mundo já é suficiente (e às vezes, até demais). Sim, foi um disco que criou a cartilha do power metal/metal melódico e até tem seus momentos – mas criar a cartilha de um estilo tão saturado e tão homogêneo não é exatamente motivo de orgulho.

Bruno: Uma versão mais açucarada e ainda mais nerd do Iron Maiden, com a adição de um vocalista chatíssimo. O Helloween é responsável por criar um dos subgêneros mais abomináveis, genéricos e saturados do heavy metal. Se hoje temos que aguentar essa porrada de bandas de “metal espadinha”, os culpados são esses caras aqui.

Davi: Disco altamente emblemático da cena power metal. Referência para dez entre dez bandas do gênero. O álbum marca a estreia de Michael Kiske nos vocais, que também é referência para dez entre dez artistas do gênero. O trabalho é bem legal e dava um passo adiante de seu antecessor, o (bom) Walls of Jericho (1985). Entretanto, sua grande obra-prima, para mim, foi Keeper of the Seven Keys Part II. Nessa primeira parte, Kai Hansen (atualmente no Gamma Ray e no Unisonic) destacava-se como principal compositor. Kiske já demonstrava uma voz extremamente potente, mas ainda era um aquecimento para o que iriam lançar no ano seguinte.Faixas de destaque: “I’m Alive”, “A Little Time”, “Halloween” e o classicão “Future World”.

Diogo: Por mais que hoje em dia eu escute muito menos a banda e o estilo que foi imprescindível para formatar e consolidar, jamais vou negar a importância do Helloween em minha formação como ouvinte. Foram justamente álbuns como esteKeeper of the Seven Keys Part I, seu antecessor e sua sequência que ajudaram a abrir as portas para que o adolescente Diogo pudesse adentrar o underground, indo muito além dos Black Sabbaths, Iron Maidens e Metallicas da vida. É uma pena que o gênero, rotule ele como power metal, metal melódico ou qualquer coisa, tenha se tornado tão saturado com o passar do tempo, atingindo níveis insuportáveis na virada dos anos 1990 para a década seguinte, mas isso não diminuiu a competência demonstrada pelo Helloween neste disco, recheado de performances empolgantes de todos os músicos e excelentes canções, sem um mísero filler. Michael Kiske foi uma magnífica adição ao grupo, e até hoje é considerado o cantor arquetípico do estilo com grande justiça, pois não apareceu ninguém capaz de superá-lo. Kai Hansen, por sua vez, brilha como compositor, especialmente nas ótimas “I’m Alive” e “Future World”, e supera-se em “Halloween”, daquelas músicas longas que passam voando de tão boas. Merecida e esperada presença.

Eudes: Ouvido agora pela primeira vez. Um comentário seria uma leviandade. Passo por este.

Fernando: No início da minha vida metálica houve alguns discos que eu ouvia religiosamente todos os dias. Conheço todas as passagens e todas as nuances de todos esses álbuns e gosto tanto até hoje que é até difícil de explicar o motivo sem cair muito para o lado da nostalgia. Clássico! Leia mais aqui.

João Renato: Após um início totalmente speed metal, o Helloween obteve seu grande trunfo ao encontrar Michael Kiske. O cantor ajudou a elevar a qualidade sonora do grupo a outro patamar. O auge viria um ano depois, com a segunda parte da saga “Keepers”, mas a primeira já deixava claro que algo muito especial estava acontecendo com os alemães. Melodias inesquecíveis, execução primorosa e criatividade que não seria alcançada posteriormente, configurando este um momento único em sua história.

Leonardo: Depois de um EP e um disco com uma sonoridade mais agressiva, o Helloween recrutou o vocalista fora de série Michael Kiske e passou a investir em uma sonoridade mais acessível e limpa, dando ênfase à velocidade e às melodias marcantes. O resultado foi sensacional. Dono de uma voz forte, capaz de alcançar tons altíssimos sem se tornar desagradável, o novo vocalista roubou a cena no álbum. Mas os riffs e solos dobrados da dupla de guitarristas Kai Hansen e Michael Weikath também são de tirar o fôlego.

Mairon: Este álbum acabou sendo uma das principais obras do heavy metal mundial. Os alemães do Helloween já haviam feito um influente disco anos antes, o bom Walls of Jericho, mas se superaram com o excelente Keeper of the Seven Keys Part I. O mais interessante é que este álbum foi lançado pouco antes de Soldiers of Sunrise, e as influências são diretas, principalmente no estilo de cantar de Andre Matos (idêntico ao de Michael Kiske) e nas linhas de bateria em ambos os discos, o que fica mais evidente nas ótimas “Future World” e “Twilight of the Gods”. Os guitarristas Kai Hansen e Michael Weikath são muito mais técnicos que os brasileiros, mas apesar das qualidades individuais, Keeper não me cativa tanto quanto Soldiers. Claro que a sequência de abertura com “Initiation” e “I’m Alive” é para colocar a casa abaixo, e o ponto máximo do disco é a épica “Halloween”, com seus mais de 13 minutos que não cansam nunca o ouvinte. O conjunto da obra é todo bom, mas faltava algo no som alemão que os brasileiros conseguiram dar com mais facilidade para os meus ouvidos, que é a simplicidade. Também não sou grande apreciador das vozes de “A Little Time”, e, apesar de bonita, a balada “A Tale that Wasn’t Right” não se encaixa no conceito geral do álbum. Mesmo assim, merece estar nesta lista, e ficou entre meus 20 mais na hora de fechar a minha.

Ulisses: Para aliviar a pressão de seu posto como frontman, Kai Hansen quis ceder o lugar de vocalista a outrem, e o Helloween acabou se encontrando com um jovem Michael Kiske, dono de um gogó abençoadíssimo. A primeira parte do que deveria ter sido um disco duplo é curta, trazendo seis canções (a abertura e o encerramento são instrumentais sem destaque algum) velozes e melódicas, das quais o maior destaque é sem dúvida alguma “Future World”. Assim como a segunda parte, é um registro obrigatório para os fãs de METÁU.


05 You're Living All Over Me

Dinosaur Jr. – You’re Living All Over Me (50 pontos)

André: Senti que a banda tem boas composições para o estilo que escolheu tocar, só lamento a terrível mixagem das guitarras. É horrível a quantidade de chiado que ouvi quando escutei no fone de ouvido. Porém, a energia que este disco transmite é boa, ainda que eu não aprecie rock alternativo.

Bernardo: A cena do rock alternativo germinada nos anos 1960, regada nos 1970 e desabrochada nos 1980 e 1990 tem o Dinosaur Jr. como um de seus maiores símbolos. J. Mascis deve ser um dos guitarristas mais injustamente esquecidos da história – que papel fundamental seu senso melódico e sua raiva rústica têm no som de You’re Living All Over Me, rasgado e angustiado, um caldeirão de folk, blues, lo-fi, microfonia e distorção. Que pais singulares a cena de Seattle teve – gente com um espírito indiferente, underground, com uma postura anti-establishment que honrava cada um que foi considerado “estranho”, “sujo” e de “mau gosto” pelo elitismo musical e entregando música criativa, vibrante e diferenciada.

Bruno: Em meados dos anos 1980, um novo movimento de bandas surgiu com um som totalmente diferente e inclassificável, e acabou sendo rotulado de rock alternativo. Era praticamente impossível de definir o som, que misturava tantas influências e com grupos tão diferentes um do outro. Se o Nirvana foi a melhor banda da década de 1990, foi graças a R.E.M., Hüsker Dü, The Replacements, Sonic Youth, Pixies e, claro, o Dinosaur Jr.. Uma das sacadas da banda (também criada pelo Pixies) foi a dinâmica de verso leve/refrão pesado, que seria usada à exaustão tempos depois. O Dinosaur Jr. começou timidamente em 1985, em um disco confuso, que ainda não sabia pra onde ia, misturando as aspirações hardcore com melodias folk. Foi em You’re Living All Over Me que o trio formado por J. Mascis, Lou Barlow e Emmett Murph encontrou seu som. E um som bastante único, por sinal. As composições são ao mesmo tempo muito agressivas e muito tristes, com a voz chorosa de Mascis (Neil Young? Alguém?) se derretendo em melancolia. A união de noise rock e hardcore punk com melodias grudentas funciona muito bem. Embaixo do amontoado de fuzz, pedal wah-wah, feedback e montanhas de distorção, temos canções melodiosas, de apelo quase pop. A compententíssima cozinha formado pelo habilidoso batera Murph e o baixo distorcido de Lou Barlow dão todo o apoio para o trabalho de guitarras inacreditável de J. Mascis, nada menos que meu guitarrista favorito, e sem dúvida um dos músicos mais subestimados desde sempre. Além de excelente compositor, é dono de um timbre único, que consegue ser sujo e polido ao mesmo tempo. O cara sabe usar os pedais de efeito como ninguém, principalmente o wah-wah. Os solos são um show à parte, melódicos até a medula. Este nem chega a ser meu disco favorito da banda, prefiro o maravilhoso Where You Been (1992), mas You’re Living All Over Me talvez seja o álbum definitivo do Dinossauro Júnior.

Davi: Rock alternativo. Gosto de algumas bandas do gênero, mas o Dinosaur Jr., por algum motivo, nunca me chamou muito a atenção. Peguei o disco para ouvir e minha opinião é a mesma. Fiquei com aquela sensação de algo faltando. Não me emocionou.

Diogo: Sob um véu de distorção, o Dinosaur Jr. esconde uma porção de melodias pop, mas a estética do descompromisso levada a cabo pelo grupo faz com que isso não signifique necessariamente uma experiência das mais agradáveis. O disco tem alguns momentos bem interessantes, especialmente quando surgem segmentos instrumentais mais estendidos, como o final de “Sludgefeast” e a longa introdução de “The Lung”, quando o trio coloca as mangas de fora e mostra serviço. Isso significa também que o vocal de J. Mascis não é exatamente uma unanimidade, mas admito que sua habilidade na guitarra compensa essa deficiência, que na realidade é mais proposital do que qualquer outra coisa. Ouvir You’re Living All Over Me é entender como surgiu grande parte daquilo que era tido como alternativo e se tornou mainstream na década de 1990. Se isso é bom ou não, cabe a cada ouvinte julgar. Eu fico dividido.

Eudes: Único representante nesta lista que, de alguma forma, não possa ser definido como heavy ou hard, este disco do Dinosaur Jr. tornou-se meio prototípico do rock norte-americano dos anos 1990. Era atrás de You’re Living All Over Me que Kurt Cobain corria, ao lapidar o som do Nirvana. Diferença abismal é a inspiração melódica de J. Mascis, as letras cínicas e doloridas, léguas à frente da melancolia adolescente, e a potência natural, sem impostação das performances. O disco entrou na minha lista aos 51 do segundo tempo, sem mais possibilidade de corrigir aquela enviada ao editor, mas, observando a concorrência aqui, por mim, estaria no pódio.

Fernando: O Dinosaur Jr. é barulhento, feio e caótico. Não… Isso não foi uma crítica! O disco está aqui no meu HD. Vou voltar novamente para ele em alguns dias.

João Renato: Conhecia essa banda apenas pelo tributo ao Kiss em que haviam participado. Quando vi o nome na lista, resolvi dar uma escutada no disco. Logo percebi que não havia perdido nada.

Leonardo: De acordo com o dicionarioaurelio.com: chato – que não estimula ou não tem interesse.

Mairon: Lembro que quando ouvi Dinosaur Jr. pela primeira vez, em um videoclipe na MTV, lá no início dos anos 1990, tinha gostado o suficiente para colocar a banda como uma das minhas necessárias audições, mas este álbum me surpreendeu positivamente. Bastante pesado, o que mais chama a atenção são as distorções empregadas no baixo e na guitarra. Gostei bastante de “Kracked”, a maluquete “Poledo” e “Sludgefeast”, apesar de achar o vocal não tão bom quanto o instrumental. Um som pré-grunge que não irei ouvir todo dia, mas achei bem interessante sua presença nesta lista, apesar de desconhecê-lo até então.

Ulisses: Sensacionais as guitarradas de J. Mascis. Preciso ouvir mais algumas vezes para “captar” tudo o que se passa no disco, mas por ora posso dizer que é uma ótima recomendação.


06 Soldiers of Sunrise

Viper – Soldiers of Sunrise (35 pontos)

André: A grande surpresa da lista. Sério, não esperava mesmo. Confesso que nunca dei tanta bola ao Viper quanto dei a qualquer outro dos projetos dos quais Andre Matos já participou. Ouvi há muito tempo Coma Rage (1994), já com Pit Passarell como vocalista, e lembro de não ter ficado impressionado. Fui escutar este disco sem saber do que se tratava e aí senti uma sensação de tempo perdido. Não pelos minutos gastos com o disco, mas justamente por não tê-lo ouvido antes. Agora entendo por que a volta de Andre ao Viper foi tão comemorada. Mesmo sendo ainda um moleque de 16 anos, escutá-lo em “Nightmares” é simplesmente marcante. E Cassio Audi não só é notável pelo solo de bateria, mas por não dar descanso ao seu kit em quase todo o disco. “Soldiers of Sunrise” é uma música cujo maior destaque fica por conta das guitarras cheias de riffs marcantes por parte de Yves Passarell e Felipe Machado, enquanto Pit se destaca com seu baixo em “Signs of the Night”. Por falar no baixista, soube que este andava avacalhando os shows da banda devido a seus exageros etílicos na turnê de 2012. Lamentável que o grupo novamente não consiga manter uma regularidade no decorrer dos anos.

Bernardo: Boa trilha sonora para jogar Warcraft. Tão homogêneo que tive dificuldades de passar da metade. Para falar a verdade, quando tentaram atirar para todos os lados após a saída de Andre Matos, indo do speed metal ao pop rock, até que ficou menos irritante.

Bruno: O som do Viper é o tipo de música que eu não pretendo perder tempo ouvindo nunca mais na minha vida.

Davi: Sou fãzaço do Viper e de Andre Matos. Entretanto, por ironia do destino, acho que o grupo fez seus melhores trabalhos depois que Andre saiu fora. Embora Pit não tivesse o mesmo domínio vocal de Andre, acho que cresceram muito enquanto compositores. Soldiers of Sunrise é, sim, um bom disco. Um trabalho feito com garra, no qual os músicos transmitiam até uma certa inocência, mas acho que ainda estavam em busca de sua identidade musical (o que é comum em início de carreira). Da fase Andre Matos, gosto mais de Theatre of Fate (1989).

Diogo: Geral fez um escarcéu quando o primeiro disco do RPM encabeçou a edição da série dedicada a 1985, mas agora inclui a estreia do Viper, algo que, para mim, soa bem mais exagerado. Ok, o álbum tem importância histórica sim, no sentido de que já apontava, em um Brasil em que tudo ainda chegava com atraso, um caminho semelhante ao que o Helloween estava traçando na Europa na mesma época. Ok, o disco é bem legal e já dá mostras, em especial, do talento de Pit Passarel como compositor, já que a percepção das execuções é muito prejudicada pela produção precária, apesar dos moleques demonstrarem que tinham tino pra coisa, algo que ficaria explícito, aí sim, em Theatre of Fate, com uma gravação mais digna dos talentos dos jovens músicos. Ainda acho que sua colocação entre os dez melhores de 1987 é exagerada, mas não serei ranzinza ao ponto de negar que músicas como “Wings of the Evil”, “Signs of the Night” e a faixa-título são empolgantes. Sigo acreditando, contudo, que esta posição seria melhor ocupada nesse ano por I.N.R.I., do Sarcófago, que julgo ser dotado de maior pioneirismo e qualidade.

Eudes: O Viper, em sua primeira encarnação e no disco de estreia, para meu gosto, provava, mais do que o Sepultura, que heavy e hard tinham possibilidade de serem feitos com qualidade e profissionalismo no Brasil. Tá certo, o álbum é cheio de clichês do heavy metal, a começar pela capa. Mas os caras já manipulavam bem os lugares comuns do gênero, e as execuções, em que pese a desnecessária afetação do cantor Andre Matos, são classe A.

Fernando: Apesar de não ter colocado este álbum em minha lista, fiquei muito feliz por ele ter entrado. Infelizmente teve a mesma produção precária que quase todos os discos nacionais dessa época tiveram. Muito diferente, por exemplo, da que Theatre of Fate teve. Mesmo assim, o pioneirismo entre as bandas brasileiras do estilo é o principal legado do grupo. Isso porque eles eram garotos com média de idade de 16 anos.

João Renato: A estreia não mostra o Viper que apareceria nos ótimos Theatre of Fate e Evolution (1992). Compreensível, dada a inexperiência do grupo e os parcos recursos para gravação (Yves Passarel contou à MTV que o disco foi gravado em um estúdio que era usado para registro de jingles de rádio). Vale mais pelo significado histórico que pela qualidade musical.

Leonardo: Ótima estreia do Viper, ainda que prejudicada pela péssima produção. Comparado ao que acontecia no heavy metal mundial, a banda ainda estava longe de alcançar a qualidade de alguns lançamentos. Mas isso mudaria com o disco seguinte,Theatre of Fate. Mas que diverte, diverte.

Mairon: A melhor estreia do metal nacional, dessa que é a melhor banda de metal que o Brasil já pariu. Inspiradíssimos em nomes como Iron Maiden e Judas Priest, mas principalmente Helloween, o quinteto paulista surgiu aos fãs com uma maturidade incrivelmente elevada para um grupo tão jovem (o mais velho tinha apenas 17 anos). O lado A é uma pancada após a outra, com destaque para as linhas de baixo de Pit Passarell em “Knights of Destruction” e “The Whipper”, as guitarras maidenianas de “Nightmares” e “Wings of the Evil” e o ritmo quase punk de “H.R.”. Já o lado B é mais trabalhado, como atestam a longa faixa-título, “Law of the Sword” e “Signs of the Night”, as duas últimas com refrões muito grudentos, e as três revelando ao mundo uma das maiores vozes do metal mundial, Andre Matos. Para completar este essencial álbum, a ótima instrumental “Killera (Princess of Hell)”, com a dupla de guitarras Yves Passarell (hoje no Capital Inicial, vê se pode) e Felipe Machado fazendo estripulias. Impressionante como tão jovens garotos construíram um álbum tão perfeito, que só não é melhor porque a produção é muito fraca. Mesmo assim, é uma alegria verSoldiers of Sunrise por aqui, o que me leva a crer que a obra-prima Theatre of Fatedeverá também estar entre os dez mais de 1989.

Ulisses: Até hoje eu me surpreendo que a galerinha do Viper tenha criado uma estreia tão matadora quando eram apenas adolescentes; Andre Matos tinha o quê, uns 15 anos na época? Apesar da produção tosca, todas as faixas são excelentes e o disco desce com gosto do começo ao fim. Dois anos depois eles criariam uma obra prima do metal nacional, Theatre of Fate, mas Soldiers of Sunrise também se garante aqui em 1987.


07 Hysteria

Def Leppard – Hysteria (34 pontos)

André: A banda que “traiu a NWOBHM”. Estranho que mesmo os seus dois primeiros discos, os únicos que a galera anticomercial considera, já davam sinais claros de que o grupo galgaria os degraus do sucesso com músicas mais simples e de pegada pop. Então eu sempre os vi como “os caras do pop rock que tiveram um passado um pouco mais underground”. E Hysteria foi o ápice do sucesso do Leppard, com “Pour Some Sugar on Me” estranhamente como o principal single de sucesso, visto que até hoje nunca achei que essa música tem uma batida pegajosa para isso. Não sei o que as rádios e o público da época viram nela até hoje. Por isso, eu prefiro bem mais canções como “Animal”, que é uma faixa que representa aquelas referências sexuais típicas das bandas do glam metal e aqueles refrãos grudentos que são a especialidade desses grupos. Da mesma forma que a ótima “Excitable”, essa até mais direta. E “Run Riot” é a melhor do disco, com aquele ritmo perfeito para se ouvir dirigindo. O fato é que o Def Leppard faz rocks divertidos e os ataques que recebe são injustos.

Bernardo: Um verdadeiro clichê dos anos 1980 – fica ao seu critério se isso é bom ou ruim. Enquanto escrevia isso, lembrei que a banda brasileira Yahoo fez uma versão em português de “Love Bites” chamada “Mordida de Amor”, que me faz não saber o que dizer, só sentir.

Bruno: Depois de um começo de carreira interessante, com uma versão mais polida da NWOBHM e flertando bastante com o hard rock, o Def Leppard se jogou de cabeça na farofice. Um amontoado dos piores clichês dos anos 1980.

Davi: Há quem não goste deste disco por conta de uma maior aproximação dos músicos com uma pegada mais comercial. Nunca tive problema com os trabalhos mais pop do Def Leppard. Pelo contrario, sempre curti. E mais do que isso, considero este ePyromania (1983) seus melhores trabalhos. Os músicos criaram uma sonoridade própria e as faixas são excelentes. “Women”, “Animal”, “Rocket”, “Pour Some Sugar on Me” e “Armaggedon It”, perdi as contas de quantas vezes ouvi. “Love Bites” e “Hysteria” são aquelas baladas que todo roqueiro fala mal, mas depois vai ouvir escondido no fone de ouvido. Grande disco!

Diogo: Ao menos uma menção nesta série o Def Leppard merecia. Preferia que fosse com High ‘N’ Dry (1981) ou Pyromania, mas sinto-me bem representado porHysteria, sucesso avassalador com pouquíssimos pares na década de 1980. Convenhamos, sete singles de sucesso extraídos de apenas um disco não é coisa de moda momentânea, mas resultado de um trabalho exaustivo, que incluiu uma prova de respeito e amizade pelo baterista Rick Allen, que teve tempo para se recuperar de um acidente automobilístico em que perdeu um braço e adaptar-se a um kit semieletrônico. Mesmo após a recuperação, o trabalho em estúdio em busca do melhor resultado foi extenuante, e recomendo assistir o episódio da série televisiva “Classic Albums” sobre Hysteria para conferir isso melhor. No fim das contas deu certo, e, ao lado do produtor Robert John “Mutt” Lange, os caras conseguiram cunhar uma sonoridade única, que inclusive se tornaria uma espécie de “assinatura” de Lange (ouçam Waking Up the Neighbours, 1991, de Bryan Adams). Muito polido, açucarado? Ora, este é um disco desavergonhadamente pop mesmo, recheado de melodias grudentas, backing vocals em exaustão, camadas e mais camadas de guitarra e baladas. Baladas? A mais famosa no Brasil, “Love Bites”, sequer é um dos destaques, status que empresto à faixa-título, essa sim uma baladaça sensacional, de refrão perfeito e guitarras sutilmente fenomenais, cortesia da subestimada dupla Steve Clark/Phil Collen. Além dessa, ressalto ainda as irresistíveis “Animal”, “Armageddon It” e “Gods of War”, mas o álbum todo consiste em uma experiência musical única, que nem a própria banda conseguiria reproduzir, apesar de ter chegado perto emAdrenalize (1992).

Eudes: Um possível real concorrente para o disco de estreia do Guns N’ Roses. Rock pesado, ma non troppo, com um pé nas paradas de sucesso (sem problema, não é pecado), com riffs que descem muito bem, principalmente em uma tarde de sábado com os amigos roqueiros e barrigudos, entornando umas geladas. Na verdade, reouvirHysteria dá a impressão que o engravatado do marketing da gravadora fez uma pesquisa de mercado na área dos churrascos de sábado. Vamos reconhecer, nesse terreno o disco bate um bolão.

Fernando: O que o Whitesnake fez em 1987 o Def Leppard repetiu em Hysteria. Músicas com fácil aceitação para os rádios. “Love Bites” é tão açucarada que brincávamos que corria mel dos alto-falantes quando ela estava tocando, e isso que ela nem é “Pour Some Sugar on Me”.

João Renato: Muitos criticam este álbum por ele representar uma espécie de começo do fim para o Def Leppard. Sim, é um álbum pop. Como nenhuma banda de hard rock foi antes. E aí está sua maior qualidade. Todas as faixas possuem aquela pegada que as tornam acessíveis até à sua avó. E não há nenhum problema nisso. Ao contrário, quanto mais, melhor. Não à toa, muita gente começou a trilhar seus caminhos pelo rock por aqui.

Leonardo: Com 12 faixas e sete singles, Hysteria mais parece uma coletânea de sucessos do que um álbum de inéditas. Abandonando por completo o heavy metal do inicio da carreira e investindo em um hard rock com evidente apelo pop, repleto de melodias, teclados e baladas, o quinteto britânico alcançou o topo das paradas nos Estados Unidos. Mas apesar de alguns excessos, o disco é realmente excepcional, com riffs espertos, refrãos grudentos e melodias marcantes.

Mairon: Def Leppard nunca foi minha praia, principalmente pela superexposição da grudentíssima “Love Bites” (acho que fiquei traumatizado por conta da versão que o Yahoo fez para ela), que, não por acaso, faz parte deste multiplatinado e farofento álbum. Concebido para ser recheado de hits, o quinteto adicionou bateria eletrônica combinada com a voz marcante e influente de Joe Elliot, elementos símbolos dos anos 1980, trazendo baladas grudentas como “Women”, a faixa-título, “Animal” e a já citada “Love Bites”, riffs datados e consagrados, como em “Love and Affection”, “Pour Some Sugar on Me” e “Don’t Shoot Shotgun”. Ver o documentário da série “Classic Albums” sobre Hysteria mostra toda a pretensão que o grupo almejou com ele, que, ao meu ver, só merece estar aqui porque vendeu muito, já que houve outros bem melhores e tão importantes quanto nesse ano (vide U2 e REM).

Ulisses: Não curto nem um pouco esse pop/hard rock que o Def Leppard faz, portanto vou deixar os comentários nas mãos dos meus colegas. Mas gosto muito do fato de que a banda foi fiel ao baterista Rick Allen, que perdeu o braço esquerdo em um acidente e teve de tocar em uma bateria adaptada a partir de então; amizade é uma dessa!


08 Abigail

King Diamond – Abigail (33 pontos)

André: Apesar de não ser um especialista em King Diamond e Mercyful Fate, conheçoAbigail há um bom tempo e já o ouvi algumas vezes. Tendo o que há de mais característico do Rei, como as histórias de terror, instrumental sempre em tonalidades mais graves com o baixo sempre aparecendo bem e aqueles seus amados e odiados falsetes, King Diamond gravou aquele que eu considero o melhor álbum de seu projeto solo. O instrumental é de bom gosto e nos mantém dentro do clima de uma história horrenda que é a “saga da Abigail”, com “The 7th Day of July 1777” sendo o ápice, em que LaFey mata sua esposa que o traiu incluindo o bebê Abigail em seu ventre, e “The Possession”, em que o espírito de Abigail possui Miriam e a mata por dentro. De boa, se as histórias de King Diamond virassem filmes, muitas calças borrariam mundo afora.

Bernardo: A voz não me agrada. Isso me impossibilita de comentar qualquer coisa que ele tenha gravado.

Bruno: Sempre tive muito preconceito com qualquer coisa feita pelo King Diamond por conta de não conseguir assimilar seu falsete vocal. Recentemente ouvi seus primeiros trabalhos solos e acabei me surpreendendo. Ao contrário do Mercyful Fate, ele emprega muito bem essa característica, alternando-a com tons mais graves, de maneira que tudo se encaixa certinho com a temática de terror proposta. Confesso que nem fui atrás de saber da história conceitual por trás do disco, meu único interesse é a música, e o que me impressionou foi a qualidade das composições e o trabalho excelente de guitarras, casando riffs mais pesados com linhas bastante melódicas da dupla Andy LaRocque e Michael Denner. O atual Motörhead Mikkey Dee também faz um belíssimo trabalho nas baquetas.

Davi: Trabalho simplesmente excepcional. King Diamond, além de ser um ótimo performer e um bom cantor, é um cara extremamente criativo. Junta um cara desse com o destruidor Mikkey Dee e os geniais Andy LaRocque e Michael Denner e o que temos? Uma aula de heavy metal. Empolgante e sombrio, o LP melhora a cada audição. Já que os álbuns dele costumam ter uma historia por trás, é interessante que se escute do início ao fim para compreendê-lo melhor. Sempre fui fã de King Diamond e considero este disco um dos pontos altos de sua (ótima) discografia.

Diogo: Talvez em nenhum momento desta série eu tenha tirado de minha lista pessoal, em tão última hora, um disco que tinha como inclusão certa. Foi o caso deAbigail, substituído por Second Heat (Racer X) aos 45 do segundo tempo. O que isso quer dizer? Bem, no máximo que Second Heat é um excelente álbum, mas isso não diminui uma vírgula meu apreço por aquele que concorre com Them (1988) ao título de melhor lançamento de King Diamond. Contando com uma formação fenomenal, que inclui um de meus guitarristas favoritos, Andy LaRocque, e o trator humano, Mikkey Dee, King criou uma obra conceitual que não colocou a música em segundo plano, como provam canções como “A Mansion in Darkness” (fenomenal) e a faixa-título, que soam isoladas tão bem quanto no contexto do álbum. Além dos discos como King Diamond contarem com um refino maior em relação ao Mercyful Fate, também são maiores as oportunidades para que o cantor utilize sua elasticidade vocal, interpretando diferentes personagens e transmitindo emoções distintas conforme suas histórias pedem. Não me surpreende a inclusão de Abigail nesta lista pois, além de outros destaques, como “Arrival, “The Family Ghost” e “Black Horsemen”, sei que o grupo sempre teve uma base de fãs considerável, refletida neste site. Como disse um amigo ex-lojista certa vez: disco do King Diamond não fica na parede, vende logo.

Eudes: Um problema dessas bandas heavy em relação ao comentarista é que só agora as estou conhecendo. Até achei bem interessante este Abigail. Questão é que não tenho termo de comparação para me decidir sobre a presença dele nesta lista. Mas vá, me diverti ouvindo. Let it be.

Fernando: Sempre disse que meu preferido do Rei Diamante é The Eye (1990), mas entendo o motivo por Abigail ser tão exaltado pelos fãs. A história contada em seus sulcos foi a primeira que entendi completamente, antes mesmo da de The Eye. Isso é da época em que meu inglês era bastante arcaico e só tinha o dicionário inglês/português e bastante tempo disponível. Os tons altíssimos alcançados por King na faixa título têm efeitos até hoje nas minhas pobres cordas vocais.

João Renato: A discussão sobre o que é melhor entre o Mercyful Fate e a banda de seu frontman é eterna. Mas não dá para negar que foi na segunda opção que King Diamond criou tramas inesquecíveis, com uma mistura de terror e ironia especiais.Abigail é a mais envolvente e climática delas, transferindo o ouvinte para o local onde ela se passa e despertando reações e sensações marcantes.

Leonardo: Ainda considero o disco anterior, Fatal Portrait (1986), e o posterior,Them, as duas obras primas da carreira solo de King Diamond, mas Abigail também é um disco excelente. A voz  incomum do cantor dinamarquês pode até assustar o ouvinte em uma primeira audição, mas os riffs e solos do guitarrista Andy LaRocque são satisfação garantida. Há ainda o trabalho espetacular de bateria de Mikkey Dee, hoje no Motörhead, e toda a trama conceitual, que daria um belo filme de terror.

Mairon: Os discos do Mercyful Fate que pintaram nesta série me agradaram, e foi com boas expectativas que fui conferir Abigail, e confesso que não tive a mesma sensação.Abigail é um álbum pesado, contendo as dezenas de vozes que o Rei Diamante sabe exalar de sua garganta, forte inspiração na NWOBHM e boas canções como “Arrival” e “The 7th Day of July 1777″, mas a história da carochinha e o estilo fritador de Andy LaRocque não me agradaram. É bom de ouvir e tal, continuo pensando em buscar a discografia do Mercyful Fate, mas não é o o LP que me fez ter vontade de conhecer mais da carreira de King Diamond.

Ulisses: Primeiro dos discos conceituais de King Diamond, Abigail é também o mais famoso álbum do Rei, trazendo composições fantásticas e a excelência musical da dupla Andy LaRocque e Michael Denner. Como todo disco capitaneado por Kim Petersen, seus vocais são do tipo “ame ou odeie”; para os que desejam descobrir de que lado estão,Abigail é uma ótima porta de entrada.


09 Into the Pandemonium

Celtic Frost – Into the Pandemonium (33 pontos)

André: Este álbum já marca o pioneirismo de ser um dos primeiros registros a unir heavy metal com música sinfônica, criando um embrião daquilo que seria o gothic e o symphonic metal, mais popularizado cerca de dez anos depois do lançamento deste disco. Tirando o cover ruim de “Mexican Radio” do Wall of Voodoo, e a mais fraca “Sorrows of the Moon”, o álbum se destaca com “Inner Sanctum”, “Babylon Fell” e “I Won’t Dance”. Meu preferido deles é Monotheist (2006), mas Into the Pandemonium é um disco agradável. No mais, urgh!

Bernardo: Celtic Frost chama definitivamente atenção porque não dá para chamar os sujeitos de conformados. Os suíços já tocaram um black metal tosquíssimo na época do Hellhammer, passaram pelo death e pelo thrash metal, e aqui neste álbum, um distanciamento maior ainda, já mexendo com metal industrial e música clássica. Resultado interessante, não me arrebata mas me causa admiração o inconformismo. Os sujeitos só não devem ter causado mais revolta entre os headbenze que o Metallica. Imagina que louco se o Whiplash! existisse na época do Cold Lake (1988)!

Bruno: Por puro preconceito, nunca havia escutado nada do Celtic Frost. Quando pus este disco pra tocar, foi um choque. Resolvi ouvir tudo que a banda tinha feito até então, e gostei ainda mais. Curioso o rótulo de black metal dado ao trio suíço, já que o som não tem nada a ver com Mayhem, Bathory ou Burzum. A banda já havia dado um salto gigantesco de diferença em relação ao Hellhammer, mesmo no primeiro disco,Morbid Tales (1984), com uma pegada mais técnica e mais cabeçuda. Se com To Mega Therion (1985) o Celtic Frost conseguiu sua obra-prima, em Into the Pandemonium foi além, expandindo ainda mais os horizontes e incluindo elementos de pós-punk, metal industrial e até música erudita. Os fãs radicais, claro, odiaram. Mas a banda só provou que consegue fazer som extremo de maneira inteligente e anticonvencional, afinal, o preceito básico do rock é esse, certo?

Davi: Banda extremamente cultuada, mas não sou muito fã, não. Acho esse vocalista meio chato. Não curti.

Diogo: Ver o Celtic Frost nesta série é uma daquelas alegrias que fazem valer a pena o trabalho de conduzi-la. Tenho um apreço muito especial pelo grupo e achei uma pena que seu melhor disco, To Mega Therion, não tenha dado as caras na edição dedicada a 1985. Ao menos posso afirmar o quanto considero Into the Pandemonium um álbum sensacional, adiantando em vários anos os rumos que o metal extremo tomaria, diversificando seu espectro musical de maneira muito mais interessante que os subestilos mais tradicionais do heavy metal. Além de ser um de meus compositores favoritos, Thomas Gabriel Fischer é um dos raros artistas aos quais dedico o rótulo de “gênio”, pois suas experiências estilísticas sempre me cativam de forma incomum. Orquestrações (“Rex Irae” e “Oriental Masquerade”), vocais femininos, thrash metal (“Inner Sanctum”), versatilidade vocal (ouçam “Mesmerized” e “Babylon Fell”), um flerte pop (“I Won’t Dance”) e até um cover que é pura ironia (“Mexican Radio”) configuram-se em tacadas certeiras. Mesmo a loucura eletrônica de “One in Their Pride” não soa deslocada em um álbum tão diversificado quanto Into the Pandemonium. O retorno da banda na década passada pode ter gerado apenas um álbum, mas felizmente hoje em dia Tom conduz uma das formações mais essenciais em atividade, o Triptykon.

Eudes: Ouvi Into the Pandemonium pela primeira vez para compor estas maltraçadas. Não me chamou particularmente a atenção. Como na maior parte do que se fez na área e nessa década, se destaca mais pela excelência das execuções, embora sem nada que possa ser chamado de grau de dificuldade, do que pela qualidade em si das composições. Passa bem pela audição, mas pouco fica.

Fernando: Gosto de Morbid Tales e de To Mega Therion e acredito que esse último poderia ter entrado na edição da série dedicada a 1985, mas Into the Pandemoniumnão se compara a outros desta lista.

João Renato: Tom Warrior sempre fez questão de se declarar avesso a rótulos. E isso fica claro em toda a carreira do Celtic Frost, já que o grupo possui uma discografia ampla demais para ser classificada meramente como metal extremo e suas subdivisões. Exemplo disso é Into The Pandemonium, sombrio, denso e mostrando uma criatividade que faltava à maioria dos seus pares da época.

Leonardo: Dando sequência ao já revolucionário To Mega Therion, o Celtic Frost retornou com um disco ainda mais ousado, que misturava thrash metal, música gótica industrial e vocais líricos femininos. Uma mistura improvável, mas que se mostrou sensacional e repleta de classe nas mãos de Tom G. Warrior, Martin Ain e Reed St. Mark. Essencial para entender o metal extremo contemporâneo.

Mairon: Confesso que esperava outra coisa deste disco, mais pesadão e thrasher, mas “Mexican Radio” foi uma decepção, lembrando os piores momentos do Judas Priest. A partir de então, temos um apanhado de canções irregulares, e um lado B tenebroso, com elementos clássicos (“Oriental Masquerade”) e pitadas de industrial que lembram Ministry (a terrível sequência “One in Their Pride”, “I Won’t Dance” e “Rex Irae (Requiem)”), em uma tentativa de soar grande que não agrada. “Inner Sanctum” e “Babylon Fell” são as que se escapam, com o black metal que consagrou o grupo nos dois álbuns anteriores bem empregado. Para quem ouve To Mega Therion é uma decepção, assim como ver Into the Pandemonium nesta lista, no lugar de clássicos como The Joshua Tree (U2) ou Document (R.E.M.).

Ulisses: Eu não entendo muito de Celtic Frost, mas fiquei confuso quando vi que faixas razoavelmente boas como “Inner Sanctum”, “Babylon Fell” e “Caress Into Oblivion” conviviam com “Mexican Radio”, “Mesmerized” e “One in Their Pride” (na moral, que p… é essa?). O disco tem bons momentos, mas não acho que mereça estar entre os dez melhores do ano. Passo.


10 Taking Over

Overkill – Taking Over (32 pontos)

André: Tenho este disco, que comprei em um sebo faz alguns anos para conhecer melhor a banda. No geral, sempre achei o thrash metal do Overkill básico, mas competente. É aquela banda que nunca vai te decepcionar, mas também é difícil encontrar um álbum que vai te fazer pirar o cabeção. Minha faixa preferida daqui é “Electro-Violence” que possui o refrão mais marcante entre todas.

Bernardo: Essa é uma banda de momentos. Algumas músicas são muito boas. A maioria é o thrash metal de sempre. Mesmo aquele que considero o melhor disco dos caras, The Years of Decay (1989), ainda não considero grande coisa. Posto isso, a única que lembro depois de ouvir é “In Union We Stand”, com um grande refrão.

Bruno: De todas as bandas clássicas do thrash metal, o Overkill é a única que se manteve em atividade durante todo esse tempo, e sem mudar o seu som. E mesmo assim, considero-o um grupo subestimado do gênero. Tudo bem, o esquema aqui não tem muito segredo: riffs, guitarras duelando, bateria rápida e vocal esculachado.Taking Over talvez seja o melhor disco da banda, trazendo a crueza de sua primeira fase com uma produção superior à de Feel The Fire (1985) e composições bem melhores, dando início a melhor fase da banda, que terminaria em 1991, comHorrorscope.

Davi: Banda clássica da cena thrash oitentista. O som dos caras é pesadão, com arranjos de acordo com a época. Os músicos são bem competentes. Típico álbum sobre o qual já havia lido bastante e já visto indicação em várias publicações, mas nunca tinha parado para ouvir. Achei bacana, mas o cara não serve pra gritar, não…

Diogo: Sempre considerei o Overkill uma banda do segundo escalão do thrash metal. Não me entendam mal, o grupo do vocalista Bobby “Blitz” Ellsworth e do baixista D.D. Verni lançou discos muito legais e é responsável por algumas músicas que merecem status de clássico, mas não deixa de me surpreender sua presença nesta edição da série. Taking Over é um bom disco, e destaco, como diferencial, sua pegada mais tradicional, algo que fica bem claro em “In Union We Stand”, que soa como um Manowar mais thrash, não apenas pela letra. O guitarrista Bobby Gustafson não é nenhum Eric Peterson (Testament) ou Gary Holt (Exodus), mas manda ver em bons riffs que ajudam a construir algumas canções muito boas, caso de “Wrecking Crew”, que acabou se tornando simbólica para o grupo em sua relação com os fãs, “Powersurge” e “Electro-Violence”. Mesmo quando a banda se aventura em faixas mais longas, caso de “Fatal If Swallowed” e “Overkill II (The Nightmare Continues)”, não perde o fio da meada, tornando a audição de Taking Over uma experiência homogeneamente agradável. Penso, porém, que o thrash metal seria melhor representado em 1987 por The Legacy (Testament) ou Terrible Certainty (Kreator).

Eudes: Como no caso de King Diamond, não me fez mal Overkill, foram alguns minutos agradáveis. Depois esqueci o que tinha escutado mesmo. Mas acredito sinceramente que tudo se deva a um ouvido destreinado.

Fernando: O thrash metal da Bay Area é quase um estilo separado dos outros e o Overkill consegue soar como aquelas bandas mesmo sendo do outro lado do país. O álbum preferido de todos os fãs da banda.

João Renato: Apesar de ter votado neste disco, confesso que não esperava que ele ficasse entre os dez mais lembrados. O que mais me chama atenção na fase inicial do Overkill é como o grupo colocava influências de heavy metal tradicional em seu thrash. “In Union We Stand” poderia facilmente ser uma música do Manowar. Fora isso, temos um desfile de faixas vigorosas, verdadeiros convites para o headbanging e o air guitar.

Leonardo: O Overkill é provavelmente a banda mais subestimada do thrash metal mundial. Um dos pioneiros do estilo, o grupo tem lançado discos com uma frequência muito maior do que os medalhões do gênero, com uma qualidade constante, e nem assim conseguiu alcançar o status de grupos como Slayer e Megadeth. Uma pena, pois qualidade eles sempre tiveram de sobra, como este espetacular Taking Overcomprova. Um dos melhores discos do thrash metal norte-americano, o álbum apresenta a classe do heavy metal clássico unida à energia e a potência do punk e do hardcore. Escute “Deny the Cross” ou “Powersurge” e comprove.

Mairon: O thrash metal já era uma realidade em 1987. Metallica, Slayer, Megadeth, Anthrax e Exodus haviam lançado álbuns essenciais, e, escondidos sob as gigantes garras desses monstros sagrados, diversos outros nomes pipocavam mundo afora. Um deles foi o Overkill, que faz uma linha muito veloz em seu instrumental, só que o vocal Bobby Ellsworth serviria mais para uma banda da NWOBHM do que para o thrash. Não posso dizer que não gostei do disco, cujo principal destaque é o guitarrista Bobby Gustafson, com sua velocidade típica do estilo e elevando o nível nos solos de “Wrecking Crew” e “Fatal If Swallowed”, mas não é um graaaaaaaaande álbum para 1987. The Joshua Tree (U2), com seus inúmeros clássicos, ou apenas a presença de “The One I Love”, em Document (R.E.M.), já fazem com que esses dois discos merecessem ter entrado no lugar de Taking Over.

Ulisses: Heh, os vocais de Bobby Ellsworth são bem entretivos e o disco traz bons riffs e solos, mas não achei nada excepcional.


Listas individuais

André Kaminski11 Dream Runner

  1. Whitesnake – Whitesnake (1987)
  2. Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
  3. Phenomena – Dream Runner
  4. TNT – Tell No Tales
  5. Helloween – Keeper of the Seven Keys Part I
  6. Gringos Locos – Gringos Locos
  7. Joe Satriani – Surfing With the Alien
  8. Software – Syn-Code
  9. Rush – Hold Your Fire
  10. Outer Limits – The Scenes of Pale Blue

Bernardo Brum12 Sister

  1. Dinosaur Jr. – You’re Living All Over Me
  2. Sonic Youth – Sister
  3. Tom Waits – Frank’s Wild Tears
  4. The Smiths – Strangeways, Here We Come
  5. R.E.M. – Document
  6. The Jesus and Mary Chain – Darklands
  7. Big Black – Songs About Fucking
  8. Butthole Surfers – Locust Abortion Technician
  9. U2 – The Joshua Tree
  10. Michael Jackson – Bad

Bruno Marise13 War All the Time

  1. Dinosaur Jr. – You’re Living All Over Me
  2. Poison Idea – War All the Time
  3. Anthrax – Among the Living
  4. Dag Nasty – Wig Out at Denko’s
  5. Meat Puppets – Huevos
  6. Overkill – Taking Over
  7. Hüsker Dü – Warehouse: Songs and Stories
  8. The Replacements – Pleased to Meet Me
  9. The Cult – Electric
  10. Suicidal Tendencies – Join the Army

Davi Pascale14 The Joshua Tree

  1. Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
  2. Def Leppard – Hysteria
  3. U2 – The Joshua Tree
  4. Aerosmith – Permanent Vacation
  5. Michael Jackson – Bad
  6. Ace Frehley – Frehley’s Comet
  7. King Diamond – Abigail
  8. The Cult – Electric
  9. INXS – Kick
  10. George Michael – Faith

Diogo Bizotto15 Scream Bloody Gore

  1. Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
  2. Death – Scream Bloody Gore
  3. Candlemass – Nightfall
  4. Whitesnake – Whitesnake (1987)
  5. Bruce Springsteen – Tunnel of Love
  6. Celtic Frost – Into the Pandemonium
  7. U2 – The Joshua Tree
  8. Testament – The Legacy
  9. Helloween – Keeper of the Seven Keys Part I
  10. Racer X – Second Heat

Eudes Baima16 Poem of the River

  1. Felt – Poem of the River
  2. Hüsker Dü – Warehouse: Songs and Stories
  3. Michael Jackson – Bad
  4. The Jesus and Mary Chain – Darklands
  5. Win Mertens – The Belly of an Architect (Trilha Sonora Original)
  6. John Zorn – Spillane
  7. Charly García – Parte de La Religión
  8. Belchior – Melodrama
  9. Prince – Sign ‘O’ the Times
  10. Faith No More – Introduce Yourself

Fernando Bueno17 Future World

  1. Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
  2. Helloween – Keeper of the Seven Keys Part I
  3. King Diamond – Abigail
  4. Whitesnake – Whitesnake (1987)
  5. Pretty Maids – Future World
  6. Anthrax – Among the Living
  7. White Lion – Pride
  8. Kreator – Terrible Certainty
  9. Sodom – Persecution Mania
  10. Candlemass – Nightfall

João Renato Alves18 Fireworks

  1. Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
  2. Anthrax – Among the Living
  3. Def Leppard – Hysteria
  4. Helloween – Keeper of the Seven Keys Part I
  5. Pretty Maids – Future World
  6. Bonfire – Fireworks
  7. Overkill – Taking Over
  8. The Cult – Electric
  9. King Diamond – Abigail
  10. Candlemass – Nightfall

Leonardo Castro19 Hall of the Mountain King

  1. Celtic Frost – Into the Pandemonium
  2. Overkill – Taking Over
  3. Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
  4. Anthrax – Among the Living
  5. Whitesnake – Whitesnake (1987)
  6. Savatage – Hall of the Mountain King
  7. Faster Pussycat – Faster Pussycat
  8. Agent Steel – Unstoppable Force
  9. Def Leppard – Hysteria
  10. Helloween – Keeper of the Seven Keys Part I

Mairon Machado20 Recuerdos de la Alhambra

  1. Whitesnake – Whitesnake (1987)
  2. Narciso Yepes – Recuerdos de la Alhambra
  3. Roger Waters – Radio K.A.O.S.
  4. R.E.M. – Document
  5. Viper – Soldiers of Sunrise
  6. U2 – The Joshua Tree
  7. Vitor Ramil – Tango
  8. Madredeus – Os Dias da MadreDeus
  9. The Cult – Electric
  10. Guns N’ Roses – Appetite for Destruction

Ulisses Macedo21 Mystification

  1. Viper – Soldiers of Sunrise
  2. Helloween – Keeper of the Seven Keys Part I
  3. Manilla Road – Mystification
  4. Anthrax – Among the Living
  5. King Diamond – Abigail
  6. Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
  7. Candlemass – Nightfall
  8. Dio – Dream Evil
  9. Pink Floyd – A Momentary Lapse of Reason
  10. Manowar – Fighting the World

2 comentários sobre “Melhores de Todos os Tempos: 1987

  1. Dessa vez não comentarei sobre nenhum disco analisado nessa lista de 1987, mas gostaria de focar numa ausência notável específica, que é A Momentary Lapse of Reason, do Pink Floyd. Primeiro álbum da fase dita como “pós-Roger Waters” (a última da banda) e com David Gilmour no comando de tudo, se tornou um dos meus trabalhos preferidos deles junto com o sucessor The Division Bell (de 1994) e os clássicos da década de 70. O sucesso desse álbum foi quase tão grande quanto o de The Dark Side of the Moon e seus sucessores Wish You Were Here, Animals e The Wall, e Gilmour mostrou dignamente ao público que o Pink Floyd não precisava mais da companhia de Waters para continuar a ser relevante na história da música, por mais que Waters na época imaginasse o contrário e lançava suas farpas contra seus agora inimigos e ex-companheiros. A turnê de AMLoR foi tão bem aceita e até lucrativa para a banda, que resultou no disco ao vivo e no DVD (na época fita VHS) Delicate Sound of Thunder (1988), onde quase todas as faixas do disco em questão foram muito tocadas nos palcos e com grande aclamação do público, como “Learning to Fly”, “The Dogs of War”, “Sorrow”, “One Slip” e, em especial, “On the Turning Away” (minha canção favorita da Era Gilmour). Enfim, é muito bom saber que a galera hoje está ouvindo AMLoR com outros ouvidos e reconhecendo este trabalho como um dos melhores lançados pelo Pink Floyd em toda a sua história, apesar de não contar mais com Waters em seu line-up e de todas as tretas judiciais que envolveram a banda antes mesmo de AMLoR começar a ser gravado.

    De minhas citações não citarei o disco homônimo do Rei Roberto Carlos de 1987 por causa de um problema que ele se envolveu na época por conta de uma das canções nele contidas ser vista como um plágio de outra canção: “O Careta” (procurem essa história no Google e se surpreendam), que acabou se destacando negativamente em meio a tantas outras pérolas lindas como “Águia Dourada”, “Coisas do Coração”, “Menina” e “Antigamente era Assim”. Só afirmo que por conta dessa polêmica, “O Careta” foi retirada do catálogo de canções gravadas pelo Rei e o álbum passou de 10 para 9 faixas. Um pouco de informação faz bem, não é mesmo?

    Por outro lado, o ano de 1987 foi muito bom para o meu ídolo francês Richard Clayderman, que havia completado 10 anos de carreira e uma discografia invejável em tão pouco tempo. Ele lançou três discos neste ano: o primeiro, intitulado “Eléana” com composições de seus produtores; o segundo é “Songs of Love” com arranjos instrumentais para canções românticas de outros intérpretes tal como costuma fazer até hoje; e o terceiro, dedicado aos fãs brasileiros (dos quais faço parte), intitulado “Emoções” – sim, aquela canção de Roberto Carlos – disponibilizado em duas versões: em LP/K7 com 12 faixas, e em CD com 16 faixas (que é a que eu tenho na minha enorme coleção).

    Agora sim, eu fui bem direto nessa vez… Retornarei ainda mais “venenoso” para comentar sobre 1988!

  2. Acho que nunca tinha tido uma lista tão diferente da dos consultores quanto esta de 1987. Quando elaborava a minha, tinha certeza de que o GN’R ia ser o primeiro colocado da lista da Consultoria; tirando o Whitesnake e o Anthrax, os demais eu não esperava. Considero o “Apettite…” um disco essencial para conhecer o rock dos anos 80, mas já faz anos que ele não frequenta minha lista. No ano de 1988, quando ouvi o LP até quase furar, ele teria sido, mas hoje ele já não tem mais a mesma graça para mim, e o motivo é não ter saco para os grasnados de Axl. O dia que sair uma versão com remix instrumental do disco eu volto a ouvir o Guns… Minha lista saiu assim:
    1) Document – R.E.M.
    2) The Joshua Tree – U2
    3) Clutching at Straws – MARILLION
    4) Whitesnake – WHITESNAKE
    5) Warehouse: Songs and Stories – HÜSKER DÜ
    6) In the Dark – GRATEFUL DEAD
    7) Floodland – SISTERS OF MERCY
    8) Electric – THE CULT
    9)Diesel and Dust – MIDNIGHT OIL
    10) Surfing With the Alien – JOE SATRIANI
    No mais, destaque absoluto para o álbum do Pretty Maids, que rolou muito no meu toca-discos naquela época e hoje só consigo ouvir em MP3…

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