The Haunted – The Dead Eye [2006]

The Haunted – The Dead Eye [2006]

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Por André Kaminski

O The Haunted surgiu em 1996, das cinzas do, na época, finado At the Gates. Falando um pouco sobre essa última banda, esta foi uma das pioneiras de um novo subgênero chamado Melodic Death Metal, vinda diretamente de Gotemburgo na Suécia, onde junto com bandas como Dark Tranquility e In Flames, misturaram melodias características das bandas de Power Metal junto aos guturais e a agressividade vindas do Death Metal. Esta nova sonoridade fez a cabeça de muita gente na época e influenciou diversas outras bandas na atualidade tais como Children of Bodom, Arch Enemy, Soilwork e muitas outras. O At the Gates continua muito bem visto e suas idas e vindas são muito apreciadas principalmente pelos seus fãs europeus.

the-haunted-the-dead-eye-i1714Voltando ao sueco The Haunted, banda fundada pelos gêmeos Anders Björler e Jonas Björler, esta apesar de ter um relativo sucesso, nunca conseguiu sair muito da sombra da antiga banda. Tirando o disco rEVOLVEr (2004), boa parte dos outros trabalhos são vistos com certo receio, principalmente pelos velhos fãs do At the Gates. Dou certa razão a eles. O estilo da banda mudou e seus álbuns não seguiram ao menos o nível de qualidade esperado. Made Me Do It(2000) e One Kill Wonder (2003) são discos que ouvi e que não me despertaram muita atenção. Quando adquiri uma grande coleção de CDs de um colecionador que estava vendendo no Mercado Livre, este The Dead Eye(2006) veio junto. Como não conhecia muito bem a banda na época, acabei por me interessar em verificar o que os suecos produziram. Infelizmente, minha impressão não foi das melhores.

Contando na época com Peter Dolving (vocais e que também assina todas as letras), Anders Björler (guitarras), Patrik Jensen (guitarras), Jonas Björler (baixo) e Per M. Jensen (bateria), The Dead Eye é um álbum tendo o Melodic Death Metal como base e o Thrash Metal como complemento. Ao ouvir este disco, passa-se a impressão que a situação interna da banda, principalmente entre Peter Dolving e os gêmeos, já não andava nada boa, como veio com a separação do vocalista e trocas de farpas entre eles pela internet alguns anos depois. Como resultado, ouço um álbum que mantém uma linearidade mediana com alguns poucos bons momentos. O disco é conceitual e conta a história de um possível lunático em um hospício pronto para sofrer uma eutanásia.

Abrindo com “The Premonition”, temos então boas guitarras que dão bastante peso às canções. O único problema dessas guitarras é que esses mesmos riffs e esta mesma tonalidade é praticamente repetida em quase todo o disco. No começo é comum se impressionar com o peso, mas chega um ponto em que estes riffs cansam os ouvidos. Ao menos lá na 8ª música, eu já estava entediado com estas mesmas guitarras. Sendo que o álbum possui 15 faixas, é pouco menos de 50% ainda para ouvir. E se o álbum cansa tão cedo assim, é um mal sinal.

“The Flood” surge com guitarras bem melodeaths e com alguns vocais mais limpos por parte de Dolving. Faixa sem muito destaque. “The Medication” possui uma boa velocidade instrumental, mas os efeitos sintéticos nos vocais de Dolving me tiraram o apreço pela música. Já “The Drowning” é uma faixa melhor, levada no baixo e que apesar de se utilizar de novo de efeitos nos vocais esta me parece melhor composta. Mas o nível volta a cair em “The Reflection”, em que o excesso de variações instrumentais que tiram a linearidade da música chega a cansar. As coisas não melhoram em “The Prosecution”, onde as mesmas quebras instrumentais da música anterior tornam a música muito previsível quando deveria ocorrer o contrário.

A música “The Fallout” tem bons efeitos de sintetizadores que deram uma arejada boa nessa parte do disco. Peter Dolving usa muito os vocais limpos e os screams característicos dos discos de melodeath aparecem bem menos. Mas é justamente estes que voltam bem na faixa “The Medusa”, em que ele varia bastante entre vocal limpo e agressivo, sendo aí a primeira música que considero como ótima. Após as atmosferas criadas em “The Highwire”, o nível novamente sobe com “The Shifter” que é a melhor do disco e que contém os melhores riffs de guitarra do álbum. Mas infelizmente, o que é bom dura pouco: “The Cynic” me fez pensar estar ouvindo Linkin Park. E isso, definitivamente, não é uma boa coisa pelo menos para a minha pessoa.

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Mais uma faixa mediana com “The Failure” e então o melodeath da linha At the Gates aparece em “The Stain”. Boa música, ao menos não esperava nesse momento encontrar mais alguma coisa boa nesse disco que se encaminhava para o final. Em um instrumental mid-tempo, “The Program” teve suas letras canceladas de acordo com o encarte (que simula relatórios médicos e esta estava toda riscada de caneta Bic). Emendando com a final “The Guilt Trip”, a eutanásia finalmente ocorre após uma longa jornada até o fim.

Uma das coisas que me incomodaram nesse disco é a ausência total e completa de solos de guitarra. Não sei se é uma característica da banda ou o fato de Anders Björler não gostar de fazê-los. Mas fizeram muita falta ao menos para quebrar um pouco os riffs repetitivos que se ouve em todo o disco. Outra coisa é que as letras de Peter Dolving não me interessaram em acompanhar com atenção. Em nenhum momento me senti imerso na mente do doente mental que é o suposto tema do disco. Se ao menos as músicas não foram grande coisa, pelo menos a história poderia interessar, mas nem isso.

De forma geral, The Dead Eye me decepcionou bastante. Para uma banda com uma quantidade grande de ouvintes, esperava que saísse coisa melhor. Nesse disco, por enquanto, não rolou para mim.

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Track list

1. The Premonition
2. The Flood
3. The Medication
4. The Drowning
5. The Reflection
6. The Prosecution
7. The Fallout
8. The Medusa
9. The Highwire
10. The Shifter
11. The Cynic
12. The Failure
13. The Stain
14. The Program

 

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