Epica – The Divine Conspiracy [2007]

Epica – The Divine Conspiracy [2007]

The_Divine_Conspiracy

Por André Kaminski

Quando o Epica lançou este álbum em 2007, a banda já estava famosa em todo o mundo graças aos dois ótimos discos anteriores. O mundo já havia percebido as qualidades de composição da banda tendo como mentor e líder o guitarrista Mark Jansen, que havia saído do After Forever por divergências com relação aos rumos da banda (que queria um estilo mais direto e pesado, enquanto Mark preferia um estilo mais sinfônico). O quinto álbum do Epica, The Divine Conspiracy, era muito aguardado pelos recentes fãs da banda, que esperavam por novas músicas principalmente pela bela voz de Simone Simons, apesar do curto espaço de tempo entre os álbuns.

O Epica atravessava um momento muito bom, tocando em vários países e ampliando cada vez mais o público que assistia aos seus shows. O álbum de estréia, The Phantom Agony,surpreendeu quando uma adolescente ruiva de apenas 17 anos embasbacava a muitos com um ótimo vocal lírico, participação ativa nas composições e uma beleza física ainda mais chamativa. O seu sucessor Consign to Oblivion continuava na linha Symphonic Metal, embora seja considerado mais leve que seu antecessor, prosseguia na ascendência da banda no cenário Heavy Metal.

Após a saída de Jeroen Simmons e com Ariën Van Weesenbeek como baterista contratado (vindo longo em seguida a ser efetivado na banda) e tendo na época Simone Simons (vocais), Mark Jansen (guitarra, vocal gutural), Coen Janssen (teclados), Ad Sluijter (guitarra) e Yves Huts (baixo), além de contar algumas participações especiais, The Divine Conspiracy surpreende por ser o disco mais pesado que o Epica havia lançado até então. O impulso de energia dado pelo novo baterista e com Mark baixando o tom das guitarras, o Epica ao invés de seguir por caminhos mais voltados ao mainstream tal como o Lacuna Coil e o Within Temptation, opta por pesar ainda mais a sua sonoridade. Simone Simons, apesar de suas qualidades, usava sua voz de maneira limitada e exagerando no lírico e aqui começa a apresentar uma maturidade melhor e principalmente variando mais no uso da voz limpa e da lírica. Isto é um detalhe fundamental na evolução da sonoridade do Epica ao qual explorava melhor as qualidades da vocalista, além de até mesmo melhorar as suas performances nos shows em que dava outra cara às músicas.

Começando com as introduções de praxe, “Indigo – Prologue” inicia com as também tradicionais letras em latim que a banda costuma usar junto à orquestra dando a atmosfera da faixa. Logo em seguida, já vem a melhor música do disco e a melhor que a banda lançou na opinião deste autor: “The Obsessive Devotion” é uma música excelente, com pesados riffs de guitarra, orquestra muito bem encaixada, baixo pulsando forte e o duelo vocal de Simone com Mark ditando a música. Definitivamente uma das minhas músicas preferidas.

Prosseguindo com “Menace of Vanity”, outra música rápida que o Epica costuma nos brindar neste disco, principalmente com Simone e o coro cantando juntos no ótimo refrão. O baixista Yves Huts é um destaque nesse disco, com seu baixo sempre muito presente e dando um peso absurdo nas composições. Uma prova de que o baixo não precisa ficar escondido nas imensas camadas de teclado e orquestra que costuma permear as bandas de Symphonic Metal.

Em “Chasing the Dragon” temos um início acústico com cara de balada que depois se acelera no decorrer dos minutos. Simone sempre se destaca nas músicas mais lentas e sua voz soa de maneira suave e agradável. Esta é uma das primeiras canções em que Simone faz bastante uso de vocais limpos, tônica que continuaria sendo usada nos álbuns posteriores. O refrão de “Chasing the Dragon” é interessante porque sempre muda de ritmo instrumental, dando um cara diferente para cada vez que é tocado. Continuando, na talvez única faixa bastante criticada da banda, com “Never Enough”, que soa diferente e até um pouco deslocada do restante do álbum por ter, lá no fundo, uma esperança de single de sucesso. Não é uma música ruim, mas a maneira como foi colocada não a beneficia.

Após mais um curto interlúdio, Simone volta a utilizar primariamente de seus vocais líricos em “Death of a Dream”. Contando sempre com Mark fazendo as vozes guturais ou rasgadas, a música também se destaca pelo ótimo desempenho do coral lírico dando uma agressividade enorme, este liderado pela americana mais européia que existe (segundo as palavras da própria banda) Amanda Somerville, parceira de longo tempo no Epica.

“Living a Lie” cujo tema é a de um sujeito despedaçado pela ganância, possui um contraponto cristão que gera uma curiosa canção. O Epica também costuma incluir trechos nas canções que se assemelham a pregações religiosas. Nesse caso, chamou até mesmo um padre para fazer uma participação. “Fools of Damnation” já segue em uma linha de estilo oriental nas melodias. O eu-lírico representado na voz de Simone canção parece querer disputar poder com o eu-lírico de Mark. Seguindo em “Beyond Belief” há claramente uma posição de disputa entre ciência e religião na temática da canção. Há poucos solos de guitarra no disco e nesta música, felizmente, aparece um apesar de ser bem curto.

Sendo a única balada “verdadeira” do disco, “Safeguard to Paradise” fica restrita ao piano de Coen servindo como principal melodia. A única música de teor um pouco mais melancólico do que o restante das canções. Em “Sancta Terra”, temos novamente uma participação marcante de Amanda Somerville com seus belos vocais limpos, além de novamente a orquestra bem encaixada na combinação com as guitarras.

Para finalizar, mais uma das tradições da banda, sendo a música mais longa e com o mesmo nome do disco. “The Divine Conspiracy” é mais um daqueles épicos cheios de variações que a banda costuma compor. É a minha preferida dentre as longas músicas de encerramento dos álbuns do Epica.

Uma coisa que me chamou a atenção e que já critiquei algumas vezes em alguns escritos meus pela internet afora, é a produção límpida e perfeita das guitarras que o famoso Sascha Paeth costuma fazer em seus trabalhos mas em detrimento do baixo sempre simplório e ofuscado pelos outros instrumentos. No Epica e nesse álbum aconteceu diferente. O baixo de Yves dá força e peso em todas as canções. Adoro quando vejo meu subwoofer vibrar quando um disco possui fortes graves. É o que acontece por aqui. Logo, parabéns Paeth, nesse disco eu não tenho nada do que reclamar do senhor.

Apesar da fama e do status sempre crescente que a banda vem mantendo nos últimos anos, o Epica ainda viria a sofrer algumas baixas com a saída do guitarrista Ad Sluijter e do baixista Yves Huts. Mas o trio original Simone-Mark-Coen junto aos novos integrantes mantiveram o nível alto da banda e o Epica segue bem o seu caminho lançando álbuns consistentes e interessantes.

Track list

1. Indigo – Prologue
2. The Obsessive Devotion
3. Menace of Vanity
4. Chasing the Dragon
5. Never Enough
6. La’ Petach Chatat Rovetz
7. Death of a Dream
8. Living a Lie
9. Fools of Damnation
10. Beyond Belief
11. Safeguard to Paradise
12. Sancta Terra
13. The Divine Conspiracy

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