Cinco Discos Para Conhecer: Arjen Anthony Lucassen

Cinco Discos Para Conhecer: Arjen Anthony Lucassen

Arjen_Hammond

Por André Kaminski

Arjen Anthony Lucassen é um já veterano guitarrista nascido em 3 de abril de 1960, em Hilversum na Holanda. Ativo desde a década de 80, Arjen participou de algumas bandas holandesas como o já inativo Bodine e o velho Vengeance que em suas idas e vindas, continua lançando álbuns de Heavy Metal Tradicional tipicamente oitentista. Entretanto, Arjen se destacou mesmo em seus inúmeros projetos adotando uma linha mais Prog Metal, tendo o Ayreon como o principal carro-chefe.

Nesta lista estão alguns bons trabalhos que o holandês fez em sua carreira e que acredito que mereçam uma chance dos seus ouvidos metálicos. Acompanhem!


toe_cover_2000px-575x575Ayreon – The Theory of Everything [2013]

Com a ingrata tarefa de escolher apenas um álbum dos vários discos excelentes do Ayreon, optei por aquele que julgo o melhor e que inclusive foi o último lançado. Acompanhado do baterista Ed Warby, já há muitos anos tocando nos discos do Ayreon e com um time de convidados de fazer inveja a qualquer um que sonhe em fazer música, The Theory of Everything é um apanhado de canções contando a história de um jovem gênio da matemática aparentemente autista, mas que suas habilidades despertam o interesse de diversos outros personagens da história. Utilizando aquele Prog Metal com toques de Space Rock de sempre, este disco é a melhor coisa que já saiu da mente deste holandês. São muitas músicas (todas bem curtas) para se destacar, mas minhas preferidas são as três suítes “The Theory of Everything”, “The Teacher’s Discovery” (o professor descobre que o jovem é um gênio), “The Gift” (o professor vai falar ao pai que o filho dele é um gênio, ao que o pai menospreza), e “The Visitation” (ao que o pai se arrepende e se reconcilia com o seu filho para desvendar o segredo). Não há como deixar de mencionar o fato de Lucassen conseguir gravar com Keith Emerson (Emerson, Lake & Palmer), Rick Wakeman (Yes), Jordan Rudess (Dream Theater) nos teclados e Steve Hackett (Genesis) nas guitarras. Sem contar as ótimas interpretações de Marco Hietala (Nightwish), Cristina Scabbia (Lacuna Coil) e John Wetton (King Crimson e Asia) além de outros músicos. Com esse time é impossível sair algo ruim. E Lucassen não decepcionou seus fãs.

Músicos: Arjen Anthony Lucassen (guitarra, baixo, teclado, outros instrumentos), Ed Warby (bateria), vários músicos convidados

CD1 
PHASE I: SINGULARITY
1. Prologue: The Blackboard
2. The Theory of Everything part 1
3. Patterns
4. The Prodigy’s World
5. The Teacher’s Discovery
6. Love and Envy
7. Progressive Waves
8. The Gift
9. The Eleventh Dimension
10. Inertia
11. The Theory of Everything part 2

PHASE II: SYMMETRY

12. The Consultation
13. Diagnosis
14. The Argument 1
15. The Rival’s Dilemma
16. Surface Tension
17. A Reason To Live
18. Potential
19. Quantum Chaos
20. Dark Medicine
21. Alive!
22. The Prediction

CD2
PHASE III: ENTANGLEMENT

1. Fluctuations
2. Transformation
3. Collision
4. Side Effects
5. Frequency Modulation
6. Magnetism
7. Quid Pro Quo
8. String Theory
9. Fortune?

PHASE IV: UNIFICATION

10. Mirror Of Dreams
11. The Lighthouse
12. The Argument 2
13. The Parting
14. The Visitation
15. The Breakthrough
16. The Note
17. The Uncertainty Principle
18. Dark Energy
19. The Theory of Everything part 3
20. The Blackboard (reprise)


ambeon_fate_dreamer_2001-575x576Ambeon – Fate of a Dreamer [2001]

Lá pelos meados do ano 2000, uma adolescente de 14 anos chamada Astrid Van der Veen havia lançado um álbum solo chamado Beautiful Red, contendo composições próprias somente com voz e piano. Um conhecido da cantora enviou o disco a Arjen Lucassen que apesar de não ter o costume de ouvir demos e discos independentes, resolveu botar para tocar. Impressionado com a voz daquela menina, Arjen logo entrou em contato e ofereceu a Astrid a oportunidade de cantar em algumas músicas (possivelmente em um próximo álbum do Ayreon). Mas as coisas caminharam de outra maneira e Arjen quis fazer um álbum completo diferente do Ayreon, em que combinava música ambiente, atmosferas progressivas e sons eletrônicos junto a algumas poucas guitarras enquanto Astrid cuidava das letras e dos vocais. O projeto chamado Ambeon obteve bastante repercussão na Europa, ao mesmo tempo que a fama repentina virou a vida de Astrid pelo avesso. O single “Cold Metal” foi bastante elogiado sendo a melhor faixa do disco com a ótima variação vocal de Astrid junto as atmosferas e as ótimas guitarras (mais presentes nesta faixa que nas outras) de Arjen Lucassen. Destacaria também “Lost Message” com excelentes atmosferas junto a alguns solos de violino, além de “Surreal” com um ótimo solo de violão que se diferencia das demais do álbum. O holandês disse em entrevistas recentes que não gosta de muitas coisas do disco, mas que este tem bons momentos. Já os fãs do Ayreon o elogiam muito e não raro pedem a Arjen para retornar com o projeto. Difícil, mas estamos no aguardo.

Músicos: Arjen Anthony Lucassen (guitarra, teclado), Astrid Van der Veen (vocais), Walter Latupeirissa (baixo), Stephen van Haestregt (bateria), John McManus (flauta, gaita irlandesa).

  1. Estranged
  2. Ashes
  3. High
  4. Cold Metal
  5. Fate
  6. Sick Ceremony
  7. Lost Message
  8. Surreal
  9. Sweet Little Brother
  10. Dreamer

StarOne_Victims_2010-250x250Star One – Victims of the Modern Age [2010]

Lucassen é fascinado por ficção científica e o Star One veio para suprir essa lacuna com a adição de mais peso. Este trabalho é uma forma de escrever material menos sério e mais despreocupado com a história, diferente do Ayreon em que cada conceito é pensado nos mínimos detalhes. O Star One é outro projeto de Arjen que estava parado há bastante tempo e que os fãs pediam insistentemente que um segundo álbum fosse lançado. Este segundo disco Victims of the Modern Age se foca mais na mistura de Prog Metal com algumas experimentações típicas de Space Rock (tal como alguns discos do Ayreon, mas com mais foco no peso do Metal aqui). Os riffs pesadíssimos de “Earth That Was” me encantam, assim como a sua cozinha de baixo e bateria. “Cassandra Complex” me cativa com suas atmosferas de teclado aliado a riffs de guitarra que me dão a impressão de estar ouvindo algum disco do Symphony X (e a impressão fica forte mesmo porque Russell Allen canta nesta mesma canção). Ainda dá para se citar como destaques: “Digital Rain” com uma bela atmosfera inicial de sintetizadores para depois descambar no peso das guitarras e “24 Hours” com os quatro vocalistas convidados cantando na mesma faixa. Assim como o Ayreon, o time de convidados formado por nomes como Floor Jansen (Nightwish, Revamp), Russell Allen (Symphony X), Dan Swäno (Nightingale, Framshift) e Damian Wilson (Threshold) também me agrada muito. Para aqueles que gostam do Ayreon, mas querem algo mais pesado, recomendo o Star One.

Músicos: Arjen Anthony Lucassen (guitarra, teclado e órgão Hammond), Gary Wehrkamp (guitarra), Joost van den Broek (teclado), Ed Warby (bacteria), Damian Wilson, Floor Jansen, Dan Swanö e Russell Allen (vocais)

1. Down the Rabbit Hole
2. Digital Rain
3. Earth that Was
4. Victim of the Modern Age
5. Human See, Human Do
6. 24 Hours
7. Cassandra Complex
8. It’s Alive, She’s Alive, We’re Alive
9. It All Ends Here


gm_cover_1024-250x250Guilt Machine – On This Perfect Day [2009]

Em todos esses anos envolto aos seus projetos e passando por problemas familiares e de saúde, Arjen não estava com vontade de continuar o Ayreon e desejava uma nova proposta musical para expressar o que passava. Assim surgiu o Guilt Machine. Não demorou muito e o guitarrista já recrutou alguns músicos (entre eles, a sua futura esposa Lori Linstruth) e no mesmo ano já lançaria um álbum que é este On This Perfect Day. Diferente das temáticas espaciais e folclóricas de seus outros projetos, a temática de culpa que permeia o disco traz atmosferas mais sombrias e que em alguns momentos lembra os sintetizadores muito usados em bandas de Industrial. O fato de Lucassen ter sido diagnosticado com anosmia (perda total de olfato) junto a um divórcio recente o inspirou a criar melodias melancólicas e depressivas, enquanto este pediu para Lori Linstruth criasse letras que se encaixassem nessa proposta. “Twisted Coil” é uma música longa com um instrumental que lembra muito as bandas neo-progressivas dos anos 80 antes das guitarras soltarem o peso. “Leland Street” já lembra mais o velho Ayreon, exceto pela tonalidade depressiva das letras. “Season of Denial” já é uma música mais melódica onde os teclados dominam apesar de apresentar algumas curtas variações de peso como nas outras canções. Infelizmente, para piorar a depressão que o multi-instrumentista estava sofrendo na época, On This Perfect Day vendeu muito menos do que o Ayreon ou qualquer um de seus outros discos na época, apesar da elogiosa crítica européia. Sem nem excursionar ou promover o álbum, a banda entrou em um hiato que perdura até hoje.

Músicos: Arjen Anthony Lucassen (guitarra, teclado, baixo, backing vocals), Chris Maitland (bacteria), Lori Linstruth (guitarra), Jasper Steverlinck (vocais)

1. Twisted Coil
2. Leland Street
3. Green and Cream
4. Season of Denial
5. Over
6. Perfection?


Lost-in-the-New-Real-COVER_1200pxArjen Anthony Lucassen – Lost in the New Real [2012]

Após 18 anos desde seu primeiro e desconhecido álbum solo Pools of Sorrow, Waves of Joy, o holandês resolve que neste disco ele iria tocar quase todos os instrumentos (exceto a bateria), compor todas as letras e inclusive cantar nele, coisa que ele não fazia desde seu álbum solo anterior (faria apenas algumas pequenas participações vocais em seus próprios discos do Ayreon, na maioria backings). Sem o mesmo peso das guitarras de seus outros álbuns e com influências variadas de Hard Rock, o seu sempre preferido Prog Metal, o Rock Psicodélico, Folk, Power Pop e Space Rock, Lost in the New Real é o disco que eu considero, particularmente, o melhor de todos os projetos de Lucassen fora o Ayreon. A história (narrada pelo ator holandês Rutger Hauer), o instrumental e a variação melódica que este disco apresenta me surpreende até hoje. Os vocais de Lucassen não são perfeitos, mas seguram bem a onda apesar do próprio nunca ter se sentido a vontade nos vocais, compensando com boa interpretação das letras. Gosto de todas as faixas, sendo as minhas preferidas a psicodélica “Pink Beatles in a Purple Zeppelin” (nem precisa explicar as referências deste título), “E-Police” com uma pegada mais hard rock, “Where Pigs Fly” com uma mistura de folk com espacial e “The Social Recluse” que parece ser uma clara lembrança ao Ambeon. Este cd duplo conta a história de Mr. L, um homem do século XXI que acorda em um futuro muito distante. O primeiro cd com a história completa e o segundo cd contém algumas canções ainda de autoria própria junto a uns covers de famosos como Blue Öyster Cult e Frank Zappa. Lost in the New Real é um disco excelente, mas que infelizmente passou despercebido por muitos.

Músicos: Arjen Anthony Lucassen “Mr. L” (vocais, guitarra, baixo, teclado e outros instrumentos), Ed Warby (bacteria)

CD1
1. The New Real
2. Pink Beatles in a Purple Zeppelin
3. Parental Procreation Permit
4. When I’m a Hundred Sixty-four
5. E-police
6. Don’t Switch Me Off
7. Dr. Slumber’s Eternity Home
8. Yellowstone Memorial Day
9. Where Pigs Fly
10. Lost in the New Real

CD2

1. Our Imperfect Race
2. Welcome to the Machine (Pink Floyd cover)
3. So is there no God?
4. Veteran of the Psychic Wars (Blue Oyster Cult cover)
5. The Social Recluse
6. Battle of Evermore (Led Zeppelin cover)
7. The Space Hotel
8. Some Other Time (Alan Parsons Project cover)
9. You Have Entered the Reality Zone
10. I’m the Slime (Frank Zappa cover)

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