Eram os bongôs astronautas?
Por Marco Gaspari
Detestaria ter que começar este texto explicando o que é DNA e qual a importância do ácido desoxirribonucleico. Até porque vou usá-lo no sentido figurado e não biológico. Daí que não quero ser maçante e nem pretendo discorrer cientificamente sobre algo que não entendo patavinas. Acho importante, no entanto, dizer que a história do DNA começou no século 19, mas só em 7 de março de 1953 a estrutura de sua molécula foi descoberta conjuntamente por um americano e um inglês que acabaram laureados com o Prêmio Nobel em 1962. Por que isso é importante? Porque sem medo de errar posso afirmar que tanto o norte americano James Watson quanto o britânico Francis Crick tinham em suas casas discos de músicos que tornaram famoso o gênero Exotica, tão desconhecido e desprezado a partir dos anos 60 (teve, claro, um revival nos 90 através do longe music) a ponto de ser negligenciado no DNA de nada menos que o rock progressivo, que imperou na primeira metade dos anos 70 do século passado.
A menos que você seja hipster, cabe aqui algumas linhas sobre o que é Exotica, um gênero popular surgido ainda nos anos 40, mas que floresceu e teve seu auge durante a década de 50 através de músicos e produtores como LesBaxter, Arthur Lyman e Martin Denny, entre outros. Seu leque é grande, abrangendo desde cantoras de vozes impossíveis como Bas-Sheva e a princesa inca Yma Sumac até maestros arranjadores visionários como o mexicano Esquivel. Muita gente nem sabe, mas já curtia Exotica nas trilhas sonoras daqueles filmes de selva ou épicos com amazonas seminuas que passavam na Sessão da Tarde. Eram os sons mais estranhos, geralmente não americanos ou europeus, mas que nos transportavam à ilhas (nem sempre virgens) dos Mares do Sul, misteriosos templos Indus, sádicos recantos asiáticos ou florestas tropicais. Se a música tinha elementos genuínos ou não em seu som era o que menos importava. Como Edgar Rice Burroughs, que descrevia com detalhes as florestas de Tarzan sem nunca ter pisado na África, os músicos de Exotica nunca precisaram sair de seus estúdios (ou boates) nas cidades grandes para musicar os lugares mais longínquos. E nem mesmo o céu era o limite, pois foi criado um subgênero da Exotica só para músicas do outro mundo e celebrações à tecnologia: a Space-Age Bachelor Pad Music. Outro subgênero popular foi a Tiki Music, fruto do imaginário popular desbravando as sensuais e exóticas ilhas da Polinésia, principalmente o Havaí, que se tornou estado americano em 1959.
Mas não vamos nos iludir: quando a Invasão Britânica deu ao rock o domínio do mercado pop nos meados dos anos 60, a Exotica (e consequentemente a Space-Age e a Tiki Music) foi enterrada no, a partir daí, pouco visitado cemitério da chamada Easy Listening. E justamente o som que havia incorporado o jazz, o clássico, o folk e a orquestra para levar a música de elevador a andares nunca antes alcançados. E se esta última frase não diz nada aos seus ouvidos, é porque você não é fã de art-rock (ou rock progressivo), tão popular a partir dos anos 70 e que se valia também do jazz, do clássico e do folk para dar uma roupagem totalmente nova, ousada e (por que não?) exótica ao rock. Pink Floyd, por exemplo, fazia space-rock; grupos de folk progressivo nos transportavam a paisagens celtas ou mediterrâneas; e a Kosmische Musik alemã e o progressivo sinfônico deixaram escapar de tudo daquela caixa de Pandora chamada sintetizador.
Se tirarmos os avanços tecnológicos e o conflito de gerações (Exotica era feito por adultos para ouvidos adultos, enquanto que o Progressivo era som dos jovens para os jovens), veremos que o conceito por trás dos dois gêneros é o mesmo: música para relaxar. E antes que os progheads mais exaltados queiram agora me fuzilar por tal blasfêmia, cabe uma explicação: o fulano que nos anos 50 chegava em casa cansado no final do dia, afrouxava a gravata, preparava um coquetel, colocava um disco de Exótica ou Space-Age no Hi-Fi e esquecia do mundo em seu sofá de pés palito, é o mesmo beltrano que nos anos 70 se trancava no quarto, apertava um bagulho, punha um prog na pick-up, refestelava-se em suas almofadas ainda hippies, acendia o bagulho e viajava para longe deste mundo. Ou seja: a trilha sonora podia ser diferente, mas o escapismo era o mesmo.
Quando se recorre ao dicionário, exótico significa algo “não nativo, estrangeiro, estranho”. A Exotica dos anos 50 preenchia esses requisitos com referências musicais, verdadeiras ou falsas, de outras paragens. Ora, o progressivo continuou por esse caminho ao usar escalas exóticas e padrões métricos pouco usuais. E se consideramos o exótico como uma qualidade que se aplica não só para definir distância como também através do tempo, o uso que o progressivo fazia de elementos clássicos e barrocos também o caracteriza. Isso sem falar das letras das músicas: em geral fantasias requentadas de contos de fadas e ficção científica. Quer coisa mais exótica ou escapista do que isso?
E algo que não podemos deixar passar: a Exotica teve seu auge na segunda metade dos 50, época em que os futuros criadores do rock progressivos eram crianças ou pré-adolescentes. Eles podem dizer que suas influências foram o rock de Elvis Presley, o blues ou o jazz, mas o que tocava em casa, o que seus pais ouviam mesmo era o que fazia sucesso: Exotica, Tiki Music, Space-Agee orquestras mil. Eu, aliás, gosto de pensar que os alemães do Amon Düül, ao entrarem no estúdio para gravar a Morning Excuse, tinham Arthur Lyman em sua memória afetiva. Ou de onde mais Brian Eno trouxe a placidez de suas landscapes? Posso até extrapolar do progressivo e especular que o compositor Tak Shindo, na sua homenagem à fictícia ilha de Bali Há’i, tenha 11 anos depois influenciado os gorjeios de Robert Plant em “Immigrant Song”. E que o gênio Esquivel frequentou os ouvidos do gênio Frank Zappa quando este se mudou para Lancaster em 1956.
E quanto à música clássica, de tanta importância para o rock progressivo, sua aura na Exotica também é determinante, mas não pelas notas de Bach, Beethoven, Vivaldi ou Grieg. Além do óbvio Ravel, foram os compositores que flertaram com temas orientais e árabes os que mais influenciaram. Por outro lado, Gustav Holst frequentou tanto o progressivo quanto a Space-Age. Sua obra Planets teve uma versão do japonês Tomita em 1976 e com certeza estava na cabeça do americano Russell Garcia quando compôs Fantastica: Music From Outer Space, um disco que precedeu (ou seja: está no DNA) as obras conceituais do rock progressivo em pelo menos uma década.
E é com Russ Garcia que pretendo concluir este texto. Seu disco Fantastica saiu no Brasil em 1959 ou 60 e trazia na contracapa uma pequena explicação para cada faixa daquela viagem interplanetária. Hoje, no Youtube, podemos ouvir cada música enquanto deliciamos também os olhos com montagens de ilustrações animadas. É um bom exemplo do progressivo antes de ser rock. Vamos ao disco, reproduzindo o texto da contracapa da edição brasileira, faixa por faixa:
LADO A
01 – INTO SPACE
Arremessados na atmosfera, seguidos pelo ensurdecedor rugido dos foguetes que mergulham no vácuo, tragados pelo silêncio do nada, experimentamos em “Into Space” as sensações inenarráveis de uma excursão aos espaços siderais.
02 – NOVA (Exploding Star)
Sem nos deter, prosseguimos viagem e, momentos depois, nos sentimos presos em meio a uma chuva luminosa de estrelas que explodem e iluminam os céus com a sua incandescência. Avistamos “Nova”, a explosiva estrela que surge em toda a sua glória e, antes que possamos compreender o esplêndido espetáculo, já a perdemos de vista, na imensidão da noite.
03 – LOST SOULS OF SATURN
Alcançam-nos, de repente, lúgubres e lamentosos sons: são os gemidos das almas perdidas de Saturno, em “Lost Souls of Saturn”. Tristes e solitárias, mas cheias de peculiar e bizarro fascínio, imprimem essas criaturas, de maneira indelével, as suas imagens em nossa imaginação.
04 – MONSTERS OF JUPITER
Continuamos a incrível jornada e, enquanto procuramos esquadrinhar a escuridão, eis que nos surgem diante dos olhos os grotescos “Monstros de Júpiter”, que procuram atravessar as densas nuvens amarelas e purpúreas.
05 – WATER CREATURES OF ASTRA
Alcançamos a camada superior e deparamos, de súbito, com microscópicos seres, úmidos e luzidios, surgidos do nada. São eles que povoam as plácidas águas de Astra, são as “Water Creatures of Astra”, que nos enchem de assombro.
06 – VENUS
E mal refeitos do incrível espetáculo, avistamos a impressionante e exótica beleza da esplêndida e ofuscante “Vênus”.
LADO B
01 – FROZEN NEPTUNE
Iniciamos a segunda etapa do fascinante passeio. Deparam-se-nos as águas negras de “Frozen Neptune”, com os seus impenetráveis e maciços blocos de gelo,…
02 – GOOFY PEEPL OF PHOBOS
…e partimos sem demora, para a terra de um povo excêntrico e engraçado – “Goofy Peepl Of Phobos”.
03 – VOLCANOES OF MERCURY
Continuamos o vôo, durante o que parece uma eternidade, e vemos, a pouca distância, as rochas desintegradas dos “Vulcões de Mercúrio”. O fogo líquido transforma o céu num mar escarlate, no qual se debatem desesperadamente misteriosos seres.
04 – BIRTH OF A PLANET
Arranca-nos de nossa rota gigantesca massa luminosa, em cujo campo magnético giramos desgovernados, presos por incríveis turbulências. Não tardamos a compreender que assistimos ao nascer de um planeta. “Birth Of A Planet”…
05 – RED SANDS OF MARS
Força invisível liberta-nos da tremenda armadilha e voamos em direção às areias rubras de Marte – “Red Sands Of Mars”. Estende-se diante de nós um deserto infindo, coberto por um manto de fogo. Debalde procuramos terreno para descer. As ígneas areias não o permitem.
06 – MOON RISE
O comandante observa, apreensivo, os painéis de controle e verifica que seria imprudente ir mais longe. Urge voltar ao ponto de partida. Mudamos, pois, de rumo e, guiados pela luz segura da Lua, em “Moon Rise”, empreendemos a longa viagem de regresso ao nosso planeta que, agora o sabemos, ainda é o melhor.
Quando recebi o texto achei que era sobre aquela banda brasileira Exxotica!!! Até estranhei o Marco escrever sobre eles. No mais achei interessantíssimo o texto e não sabia da relação com os primórdios do rock progressivo. Sempre lemos que o estilo surgiu da fusao do rock, com o jazz e a musica clássica e nunca citaram o estilo como precursor. Pra falar a verdade nem sabia que existia um estilo com esse nome…
Boa Marco!!!
Marco, seu texto foi tão fantástico, mas tão fantástico que acho que a humanidade (eu incluído) não está preparado para ele. Lamento essa condição.
“para levar a música de elevador a andares nunca antes alcançados.” Essa está escrita no coração a partir de agora. Usarei-a em meus oráculos.
Bom, nada do que eu escrevi nesta matéria foi comprovado cientificamente, hehe… Mas é algo que eu rumino já faz um bom tempo e fui reunindo argumentos e reflexões aqui e ali até tomar coragem e escrever a respeito. O exemplo que eu dei do Russ Garcia no final do texto, o de ser um disco conceitual nos moldes daquilo que o progressivo faria uma década depois, até que tem muito a ver. Na pesquisa que fiz para a matéria acabei chegando no Progarchives e lá eles citam o disco como pré-progressivo. Anos atrás, na época do Orkut, eu já tinha postado esse disco com um arremedo de raciocínio. Quanto à matéria em si, a primeira vez em que fui surpreendido pelo argumento que defendi foi ainda no final dos anos 90, quando li um texto da internet, e que nem existe mais, chamado “The persistence of Exotica”. Lá o camarada não citava apenas o progressivo, mas continuava com alguns exemplos que passavam até pelo industrial e adentravam os anos 90. Enfim, não escrevi para tentar provar o improvável, mas para exorcizar ideais que ficam me assombrando.
Desconhecia totalmente, para variar, e não a toa Marco é nosso mestre na arte de inserção da boa música. Parabéns meu chapa!
Santíssimo Orkut!!!Este deixava o Face no chão!Mas infelizmente o infeliz foi feliz e o antigo feliz infernizou até seu fim.Mas no seu epitáfio está mais do que mais,está a história da história.O fim nunca será o fim para aqueles que estão além do fim!
Pra quem viu os videos linkados aí em cima deve ter reconhecido a música que ficou famosa no filme Pulp Fiction… o link está no nome de Martin Denny. O Marco já me ensinou que é uma música original dos anos 20….
Aqui uma das versões originais de Misirlou
https://www.youtube.com/watch?v=LW6qGy3RtwY
Marquito, que baita postagem! Comecei a escutar várias músicas linkadas aqui e percebi que é bem o meu gosto. Meio que me lembra soundtracks de filmes e jogos, um tanto de world music com umas pitadinhas do que eu chamo de “ótimo noise”. Já fui atrás de ouvir esse disco Fantástica.
Porém, há um defeito gravíssimo em seu texto: falta a citação de mais trabalhos desse gênero. Quero mais. Exijo mais. Preciso conhecer mais.
André, a quantidade de discos do gênero exótica é imensa. Eu tenho um catálogo que não tem fim, hehe… Mas pra ter uma ideia geral, existe uma série de coletâneas chamada Ultra-Lounge e vou indicar três disquinhos: Organs in Orbit, Space Capades e Mondo Exotica. Dá muito bem pra começar daí. E pediria que desse especial atenção ao Esquivel, que tem um zilhão de coisas no youtube. É só ir ouvindo. E também um outro maestro chamado Dean Elliot, cujo disco Zounds! What Sounds! é um clássico (falamos aqui de Space Age Bachelor Pad).
E se quiser algo mais roqueiro, ouça do disco Miracles, da Yma Sumac com produção e arranjos de Les Baxter. É ouvir pra crer.
Daí você vai me apontando o que mais gosta e conversamos.
Anotado, botando o torrent para trabalhar aqui.
Baita matéria!!Parabéns Marco,como sempre você nos traz matérias fantásticas e reveladoras!!Pois eu nunca tinha ouvido falar deste gênero,sem contar que eu pensava que o Rock Progressivo era oriundo da Canterbury Scene,principalmente das invenções do genioso gênio Daevid Allen!Mas agora vejo que eu estava equivocado.Se der,Marco,cite as dez bandas e os dez melhores discos do EXOTICA,na sua opinião,claro.Desde já,agradeço!
Só para esclarecer:Marco não precisa citar exatamente 10 bandas,pode ser também 10 grupos musicais.
Acho que sou responsável por uma pequena confusão aqui: eu não escrevi que a origem do progressivo está na Exotica. Nada disso. Eu apenas cito a Exotica como uma “possível” e negligenciada influência. Mais uma e com menos importância que as demais. É viagem minha, ok? Procurei mostrar o passaporte, o visto de entrada e declarar os dólares no bolso, mas encro mais como viagem. Quanto aos discos, já dei uns exemplos pro André que eu acho que é uma boa introdução ao gênero. Vai na dele, Erick.
E Marco Gaspari presta um desserviço a esta Consultoria. Depois deste artigo absolutamente excepcional, me digam, com que cara vou aparecer aqui com meus textículos mequetrefes?
Não tinha a menor ideia sequer que o estilo existia, quiçá que fosse (supostamente, como colocou o Marco) uma das influências do prog (e se a galera que depois seria famosa ouvia esta música em casa, como o texto coloca, porque duvidar de tal “desconfiança” do nosso mui estimado escriba?).
Excelente resgate, Mestre Marco! Como sempre, jogando “velhas novidades” em nossos ouvidos, e ajudando nossa (sempre deficitária) educação musical!
Obrigado, Micael. Sempre generoso nas palavras.
Hahaha matéria simplesmente fabulosa!!!
Espero não parecer rude, então já inicio saudando, agradecendo e louvando esse texto. A exotica e o space-age pop são estilos bem negligenciados em praticamente todos os espaços virtuais dedicados à música, e nesse sentido é um trabalho notável essa divulgação feita pelo Marco. Até já baixei alguns discos e baixarei outros – vim aqui justamente pra me decidir se pego esse Mambo!, da Yma Sumac, e resolvi que sim -, mas o único que ouvi de fato foi o “I Hear a New World” disco de ’59 privado da luz do dia até ’91 que, se não me engano, conheci em um blog há muitos anos.
Sempre tive um certo preconceito com a exotica, especificamente, assim como com a dita “world music”, porque me interesso pela música original de fora do eixo e considero termos como “exótico”, “tribal” e “world” um desserviço total à cultura humana. Apesar disso, desejo conhecer ao menos alguns discos do estilo, que não deixa de ter seu valor próprio, e duvido que exista guia mais confiável que o Gaspari, pra ajudar a percorrer essa trilha.
Tendo dito isso, me sinto na obrigação de insistir naquilo que o próprio Marco já assumiu: o texto é uma viagem. Uma viagem válida e em grande parte verdadeira, como quase todas, mas uma viagem. Aquilo que aparece no progressivo possui tantos precursores que a exotica e o space age pop não passam de pequenos pontos na multidão. O jazz e o erudito já vinham trocando influências e desenvolvendo a ideia de obras conceituais – penso, por exemplo, nos poemas sinfônicos, iniciados no século XIX –, sem falar no que Piazzollas vinham fazendo ao redor do mundo, mas o que mais me parece retirar essa posição elevada da exotica no DNA do prog são a intenção e os métodos desses estilos. OK, um progger setentista pode ouvir seu Yes pra relaxar, mas isso também vale pra um ouvinte do Bruno & Marrone ou do Nat ‘King’ Cole, e nem por isso vamos fazer associações indevidas.. O fato é que o prog – assim como, por exemplo, vários ramos do jazz – vai um pouco na contramão do pop em geral, compondo música pra ser encarada como se encarava a música erudita do passado, isto é, música pra se imergir, mais do que pra se distrair. Igualmente, a inserção ou retomada, no jazz, no rock ou onde seja, de elementos “exóticos”, da parte de artistas como John Coltrane, Herbie Hancock, Ritchie Valens, Redbone, etc., me parece ter um peso de afirmação cultural que falta à exotica.
Como eu sei que o Gaspari é metido a reclamão, insisto que o texto é bastante válido, essencial até. Desde que ninguém se meta a besta de toma-lo como algo muito maior do que aquilo a que ele se propõe.