Parece que foi ontem: Capitão Gancho navega nas ondas do rádio

Parece que foi ontem: Capitão Gancho navega nas ondas do rádio

Foto 1Por Marco Gaspari

Faz de conta que você está lendo isto em janeiro de 1966.

Na Inglaterra, hoje em dia, existem dois tipos de estações de rádio: a que pode e as que não podem. A que pode é a do governo, a boa e velha British Broadcasting Corporation. As outras são aquelas pertencentes a empresários que resolveram quebrar o monopólio da BBC e agir à margem da lei. Essas não podem, são ilegais. Suas estações de rádio estão sendo chamadas de Rádios Piratas não porque são todos uns pernas-de-pau, mas porque transmitem de navios que navegam em águas internacionais, além das 3 milhas da costa, portanto fora da jurisdição inglesa.

Como todo pirata, esses empresários também estão atrás de tesouros. E o maior tesouro por lá hoje, as verdadeiras joias da coroa britânica, é o rock’n’roll, que acabou de invadir e saquear nada menos que a maior economia do mundo: a americana. The Beatles, The Rolling Stones, The Yardbirds, The Kinks, entre outros, são os principais produtos de exportação ingleses e talvez o único exemplo inequívoco da soberania mundial de Sua Majestade desde o pós-guerra.

A BBC, apesar de transmitir um programa semanal dos Beatles, o Pop Go The Beatles, reserva apenas duas horas diárias ao rock. E sempre para apresentações de grupos ao vivo, pois ela se recusa a tocar seus discos. Bom, esse negócio de tocar discos parece ser um tabu para a estatal inglesa. Coisa antiga, da época em que nem os Estados Unidos tinham equipamentos com qualidade de som adequada para que um disco soasse bem nas ondas do rádio. Daí que a BBC ainda hoje pensa que os discos não reproduzem legal nos aparelhos de rádio dos seus exigentes ouvintes. E tem mais: por não ser uma rádio comercial, não se sente à vontade em promover discos comerciais. Música tem que ser ao vivo, como nos velhos tempos.

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Pois foi nessa brecha que as Rádios Piratas miraram seus canhões. Existe uma carência enorme da juventude britânica por uma programação exclusiva de música jovem. E as gravadoras estão dispostas a pagar para que seus produtos sejam ouvidos por esses consumidores. O preço a pagar? 100 libras por minuto de publicidade que, ao longo de 24 horas ininterruptas de programação pop, soma o suficiente para manter todo o esquema de uma Rádio Pirata. A Radio Caroline, por exemplo, consegue manter dois barcos transmitindo, o Caroline North e o Caroline South, com sua tripulação de disc-jockeys, operadores, secretárias, grumetes…

O sucesso da Radio Caroline entre os jovens é tanto que já existe até um Caroline Club, exclusivo para os ouvintes. Quem entra para o clube passa a receber notícias sobre os navios, os locutores e também sobre os grupos que tocam na programação. E para atrair cada vez mais membros, o clube resolveu organizar e promover de quando em vez um show ao vivo com alguns desses grupos. O primeiro deles, o show Zowie One, aconteceu no dia 8 de dezembro do ano passado em um lugar chamado New Brighton Tower Ballroom, no balneário de New Brighton, no estuário do rio Mersey, pertinho de Liverpool. Aliás, os Beatles tocaram algumas vezes nesse teatro quando ainda estavam começando. O Zowie One convidou treze grupos a tocar ao vivo: The End, The V.I.Ps, Billie Davis, Jimmy James and The Vagabonds, Brian Poole and The Tremeloes, Gary Farr and The T-Bones, The Honeycombs, Ronnie Jones, The Mark Leeman Five, Paul and Barry Ryan, Twinkle,  The Four Pennies e, encerrando o show, The Yardbirds, com Keith Relf (voz e gaita), Jeff Beck (guitarra principal), Chris Dreja (guitarra rítmica), Paul “Sam” Samwell-Smith (guitarra baixo) e Jim McCarty (bateria).

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Cartaz do Zowie One Show

Nenhum desses grupos recebeu cachê para tocar. Em troca, seus discos seriam promovidos com mais divulgação na rádio e poderiam contar com toda a publicidade gerada pelos jornais e revistas que cobririam o show. Os membros do Caroline Club foram convidados a entrar de graça no Tower Ballroom e tiveram inclusive a oportunidade de acompanhar (não de graça) os grupos no trem que os levara de Londres até o local do show.

O trem partiu da Euston Station exatamente ao meio dia e vinte do dia 8 de dezembro, com dois vagões reservados para os músicos, seus equipamentos, empresários e os tão esperados membros do Caroline Club. Na realidade, parece que só três fãs apareceram, porque o valor da passagem ida e volta (6 libras) foi considerado maior que o amor que os ouvintes sentiam pelos grupos. No trem também estavam jornalistas, fotógrafos, os disc-jockeys da rádio e, mistério, um padre velhinho.

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Jeff Beck improvisando no vagão da folia

A jornada começou bem. Como os músicos se conheciam e alguns eram velhos camaradas, bastou findar o almoço servido no trem para que se dividissem nos dois vagões: os mais animados trataram de pegar qualquer instrumento que estivesse à mão (inclusive latinhas de cerveja e garrafas de Pepsi-Cola) e improvisar um som. Nesse vagão estavam Jeff Beck, Keith Relf, Sam Samwell-Smith e Gary Farr comandando a folia, enquanto fotógrafos faziam verdadeiros malabarismos para tirar as melhores fotos e os jornalistas elevavam suas vozes para entrevistar quem estivesse disposto.

Contrastando com a bagunça, no outro vagão foram aqueles músicos que queriam sossego após o almoço. Jim McCarthy e Chris Dreja, por exemplo. Dreja estava triste, pois sentia falta da esposa com quem se casara há apenas três meses: “Os Yardbirds estão lotados de compromissos, nos últimos dois meses e meio só consegui estar em casa umas dez vezes. Quando conheci minha esposa dois anos atrás, eu costumava ter 3 noites livres por semana e ela vinha a todos os nossos shows. Eles aconteciam em Londres e nas redondezas. Daí era fácil. Mas no último ano nós temos trabalhado cada vez mais duro e, claro, é assim que tem que ser se a gente quiser chegar a algum lugar, ser profissional e ganhar dinheiro.  De toda forma, a pessoa nem sempre funciona como uma engrenagem e é isso o que muitas vezes torna esse trabalho chato e eu me sinto triste fazendo isso. Mas sei que não é uma coisa para sempre.”

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Os sossegados Jim McCarthy e Chris Dreja

O trem chegou à Lime Street Station em Liverpool às quatro da tarde, recepcionado por uns 100 fãs barulhentos. Enquanto os músicos se ajeitavam nos ônibus que iriam levá-los até New Brighton, o equipamento foi sendo lentamente acomodado nos porta-malas. Foi a deixa para os fotógrafos entrarem em ação e os grupos foram se revezando fora do ônibus para as fotos.  No caminho, que atravessou o túnel por baixo do Rio Mersey, o mais longo túnel do mundo, além de uma sequência que parecia interminável de subúrbios costeiros, os passageiros pareciam cansados e mesmo os mais festeiros preferiram o silêncio. No finalzinho da tarde, finalmente, o ônibus estaciona em seu destino, no New Brighton Tower Ballroom.  O “Tower”, um prédio enorme limitado por pequenas torres e localizado junto ao píer principal da cidade, parecia sombrio e desolado ao cair da tarde.  Dentro, porém, o “Ballroom” era um enorme polígono cheio de lâmpadas descendo do teto e com uma pista e galeria em frente aos dois palcos, um espaço capaz de abrigar até 5 mil pessoas. Os músicos e o pessoal da Rádio Caroline foram encaminhados para os camarins, o maior e mais gelado deles destinado aos rapazes e os menores para as garotas. Na cafeteria havia bebida quente e sanduíches para que ninguém enfrentasse o show de estômago vazio.

O público começou a entrar, as luzes dos palcos foram acesas, amplificadores e microfones foram checados e alguns dos músicos, pelo menos aqueles que não estavam escalados para as primeiras apresentações, trataram de sorrateiramente escapar do recinto para algum pub próximo.

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New Brighton Tower Ballroom

Às 7 da noite, em ponto, The End começou sua performance para uma plateia de 2500 jovens, apenas metade do esperado. Nem bem começaram a ecoar os costumeiros gritos histéricos das fãs, Jeff Beck, dentro do camarim dos rapazes, comentou como seria agradável se as pessoas ouvissem as músicas ao invés de gritarem através delas. “Claro que estamos agradecidos pelos gritos”, completou, “mas quando você vai para casa depois de um show, sente como se não tivesse feito absolutamente nada, já que ninguém ouve o que você toca,  apenas gritam. Eu gostaria muito mais se todo mundo sentasse e ouvisse, e daí gritasse no final! Seria o máximo, não?”.

Enquanto os grupos se esmeravam no palco, na pista o público dançava freneticamente. Na maioria adolescentes, principalmente garotas. Elas dançavam sozinhas, em grupos, uma garota com outra garota ou garoto, duas garotas e um garoto, todos os corpos iluminados por fachos de luzes vermelhas, amarelas, azuis…  Quem foi para ouvir apenas preferiu a comodidade da galeria. Nos palcos (um deles um pouco mais alto e atrás do outro) as luzes sobre os músicos eram claras e potentes. Os palcos eram usados alternadamente, com um grupo tocando enquanto o outro se preparava para tocar a seguir. Cada grupo tinha um tempo limitado: 10 minutos para os menos famosos e 22 minutos para os Yardbirds, a atração principal. Entre uma apresentação e outra subiam ao palco os locutores da Radio Caroline, todos jovens vestidos de forma extravagante, e anunciavam a próxima atração.

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À esquerda Twinkle. À direita o locutor Tom Lodge e sua noiva. Ela é quem desenha suas roupas.

Nos camarins, enquanto esperavam sua vez, os músicos folheavam revistas, liam, jogavam cartas ou conversavam entre si. Jim McCarty e Chris Dreja, que passaram o começo da noite visitando a tia de Jim em Liverpool, autografavam fotos, livro e discos a pedido das fãs. Keith e Sam ainda estavam fora explorando New Brighton e só chegariam em cima da hora para o show. Jeff permanecia sentado em um canto, respondendo a perguntas dos incansáveis e curiosos jornalistas: “Eu deveria ter me dedicado mais aos estudos”, disse sério, “porque assim eu saberia me expressar melhor. O que eu gosto ou não gosto nunca pareceu me importar na escola, mas agora as pessoas prestam atenção a tudo o que eu digo e esperam que eu seja uma pessoa radiante, perfeita. E eu não sou; eu tenho defeitos terríveis. É terrível que te comparem a uma espécie de deus, porque você não sabe de onde isso vem”.

À medida que a noite avançava, os grupos mais conhecidos iam surgindo no palco e o número de garotas dançando foi diminuindo. Uma massa de saias e cabelos com rabos de cavalo foi se formando atrás da grade que separava a pista do palco. Seguranças e socorristas se instalaram estrategicamente atrás de pequenas barricadas ao lado da pista, atentos a qualquer sinal de desmaios ou alguma garota se machucar ao tentar pular a barreira e invadir o palco. Observando os fãs dos bastidores, Jeff comentou: “Nós estávamos tocando uma outra noite quando três garotas pularam no palco. Estavam fora de si, histéricas, gritando. Mas no dia seguinte elas vieram ao nosso hotel com o fã-clube delas e eram muito sérias, muito tímidas. Elas não queriam que a gente soubesse que foram elas que invadiram o palco. Ficaram lá sentadas, roendo suas unhas e parecendo um doce de garotas. Você nunca sonharia que elas estavam possuídas na outra noite”.

Às 10:50 The Yardbirds subiram ao palco. Um ronco imenso esgoelou da plateia e começou imediatamente a pressão e escalada da multidão sobre a grade rumo ao palco. Os seguranças entraram em ação, empurrando a multidão de volta para a pista enquanto os Yardbirds introduziam “Still I’m Sad”, uma música de Sam inspirada em um canto gregoriano. A cabeça do baterista do grupo Mark Leeman Five, Blink, apareceu atrás da cortina ao lado do palco. Seus olhos atônitos contrastavam com o olhar vidrado das fãs enquanto assistiam seus ídolos. Uma delas fez o que se temia: tentou pular a grade, caiu e desmaiou. Imediatamente foi acudida por um segurança e levada aos socorristas para ser ressuscitada e voltar à pista. Houve mais uns 40 incidentes durante a apresentação de Jeff Beck e companhia, mas muitos deles provaram ser falsos: uma espécie de artimanha para as vítimas serem levadas aos bastidores e ficarem próximas dos músicos. Blink, ainda com os olhos arregalados, tentava adivinhar qual a próxima garota que iria escalar a barreira.

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The Yardbirds

No palco mais alto, os Yardbirds começaram uma série de números mais agitados, com Keith frequentemente projetando seu corpo sobre o microfone e sacudindo os cabelos, arrancando mais gritos e suspiros da multidão; Jeff, por sua vez, fazia várias imitações com a sua guitarra, soando ora como uma galinha ora um rolo compressor, uma derrapada de pneus ou uma explosão.

De repente, acabou.

Antes que a plateia realmente se desse conta, a banda já estava fora do palco e os músicos todos começaram a sair pela porta dos fundos rumo aos ônibus estrategicamente estacionados, já com a maioria dos equipamentos acumulados nos porta-malas. Na garoa fina e no frio da noite, um dos organizadores parecia impaciente: “Por que vocês todos não tocam com o mesmo equipamento? Ficam dizendo que não conseguem reproduzir o próprio som no equipamento dos outros, mas como é que sabem que som é esse no meio daquela balbúrdia toda?” Ao que Jeff imediatamente grunhiu: “Eu não sei quanto a vocês, meus amigos, mas eu jamais deixaria alguém usar meu equipamento”. E o assunto parou por aí.

Na estação de Liverpool, o último trem para Londres saiu à meia-noite e vinte. Ele fez todas as paradas e levou exatamente 6 horas para chegar ao destino. Muitos dos músicos não haviam jantado e estavam cansados e sedentos após o show. O problema é que não havia comida no trem àquela hora e era preciso uma taxa extra para o uso dos vagões leito. E o pior: água potável no trem nem pensar.  Dormir sentado no banco duro daquele trem não era nada engraçado, mas o cansaço é o melhor dos travesseiros.

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O interior do Tower Ballroom já praticamente vazio

Às 6:45 da matina o trem parou em Londres. Uma esfomeada, sedenta, cadavérica e desfigurada matilha de músicos abandonou o trem. Os mais afortunados ainda tinham um lar e o colo da mamãe para ir, os menos tinham que enfrentar imediatamente mais um dia de trabalho, como Jeff, Keith, Sam, Jim e Chris que iriam embarcar naquela manhã para a América numa turnê de seis semanas.

Os dias seguintes mostraram que nenhum jornal deu destaque ao show, apesar do número de jornalistas e fotógrafos presentes. A Radio Caroline, que tanto prometera aos músicos, teve que enfrentar a dura realidade de que seus esforços não resultaram em conforto financeiro ou espiritual para os envolvidos, salvo algumas vezes a mais que os discos foram tocados no ar para despertarem a atenção de uma audiência de apenas 2.500 pessoas.  É muita pirataria para pouco butim, não é mesmo?

Obs – o texto acima foi chupinhado de duas fontes:
– A resenha que M. G. Conlan fez do filme “Pirate Radio (The boat that rocked)”.
– Um capítulo do livro de Caroline Silver “The Pop Makers”, lançado em dezembro de 1966.

26 comentários sobre “Parece que foi ontem: Capitão Gancho navega nas ondas do rádio

  1. A história dessas rádios instaladas em navios é uma das coisas mais fascinantes em toda trajetória do rock que eu conheça, bem como a relação delas com a BBC. Além do mais, esse texto traz alguns elementos que foram/são constantes na história do rock – oportunismo, malandragem, catarse e muito trabalho. Parabéns por trazer isso em pauta de maneira magistral.
    Abraço!

    1. Texto simplesmente espetacular. Os fãs se negarem a pagar 6 libras para andar com os ídolos – tá certo que 6 libras era dinheiro, massssssssssss – é algo que eu não consigo compreender. Naquela época realmente não se tinha a ideia de quão importante essa situação. Me admira a simplicidade do Beck nesse texto. Será que isso aconteceu?

      1. Aconteceu sim, Mairon, foi tirado do livro citado escrito por uma jornalista musical inglesa e lançado no final de 1966.

  2. Para se redimir da indicação da Banda Malta (:P) Marco Gaspari nos tras essa jóia. Muito assunto pode render do texto, mas o que me chamou atenção logo de cara foi o fato das bandas terem tão pouco tempo cada para suas apresentações. Claro que o motivo de terem muitos grupos para pouco tempo é o principal fator, mas fico pensando no trabalho que tinham todos em transportar equipamentos, deslocamento de uma galera além de todos os componentes das bandas. Acho que era muito trabalho para pouca entrega.

    1. Bom, fui caçar umas informações que podem ajudar a entender essa questão do tempo. Vamos olhar o cartaz pelos nomes que estão em destaque: The Yardbirds na época desse show já tinham lançado 4 LPs e 15 singles. Era realmente a banda mais popular da lista e por isso encabeçaram o show e tiveram mais tempo de palco. A seguir, The Four Pennies já tinham um LP gravado em 64 e mais um monte de singles (foram considerados o mais importante grupo inglês a não emplacar nenhum hit na parada americana durante a invasão inglesa). Brian Poole & The Tremelous já tinham lançado mais de uma dúzia de singles entre 62 e 65. The Honeycombs também. A cantora Twinkle lançou 5 singles em 65. Já Paul & Berry Ryan estavam despontado com apenas 1 single. Acho que teve jabá aí, hehe… O restante da lista não teve mais do que 2 singles lançados. Ou seja, 10 minutos para muitos desses artistas era mais do que suficiente para mostrar seus últimos sucessos e justificar o tempo. E 22 minutos para os Yardbirds, o dobro do tempo dos demais, justificava a fama. Se não me engano, apresentações dos Beatles na época duravam em média 25 minutos. E se levarmos em conta que cada música não passava dos 3 minutos, dava pra tocar pelo menos 3 músicas em 10 minutos e 7 em 22.

      1. Gary Farr… Gosto muito do trabalho solo dele: apenas três discos, salvo engano. “Take something with you” e “Strange fruit” são álbuns acima da média. Em “Strange fruit”, o guitarrista é Richard Thompson, que participou do Fairport Convention. Gary é apenas mais um grande artista que se perdeu nas brumas dos 70…

        1. Talvez eu esteja enganado, mas acho que só Strange Fruit foi lançado por uma gravadora major.

      2. Esse texto de qualquer forma mostra que os Yardbirds tinham tudo para ser a maior banda da história, mas os problemas pessoais de Keith e Dreja (principalmente) afundaram a banda e levaram-nos a ser apenas o grupo que revelou Clapton, Beck e Page, e deu origem ao Led. Só isso …

  3. Esse ponto é interessante – as músicas eram muito curtas, rápidas, uma fórmula básica de estrofe-refrão-estrofe-refrão, solos de guitarra/gaita muito curtos ou inexistentes. Ali música era basicamente entretenimento puro, para dançar. O próprio formato dos singles tem a ver com a forma com que o rock era vendido até 65. Justamente este tipo de coisa que foi a matéria-prima a ser transformada pelo rock psicodélico, trazendo o conceito do chamado “art-rock”.

    1. E que só foi viabilizado comercialmente (música acima do tempo padrão para singles) pelo surgimento das rádios FM.

          1. Tu vê só. Deve ter sido uma das únicas vezes. Uma vez li uma entrevista do Beck dizendo que era impossível tocar “Still I’m Sad” ao vivo. Tinha quer ter um bootleg desse show

  4. Mais um belo texto do Marcótico. Nunca tive mesmo esta noção de navios de rádio pirata. Jamais imaginaria uma ideia como essa.

    Agora fico impressionado como as apresentações eram curtas, mesmo que as músicas também fossem. Sei lá, não me passa pela cabeça uma banda tocando por tão pouco tempo. Mas sou também de uma época diferente e todas essas histórias que o geriátrico mais querido de nosso site nos apresenta sempre me cativam.

  5. Chumpinhada ou não, é uma grande matéria. Nunca entendi direito esta probição ds rádios na Inglaterra, a terra natal da livre concorrência! Mas certamente o fato desencadeou uma inesgotável corrente de grandes histórias. O Marco Gaspari nos humilha, mas nós adoramos ele!

  6. Uma última coisa: o que me motivou a escrever esse texto foi justamente o Mairon, pois ele não esconde de ninguém como gosta da banda.

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