Sangue Novo: Eletroacordes
Por Ronaldo Rodrigues
Eventualmente, recebemos aqui na Consultoria do Rock material de bandas iniciantes que buscam uma opinião externa. Ainda que este papel de pretensos críticos musicais esteja mostrando-se uma raridade em nossos tempos, ainda o entendo como uma responsabilidade e uma ferramenta poderosa, para a banda e para o público.
Há alguns meses atrás recebemos o material da banda gaúcha Eletroacordes e nessa ocasião e encaixamos na agenda do site um momento para passar nossas impressões a respeito.
O trio é formado por Fabrício Costão (guitarra e vocal), Rodrigo Vizzoto (baixo e vocal) e Thanius Silvano (bateria), uma formação consagrada para o formato rock há décadas. Estão na ativa há 5 anos na área de Porto Alegre. Ainda que o grupo evite se rotular, faz necessário contextualizar o leitor de que trata-se de um grupo que executa um rock básico com um certo apelo pop.
A banda estreou lançando o EP Respire Fundo, com 5 faixas curtas. A banda sabe compor frases ganchudas que grudam na cabeça, letras com boas sacadas, ainda que os temas abordados não tragam nada de novo (é rock, lá se vão algumas décadas e as vezes o assunto fica pouco). Mas trata-se da irreverência que o rock sempre carregou e o Eletroacordes honra essa tradição. Não sei se é a intenção, mas a banda nos passa uma impressão de que a diversão é algo que move seu som. “Quem foi que disse” é um pop rock engraçado, um bocado inofensivo, mas eficaz. “Encare os fatos” e “E aí” são retas e previsíveis demais e “Deixa pra Mim” tem um bom começo, mas parece que já vimos este filme antes. O destaque do trabalho fica com o guitarrista Fabrício Costão, que tem um bom timbre e sempre encaixa bem aquelas frases consagradas na guitarra rock. O material da banda experimenta algumas deficiências técnicas típicas de uma banda iniciante, soando mais como uma demo tape, sem profundidade. Os timbres de baixo e bateria, caso aprimorados, ajudariam a dar um outro patamar de resultado.
O próximo EP do grupo, Insanos, já é mais bem acabado em vários sentidos – tem mais qualidade de gravação, a banda mais entrosada e um melhor encaixe entre os instrumentos. As composições alavancam uma qualidade já notada no trabalho anterior, a capacidade de fisgar o ouvinte, ainda que isso as vezes custe excessivas repetições ao longo das músicas. “Não é a toa” tem uma puxada surf-rock; “Insano” é um simpático blues; “Alucinada” tem um groove safado (e um clipe bacana no Youtube) e a stoneana “Forno Alegre” é a melhor do álbum.
Com uma produção mais profissional em termos de captação e masterização, a banda poderia galgar muitas posições com várias canções desse disco. Caprichar mais nos arranjos para tornar as músicas menos óbvias ajudaria a diferenciá-los. Potencial para tal existe. O material da banda pode ser encontrado integralmente na internet para audição e download.
Valeu a indicação meu caro Ronaldo. Ouviremos e passaremos nossas impressões em um futuro breve