Em maio de 2012, foram publicadas trinta e quatro matérias, sendo a mais acessada até o final de 2012 esta, por Amancio Paladino:
Datas Especiais: 20 Anos de Fear of the Dark (Iron Maiden)
Por Amancio Paladino
1992 foi meu último ano no colégio, dali em diante nova fase… 1992 foi também o último ano de Bruce Dickinson no Iron Maiden, dali em diante nova fase…
Lembro-me até hoje de minha formatura no colegial, da viagem ao litoral catarinense, das picardias estudantis no ônibus de excursão e da diversão nas praias, sempre intercaladas por pausas para ouvir o mais recente álbum do Maiden, Fear of the Dark, cuja fita cassete fiz questão de levar junto com meu walkman Sony Sports…
Lembro-me também do receio com a saída do mestre Dickinson. Várias notícias foram divulgadas anunciando o início de sua carreira solo e sua consequente saída do Maiden. Quem o substituiria? Quem poderia fazer frente a tão imenso legado construído ao longo de dez anos como frontman da maior banda de heavy metal de todos os tempos? A dúvida pairava no ar e o coração dos fãs se apertava a cada lembrança de que isso realmente aconteceria; foram tempos difíceis que somente os verdadeiros fãs puderam suportar…
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Iron Maiden em 1992: Dave Muray, Steve Harris, Bruce Dickinson, Nicko McBrain e Janick Gers |
Pairava no ar um clima de fim de festa: somadas à saída de Dickinson notícias da saída de Halford do Judas Priest em nada ajudavam a cena do heavy metal. Seria o fim? Teríamos de nos render as bandas de Seattle (EUA) que despontavam na cena mundial? Não gosto muito de lembrar desses fatos e prefiro ficar com as lembranças da viagem de formatura.
Fear of the Dark foi o primeiro álbum do Maiden a não ter uma capa desenhada por Derek Riggs: a banda preferiu o trabalho de Melvin Grant, que desenhou um aterrorizante Eddie-árvore. Particularmente achei o trabalho muito bom e completamente relacionado ao tema do disco.
A princípio, a música de maior sucesso foi
“Be Quick or Be Dead”, que de forma rápida e avassaladora falava sobre as consequências de alguns escândalos financeiros que ocorriam à época. O primeiro single do álbum, lançado um mês antes, continha essa música e uma versão de “Nodding Donkey Blues”, além de uma faixa chamada “Bayswater Ain’t a Bad Place to Be” e a regravação de “Space Station #5”, do Montrose. O single chegou ao topo das paradas na Inglaterra, ganhou versão em videoclipe e não parava de tocar na MTV (inclusive na brasileira).
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O single para “Be Quick or Be Dead” |
Posteriormente outras músicas do álbum passaram a ser exploradas: “Wasting Love”, a única “balada” do Maiden, fez muito sucesso nas rádios e também ganhou um videoclipe. Apesar de não ter agradado muito aos fãs, a música não deixa a desejar, mantendo a atmosfera soturna da banda e contando a história de um homem que se entrega ao amor sem limites.
“From Here to Eternity” é uma canção que conta mais um capítulo da história de Charlotte the Harlot. Dessa vez, a periguete Charlotte parte para uma jornada com o demônio em sua poderosa motocicleta. A faixa também ganhou um videoclipe e foi bastante executada nas rádios.
“Fear of the Dark”, música-tema do disco, se transformou talvez em uma das mais populares canções do Maiden, graças ao desempenho inigualável de Bruce Dickinson nos shows. Um clássico que conseguiu atrair toda uma nova legião de fãs para a banda e que até hoje é tocada nas rádios sem nenhum pudor. Para o ouvinte neófito, que nunca conheceu
Powerslave (1984) por exemplo, trata-se de uma excelente maneira de começar ouvindo o Maiden.
A turnê para Fear of The Dark passou pelo Brasil: em 31 de julho de 1992 o Maiden tocou no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Já em 1º de agosto aconteceu o lendário show no Parque Antárctica, em São Paulo. Tocando para fãs desesperados em ver as últimas apresentações do mestre Dickinson, o Iron Maiden colocou o estádio abaixo e apresentou todos os merecidos clássicos que o público precisava ouvir. Logo depois, em 4 de agosto, a banda se apresentou no Gigantinho, em Porto Alegre.
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Live at Donington em sua versão original |
Na sequência da turnê, em 22 de agosto, foi gravado o famoso show
Live at Donington, em Castle Donington, na Inglaterra, e que gerou um vinil (triplo!) que soou como a despedida do Mestre…
Com doze músicas, e tido por muitos como um dos mais comerciais álbuns do Maiden, Fear of the Dark teve êxito. Lançou clássicos, agradou o público em geral, mas deixou um gostinho de quero mais para quem estava acostumado a ouvir obras da monta de Powerslave e Somewhere in Time (1986). Seria um prenúncio das mudanças que estavam por vir e dos tempos difíceis que estavam por chegar? Mal sabiam os fãs daquilo que os aguardavam nos próximos anos…
Track list
1. Be Quick or Be Dead
2. From Here to Eternity
3. Afraid to Shoot Strangers
4. Fear Is the Key
5. Childhood’s End
6. Wasting Love
7. The Fugitive
8. Chains of Misery
9. The Apparition
10. Judas Be My Guide
11. Weekend Warrior
12. Fear of the Dark