Cinco Discos Para Conhecer: Jason Bonham
Por André Kaminski
Jason Bonham nasceu em 15 de julho de 1966, em Dudley na Inglaterra. Como todo mundo sabe, ele é filho da lenda dos bumbos John Bonham, do nosso querido e idolatrado Led Zeppelin.
Infelizmente como tenho notado em muitas matérias que o citam, pouco se fala dos discos mesmo que ele gravou e das bandas em que tocou quando se trata de escrever sobre ele. Ficam mais na nostalgia de querer que ele fale sobre o pai ou sobre suas performances junto as parcas reuniões do Led Zeppelin após 1980. Jason já tocou em bandas famosas e também lançou trabalhos próprios, normalmente esquecidos mesmo pelos fãs do Zeppelin. Meu objetivo com essa matéria é falar um pouco sobre os discos em que participou em que se pode ouvir sua técnica como baterista em que embora seja injusto compará-lo com seu pai, creio que dá para se dizer que o velho Bonham se orgulharia do desempenho de sua cria.
Bonham – The Disregard of Timekeeping [1989]
Jason caiu mais para o lado do hard rock na maioria das bandas que passou e também nesse primeiro disco de estúdio lançado sob o nome Bonham. Já no início da segunda faixa “Wait for You”, percebemos que o cara teve mesmo a inspiração do pai para tocar, batendo na caixa da bateria com força. O disco vai na veia “Led Zeppelin depois de um banho de farofa” visto o fato do vocalista Daniel MacMaster ter um timbre e uma postura que lembra muito a de Robert Plant. Independente do fator “homenagem” (ou cópia, se sua mente for mais maldosa), o disco se garante em grandes melodias, rocks facinhos de digerir e aquele sabor oitentista que sei que muitos gostam. Destaco ainda “Holding On Forever” e seus grooves de guitarra cortantes e ainda “Playing to Win” já bem AOR com seu teclado marcante e uma pegada que lembra muito os melhores momentos do Dokken. É farofa ao estilo clássico dos anos 80, então não tem erro, se gosta do sabor, vai ingerir até se fartar.
Lineup: Jason Bonham (bateria), Daniel MacMaster (vocais), Ian Hatton (guitarras) e John Smithson (baixo e teclados).
- The Disregard of Timekeeping
- Wait for You
- Bringing Me Down
- Guilty
- Holding on Forever
- Dreams
- Don’t Walk Away
- Playing to Win
- Cross Me and See
- Just Another Day
- Room For Us All
The Jason Bonham Band – When You See the Sun [1997]
Mantendo John Smithson no baixo e teclados e trocando todo o restante, Bonham dá também uma repaginada grande na sonoridade que pratica. Agora é um hard rock completamente “noventizado”, com aquela pegada grunge que lembra muito o Soundgarden. Os riffs agora são mais lentos, pesados e a afinação das guitarras mais baixa, caracterizado perfeitamente como o rock do período. Jason agora prefere batidas mais bem encaixadas e menos poderosas, abrindo espaço para outros membros se destacarem em músicas mais soturnas. Destaco “Kiss the World Goodbye” uma faixa diferenciada de distorção de guitarra mas que retrata bem o estilo do rock noventista e “Your Day Will Come” praticamente um heavy metal com um jeitão meio Alice in Chains acelerado. O pessoal fã dessa década vai curtir bastante esse disco.
Lineup: Jason Bonham (bateria), Charles West (vocais), Tony Catania (guitarras) e John Smithson (baixo e teclados)
- When You See the Sun
- Drown in Me
- Out on the Prey
- Searching
- Ordinary Black and White
- Kiss the World Goodbye
- Your Day Will Come”
- Rain
- Can’t Go On
- Turning Back the Time
- The Unknown
- Shagkabob
U.F.O. – You Are Here [2004]
Primeiro que esse disco do U.F.O. é muito bom, um dos melhores que eles lançaram na fase mais recente. Segundo que o estilo da banda, quase um heavy metal, beneficia Jason em seu estilo de tocar, fazendo a cozinha com Pete Way soar brilhante. Hard rock enérgico, com produção moderna mas de estilo oitentista, difícil não se empolgar com “Mr. Freeze” e “Jello Man” duas músicas que curti muito ao ouvir este álbum, junto a tantas outras muitos boas sem praticamente considerar qualquer faixa como filler. Sinceramente, Michael Schenker pode ser o grande guitarrista de sempre, mas sua saída para a entrada de Vinnie Moore não a afetou em nada. E Jason também fez o mesmo ao substituir o grande baterista Aynsley Dunbar, que passou por várias bandas de sucesso. Uma pena que Bonham ficou tão pouco tempo no U.F.O. porque a banda é simplesmente perfeita para ele.
Lineup: Jason Bonham (bateria), Phill Mogg (vocais), Vinnie Moore (guitarras), Pete Way (baixo) e Paul Raymond (teclados).
- When Daylight Goes to Town
- Black Cold Coffee
- The Wild One
- Give It Up
- Call Me
- Slipping Away
- The Spark That Is Us
- Sympathy
- Mr. Freeze
- Jello Man
- Baby Blue
- Swallow
Joe Bonamassa – You & Me [2006]
Agora o batera vai para o lado blues do rock e como era de se esperar, se sai muito bem. O blues beneficia muito a guitarra, mas Bonham sempre demonstra seu toque pessoal seja com quem tocar. Óbvio que Bonamassa é o destaque principal, mas a belíssima percussão e violão de “High Water Everywhere” e o balanço de “Bridge to Better Days” fazem desse disco uma das melhores performances individuais da carreira do britânico. O cara faz de tudo e não dá moleza aos bumbos e pratos com viradas constantes enquanto Bonamassa sola com a maestria de sempre. Também dá o toque refinado conforme a música pede tal como “Asking Around For You”. Lindo disco de Bonamassa, parceria que seria retomada com o baterista no disco logo abaixo.
Lineup: Jason Bonham (bateria), Joe Bonamassa (vocais e guitarras), Carmine Rojas (baixo) e Rick Melick (piano e órgão).
- High Water Everywhere
- Bridge to Better Days
- Asking Around for You
- So Many Roads
- I Don’t Believe
- Tamp Em Up Solid
- Django
- Tea for One
- Palm Trees Helicopters and Gasoline
- Your Funeral and My Trial
- Torn Down
Black Country Communion – Afterglow [2012]
Lamento tanto que essa banda acabou. Um dos poucos supergrupos que vejo honrar o talento de tantos músicos de sucesso em canções marcantes e bem feitas dentro do blues/hard rock. O terceiro e último Afterglow é o que mais gosto deles, já com os caras bem azeitados entre si e entendendo bem um ao outro de forma a compor e tocar músicas muito boas. Bonham, muito bem acompanhado, dá mais energia ao já idoso Hughes e aos técnicos Sherinian e Bonamassa com sua bateria sempre em destaque e com vigor. A banda morreu aqui, mas ficará para sempre marcada como um destaque da década 2010. Destaques: “Midnight Sun”, “Cry Freedom”, “Afterglow” e “Dandelion”.
Lineup: Jason Bonham (bateria, backing vocals), Glenn Hughes (baixo, violão e vocais), Joe Bonamassa (guitarra, vocais) e Derek Sherinian (teclados).
- Big Train
- This Is Your Time
- Midnight Sun
- Confessor
- Cry Freedom
- Afterglow
- The Circle
- Common Man
- Dandelion
- The Giver
- Crawl
Black Country Communion era realmente uma superbanda. É uma das poucas coisas mais recentes (?) que realmente gosto. Quatro músicos acima da média. Músicas de excelente qualidade. É uma pena que a guerra de egos tenha sufocado esse empreendimento.
Parece que eles estão de volta:
http://www.blabbermouth.net/news/black-country-communion-to-return-in-2017/
Pela reportagem, parece que Glenn Hughes quer a volta da banda. O problema com Joe Bonamassa é a sua bem sucedida carreira solo. Ou seja, aparentemente não há briga entre os dois. Vamos torcer, portanto, para que, pelo menos, saia mais um álbum do BCC, com a formação completa.
Até onde eu sei, eles estão ensaiando novamente
BCC vai lançar um novo disco, os caras já se reuniram com o Kevin Shirley. Pena que vai ser só assim em discos esporádicos mesmo, provavelmente nem vai sair em tour.
Sim, se destacaram muito. Mas o problema é que o Bonamassa faz mais dinheiro na carreira solo dele, o que deixa as coisas problemáticas. Mas fico feliz com a possibilidade da volta deles.
vinha pensando numa 5 discos pra conhecer dele há tempos, baterista fantástico, que se fosse filho de qualquer outro ser humano teria mais reconhecimento. Gosto muito também do California breed. Que tal uma 5 discos do Tery Bozzio?
Pensei em por o California Breed, mas pensei na Jason Bonham Band porque pouca gente conhece este disco dele.
Pensei – e enrolei – um bom tempo nesse 5 discos, mas daí o André fez, e com muita propriedade. Eu apenas trocaria o Afterglow pelo primeiro Black Country, e o disco da The Jason Bonham pelo Celebration Day, onde ele toca demais – ele e o JPJ, por que Page e Plant estão bem abaixo. Substituir Dunbar e Andy Parker foi uma tarefa complicadíssima, maso guri – nem mais tão grupo assim – tocou muito bem. Valeu André
Vixe, nem sabia desse seu plano, Mairon. Por sinal, o que acha de dividirmos uma DC do UFO ainda esse ano?
Ó, boa ideia. Vamos negociar …
Excelente matéria com este baterista fenomenal que sempre viveu na sombra de seu pai. Pra quem curte o primeiro do Bonham, recomendo o segundo Mad Hatter, com a mesma formação porém mais cru. Hardão de primeira.