Paul McCartney – Uma Vida [2011]
Por Mairon Machado
Lord Paul McCartney estará chegando ao Brasil nesse segundo semestre. Parece que o eterno beatle acostumou-se com o calor tropical da América do Sul, já que nessa década, ele veio diversas vezes colocar seus históricos pés por essas terras. Então, antes de esbaldar-se com um show sensacional, que tal conhecer um pouco sobre a sua biografia. Para isso, o livro Paul McCartney Uma Vida é uma excelente escolha.
Peter Ames Carlin se tornou um importante biógrafo de grandes artistas nos últimos anos. O americano já trouxe ao mundo a história de nomes como Bruce Springsteen, Paul Simon e Brian Wilson, só para ficar em alguns, e teve a honra de narrar a carreira de um dos principais nomes da história da música, Paul McCartney. Em seu livro Paul McCartney Uma Vida, Carlin traz a história de uma celebridade, que saiu de uma origem humilde para ser um dos nomes mais conhecidos em todo o planeta.
“Mais do que um astro, mais do que uma celebridade, Paul McCartney é um símbolo cultural“. Essa frase que abre a orelha de Uma Vida já diz muito sobre quem iremos conhecer ao longo das 368 páginas do artefato literário, divididas em 23 capítulos que não se furtam em nenhum momento em trazer para o leitor a história do ponto de vista de diversas pessoas, entrevistas por Ames ao longo de dois anos de muito trabalho e dedicação, bem como uma revisão bibliográfica muito bem explorada pelo autor em cima de entrevistas, notícias de jornais, apresentações em TVs, entre outros.
O americano conta a história de Paul desde os primórdios da família McCartney, com o vovô Joe McCartney nascido em 1866, casando com Florrie Clegg em 1896 e formando uma família de nove filhos, dentre eles o papai James (Jim) McCartney. A família McCartney cresceu em Everton como uma família tradicional britânica, trabalhando muito para conseguir o sustento, mas com um detalhe adicional, apaixonados por música. O casamento de Jim com mamãe Mary, e o nascimento do primogênito Paul, deu novos ares para a família, e assim, o livro começa a narrar a conturbada e inacreditável vida do menino Paul.
A dolorosa perda da mãe ainda na juventude, as primeiras bandas, o encontro marcante com John Lennon, líder dos Quarrymen e que iria levar a formação dos Beatles, tudo é narrado com riqueza de detalhes, chegando ao auge da leitura inicial quando o grupo estoura no Reino Unido, fazendo os bancos dos teatros se encharcarem com a excitação das meninas somente ao ver o famoso quarteto de Liverpool pisando no palco.
Até esse momento do livro, Ames apresenta um Paul charmoso, inteligente e obstinado a ser um homem de sucesso, buscando sempre o que é seu sem temer o que vier pela frente, fato aprendido quando ainda era criança e teve seu relógio por alguns fortões, mas encarou os mesmos em pleno tribunal com a ajuda do pai, onde obteve a lição: “Você trabalha duro e mantém sua palavra, e se alguém tentar pegar algo que lhe pertence, resista“. Quem diria que essa lição acabaria marcando a vida de Paul de maneira um tanto diferente do que se imaginaria, mas isso falaremos depois.
O sucesso com os Beatles e o relacionamento de Paul com a atriz Jane Asher tomam conta da segunda parte do livro, que para os fãs dos Fab-Four, é um deleite de informações de como álbuns sagrados como Rubber Soul, Revolver e Sgt. Peppers foram construídos, mostrando uma parceria inigualável e inteligente de Paul e John Lennon, mas ao mesmo tempo, é um choque sobre o processo de egocentrismo que o famoso beatle assume a partir de então. Paul está cada vez mais fascinado com o sucesso, e entre aventuras sexuais e criações musicais mágicas, o autor destaca os pensamentos gananciosos em termos de ser A estrela do grupo, bem como os fracassos em ser além de músico, também um cineasta (com o filme Magical Mystery Tour). Também é nesse ponto que Ames nos mostra como a relação de Paul com os demais beatles começou a ficar conturbada por conta das drogas, já que Paul foi o último a consumir LSD dentre os quatro, mas arrotou para a imprensa que havia sido o primeiro, e isso deixou os demais fulos da vida.
O término dos Beatles é um trecho de destaque na obra aqui narrada, envolvendo tanto as crises de Yoko x Beatles quanto as próprias brigas internas entre Paul x John e George, que já buscava amparo espiritual em outros mundos que não mais o iê-iê-iê, bem como o famoso caso da “morte de Paul”, tratada com fatos verídicos que indicam que Paul realmente não morreu, e que é um período importante para consolidar o relacionamento de Paul com um novo amor, Linda Eastman, a qual se tornou sua fiel companheira no grupo Wings.
A carreira com o Wings surge entre muitas brigas pessoais de Paul com os demais integrantes (principalmente por dinheiro e pelo fato de Paul obrigar os colegas a aceitarem Linda como companheira de banda), alto consumo de maconha e um sucesso que não foi bem administrado pelo artista. As brigas com o guitarrista Henry McCullough e o baterista Denny Seiwell, bem como o co-fundador e guitarrista Denny Laine, dariam bons pontos de ibope para Nelson Rubens, Leão Lobo, Mara Maravilha e Sonia Abrão, principalmente por que o artista se recusava a pagar para os colegas de banda uma remuneração mais justa para os índices que o Wings estava alcançando. Enquanto o grupo vendia milhões de discos ao redor do mundo, Paul pagava apenas 70 dólares por semana para os membros da banda, o qual viviam em um celeiro na casa de campo de Macca, e eram obrigados a estar à disposição do ex-beatle 24 horas por dia. Além disso, a falta de higiene na casa dos McCartney também incomodava os “moradores”, sendo que Linda ficava semanas sem tomar banho, enquanto a fumaça de maconha era constante no ambiente.
Com o fim do Wings, surge o drama de uma carreira solo de altos e muitos baixos, recheada de críticas, mas principalmente, a dor da perda do amigo John Lennon e de sua amada Linda por conta do câncer de mama, idêntico ao câncer que levou mamãe Mary há algum tempo. Esse trecho do livro é de bastante comoção, principalmente por Paul não conseguir ter se despedido “em paz” com Lennon, já que muitas foram as discussões e farpas que ambos soltaram um para o outro junto à imprensa. Mas, na medida que as páginas vão passando, voltamos para a sessão “Ok! Ok!”, com as brigas do novo casal, McCartney e Heather Mills, bem como novas questões judiciais envolvendo os direitos musicais dos Beatles, com Paul tendo feito um trato com a EMI onde recebia mais do que os outros membros da banda.
Enfim, o livro apresenta os louros e os fracassos de um inegável monstro da arte mundial, e se por diversas vezes parece ser uma revista de fofocas, por outras revela que até mesmo um rosto conhecido possui seus problemas pessoais, e como a obra foi autorizada pelo próprio Macca, é por que não há o que esconder. O livro ainda possui algumas imagens da carreira da banda, todas em preto e branco e disponibilizadas em separado no seu trecho central, mas é irrelevante perto da boa quantidade de informações que você terá. Seja fã ou não dos Beatles, com certeza é uma obra interessante para sua prateleira.
Não sabia que o Paul era tão pão duro assim com os caras que tocaram com ele no Wings. E ele parece ser tão brother de todo mundo que toca com ele. Só se ele mudou hoje em dia.
Pois é Anônimo, me surpreendeu tb. E outras informações que têm no livro, também surpreende negativamente. Deve ter mudado e muito