Running Wild – Blazon Stone [1991]
Por André Kaminski
O Running Wild sempre fez parte daquele “segundo escalão” do heavy metal. Muita gente conhece, mas houve lá um ou outro álbum. Talvez nem isso. Sabem que os caras se fizeram na temática pirata depois de abandonar o ocultismo, mas vai lá, conhece uma música de nome.
Pois se fosse para recomendar um disco dos caras, seria justamente este sexto disco de estúdio, Blazon Stone. É o meu favorito da banda desde que os conheci há alguns anos. Um heavy metal temperado de power vigoroso, que mescla velocidade e melodia, diferente da guinada mais ao hard rock que a banda tomou nos últimos lançamentos.
Rolf Kasparek consegue uma façanha que poucas bandas fazem neste mundo: ter lançamentos de qualidade e com consistência, soando com alguns elementos e ganchos diferentes, mas sem perder a essência que construíram após a mudança de temática. Neste disco, a banda sai um pouco da temática pirata e também faz músicas sobre eventos históricos (A Guerra das Rosas da Inglaterra) e sobre questões de colonização das Américas.
Os destaques são muitos. A abertura com “Blazon Stone” é talvez a melhor faixa do Running Wild abrindo um álbum. Refrão ganchudo, feito sob medida para ser cantado a plenos pulmões, riffs fodas e um coro de vozes criado para dar aquele ar épico que brilhantemente empolga qualquer um que adore bater pescoço em show. “Little Big Horn” fala da batalha que houve em solo norte-americano entre os índios e o governo, ao qual os nativos saíram vencedores liderados pelos famosos índios Touro Sentado e Cavalo Louco contra as tropas do General Custer.
Outro ótima canção com um jeitão mais Judas Priest é “White Masque”, típica daquele speed metal estilo oitentista, um tanto mais direto e menos pomposo. “Rolling Wheels” com uma temática estradeira já tem um estilo mais NWOBHM, pegando influência do Raven e do Angel Witch. Por fim, “Heads or Tails” fecha o disco com muitos solos de guitarra em uma canção que lembra bastante a própria “Blazon Stone” lá do início.
Rolf e Axel Morgan se complementam muito bem nas guitarras. A cozinha de Jens Becker (hoje no Grave Digger) e do baterista AC (ex-roadie do próprio Running Wild e que tocou muitos anos com o Lacrimosa) é sólida e bem feita. O coro de vozes é presente em várias canções dando um destaque especial nos refrãos. Enfim, um ótimo disco destes alemães, que apesar de um pequeno hiato em 2010, Rolf continua firme e forte lançando discos e agradando fãs por todo o mundo.
Lineup: Rolf Kasparek (vocais, guitarras), Axel Morgan (guitarras), Jens Becker (baixo) e AC (bateria).
Tracklist
- Blazon Stone
- Lone Wolf
- Slavery
- Fire & Ice
- Little Big Horn
- Over the Rainbow
- White Masque
- Rolling Wheels
- Bloody Red Rose
- Straight to Hell
- Heads or Tails
Grande disco! Ótima pedida para quem não conhece a banda.
Para mim, todos os discos que o Running Wild lançou até meados dos anos 1990 são bons. Alguns mais, outros menos. “Gates to Purgatory” e “Death or Glory” são, com facilidade, os melhores. São absurdamente bons, superiores a quaisquer coisas que outras bandas alemãs estivessem fazendo na mesma época. O primeiro, mais primitivo, puxado para o speed metal, é um dos meus discos favoritos da década, e olha que a concorrência era complicadíssima. “Death or Glory”, por sua vez, é a obra-prima que consolidou de vez a sonoridade e a temática pelas quais o Running Wild ficou mais conhecido.
Talvez por ter vindo após um álbum tão especial, “Blazon Stone” me decepcionou um pouco. É um bom disco sim, mas sinto a falta de músicas de alto impacto, com aquele algo mais que canções como “Riding the Storm”, “Marooned”, “Bad to the Bone” e “Tortuga Bay”, todas do anterior, possuem. Há sim algumas faixas muito boas, como a que dá título ao álbum e “Little Big Horn”, mas fica a impressão de que uma produção melhor daria mais gás a elas. “Pile of Skulls” já soa melhor e isso faz uma boa diferença para que músicas como “Whirlwind” e “Lead or Gold” possam se destacar mais.
De maneira análoga, o disco do qual menos gosto entre os dez primeiros anos do grupo é justamente o que veio após meu favorito (“Gates to Purgatory”), “Branded and Exiled”, menos inspirado e com uma sonoridade abafada que me incomoda um pouco.
De qualquer maneira, é ótimo ver o Running Wild por aqui. É uma pena que um show no Brasil seja uma realidade muito distante. Valeu, André.
A banda era inspiradíssima no final dos anos 80 e nos anos 90. Tem aquele refino musical que só os alemães possuem. Mesmo os mais recentes puxados para o hard rock dou minhas ouvidas lá de vez em quando.
Meu preferido é o primeirão e dificilmente vou mudar essa opinião. Esse é um grande disco e como o Diogo falou até The Rivalry (1998) todos são bons.
Não sou muito fã da fase ocultista deles, mas da fase pirata em diante, gosto de praticamente todos que ouvi.
Parabéns pela matéria. Devo confessar que ouço os discos que você recomenda, mesmo não sendo o metal e o prog meus gêneros preferidos.
Obrigado pela consideração, Antonio. Considero isso um baita elogio.