Melhores de 2012: por Diogo Bizotto

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Testament: Greg Christian, Eric Peterson, Chuck Billy, Alex Skolnic e Gene Hoglan |
Nesta semana, de segunda a sexta-feira, diversos colaboradores da Consultoria do Rock
apresentarão listas com suas preferências particulares
envolvendo os novos álbuns de estúdio lançados em 2012. Cada redator
tem a oportunidade de elaborar sua listagem conforme seus próprios
critérios, escolhendo dez álbuns de destaque, além de uma surpresa e
uma decepção (não necessariamente precisam ser discos). Conforme o
desejo de cada um, existe também a possibilidade de incluir outros
itens à seleção, como listas complementares, enriquecendo o processo e
apresentando impressões relacionadas ao ano que acabou de se encerrar.
Como culminância da seleção, no sábado, os dez
álbuns mais citados serão compilados e receberão comentários de todos
os colaboradores, não importando o teor das opiniões.
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Testament – Dark Roots of Earth |
O Testament é daqueles grupos que, mesmo sem termos ouvido seu novo lançamento, sabemos tratar-se, no mínimo, de material de muita qualidade. Dark Roots of Earth, porém, superou todas as expectativas e se transformou em pouquíssimo tempo no mais óbvio merecedor do título de disco do ano. Não contente em apenas lançar um álbum sensacional, o quarteto original ‒ Chuck Billy (vocais), Greg Christian (baixo), Alex Skolnic e Eric Peterson (guitarras) ‒, acrescido do animalesco baterista Gene Hoglan, que já havia gravado Demonic (1997), provavelmente registrou o melhor trabalho de sua carreira. É isso mesmo que você acabou de ler! Sem desmerecer marcos como The Legacy (1987) e The New Order (1988) e não esquecendo do magnífico The Gathering (1999), um dos melhores discos da década de 90, Dark Roots of Earth apresenta uma sequência tão absurda de músicas fantásticas que já nasceu com a pecha de clássico. O álbum seguiu a linha evolutiva demonstrada no antecessor, The Formation of Damnation (2008), mas ainda melhor explorada, explicitando a capacidade de compor canções ao mesmo tempo extremas e viciantes presente em The Gathering (ouça “Rise Up”, “Native Blood” e “True American Hate”), além de revisitar a raiz mais melódica do passado, vide a semibalada “Cold Embrace”, que conta com uma performance excelente de Chuck Billy. Repito: nasceu clássico!
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Bruce Springsteen – Wrecking Ball |
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Van Halen – A Different Kind of Truth |
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Candlemass – Psalms for the Dead |
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Stone Sour – House of Gold & Bones Part 1 |
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The Gaslight Anthem – Handwritten |
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Eclipse – Bleed & Scream |
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Serj Tankian – Harakiri |
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Joe Bonamassa – Driving Towards the Daylight |
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Soulfly – Enslaved |
Vergonha na cara. Parece ser um chá bem forte desse remédio que Max Cavalera tem consumido em grandes doses nos últimos tempos. Esquecidas as irritantes aspirações de brasilidade forçada e as experimentações de gosto duvidoso expressas eu seus últimos tempos de Sepultura e nos primeiros álbuns do Soulfly, sobressaiu-se novamente a capacidade de um dos arquitetos do heavy metal moderno, que compõe, toca e canta com personalidade ímpar. Em Enslaved, Max revisitou, em doses nada terapêuticas, seu passado mais extremo e cunhou um registro fortemente recheado de influências death metal, mas mesmo assim com muito groove, como atesta seu track list, que destaca músicas como “World Scum”, “American Steel”, “Redemption of Man By God”, a pancada incessante de “Treachery” e “Plata o Plomo”, cujos vocais ‒ alternando português e espanhol ‒ são divididos com o baixista Tony Campos, excelente adição ao line-up. É uma pena que o baterista David Kinkade tenha deixado o grupo recentemente, pois seu trabalho certamente é digno de nota. Resumindo a história, para aqueles que ainda não se convenceram e gostam de comparações: Enslaved é melhor do que qualquer disco do Sepultura após a saída de Max.
A ideia inicial era citar mais dez menções honrosas, a fim de não banalizar o processo. No entanto, a quantidade de bons discos lançados foi tão grande, que achei ser mais justo comigo e com os leitores citar 20, na esperança de que funcionem como incentivo para que sejam escutados com ouvidos atentos.
Accept – Stalingrad
Baroness – Yellow & Green
Black Country Communion – Afterglow
Chris Robinson Brotherhood – Big Moon Ritual
Donald Fagen – Sunken Condos
Europe – Bag of Bones
Gotthard – Firebirth
H.E.A.T. – Address the Nation
Ihsahn – Eremita
Jack White – Blunderbuss
Joe Walsh – Analog Man
Kreator – Phantom Antichrist
Master – The New Elite
Overkill – The Electric Age
Richie Sambora – Aftermath of the Lowdown
Rick Springfield – Songs For the End of the World
Rush – Clockwork Angels
The Night Flight Orchestra – Internal Affairs
Tremonti – All I Was
Wigelius – Reinventions
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Van Halen – A Different Kind of Truth |
A divulgação do primeiro single e videoclipe extraído de A Different Kind of Truth fez a alegria daqueles que torciam para o fracasso da nova reunião entre a família Van Halen e o vocalista David Lee Roth. “Tattoo” pode até não ser uma música ruim, mas ficou bastante aquém do que se esperava de um grupo outrora tão importante, que precisava muito lançar um disco forte a fim de recuperar a credibilidade com os antigos admiradores e sonhar com uma renovação na base de fãs. A má impressão dissipou-se tão logo o álbum completo chegou aos ouvidos dos mais apreensivos. A Different Kind of Truth não apenas é o melhor disco desde 1984, como representou uma volta mais triunfal do que quase todos poderiam imaginar. Eddie confirma cada vez mais porque é meu guitarrista favorito em meio a uma dezena de gênios do instrumento dos quais sou admirador e alimenta meu desejo de que o grupo ainda passe pelo Brasil.
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Steve Harris – British Lion |
Jamais vou renegar a responsabilidade de Steve Harris em ter transformado o Iron Maiden no gigante que é. Mais do que a voz de Bruce Dickinson, a competência empresarial de Rod Smallwood, as magníficas produções de Martin Birch e as peculiares guitarras de Adrian Smith e Dave Murray, foram suas composições que deram cara ao grupo e fizeram com que o sucesso sorrisse para os ingleses. É justamente por ter consciência da capacidade do baixista que British Lion frustra tanto. Unido a um grupo não mais que mediano de músicos, além de um vocalista que soa como se estivesse anêmico, Harris lançou dez faixas ‒ supostamente maturadas durante um longo tempo, o que torna tudo ainda mais injustificável ‒ que alternam bons momentos com outros totalmente descartáveis, avacalhados por uma péssima produção. Pior que isso foi ter lido, à época do lançamento, resenhas positivas que citavam uma suposta exploração das influências progressivas e hardeiras setentistas que o músico sempre alegou ter, algo totalmente forçado e risível, dado que os momentos que fazem jus a essas características são raríssimos, caso da boa “The Chosen Ones”. De positivo, há uma boa dose de Iron Maiden em “Us Against the World”, muito de AOR em “Eyes of the Young”, algumas guitarras interessantes em “Karma Killer” e não muito mais que isso. O resto do conteúdo é pouco memorável e inclusive revela algumas surpresas ainda mais negativas, como o ranço noventista da lamentável “This Is My God”, injustificadamente escolhida como primeiro videoclipe. Stevão, meu amigo, foca no Iron Maiden que é o que você faz de melhor…
Escolher as melhores músicas lançadas em 2012 foi ainda mais trabalhoso do que selecionar os álbuns de destaque. A fim de criar uma lista mais plural, cada artista recebeu apenas uma citação. Algumas vezes, foi dificílimo selecionar as melhores faixas de certos discos, e mais ainda estabelecer uma ordem que parecesse justa.
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House of Gold and Bones Part 1 |
Stone Sour – “Gone Sovereign + Absolute Zero”
Ok, acabei de afirmar a intenção de selecionar apenas uma canção de cada artista, mas, em se tratando das duas avassaladoras faixas que abrem ‒ sem pausa ‒ o ótimo House of Gold and Bones Part 1, não havia como ser diferente. Para fazer valer meu subterfúgio, a própria banda editou o single com as faixas como um “duplo lado A”, além de ter lançado uma versão que une os dois videoclipes feitos para essas duas verdadeiras pauladas, que não devem em nada ao peso do Slipknot. Já citei quão fã sou do vocalista Corey Taylor, mas o fato é que a banda toda está soltando faíscas, especialmente na fantástica sequência de solos protagonizada pelos guitarristas James Root e Josh Rand na primeira faixa. Aprendam: é assim que se une violência e melodia!
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Dark Roots of Earth |
Testament – “Native Blood”
Dark Roots of Earth conta com várias músicas que poderiam fazer parte dessa lista, mas nenhuma delas é tão viciante quanto “Native Blood”, uma exaltação às origens indígenas do vocalista Chuck Billy. A interação entre os guitarristas Alex Skolnic a Eric Peterson atingiu seu ponto máximo, cunhando linhas técnicas e dinâmicas, enquanto Gene Hoglan deu toques de extremismo ao resultado final através de bem postados blast beats. E Billy? Sua performance só melhora, demonstrando amadurecimento e bom uso de todos os recursos aprendidos em sua carreira como vocalista.
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Wrecking Ball |
Bruce Springsteen – “Land of Hope and Dreams”
Wrecking Ball trouxe uma boa quantidade de novos clássicos para a carreira de Springsteen. Canções como “We Take Care of Our Own”, “Easy Money” e “Jack of All Trades” têm tudo para, em questão de pouco tempo, serem lembradas com carinho por seus fãs, mas a melhor de todas as presentes no álbum atende por “Land of Hope and Dreams” e data de 1999. A faixa, que faz jus ao seu título, é a mais apoteótica no messiânico Wrecking Ball, e já era executada desde a época de sua composição nos sets do Boss. Merecia um lançamento de estúdio há tempos.
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Aftermath of the Lowdown |
Richie Sambora – “Seven Years Gone”
Para passar de decepção a menção honrosa, Aftermath of the Lowdown levou um bom tempo e muitas audições. Apesar disso, desde a primeira ouvida, uma certeza não mudou: o fato de “Seven Years Gone” ser uma das melhores canções registradas em 2012. Mesmo que o tom do álbum seja mais pessoal, menos comercial e aberto a experimentações, o guitarrista do Bon Jovi não perdeu a mão e cunhou uma música rica em dramaticidade, incluindo uma ótima performance vocal e solos do jeito que gosto de ver Sambora executando.
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Enslaved |
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Broken Bones |
Joe Bonamassa – “Driving Towards the Daylight”
Balada que dá nome a seu mais recente disco, “Driving Towards the Daylight” traz um Joe Bonamassa cheio de feeling, sem cair em clichês do blues e acompanhado de uma banda invejável. Além de tocar sua guitarra maravilhosamente bem, o músico demonstra em canções como essa que sua capacidade como vocalista também merece reconhecimento.
Serj Tankian – “Harakiri”
Foi um parto escolher qual música do mais novo álbum do vocalista do System of a Down merecia fazer parte desta lista. Em meio a “Cornucopia”, “Ching Chime” e “Occupied Tears”, acabou prevalecendo a faixa-título, que demonstra, como pouquíssimas outras ao longo de sua carreira, sua capacidade de, mesmo em meio a melodias exóticas, criar linhas vocais criativas e cativantes, atuando praticamente como mais um instrumento. Como não poderia ser diferente, a politização presente em sua banda também dá as caras nesse magnífico trabalho de Serj Tankian.
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Handwritten |
The Gaslight Anthem – “45”
Energia, urgência, sangue no olho… Todas essas características, presentes no excelente Handwritten, existem de sobra em “45”, que retrata tudo aquilo que uma banda de rock deveria ter e passa longe de ambições desmedidas e da burocracia que muitas vezes acomete as formações de sucesso. Além disso, Brian Fallon é um dos melhores vocalistas para se escutar nos últimos tempos, unindo, em seus melhores momentos, o feeling de caras tão diferentes quanto Bruce Springsteen e Paul Rodgers. Exagero? Só escutando…
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Inside My Head |
Falar mal de algo do Springsteen ainda mais com o Diogo é pedir para arrumar briga, mas tenho que dizer…não gostei desse álbum. Claroq ue conheço poucos álbuns do Patrão e pela perspectiva desses álbuns achei esse muito country e sem nada de mais…
Diogo….amigos?
Não curti o Handwritten tanto assim, mas fico muito orgulhosa com toda a pesquisa que tu faz e com teu comprometimento em escutar tantos álbuns com cuidado para inluí-los aqui. Dá vontade de escutar vários deles que ainda não tive a oportunidade.
Ótimo trabalho, seu lindo! Grande beijo!
Tirando o Rick Springsteen SÓ TEM METÁU!
Fernando, na verdade acredito que "Wrecking Ball" seja, muito provavelmente, o álbum mais soul da carreira de Springsteen, e isso certamente acaba afastando muita gente. Além disso, carrega um tom mais denso e "pesado" que os antecessores de inéditas, "Working on a Dream" e "Magic", discos de mais fácil digestão.
Adriano, o The Gaslight Anthem tem tanto de metal quanto uma vaca tem penas. Mas sim, tem bastante metal na minha lista. Ouvi um caminhão de discos, mas os que me chamaram mais a atenção mesmo foram, na maioria, de heavy metal mesmo. Cite, por exemplo, algum discaço de progressivo lançado em 2012. Ah, esqueci, você tá estácionado em que ano mesmo, 1972?
Mas o que importa mesmo é: COMENTÁRIO DA NAMORADA = GANHEI O DIA!!!! Valeu, minha Thusa, sua lymda!!!
Diogo, o discaço progressivo de 2012 é O Arquiteto. Aliás, é o disco prog da década!!
Então, tô lendo essas listas pra ter vontade de des-estacionar, mas cada vez mais o estacionamento se transforma em Paraíso, de tanto METÁU e coisas do mermo nível nessas listas.. O que mais me atraiu foram discos de bandas jurássicas, pra se ter uma ideia.. A menos jurássica é a do Chris Robinson.