Dimmu Borgir – Puritanical Euphoric Misanthropia [2001]
Por Thiago Reis
Todos que acompanham o heavy metal com frequência conhecem pelo menos de nome a banda norueguesa Dimmu Borgir. O grupo iniciou suas atividades no começo dos anos 1990 e no ano de 1994 lançou seu debut intitulado “For All Tid”. Ao longo da década a banda foi conquistando seu espaço e estabelecendo-se dentro de seu estilo. Até que no ano de 2001 a banda estava pronta para alçar voos maiores. Nesta época a banda tinha em seu line up o vocalista Shagrath, Silenoz e Galder nas guitarras, Vortex no baixo e “clean voice”, Nick Baker na bateria e Mustis no teclado. Neste mesmo ano a banda lançou o seu “masterpiece” Puritanical Euphoric Misathropia. Gravado em Gotermburgo, na Suécia sob a produção da própria banda e de Fredrik Nordström, Puritanical Euphoric Misanthropia possibilitou que o Dimmu Borgir se estabelecesse como uma das referências do estilo Black Metal Sinfônico. Ao longo dos próximos parágrafos falaremos desta obra-prima e convidamos o leitor para ler esta resenha enquanto escuta o disco.
A intro “Fear and Wonder” mostra perfeitamente como um disco soará. Sombrio, enigmático e de extremo bom gosto. “Fear and Wonder” apresenta claras influências do tecladista Mustis e o excelente trabalho da Gothemburg Opera Orchestra, que esteve como convidada neste álbum. Presença marcante nos set lists da banda, recomenda-se ouvir a versão do álbum ao vivo “Forces of the Nothern Nights”.
O peso e os riffs precisos, além da bateria matadora de Baker se fazem presentes em “Blessings Upon the Throne of Tyranny”. Mesmo sendo bem pesada, as orquestrações ao fundo possuem um equilíbrio perfeito, como se fosse o choque entre o bem e o mal, o céu e o inferno, a luz e a escuridão na mesma música. Como Puritanical Euphoric Misanthorpia se mostra uma fábrica de clássicos da banda e com “Blessings Upon the Throne of Tyranny” não é diferente.
“Kings of the Carnival Creation” é a próxima e recomenda-se ouvi-la no volume máximo, pois possui todos os elementos presentes nas músicas do Dimmu Borgir. A parte instrumental é impecável, com riffs de muito bom gosto, bateria rápida e contagiante de Nicholas Baker, vocais guturais de Shagrath e orquestrações que se destacam. Além disso, os tradicionais vocais de Vortex em determinadas partes de algumas músicas, incluindo esta são excepcionais, já que levam a música do Dimmu Borgir a outros patamares, além de funcionar muito bem também ao vivo. A parte “clean” que o baixista canta fica na cabeça, principalmente o trecho “…And enjoy the suffering, sanity drained in disrespect. With such beddevilled Faith in good, subsenquently trusting evil”.
O alto nível continua com “Hybrid Stigmata – The Apostasy” que se inicia com muitos efeitos e orquestrações, mas logo em seguida já aparecem os precisos riffs de Galder e Silenoz, que se mostram a dupla perfeita para as guitarras do Dimmu Borgir. A partir dos dois minutos e meio o andamento da música muda, mas o destaque vai para o próximo minutos, que apresenta diferentes orquestrações, além de mais uma magistral participação de Vortex com sua clean voice.
“Architeture of a Genocidal Nature” é a próxima e o peso já se inicia nos primeiros segundo, além da forte presença dos dois bumbos de Baker. Shagrath rouba a cena e mostra seu poderoso vocal. Mas já no final do primeiro minuto, Mustis comanda a mudança de rumo da música apresentando em seu teclado notas soturnas que complementam bem o peso da bateria, guitarra e baixo. Mais uma vez o Dimmu Borgir apresenta muito bem a união do mundo “sinfônico” com o mundo “pesado” do black metal.
“Puritania” pode ser considerada um dos maiores clássicos da banda apesar de ser um pouco diferente o seu direcionamento. Com riffs de fácil assimilação e linhas vocais que não apresentam muitas alterações, “Puritania” cai como uma luva nos shows da banda. Destaque para o trecho que definitivamente fica na cabeça: “I am pure, I am True. I am all over you. I am laugh, I am smile. I am the earth defiled”.
“Indocrination” é pesada, rápida e difere totalmente da faixa anterior, criando uma boa dinâmica para o álbum, sem torna-lo cansativo. Mesmo sendo uma faixa extremamente pesada, “Indocrination” também apresenta ótimas orquestrações, característica marcante de todo o álbum. “The Maelstrom Mephisto” é um show a parte de Baker, mostrando de forma categórica a sua presença atrás do kit de bateria. O mesmo pode ser dito de “Absolute Sole Right”, que apresenta excelentes riffs, mas os “highlights” vão novamente para o habilidoso baterista.
“Symphozium” apresenta mais uma vez as grandes habilidades de Mustis como compositor, além de excelentes vocais por parte de Shagrath e da já tão comentada excelente participação de Vortex, contrastando novamente os guturais com as vozes limpas de forma excepcional. Com esta e outras músicas já comentadas o Dimmu Borgir não foi somente capaz de se estabelecer de forma nunca antes imaginada no cenário Black Metal, mas também expandiu-se para que fãs de outros estilos conhecessem a banda.
A belíssima instrumental “Perfection or Vanity” mostra todas as facetas do Dimmu Borgir ligadas à música clássica. Essa música chega a causar arrepios, de tão magnifica que é, mostrando-se o encerramento perfeito para os shows da banda. A bônus track “Burn in Hell” tem excelentes momentos e ótimos riffs, desta vez mais cadenciados, mas que não tiram o brilho da música. O final da música reserva mais uma ótima participação de Vortex, encerrando com chave de ouro este clássico do Black Metal Sinfônico.
Em outras palavras, Puritanical Euphoric Misathropia. é literalmente um clássico do estilo, com inúmeros clássicos e que funcionam perfeitamente ao vivo. Foi a partir deste disco e mantendo a mesma formação em Death Cult Armaggedon (2003) e In Sorte Diaboli (2007) que o Dimmu Borgir se tornou uma das maiores referências do Black Metal em todos os tempos. Sem tirar os méritos de clássicos como Enthrone Darkness Triumphant (1997) e Spiritual Black Dimensions (1999) e dos discos posteriores Abrahadabra (2010) e Eonian (2017) que também marcaram a discografia da banda, mas a trilogia iniciada em 2001 e finalizada em 2007 marca a fase mais bem sucedida da banda.
Track list
- Fear And Wonder
- Blessings Upon The Throne Of Tyranny
- Kings Of The Carnival Creation
- Hybrid Stigmata – The Apostasy
- Architecture Of A Genocidal Nature
- Puritania
- Indoctrination
- The Maelstrom Mephisto
- Absolute Sole Right
- Sympozium
- Perfection Or Vanity
- Burn In Hell
Nunca curti o Primo Borges digo Dimmu Borgir. Pra mim black metal era o Hellhammer e depois o Celtic Frost.
Que isso, é dos gêneros que mais se renovou no metal… mas Dimmu não é minha onda também, embora o Enthrone tenha lá sua importância
Uma pergunta que não tem a ver com o tema do artigo, mas é que eu realmente não encontrei nenhum comunicado dos consultores sobre isso: a coluna ”Do Pior ao Melhor” acabou? Era a melhor seção do site.
Agradeço desde já pela atenção. É que essas listas sempre são um bom motivo para discutir a carreira dos artistas e, sobretudo, são uma excelente razão para reouvir os discos.
Pelos comentários do post anterior parece que vai ter uma do Rush
A do Rush já teve meu caro. A coluna não acabou, apenas estamos sem consultor (por enquanto) apto a fazer a mesma. Grato
Falha minha, o autor disse “DC” – discografia comentada! Confundo as seções…
Tudo bem, Diogo? Em primeiro lugar, obrigado pela menção à seção e pelo elogio. Segundo: devido a outras obrigações, optei por me desligar do site. Como era eu que costumava coordená-la (e ser o autor da maioria das publicações), isso explica sua ausência. Isso não significa que ela não possa retornar em algum momento pela mão de outros responsáveis. Abraço!
Que pena. Enfim, espero que a seção volte.
Valeu!