Aeternitas – Requiem [2000]
Por André Kaminski
Os alemães do Aeternitas iniciaram suas atividades em 1999, fundada pelo casal Alexander Hunzinger (guitarras) e a tecladista Anja Malchau (hoje Anja Hunzinger). Eles haviam se conhecido em uma banda anterior chamada Monasteryum que lançou um disco em 1999, mas sem muita repercussão. A banda acabou e o casal resolveu gravar um novo álbum de um novo projeto que é este Aeternitas, que logo mais se tornaria uma banda de verdade. Neste primeiro disco, ainda apenas como um projeto, eles também chamam os vocalistas Kornelius Bötteher e Andreas Libera (este último também baixista) e a soprano Anneke Stemmer enquanto a Alexander usa uma bateria programada para a percussão. E assim surgiu este Réquiem.
Apostando no symphonic metal, em alta naquele início dos anos 2000 com o sucesso de Nightwish, Theatre of Tragedy e Within Temptation, o casal capricha nas orquestrações e letras de cunho germânico medieval mas com letras todas em latim. Apesar de nunca terem sido um sucesso de vendas, a banda conseguiu boas críticas na imprensa especializada que contribuíram na ideia de expandir o projeto. Hoje eles são uma banda completa, com o casal liderando tudo.
Neste disco, temos uma bela introdução sinfônica com “Introitus”, seguida de uma mistura de um vocal tenor e um gutural na curta “Kyrie”. Um bom trabalho de guitarras e orquestrações surge em “Graduale”, junto ao vocal lírico de Anneke. Muito uso principalmente do violino que deixa a música com uma cara bem de séculos atrás se não fosse a guitarra. “Tractus” se foca no teclado configurado como piano de Anja e um riff pesado com a bateria eletrônica com um toque até meio “moderno” demais para o que o disco se propõe. Porém, logo um momento baixo do disco aparece com “Sequenz – Dies Irae”, com um riff repetitivo e um vocal rasgado black metal que muito me desagradam.
No decorrer do disco, as faixas oscilam muito em termos de qualidade. Gostei da sequência final do disco com “Offertorium”, Sanctus” e Responsorium” enquanto as outras canções do grupo de faixas “Sequenz” variam entre o médio e o bom, sendo “Rex Tremendae” a mais fraca delas.
Infelizmente, esse é um dos casos que a produção abafada e a bateria eletrônica incomodam um tanto. Sinto falta de força no som da percussão da qual uma sonoridade como esta influencia muito. Já a produção, apesar de ser claramente baixo orçamento como se vê, soando muito como uma demo, ainda dou uma colher de chá porque era início dos anos 2000 com o casal quebrado financeiramente e se virando como podia. O estilo que adotaram não os beneficia em uma produção baixo orçamento, mas foi graças a este disco que a banda existe até hoje. Então, apesar dos defeitos, a raça que tiveram trouxe frutos.
Se encarar este disco com a ideia de uma banda novata lutando com as armas que tinha, o trabalho poderá lhe agradar (caso também curta o estilo). O que eu vejo muito aqui são boas ideias por parte do casal. Sua parte rítmica foge bastante do tradicional, o que me chama a atenção. Seus álbuns posteriores são bem melhores no quesito técnico. Mas como eu sou daqueles que ouve os discos mais obscuros possíveis, dá de experimentar algo desse aqui. Se não exigir muito dele.
Tracklist
- Introitus
- Kyrie
- Graduale
- Tractus
- Sequenz – Dies Irae
- Sequenz – Mors Stupebit
- Sequenz – Rex Tremendae
- Sequenz – Confutatis
- Sequenz – Lacrymosa
- Offertorium
- Sanctus
- Communio
- Responsorium