Na Caverna da Consultoria: Marcelo Lira
Por Fernando Bueno
Marcelo é um veterano do heavy metal que acompanhou o desenvolvimento do estilo aqui no Brasil desde o “marco zero” Rock in Rio de 1985, estando in loco, no primeiro dia do festival. Ouviu discos antes de muita gente daqui, encontrou alguns ídolos e conseguiu passar para frente o amor à música. Acompanhe agora Marcelo “Harris” Lira.
Olá Marcelo, tudo bem? Obrigado por compartilhar seu amor pela música conosco. Antes de mais nada se apresente para os leitores da Consultoria do Rock.
Antes de mais nada, agradeço ao Consultoria do Rock pelo interesse em minha pessoa em ser selecionado para esta entrevista, até fiquei surpreso. Bom, Marcelo Lira, o Harris vem do mago Steve Harris, e utilizo desde 1983 no colégio e nas trocas de correspondência à época, via carta,rs. Nascido na cidade de São Paulo em 1967 e há 15 anos em São Roque que adoro e onde trouxe minha barulhada selecionada. Curto e coleciono heavy metal e hard rock, não muito aberto a outras tendências musicais. Além de CDs (desfiz dos vinis há uns anos exceto os do Iron Maiden), revistas Rock Brigade desde o inicio, quando eram mimeografadas, Roadie Crew, DVDs, mas considero ser um colecionador modesto, com mais qualidade dos itens que quantidade (modéstia à parte, rs).
Qual foi seu primeiro contato com a música? Existe alguém que serviu como um mentor e te ajudou a descobrir esse mundo?
Meu pai, sem dúvida, detentor de coleções em vinil da MPB antiga, música clássica, boxes de vinis de trilhas de filmes dos ’70 para trás. Guardo as lembranças dos domingos pela manhã ele rolando Nat King Cole, Demônios da Garoa, Henry Mancini, etc. Além de ter pego amor por filmes e futebol, vindo dele, sempre com bastante inserção da História nesses temas. Está vivo, que ótimo e seria bom que pudesse ler isto. Foi grande incentivador, como minha mãe e minha vó, em adquirir materiais de heavy metal e hard rock. Ele foi comigo ao Rock In Rio 1985. Adorou Whitesnake.
Que legal! Esse show foi um marco para a música aqui no Brasil. Quais os dias que você assistiu? Tem alguma lembrança específica sobre os shows?
Fui no 1º dia do 1º Rock In Rio, quer dizer, o primerio dia de toda a saga que segue até hj. Fui ver IRON MAIDEN e WHITESNAKE e teve o Queen também. Antológico ver o Iron Maiden em sua primeira passagem no Brasil, no seu auge, na World Slavery Tour. Fiquei totalmente extasiado, após o grande show do Whitesnake, com grande formação, o Maiden demorou muito para entrar e quando apagaram as luzes, entrou a introdução com Churchill fazendo seu discurso, parece que levou horas, há a explosão de luzes e estouros com a “Aces High” e lembro que Bruce, Steve, Dave e Adrian desceram correndo para frente do palco e quase morri de emoção. Inesquecível!
Qual foi o seu primeiro disco? Você se lembra da situação em que o adquiriu? Você ainda o tem?
Peter Frampton, Peter Frampton – Special (1982), é o que posso citar nessas condições. Ainda o tenho e o pedi de aniversário neste mesmo ano. Antes, eu colecionava trilhas internacionais de novelas, mesmo sem nunca ter gostado de novelas…rs. E o Bee Gees, LP de Spirits Having Flown ganhei antes do Peter. Isso tudo antes do heavy metal, entre os 7 e 13 anos de idade.
Quando você percebeu que estava se tornando um colecionador? Aquele momento que você pensou “bem, vou pegar todos os discos dessa banda, mesmo aqueles que não são tão bons, pois não quero deixar um buraco na coleção”?
Sinceramente, foi recentemente que me colou um pouco esta definição de colecionador, pois acho que soa um pouco arrogante me qualificar como tal, mas nos ’80 com os vinis e tendo tudo do Maiden, Judas, Saxon e itens mais raros à época como Satan, Grim Reaper, Baron Rojo, Loudness, acredito ter começado já nesta década a formar coleção.
De maneira geral? Quais são os números de sua coleção atualmente?
Rapaz, não conto ,mas uma base de 1900 a 2000 CDs, DVDs uns 250, além claro das revistas citadas com muitas edições antigas. DVDs de filmes uns 500 e miniaturas de carros dos 60 aos 90, bem selecionados, uns 300, se é que isso interessa aqui…rsrs.
Tem alguma banda a qual você dá uma atenção especial? Como você já disse, você se apresenta em alguns ligares Marcelo “Harris” Lira. Isso quer dizer alguma coisa?
Matou a charada! Como disse na apresentação, “Harris” me acompanha desde os anos 80, alguns me chamam mesmo de Harris ou Seu Harris, o que é hilário!!! Iron Maiden acima de tudo, sem fanatismo. Mas o hard e heavy oitentista é meu foco e gosto principal.
Sobre esse interesse no heavy metal oitentista. Tem alguma razão para essa preferência? Tem alguma banda que “só você conhece” dessa época?
Sim, meu foco principal é por esta época de ouro e inigualável para o estilo. Na verdade não só para o heavy metal, como hard e até no pop é inigualável a quantidade de bandas, artistas e ótimos lançamentos. Arrogância de minha parte dizer que só eu conheço o Warrior inglês que lançou o EP For Europe Only e o Live in a Dive!, banda que adoro. Mas deve ter gente que conhece sim.
Sendo assim, como você vê a década de 90 em relação ao metal aqui no Brasil?
Década de 90 representou um problema com o advento da desgraça chamada grunge que afetou as bandas de heavy metal. Muitas encerraram as atividades. Mesmo assim houve trabalhos bons lançados.
Como sua família lida com essa paixão? Já teve alguma situação que os discos geraram algum atrito dentro do ambiente familiar?
Nunca tive problema com a família, nem com meus pais, nem em meus 3 casamentos. Muito menos com minha filha Fernanda…rsrs. Na verdade sempre tive apoio de todos os citados, em especial minha esposa Ana Kelly que mesmo não sendo fã da música pesada, me acompanha, faz perguntas, conhece meus amigos do meio e vai a shows comigo.
Cite alguma situação curiosa que aconteceu com você nessa busca por discos.
1985, fã total do sueco Heavy Load. Amigo meu foi à Europa com os tios (coisa rara na época algum conhecido fazer viagens internacionais) trouxe o Stronger Than Evil e o Death or Glory da banda, para ele mesmo. Os gravei em K7 e ouvia diariamente até no chuveiro. Meses depois ele vendeu para um grande colecionador de minha idade, Carlos Imaeda, aliás um potencial entrevistado para vocês. Carlinhos os comprou e meses após num arroubo impulsivo, acredito, me ofereceu e vendeu. Peguei na hora. Dia seguinte, ele que nunca havia ido à minha casa, apareceu desesperado e exasperado tocando a campainha para comprar de volta. O atendi pela janela e neguei, sendo que insistiu de forma virulenta até por muito tempo. Não os vendi!!
Vamos tentar entrevistá-lo só para ele contar a versão dele…rs. Antes da internet e na época que os Correios eram confiáveis uma das formas de conhecer bandas novas era a troca de gravações com pessoas de todos os lugares no Brasil e exterior. Você chegou a fazer essas trocas?
Sim, claro, havia um compartilhamento de fitas K7 gravadas de sons que nunca foram lançados antes aqui. Havia uma usina de regravações entre nós. Geralmente era alguém que trazia LPs de fora e gravava e também fontes como a Rock Brigade que vendia gravações em K7. Até a Woodstock, Walcir gravou por exemplo o Maiden na World Piece Tour na Inglaterra, gravador de mão e de vez em quando saía na gravação “Maideeen, Maideeen”. Ele não se continha,além de a cada musica ele falar “Woodstock!!”, o nome da loja e fonte da gravação…rsrs. Também ás vezes tinha o lance de não querer passar o som para ninguém, ter uma banda exclusiva para você….rsrs. Mas Heavy Load, Accept, Venom, Acid, Warlord, Hellhammer,etc. Essa leva foi difundida com troca de gravações.
Já fez alguma loucura para conseguir um determinado disco ou para assistir à algum show?
Troquei lotes de disco impulsivamente em 2015 por CDs importados com um vendedor da Ilha Bela. Na confiança, mesmo não me conhecendo bem ainda, ele adiantou-se e enviou o lote de CDs. Eu enviei uma caixa enorme com raridades em LPs e os Correios sumiram com o pacote por 1 mês!! Cheguei a subir no balcão da agência e quase pulei em cima do gerente. Um pau danado! Ao chegar em casa apareceu no status dos Correios ”objeto localizado”. Show, fui ao Rock In Rio 2001 sem ingresso e consegui entrar e no aniversario de minha filha, dei de presente a ela ingresso para ver Judas e Whitesnake no Anhembi, mas não consegui para mim. Assisti sobre árvores na rua de trás e foi fantástico, a mais de 3,4 metros de altura. E pedindo cerveja lá de cima, encostadão em galho que fazia parecer um divã nas alturas.
A qual foi a maior pechincha que você conseguiu?
Ter comprado 2 CDs do japonês Anthem, raros, os dois primeiros, bem mais barato por que estavam sem o OBI. Ao chegar em casa e abrindo os encartes para ver todos detalhes, o que encontro? Os OBI dentro. Parece pouco, mas foi muito!!
Tem algum item que você considera especial? Aquele que você tem um carinho maior? Seria ele o mais raro da sua coleção?
Difícil, mas acredito que um CD duplo japonês NWOBHM 20th Anniversary Festival – Metal Crusade ’99, um ao vivo em comemoração aos 20 anos da NWOBHM com Praying Mantis, Tank, Samson, Trespass. Tem outros itens caros a mim, mas este é especial, como um CD duplo que conheci com um japonês em 1998 e copiei e há 21 anos corri atrás para conseguir e só adquiri agora neste mês com um amigo, Encyclopedia of German Metal, edição japonesa, só saiu lá. Linda!
Já teve a oportunidade de fazer compras no exterior? Quais são as principais diferenças que encontrou nessas situações? Costuma comprar pela internet? Tem alguma loja virtual que queira indicar para os leitores?
Nunca saí do país!! Dependo de compras virtuais hoje em dia ou quando minha filha vai para fora, o que é toda hora…rsrs. Tem uma loja virtual americana que tem muita coisa rara a preços ótimos. As entregas são eficientes e a atenção da loja, por email é louvável. Então, rapidez, atenção ao cliente e variedade absurda além de ótimos preços são as diferenças nesse caso. Minha filha traz às vezes itens para mim quando faz tour lá fora. Sempre preparo uma pequena lista, já que são muito corridos os dias em tour.
Qual foi o disco que você queria e que mais tempo demorou para conseguir?
Ah, foram vários, dos 80 que só tinha em fita, mas o Warlord Deliver Us (1983), Axewitch Pray For Metal (1982), Loudness Live Loud Alive (1984) levaram pelo menos de 33 a 35 anos para eu ter.
Não tenho nenhum deles e quero todos…rs. Já teve contato com algum músico que você admira? Como foi sua experiência nessa situação?
Do Maiden tenho até medo de encontrar, perdi por 10 minutos uma vez, deixei minha filha no hotel e duvidei que desceriam para conversa e desceram e ela tirou fotos com todos. Até a tia dela que não sabe nem o que é Iron Maiden tirou foto com Steve Harris. Mas tive contato com vários. A mais emocionante foi com Doro Pesch, quase uma hora com ela. Gary Holt, Jeff Waters na rua fumando…rs. Jeff Scott Soto, vários dias juntos, o Nibbs Carter baixista do Saxon que andou no meu carro até o Manifesto Bar, levando as malas do Paul Quinn para o hotel do outro lado da rua do antigo Palace na primeira vez do Saxon no Brasil, uma lenda do Saxon e do heavy. Foi tão fantástico o contato com Dio, que até emociona.
Qual é a banda que “todo mundo gosta”, menos você e aquela que “ninguém gosta”, mas você adora?
Vixe!! Serei linchado agora! Queen ! Não gosto! E vi em 1985! Cirith Ungol talvez seja uma banda que adoro, sempre gostei mundo e todos à época torciam o nariz. Mas acho que hoje em dia mais pessoas estão gostando.
Existe algum artista que você conheceu lá nos anos 80, não gostou na primeira vez e depois acabou se tornando fã?
Dokken!! Hahaha. Hoje adoro muito, tenho quase tudo deles.
Você tem alguma mania ou modo de organização pessoal?
Mania tenho várias e deixo o pessoal de casa louco!! Para organizar meus álbuns tenho uma organização que só eu entenderia…rsrs. Tem a parte de bandas clássicas, a de bandas que contam com componentes femininos (tenho muitas) bandas suecas, a de bandas espanholas, a de bandas francesas, finlandesas, brasileiras, argentinas, americanas por ordem, de prog, de anos 80. Tem a parte de Black metal, de metal gótico, etc. E claro, das bandas mais obscuras dos 80.Uma loucura total.
Agora aquelas perguntas que nunca faltam aqui nas nossas entrevistas: quais os dez melhores discos da década de 60?
Merrilee Rush - Angel Of The Morning (1968)
Deep Purple – Deep Purple (1969)
The Doors – The Doors (1967)
The Doors – Strange Days (1967)
Rolling Stones – Let It Bleed (1969)
Led Zeppelin – Led Zeppelin II (1969)
The Who – My Generation (1965)
The Who – Tommy (1969).
Paro por aí….
Quais os dez melhores discos da década de 70?
Black Sabbath – Black Sabbath (1970)
Black Sabbath – Sabbath Bloody Sabbath (1973)
The Who – Quadrophenia (1973)
Judas Priest – Sad Wings of Destiny (1976)
Kiss – Destroyer (1976)
Kiss – Love Gun (1977)
Judas Priest – Sin After Sin (1977)
Judas Priest – Stained Class (1978)
Deep Purple – Burn (1974)
Deep Purple – Stormbringer (1974)
Quais os dez melhores discos da década de 80?
Pode 450 discos?
Iron Maiden – do 1º ao 7º álbum
Judas Priest – British Steel (1980)
Saxon – Wheels of Steel (1980)
Saxon – Power and the Glory (1983)
Satan – Court in the Act (1983)
Metal Church – Metal Church (1984)
Metallica – Kill ‘Em All (1983)
Manowar – Into Glory Ride (1983)
Jag Panzer – Ample Destruction (1984)
Warlord – And the Cannons of Destruction Have Begun… (1984)
Costumo manter uma lista com os 30 mais importantes, mas aí estão, não corte nenhum daí, por favor.
Quais os dez melhores discos da década de 90?
Judas Priest – Painkiller (1990)
Fates Warning – Parallels (1991)
Bolt Thrower – War Master (1991)
Armored Saint – Symbol of Salvation (1991)
Iron Maiden – Fear of the Dark (1992)
Angra – Angels Cry (1993)
Death – Individual Thought Patterns (1993)
Fates Warning – Inside Out (1994)
Saxon – Unleash The Beast (1997)
Axel Rudi Pell – Oceans of Time (1998)
Quais os dez melhores discos do século 21?
Iron Maiden – Brave New World (2000)
Bolt Thrower – Those Once Loyal (2005)
Accept – Blood of the Nations (2010)
Satan – Life Sentence (2013)
Iron Maiden – The Book Of Souls (2015)
Death Angel – The Evil Divide (2016)
Kreator – Gods of Violence (2017)
Nervosa – Downfall Of Mankind (2018)
Fifth Angel – The Third Secret (2018)
Judas Priest – Firepower (2018)
Cite dez discos que você levaria para uma ilha deserta, e o que precisaria ter por lá para desfrutar do momento?
Seriam 10 ao vivo e precisaria de um aparelho de som excelente, uma fonte de energia, minhas filhas e minha mulher:
Motorhead – No Sleep ‘Til Hammersmith (1981)
Judas Priest – Unleashed in the East (1979)
Iron Maiden – Live After Death (1985)
Scorpions – Tokyo Tapes (1978)
Black Sabbath – Live Evil (1982)
Kiss – Alive II (1977)
Loudness – Live-Loud-Alive Loudness in Tokyo (1983)
Barón Rojo – Baron Al Rojo Vivo (1984)
Dokken – Beast From the East (1988)
The Michael Schenker Group – Live At Budokan (1982)
Se tiver que citar apenas três discos que mudaram sua vida quais seriam eles? Tem alguma história em especial em relação à eles?
Iron Maiden – Piece of Mind: O mais importante e marcante emocional e pessoalmente. Tenho uma história por trás disso. Este eu ganhei e tenho até hj o LP. Fui presenteado em novembro de 1983 de amigo secreto por uma amiga Rosangela Araújo, que ao me presentear disse “Que este seja o o início de sua coleção!!”. Adoraria revê-la. Premonitório! Foi o primeiro álbum de heavy metal, só tinha K7s de heavy metal, hard.
Scorpions – Tokyo Tapes: Ganhei o LP bem malhadão, me apaixonei pelo álbum e foi um grande amigo que me deu. Teve seríssimos problemas com drogas, perdi o contato e trinta anos depois, recentemente, o reencontrei e está muito bem e livre do vício.
Heavy Load – Stronger Than Evil: A história foi contada antes, banda que adoro e me marca muito quando ouço este disco.
Quais as bandas atuais que você indicaria para os nossos leitores? E quais bandas já mais veteranas você pediria mais atenção?
Atuais tem muitas banda novas, mas com componentes veteranos, como o The Dead Daisies, Sons of Apolo, etc. Mas o brasileiro Living Metal com alguns membros também já rodados. Também o brasileiro Apple Sin de Minas que é muito bom, a nova safra sueca de bandas de heavy tradicional e hard rock são muito boas e recomendo, como Ambush e RAM. Agora, das mais veteranas, descontando as mais conhecidas e grandes, indicaria: Pretty Maids, Fates Warning, Warlord, Fifth Angel, Praying Mantis, Axel Rudi Pell, todas na ativa.
Qual foi o último disco que você comprou e o que você mais anda ouvindo recentemente?
Os relançamentos em digipack dos 8 primeiros álbuns do Iron Maiden, o Madam X, um box do Krokus com 3 discos, o 1º do Paradise Lost, Lost Paradise e o Tank autointitulado. Tudo praticamente de uma vez…rsrs. Compro semanalmente álbuns. Ouvindo muito o Fifth Angel, The Third Secret e o Iron Maiden, Live Chapter, além dos álbuns do Bolt Thrower que estou viciado.
Qual será o futuro da sua coleção?
Conseguir álbuns que me faltam dos anos 80 que considero essenciais e são raros. Friso que de 2014 para cá há uma avalanche de ótimos lançamentos e relançamentos nacionais, dando a oportunidade de termos a preços acessíveis bandas dos 80 e 90 como Anvil, Exciter, Axel Rudi Pell, Acid, Rock Goddess, Overdrive, Cloven Hoof, Witchfynde, Martyr, Riff Raff, Dreamtide, Paradise Lost, etc saindo nacionais. É muita coisa e que tem que ser exaltado e divulgado!! Quanto ao futuro novamente me preocupo seriamente com a coleção quando eu morrer…rsrs. O que será dela?
Você citou a sua filha algumas vezes na entrevista. Os leitores talvez não saibam quem ela é, assim apresente-a para todos aqui. Tem outros filhos?
Rapaz, acabo falando dela sim, mas até evito. A Fernanda Lira, vocalista e baixista da banda de thrash metal Nervosa. Trata-se de um trio feminino que já se apresentou em 48 países diferentes, vários mais de 3, 4 vezes. Estão na Europa em tour no momento, pela 9ª vez se não me engano. Eu e Kelly ainda temos mais 4 meninas. Então o time é Fernanda (não é da Kelly, digo que minha filha e minha mulher nasceram na mesma década, rsrs), Giovanna, Emily, Talita e Mayara, todas lindíssimas.
Todo apaixonado por música pensa em transmitir esse sentimento para os filhos. Você considera que sua missão foi cumprida com louvor?
Mesmo sem nunca ter forçado a barra para isso, posso dizer que morreria totalmente realizado sobre isso, sem dúvida e por todos os outros motivos que as filhas me proporcionaram até agora. E a Fernanda conhece muito, tem ouvido ótimo, não caiu de paraquedas ou por embalo, curte e conhece muito de música, heavy metal e me superou. Tem a mente bem mais aberta que a minha para música.
Você chegou a acompanhar a Fernanda em alguma turnê? Como é fazer parte do lado de lá, quer dizer, do lado da banda, da organização, e não do público?
Eu acompanhei por 2 anos ininterruptamente a banda, levando-as em meu carro para os shows, instrumentos, pelo interior de SP e grande SP todo. Minas em uma 15 cidades pelo menos, algumas mais de uma vez, Brasília, RS, RJ. Foi uma experiência grandiosa, às vezes três shows em 24 horas – fizemos uma vez o Hangar em SP, saímos às 23:00 h para tocar em Varginha as 2:30, a 300 km de distância quase e, no dia seguinte, voltar para elas abrirem para o Raven em SP. Adoro Copa do Mundo e em 2014 perdi vários jogo pelas viagens. Isso daria um livro, sobre acompanha-las. Eu além de dirigir ficava no merchan, montava mesa e vendia camisetas, CDs, etc. Mas tomei muita cerveja de graça, as vezes quente…rsrs. Momentos bons e alguns percalços também.
Você disse que é mais ligado ao metal oitentista, portanto mais tradicional. O Nervosa tem um som mais alinhado ao thrash e nesse último disco até se aproximando do death metal. Quando ouviu pela primeira vez o som do Nervosa qual foi sua reação?
Na verdade quando a Fe foi chamada para conhecer a Prika Amaral, já com a Nervosa iniciada, eu a levei e no caminho a Fe falou exatamente isso que você disse: “Pai, sei que você curte uns sons mais tradicionais do heavy e vou tocar um som mais agressivo”. Falei que me desconhecia por que eu a apoiaria de qualquer forma e que na verdade o thrash eu já estava desde o início do movimento, com Testament, Overkill, o Kill ‘Em All do Metallica que adoro e outros. Sempre a apoiaria e a apoio e no último disco, como uma homenagem, não a mim, mas ao heavy tradicional, a penúltima musica é um heavy tradicional!! Com participação do guitarrista do Flotsam & Jetsam, que adoro.
Falando novamente como colecionador, fora a certidão de nascimento da Fernanda, qual item que você falaria que só você tem da banda de sua filha?
Não tenho nada que seja original, único. Estou em grupos de colecionadores como o Metal Collector’s e aparecem uns caras que postam uma coleção enorme com vinis, CDs, vários itens de um mesmo álbum e sempre comento que eles tem mais coisas da banda que eu, que sou o pai…rsrs. Mas tenho pasta com flyers de shows antigos da banda, jornais de cidades menores citando que tocariam na cidade, etc. Como em Rio das Ostras (RJ) onde o jornal as anunciou vindo de tour da Europa para o Rio das Ostras, mas elas ainda não tinham saído para tocar fora ainda…rsrs.
Muito obrigado por participar do Na Caverna da Consultoria. Esse espaço é todo seu. Deixe aqui um recado ao nossos leitores.
Primeiramente, agradecer o interesse, em terem me dado a honra de expor algumas lembranças, histórias, mesmo eu me sentindo muito sem graça para tal…rsrs. Espaços dados por vocês à nós é gratificante. Importante existirem mídias como a Consultoria do Rock, pois fortalece e mantem acesa a chama da boa música e vemos que não estamos só, que tem uma infinidade de pessoas que compartilham esse nosso gosto pela música, pela midia física aliada à digital. Só tenho a agradecer a oportunidade, a educação e paciência destinada a mim. The flame is still burning!!
Muito legal! Também coleciono revistas de rock/metal. O site é ótimo.
Q legal essa reportagem,o cara foi humilde o tempo todo,linda coleção,belas histórias,mas não gostar de Queen foi pacaba kkkkkk
kkkkkk….verdade! Nunca tinha visto alguém que não gostasse de Queen
Também achei. Raro de acontecer. kkkkkk, tenho que respeitar, o cara conhece muito de metal.
Marcelo é gente finíssima demais! Tem muita história pra contar e está sempre disposto a apresentar bandas de heavy metal perfeitas atuais ou clássicas. Uma pessoa iluminada que tem uma família nota 10.
A parte de assistir o Judas Priest de uma árvore e pedindo cervejas lá de cima foi foda! Demais isso! hahahahah
Bela entrevista! Essa vai entrar pra história!
Parabéns Marcelo. Bela coleção. E o Nervosa é muito bom.
Agora sim, rock na caverna da consultoria e uma das melhores entrevistas com pai dessa jovem talentosa do Nervosa
Grande Marcelão! Que entrevista! Que história bacana! Parabenizo-o pelo bom gosto na escolha de seus discos de acordo com as décadas respectivas: gostei das citações aos discos do Judas Priest, aos discos do Maiden (tirando o The Book of Souls), ao Accept e seu Blood of the Nations (que na minha opinião só perde para o Blind Rage), e ao debut do Metallica (Kill ‘em All). No entanto senti falta de um Back in Black enfeitando a lista dos anos 1980 e de um Chemical Wedding enfeitando a lista dos anos 1990. Gostei da história dele em relação ao Piece of Mind, aliás não vou nem botar a minha mãe no meio disso, pois já contei como consegui convencer ela a gostar do Maiden através deste disco de 1983 deles…
Muito massa a entrevista. Ver as primeiras Brigades emocionou aqui. Que massa!
boa noite, sogrão
Que legal ver alguém que coleciona as revistas que desenhei e ainda comentar de discos que tbm curto muito, como Heavy Load e Warrior.
Também curto bastante “Cirith Ungol”. Eles são subestimados, o cantor tem uma voz rouca diferente, muito bacana, canta diferente e em tempo diferente, isso os torna único.
Também curto bastante “Cirith Ungol”. Eles são subestimados, o cantor tem uma voz rouca diferente, muito bacana, canta diferente e em tempo diferente, isso os torna único.