Nuclear Assault – Game Over [1986]
Por André Kaminski
Os thrashers do Nuclear Assault surgiram em 1984, quando o baixista e líder Dan Lilker deixou o Anthrax para formar uma nova banda. Ajudou a formar o S.O.D. com outros membros do Anthrax e o Nuclear Assault como sua nova banda principal. Vindos de Nova York, a banda sempre se caracterizou por fazer o chamado crossover thrash, em que mistura o peso do metal ao hardcore para formar uma sonoridade que, na época, soava bem distinta.
Depois de algumas entradas e saídas de músicos, a banda se estabilizou com, além de Lilker no baixo, John Connelly nos vocais e guitarras, Anthony Bramante também nas guitarras e Glenn Evans na bateria. Eles lançaram duas demos independentes e um EP pela Combat Records antes de lançarem este que é o seu debut, em 1986.
Quando surgiram, a cena thrash nos Estados Unidos (e que viria então a influenciar o restante do mundo) estava efervescente. No mesmo ano, surgiu Master of Puppets do Metallica, Reign in Blood do Slayer, Darkness Descends do Dark Angel e tantos outros discos que se tornaram clássicos do gênero. E apesar do Nuclear Assault sempre ter sido visto como uma espécie de banda da “Série B” do thrash, ainda assim conseguiram uma certa fama e reconhecimento na época, mesmo estando na costa leste dos Estados Unidos (enquanto o oeste do país fervia).
E cá estamos com Game Over. Um disco elogiado por uns pela temática das letras e composições e criticado por outras devido as guitarras mais magras, produção ruim e a mistura do hardcore. Gosto do disco, embora reconheça que ele possui alguns defeitos. As temáticas são as conhecidas apocalipses, meio ambiente, inferno, guerras e politicagens. Há algumas pequenas canções de menos de 1 minuto no disco fazendo pequenos interlúdios entre as faixas, maioria delas focadas no hardcore punk. Nada muito a comentar dentro delas, por isso, me focarei nas mais longas.
A instrumental veloz de “Live, Suffer Die” já dá a dica de como vai soar o disco: muita velocidade, riffs e todas as velhas características do thrash, com algumas canções um pouco mais cadenciadas. A segunda canção intitulada “Sin” segue com uma bateria veloz e algumas pequenas quebras de ritmo. Na quarta faixa “Betrayal” temos uma letra curtinha, uma única estrofe de 6 versos que é repetida três vezes durante toda a canção e daí dá-lhe solos furiosos de guitarra!
Em “Radiation Sickness” toma-lhe mais pancada de riffs e letras apocalípticas. Hoje tais letras soariam datadas, mas eu bem que sinto falta desse metal um tanto quanto “inocente” dessa época. A minha faixa preferida do álbum é esta “Letter After the Holocaust”, que tem um instrumental muito mais rico e trabalhado, sem se focar apenas na velocidade e dotada de uma boa técnica por parte dos dois guitarristas. Os gritos insanos de John Connelly também ajudam a deixá-la ainda mais furiosa!
O disco a meu ver dá uma decaída nesse lado B, destacando aos meus ouvidos as músicas “Stranded in Hell” dotada de grandes riffs e solos de guitarra e a última e mais longa canção do disco “Brain Death” em que o início limpo e acústico até engana caindo para mais um thrash veloz e com um dos melhores refrãos feitos pela banda. Percebe-se que quiseram deixar sua música mais bem trabalhada para o final e fechar um disco bem visto pela maioria da turma que aprecia o velho thrash oitentista.
O lado negativo do disco é a sua produção fraca que, de fato, deixou as guitarras mais magras do que deveriam (falo isso porque comparo com a canção “Something Wicked”, lançada pela banda alguns anos depois e com uma produção e guitarras infinitamente melhores). Além de umas provocações desnecessárias como a vinheta “Hang the Pope”.
Nos anos seguintes, a banda lançou mais alguns discos. Se separaram e voltaram três vezes. Em 2015 fizeram uma tour de despedida, todavia, eles têm feito alguns shows ocasionais nos últimos quatro anos, sem realmente excursionar. Entre idas e retornos, 3/4 da banda que lançou este disco continuam nela, tendo apenas o guitarrista Anthony Bramante de fora.
No mais, é um ótimo disco e recomendado para os fãs do mais do que tradicional thrash oitentista.
Tracklist
- Live, Suffer, Die
- Sin
- Cold Steel
- Betrayal
- Radiation Sickness
- Hang the Pope
- Letter After the Holocaust
- Mr. Softee Theme
- Stranded in Hell
- Nuclear War
- My America
- Vengeance
- Brain Death
Eu gosto de algumas músicas desse play, porém a produção do Alex Perialas deixou tudo muito limpo e cristalino demais. E se é pra ouvir crossover eu vou logo no D.R.I. que é infinitamente melhor. Mas não estou desmerecendo esse disco, apenas considero essa banda um pouco fraca se comparada com outras do estilo.
Hang the Pope é um flerte com o grindcore. Já a voz do João Cornélio ops digo John Connelly ao longo do álbum é excessivamente estridente demais para o meu gosto, ele exagera demais nos agudos.
Falando em grind, Brutal Truth melhor banda com o Lilker envolvido
Bem lembrado, o o Dan Lilker toca até hoje no Brutal Truth.