Cinco Músicas Para Conhecer: O Lado Acústico do Black Sabbath
Por Mairon Machado
Estreamos hoje mais uma coluna aqui na Consultoria do Rock. Inspirado pela Cinco Discos Para Conhecer, trago aqui Cinco Músicas Para Conhecer, seja um determinado artista, um determinado estilo, um determinado período musical ou, como nossa estreia, uma determinada faceta diferente da clássica e conhecida representação do referido artista / banda. Para começar, Cinco Músicas Para Conhecer o lado acústico do Black Sabbath. Amanhã, 13 de fevereiro, completa-se 50 anos do primeiro lançamento de uma das maiores e mais influentes bandas do rock pesado, o álbum Black Sabbath. Porém, vez por outra o grupo homônimo do guitarrista britânico Tony Iommi resolvia brincar com violões. Cinco das principais brincadeiras estão listadas abaixo.
“Orchid” – Master of Reality [1971]
Essa pequena vinheta de um minuto e trinta segundos é um belo dedilhado de Iommi que serve muito bem para aprendizes e iniciantes na arte de tocar violão. Explorando acordes simples (C, D, E, …), Iommi faz uma série de ligeiros dedilhados, que acabam criando uma melodia muito delicada e bela. Registrada no terceiro álbum da banda, e não saiu em compacto.
“Laguna Sunrise” – Vol. 4 [1972]
Construída sobre a mudança de dois acordes, “Laguna Sunrise” é uma canção mais completa que sua antecessora. A presença de teclados também é marcante aqui, mas o que realmente chama a atenção é o belo solo criado por Iommi ao longo da canção. A ponte no trecho central é digna de deixar qualquer músico de cabelo em pé pela complicada sequência de notas. Por outro lado, se você ouvisse essa faixa sem saber que é Black Sabbath, talvez chutasse (totalmente errado) que a canção pertenceria a Yes ou até mesmo King Crimson fase Islands. Foi lado B do raro compacto de “Tomorrow’s Dream”, e é uma das baladas mais famosas do grupo, ao lado de “Changes”, que também foi registrada em Vol. 4.
“Fluff” – Sabbath Bloody Sabbath [1973]
Quer agradar a namorada, ou surpreender a vovó, ou ainda se achar Tony Iommi ao violão, “Fluff” é A CANÇÃO. Afinal, qualquer menininha se derrete pela linda melodia criada por Iommi, qualquer vovó vai dizer “MENTIRA!!!!” quando você disser que é Black Sabbath quem roda na vitrola, e qualquer iniciante consegue fazer o simples dedilhado em D e A, mas que emociona bastante. A canção é complementada por leves passagens de steel guitar, e um pianinho elétrico saltitante (a cargo também de Iommi) que dá mais dramaticidade para uma canção já carregada de emoção. Está em Sabbath Bloody Sabbath, e em um raro compacto brasileiro que une canções desse disco com o de Paranoid, o qual ilustra essa matéria.
“Don’t Start (Too Late)” – Sabotage [1975]
Em cinquenta segundos, Iommi coloca toda a simplicidade acústica das canções anteriores por água abaixo. Certamente, “Don’t Star (Too Late)” é uma das peças mais complicadas de se tocar de toda a carreira do Black Sabbath. Músicos experientes correm o risco de dar nó nos dedos com a velocidade que a sequência de notas exige, mostrando que Iommi além de um exímio criador de riffs, é também um violonista de mão cheia. Para melhorar, ela leva a pesadíssima “Sympton of the Universe”, que também traz seus momentos acústicos no seu trecho final. Registrada somente em Sabotage, foi a última faixa totalmente acústica do Sabbath por mais de dez anos.
“Scarlet Pimpernel” – The Eternal Idol [1987]
Essa não é uma faixa totalmente acústica. Afinal, Iommi aqui utilizou também da guitarra para trazer o clima medieval que o nome sugere. O início somente com os violões nos lembra uma dança feita por casais dentro de castelos britânicos enormes. A entrada da guitarra e sintetizadores modifica essa sensação, lembrando bastante “Laguna Sunrise”. O que vale é que os pouco mais de dois minutos da canção vão lhe hipnotizando rapidamente a partir da simples mas envolvente melodia do dedilhado dos violões e das notas da guitarra. A sequência de repetições (três ao todo) vai adicionando mais e mais elementos, encerrando de forma enigmática, repentinamente, deixando aquela sensação de “quero mais!”. Gravada apenas no The Eternal Idol, e encerra nossa primeira lista de Cinco Músicas Para Conhecer. Em breve, mais uma nova listinha.