Gorilla – Treecreeper [2018]
Por Micael Machado
Confesso que, apesar de ser admirador do chamado estilo Stoner, nunca tinha ouvido falar do trio inglês Gorilla, hoje formado por Johnny Gorilla nos vocais e guitarras, Sarah Jane no baixo e Ryan Matthews na bateria, mesmo o pessoal estando na estrada desde o início da década de 1990, e já tendo lançado três registros antes deste Treecreeper. O fato deste ser seu primeiro full-length desde 2007 talvez contribua para isto, mas a verdade é que, quando o registro caiu em minhas mãos, não nutria grandes expectativas quanto à sua audição, apesar do mesmo vir muito bem recomendado a mim por pessoas nas quais confio.
E, aos meus ouvidos, realmente os conselhos foram sábios. O grupo investe no chamado “stoner rock”, e, apesar de ter algumas partes mais lentas em suas músicas, sabiamente foge quase por completo da definição de “imitadores do Black Sabbath” que tantas outras bandas sob o amplo rótulo “stoner” carregam (a não ser por uma pequena escorregadela em “Terror Trip”, onde uma parte mais rápida no meio da faixa lembra e muito “Electric Funeral”, do disco Paranoid, dos mestres de Birmingham), apostando em canções mais velozes e “rock and roll”, quase uma mistura de Motörhead (especialmente por causa dos vocais de Johnny) com as bandas de hard rock do início da década de 1970, como Buffalo ou Dust (para entender melhor, confira “Ringo Dingo”, com o baterista Matthews nos vocais principais, ou “Gorilla Time Rock N Roll“, onde algum ouvinte mais incauto pode jurar que está ouvindo o eternamente saudoso Lemmy Kilmister ao microfone, e uma inusitada harmônica surge para fazer o solo principal da canção).
“Scum Of The Earth” e “Killer Gorilla” seguem bem esta fórmula, mas é quando o trio investe na psicodelia que consegue os resultados mais agradáveis, na minha opinião. Apesar de uma certa “fórmula pronta” adotada a cada composição (início mais lento, solos lisérgicos e partes mais aceleradas e “aditivadas” no meio ou no final da faixa), músicas como “Last In Line” ou a faixa-título (onde suaves sons de passarinhos aparecem no início tentando nos enganar quanto à potência da sonoridade da banda) mostram que a banda consegue ser bastante criativa e arranjar soluções diferentes para que seus registros não soem maçantes ou muito similares entre si. Neste mesmo estilo “psicodélico com partes agitadas”, a épica “Cyclops” (em seus mais de seis minutos) acaba sendo o grande destaque do registro para mim, ao lado de “Mad Dog“, com uma longa e interessante intro (repetida ao final) e um contagiante ritmo quebrado.
Lançado em CD e em algumas versões diferentes de vinil (amarelo, laranja, preto e uma limitada edição splatter, como a imagem principal), além das inevitáveis plataformas digitais que hoje dominam o streaming de música, Treecreeper, em seus pouco mais de quarenta e sete minutos, é uma bela pedida aos fãs de Stoner Rock, mas também é muito recomendado aos saudosos admiradores da sonoridade do Motörhead e de um rock and roll pegado e furioso, com um pezinho no metal sim, mas o outro firmemente plantado na psicodelia e na “aura setentista” de alguns dos melhores grupos da história. Confira!
Track List:
01. Scum Of The Earth
02. Cyclops
03. Gorilla Time Rock N Roll
04. Treecreeper
05. Mad Dog
06. Ringo Dingo
07. Terror Trip
08. Last In Line
09. Killer Gorilla