Tygers of Pan Tang – Ritual [2019]
Por Fernando Bueno
O Tygers of Pan Tang nunca foi essencialmente uma banda de heavy metal. Os elementos de hard rock sempre estiveram presentes desde o início no fim da década de 70, período em que não tínhamos tão bem definidos o que era heavy metal e o que era hard rock. Desde a entrada do italiano Jacopo Meille em meados de 2004 a banda ainda se manteve nessa linha hard/heavy, porém é nítido que leme desse barco estava tendendo mais para o lado do hard rock.
Desde os ótimos Animal Instinct (2008) e Ambush (2012) e passando pelo bom Tygers of Pan Tang (2016), com uma formação mais sólida, o grupo inglês vinha mantendo uma fase muito boa, porém, temos que admitir, que ninguém ficava ansioso por um novo lançamento do grupo. Tanto que quando Ritual chegou às lojas a ansiedade para adquirir o álbum foi muito mais pela linda capa do que pela expectativa das músicas que vinham ali dentro. Porém quando o disco começa com “World’s Apart” já dá para perceber que a banda estava vindo com um disco bem acima da média e foi uma bela surpresa.
Mas por que eu comecei esse texto falando sobre a questão hard rock, heavy metal e suas variações? O motivo é o direcionamento desse álbum. A base de toda essa mistura é, sem dúvidas, o hard rock de bandas como Scorpions, UFO, Thin Lizzy, bandas que também tinham um pézinho no metal, mas o que se sobressai aqui é o molho, o tempero, quase AOR que aparece ao longo de quase todo o disco. Muito disso de deve pela ótima voz de Jacopo Meille e seu impressionante alcance.
“World’s Apart” é mais rápida, com um riff inicial quase de power metal e em “Destiny” a aura oitentista do hard rock se faz presente e se inicia com um dos ótimos refrãos que são abundantes ao longo do disco. Em “Rescue Me” Meille canta em tons tão altos que me fez lembrar de Myles Kennedy (Slash, Ater Bridge). O heavy metal mais veloz retorna em “Raise Some Hell” e em “Spoils of War” as coisas ficam mais épicas o que também acontece com a faixa que fecha o disco, “Sail On”.
Com um riff muito parecido com o de “Lords of the Flies” (Iron Maiden), se inicia “White Lines”, mais uma música que fica na cabeça e um dos destaques do disco. Outro destaque é a balada “Words Cut Like a Knife”, estava faltando uma não é? “Love Will Find a Way” é mais um daqueles rocks que podem levantar as plateias. Ouvi todos os discos mais recentes de novo nesses últimos dias e outra coisa que deve-se prestar atenção é que a produção e a gravação também tiveram um maior cuidado levantando a qualidade do todo. Depois de terem trabalhado em Ambush com o famoso Chris Tsangarides fizeram a produção dos dois últimos discos eles mesmos e acertaram a mão.
Hoje o Tygers tem em sua formação o incansável guitarrista Robb Weir, o já citado Jacopo Meille nos vocais, o baterista Craig Ellis na banda desde 2000, o baixista Gavin Gray, que está na banda desde o álbum Ambush e o guitarrista Micky Crystal, que entrou pouco depois do lançamento de Ambush e, para mim, é o responsável pela guinada em Ritual por ser o autor ou co-autor de quase todas as faixas – apenas “Rescue Me” não é assinada por ele. Segundo o Metal Archives Micky Crystal não faz mais parte da banda, mas não encontrei mais nada sobre isso. Espero que isso seja só um erro e que o disco chegue no maior número de pessoas possível e que a banda consiga reconhecimento pelo trabalho que está fazendo hoje e não só por ser uma das pioneiras da NWOBHM. Ouçam o disco!!!
Track List:
01. World’s Apart
02. Destiny
03. Rescue Me
04. Raise Some Hell
05. Spoils of War
06. White Lines
07. World’s Cut Like Knives
08. Damn You!
09. Love Will Find a Way
10. Art of Noise
11. Sail On