Datas Especiais: 40 anos de Vol. 4

Datas Especiais: 40 anos de Vol. 4
Por Mairon Machado
Uma capa marca muito a carreira de uma banda. Sticky Fingers (Rolling Stones), IV (Led Zeppelin), The Number of the Beast (Iron Maiden), Thick as a Brick (Jethro Tull), Todos os Olhos (Tom Zé) são alguns exemplos de capas que registraram um determinado álbum não só pelas canções, mas também por sua arte visual. 
O Black Sabbath nunca teve capas muito legais durante seus primeiros anos. A famosa bruxa do álbum de estreia, é talvez a capa mais lembrada por todos. Mas, há 40 anos, uma capa marcou época, e fez com que o nome Black Sabbath finalmente tornasse um dos maiores no cenário mundial do heavy metal, ao lado do Led Zeppelin e do Deep Purple. Estou falando de Vol. 4, o quarto LP do grupo.
Esse álbum é o primeiro grande divisor da carreira do Black Sabbath. Gravado entre junho e agosto de 1972 na cidade de Los Angeles, Califórnia, Vol. 4 registrou Bill Ward (bateria), Ozzy Osbourne (vocais), Tony Iommi (guitarras) e Geezer Butler (baixo) no auge de suas harmonias individuais, e também em um crescendo coletivo impressionante. 

Geezer Butler e Tony Iommi (acima);
Bill Ward e Ozzy Osbourne (abaixo)
Ao mesmo tempo, foi a partir dele que as brigas internas começaram, principalmente pelo abuso no uso de drogas por Ozzy. Durante a gravação de “Cornucopia” chegou a fazer com que o baterista Bill Ward fosse despedido por algumas horas, sendo re-admitido no grupo após o efeito das drogas ter passado.
Durante os quarenta e três minutos desse magistral LP, o grupo apresenta experimentalismo e claro, muito peso. Isso gerou diversos clássicos, e ainda, mostrou o caminho que o grupo estava por seguir em seus próximos quatro álbuns.
O álbum abre com o riff melodioso de “Wheels of Confusion”, com Iommi sobrepondo guitarras em um andamento lento, puxando um riff mais pesado que traz a voz de Ozzy. Destaque para o acompanhamento de Ward. Baixo e guitarra criam uma pequena ponte e a letra continua, com o ritmo arrastado do riff pesado, retornando para a ponte feita por baixo e guitarra, com diversas viradas de bateria. Iommi então comanda um novo ritmo, feito juntamente por Butler, enquanto Ward solta os braços dando velocidade para a canção. Temos uma longa sessão instrumental, na qual Iommi vai criando riffs entre diversos efeitos, enquanto baixo e bateria apenas marcam o tempo. 
Batidas nos pratos levam ao segundo riff principal, e então, Ozzy chega ao refrão da canção, cantado enquanto Iommi executa um melodioso tema ao fundo. A ponte é repetida, e voltamos para o ritmo arrastado, para Ozzy encerrar a letra, e a canção ser concluída em uma longa sessão instrumental, apelidada de “The Straightener”, a qual apresenta o riff marcante de baixo e guitarra, e, com uma excelente marcação da bateria, Iommi executar um grandioso solo de guitarras sobrepostas, abrindo magnificamente Vol. 4
A segunda faixa é a pesada “Tomorrow’s Dream”, com o riff de baixo e guitarra que foi copiado por diversas bandas stoner anos depois. Ozzy canta com sua voz esganiçando, e novamente, Butler, Ward e Iommi criam uma interessante ponte. A letra continua, repetindo então o riff inicial e chegando em uma parte mais melodiosa, onde dedilhados de violão acompanham os acordes de guitarra, o vocal e as batidas nos pratos. A ponte é repetida, para Iommi e Butler começarem um breve solo juntos, voltando então para a ponte, e então, Ozzy encerrar a letra, com a canção sendo concluída com mais uma repetição da ponte central. 
A clássica “Changes” aparece na sequência. O piano de Rick Wakeman e o baixo de Butler traz a voz de Ozzy, chorosa, cantando uma das letras mais conhecidas da história das baladas metálicas. A bonita participação do mellotron nessa canção é uma demonstração que o Black Sabbath flertava (por que não) com o rock progressivo, o que se consolidaria principalmente em “Who Are You?” (Sabbath Bloody Sabbath), “Megalomania” e “The Writ” (ambas de Sabotage). Balada super reconhecida, que não precisa muito mais do que isso para defini-la ao leitor. 
A vinheta “FX”, outra a flertar com o progressivo, sendo somente microfonias e barulhos da guitarra de Iommi, leva-nos para o encerramento do lado A com “Supernaut”, surgindo com a marcação da bateria, trazendo o riffzão mais que pesado da guitarra e do baixo. A perfeição das notas de Butler e Iommi é algo mais do que suficiente para sair pulando pelo quarto. Ozzy solta a voz, e o embalo dessa faixa é perfeito para uma festa. O riff inicial é repetido, e Ozzy continua a letra, levando ao rápido solo de Butler, repleto de arpejos, executado sobre o riff inicial, o qual leva para um sambão feito por violão e percussão, com show a parte de Ward, voltando então para a conclusão da letra, e com o riff mais que grudado na cabeça do ouvinte. 
O famoso selo da Vertigo de Vol. 4


O lado B começa com outro riff magistral, agora o de “Snowblind”, voltando ao peso de “Tomorrow’s Dream” e com Ozzy cantando com fúria. A canção muda, ganhando um dedilhado da guitarra, e Ozzy cantando mais arrastado. Iommi executa um solo com muitos bends, e assim, voltamos ao riff inicial, para sozinho, Iommi puxar um novo riff, mais veloz, com Ward pisoteando o bumbo e Ozzy cantando na mesma melodia, voltando então ao riff inicial, e com mais uma participação de Wakeman, agora nos sintetizadores, Iommi concluir a canção com um solo veloz e técnico. 
“Cornucopia” é o maior exemplo do peso que Iommi, Butler e Ward exalavam de seus instrumentos, com uma potência capaz de destruir uma locomotiva em seu riff inicial. O riff principal é veloz, acompanhando a voz arrastada de Ozzy e com um show de marcações nos pratos. Iommi e Butler brincam de criar melodias durante o refrão, seguindo a pancadaria que acompanha a letra. Repentinamente, a canção ganha ainda mais peso, com uma ponte instrumental na qual Ward detona os gongos, e assim, um riff veloz levar a segunda parte da canção. Ozzy passa a cantar debochadamente, e claro, o destaque vai para a linha sonora feita por baixo e guitarra. Voltamos ao riff central, encerrando a letra e a canção com a repetição do refrão. 
Iommi mostra que é talentoso não somente na guitarra, mas também no violão, fazendo o solo da linda instrumental “Laguna Sunrise”, a qual possui apenas o violão fazendo a base no canal esquerdo, Iommi solando com o violão no canal direito e o mellotron preenchendo ambos os canais. Belíssima canção, e dentre os solos de violão registrados nos discos do Black Sabbath, sem dúvida nenhuma o mais bonito. 
Vol. 4 ainda nos brinda com um curto rock dançante, batizado de “St. Vitus Dance”, onde o maior destaque vai para a sujeira na distorção da guitarra, assim como a voz de Ozzy estar muito aguda na mesma, sendo uma canção que parece ter caído de gaiato no LP, não estando no mesmo patamar das demais, e encerra-se com outra linda pérola do cancioneiro Sabbathiano, “Under the Sun”. 

 

A capa interna original (acima) e o sleeve extra (três figuras abaixo)
Emblemática, ela surge arrastada, com baixo e guitarra carregados de distorção, enquanto Ward executa viradas satânicas em seu instrumento. O peso inicial é avassalador, e Iommi ameniza isso com um riff cavalgado, repetido pelo baixo e com uma pancada atrás da outra nos pratos de Ward. Ozzy passa a cantar a letra, e a primeira estrofe é concluída com uma breve ponte executada apenas pela guitarra. A letra é retomada, e depois de mais uma estrofe, a canção ganha velocidade. 
O riff de baixo e guitarra acompanham os vocais de Ozzy, que são intercalados por diversos rolos de bateria. Depois de dois versos, Iommi apresenta-nos um solo veloz, voltando então para o peso inicial da canção.Ozzy canta a última estrofe da letra, e finalmente, após a ponte da guitarra, chegamos no momento mais bonito de Vol. 4, no qual, após batidas nos gongos, e sobre um crescendo de batidas na caixa, Iommi cria um tema emocionante em escalas menores, repetido pelo baixo, do qual ele salta com um fenomenal solo de guitarras sobrepostas, encerrando essa maravilhosa canção com o tema repetido por três vezes, diminuindo a velocidade e sempre com intervenções de uma escala de guitarra para cada fraseado. 

Geezer Butler, Bill Ward, Ozzy Osbouner e Tony Iommi
Um disco bastante eclético, que guinou a direção do Black Sabbath para novos caminhos, os quais culminariam com a saída de Ozzy em definitivo seis anos depois.
Claro que não foi só a capa de Vol. 4, com Ozzy e os famosos dedos levantados na posição “Paz e Amor” que marcaram Vol. 4. Mesmo a versão original,que vinha acompanhada com um livreto recheado de fotos, não é o principal atrativo. Afinal, esse conjunto de dez canções é essencial para qualquer apreciador de rock em geral. Quarenta anos depois, Vol. 4 ainda soa como novidade em muitas casas mundo afora, até mesmo em casas que já conhecem o LP.
Track list
1. Wheel of Confusion
2. Tomorrow’s Dream
3. Changes
4. FX
5. Supernaut
6. Snowblind
7. Cornucopia
8. Laguna Sunrise
9. St. Vitus Dance
10. Under the Sun

4 comentários sobre “Datas Especiais: 40 anos de Vol. 4

  1. Vale ressaltar, que a introdução de "Cornucopia", seria plagiada, anos depois pelo Hellhammer, na mórbida e sinistra "Triumph of death", do seu único álbum Apokalipt Raids, lançado em 1983. Como todos sabem, depois o Tom Warrior, acabou com o Hellhammer, e criou o Celtic Frost.

  2. Engraçado, no encarte, esta escrito, "Nós gostaríamos de agradecer a "Coke-Cola", a grande companhia de Los Angeles. Essa "companhia, eram os traficantes, que forneciam "neve(cocaína)", para os caras do Sabbath. Em uma biografia dos caras, tem uma história engraçada, envolvendo Bill Ward. Uns dias depois que o disco foi lançado, um sujeito da gravadora, questionou Ward, sobre essa gracinha, do agradecimento a Coke-Cola. "Ora meu chapa "Ora, meu chapa, convenhamos… Como não poderíamos agradecer os caras que constantemente levavam aquelas caixas todas para não faltar Coca em nossos copos de Rum?", respondeu zombeteiramente o baterista.

  3. Ainda falando sobre a "neve", no final do primeiro parágrafo de Snowblind, se ouve Ozzy sussurrando alto "COCAINE!!". Ou seja, era a cocaína, quem estava "mandando", naquela época. Quando estavam gravando Snowblind, em Los Angeles, em uma mansão luxuosíssima, aonde foi gravado o Volume 4, quando chegava a hora de Ozzy berrar Cocaine(em todoss finais dos parágrafos), todos ficaram com medo, do até então, rei da porra louquice, gitar a frase a plenos pulmões, e assim esmerdalhar tudo, e consequentemente, a gravadora, vir encher o saco da banda. Ozzy, se comportou, mas acabou sussurrando, e acabou ssaindo assim mesmo. Pelo menos, a gravadora, não blefou. Nos Estados Unidos, é muito comum, encontrar lojas de armas em cada esquina, e para um fanfarrão como Ozzy, que adorava armas, se realizou. Certo dia, Ozzy, chegou na mansão aonde estava senod gravado o disco, com tudo quanto é tipo de armas, Ozzy parecia um guerrilheiro, ao ponto de Geezer Butler, lhe perguntar em tom de galhofa: "Aonde você vai co tudo isso Ozzy??? Vai pra guerra??" ha ha ha ha

  4. Rick Wakeman só tocou teclados no Sabbath Bloody Sabbath. Quem tocou piano e mellotron em Changes foram O Tony Iommi e o Geezer Butler.

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