Blues Pills – Holy Moly! [2020]
Por Micael Machado
Quando o Blues Pills lançou sua estreia em 2014, chamou a atenção do mundo devido em muito ao talento de Elin Larsson, uma loiraça sueca cuja voz carregada de soul fez muita gente chamá-la de “nova Janis Joplin”, um certo exagero na minha opinião, apesar do fato de que a moça era realmente um sopro de renovação no meio de tantas cantoras de vozes mais tímidas/contidas ou voltadas para o lado lírico/operístico que infestavam a cena à época. Mas a banda contava também com o jovem guitarrista francês Dorian Sorriaux, então com apenas 16 anos, e que conquistou muitos fãs com seu talento e inventividade no instrumento. Por isso, quando Dorian anunciou sua saída do grupo em novembro de 2018, os seguidores do quarteto ficaram apreensivos quanto ao futuro da trupe, que imediatamente anunciou que o baixista Zack Anderson assumiria as seis cordas do conjunto, com Kristoffer Schander sendo anunciado como novo baixista em outubro de 2019 (sendo que o baterista André Kvarnström completa o time), embora o novo integrante não tenha efetivamente participado das gravações do novo disco, Holy Moly!, terceiro registro completo de estúdio da turma, lançado no final de agosto de 2020, e que, felizmente, afasta todas as preocupações dos fãs quanto ao futuro e o direcionamento musical da banda!
Isto porque Anderson (que, além das guitarras e baixo, também cuidou da engenharia de som e – ao lado de Elin e André – da produção, além de assumir o papel de principal compositor e letrista, nesta função novamente ao lado de Elin) conseguiu manter o estilo adotado pelo Blues Pills em seus primeiros anos, além de incorporar novas sonoridades à temática setentista do grupo. Se, nos primeiros discos, a música dos Pills parecia presa em algum ponto entre 1972 e 1974, desta vez a mesma avançou um pouco mais para o final da década, resultando no álbum mais variado do grupo até aqui: tem velocidade (em “Low Road“, um dos destaques), hard rocks poderosos (como o manifesto feminista “Proud Woman“, o ritmo “quebrado” de “Dreaming My Life Away” ou a agitada “Rhythm In The Blood“), groove em “Bye Bye Birdy”, uma certa “malemolência” em “Kiss My Past Goodbye“, baladas menos (“Dust”) ou mais emotivas (“California” e, principalmente, “Wish I’d Known”, com um belo coral no final) e até toques de psicodelismo presentes no solo de guitarra de “Song from A Mourning Dove”, a mais longa do disco, sendo a única a passar dos cinco minutos, além do final com “Longest Lasting Friend”, contando apenas com a guitarra limpa de Zack Anderson e a voz poderosa de Elin, que, ao longo do disco, assume novamente seu papel de destaque dentro da banda, com variações vocais desde tons mais suaves a graves marcantes, além de alternar volumes e tonalidades com maestria, fazendo com que seu canto não soe repetitivo ao longo das faixas.
Com pouco mais de quarenta minutos de duração, o CD saiu no Brasil pela Shinigami Records, mas lá fora foi lançado pela Nuclear Blast também em vinil (em diversas cores diferentes), em uma edição em CD duplo com uma reedição do EP Bliss, de 2012, como bônus, e até mesmo em um box com o CD e o vinil de 12 polegadas de Holy Moly!, além de uma edição em vinil de 10 polegadas do citado EP. Se você já curtia o som do Blues Pills, pode conferir este novo álbum sem medo, e, se não conhece ainda, mas curte a sonoridade setentista do hard rock do período (que aqui, felizmente, foge da saturada cena de imitadores do Black Sabbath para buscar outras fontes de inspiração para sua música), então este disco é altamente recomendável, Confira!
Track List:
1. Proud Woman
2. Low Road
3. Dreaming My Life Away
4. California
5. Rhythm In The Blood
6. Dust
7. Kiss My Past Goodbye
8. Wish I´d Known
9. Bye Bye Birdy
10. Song From A Mourning Dove
11. Longest Lasting Friend
Vou dizer pra vocês que não achei o disco 100% o tempo todo, mas tem grandes momentos e é um forte candidato a estar na lista dos melhores do ano. Ótimo sons dessa ótima banda.
Abs!