Rush – Hemispheres (40th Anniversary) [2018]
Por Mairon Machado
Seguindo a série de lançamentos em comemoração aos 40 anos de seus discos, já apresentado aqui por exemplo com 2112, o Rush soltou em 2018 a edição comemorativa de Hemispheres. A versão aqui apresentada é a Deluxe Edition, com dois CDs, deixando a edição box Super Deluxe, com dois LPs, dois CDs, e mais um Bluray, apenas para o sonho de conquista de um colecionador (mas citarei o diferencial do box ao final).
Contextualizando Hemispheres, é o álbum divisor de águas na carreira do trio canadense Alex Lifeson (guitarras, violões, teclados), Geddy Lee (baixo, vocais, teclados) e Neil Peart (bateria, percussão). Sexto disco dos caras, Hemispheres encerra uma trilogia de álbuns com canções longas (os outros são 2112 e A Farewell To Kings), apresentando apenas quatro composições, e encerra também a história de Cygnus X1, que havia sido apresentada sua primeira parte em A Farewell To Kings.
O lado A é dedicado totalmente para “Cygnus X1: Book Two – Hemispheres”, uma Maravilha Prog criada por Neil Peart para contar a história da luta entre a razão e a paixão baseada na mitologia grega. Uma peça fantástica, e que ficamos sabendo nessa edição, através do livreto que o acompanha, quão difícil foi para Peart conseguir criar a letra e fazer a conclusão dessa obra. Outra faixa dificílima de concluir foi “La Villa Strangiato”, mais uma Maravilha Prog, totalmente instrumental, e que virou um clássico dos canadenses. O encarte nos revela que a canção foi registrada ao vivo em estúdio, porém em diversas tomadas, com indicações até de mais de quarenta gravações da canção, o que Lifeson acaba desmentindo, apesar de não lembrar quantas foi, e confirmando que sim, a faixa foi gravada ao vivo, e inclusive utilizando a mesma fita de gravações anteriores (o que faz parecer que ajam mais de uma guitarra durante os solos). Encerrando o álbum, a pérola “The Trees”, mais uma letra emblemática de Neil Peart falando sobre a luta de classes, através de uma analogia com as árvores, e “Circumstances”, canção que foi incluída no álbum apenas para cumprir com o tempo de duração exigido pela gravadora Mercury, e que foi a mais rápida de ser composta, utilizando de frases em francês que conquistaram o coração dos fãs canadenses.
Como se vê, o álbum é impactante não só para a carreira do Rush, mas para o rock progressivo, ainda mais pelo ano de seu lançamento (1978), mas o que essa Deluxe Edition apresenta de diferente? Além do belo encarte com 24 páginas, trazendo a história do álbum através de um belo texto de Rob Bowman, que entrevistou o trio em diferentes épocas, e diversas fotos inéditas, a Deluxe Edition conta com um CD bônus trazendo a última apresentação da turnê de Hemispheres, no dia 4 de junho de 1979, durante o PinkPop Festival da Holanda. É a gravação feita através de uma transmissão de rádio, que infelizmente acabou perdendo parte da apresentação de “2112”, mas para manter o set list original, a edição incluiu “2112” retirada de um show no Arizona de 20 de novembro de 1978, e assim, ficamos com uma “apresentação completa” de um show marcante.
Afinal, o trio estava em plena forma, adicionando instrumentos e tocando com muita qualidade técnica. Os vocais de Lee estão afiadíssimos, como podemos ouvir em “A Passage to Bangkok” e “Something For Nothing”. Lifeson dá uma aula de tocar guitarra com uma virtuose que parece simples, mas vai repetir. Ouvir seus solos em “Xanadu” e “The Trees” é para se perguntar como alguém consegue tocar tão precisamente algo complexo, e sem soar presunçoso. Peart estava destruindo sua bateria. Nessa turnê ele apresenta o solo de bateria em uma sequência que ficou marcada por muito tempo em sua carreira, e que muitos fãs do Rush sabem até cantarolar cada batida.
Os grandes momentos do segundo CD certamente vão para “La Villa Strangiato”, com uma perfeição arrepiante e impossível de ser reproduzida por meros humanos em cima de um palco, e claro, a impecável versão de quase vinte minutos de “2112”, que retirou muito pouco da versão original, sendo certamente uma das versões ao vivo mais completas que o trio gravou. Concluem o track lista da apresentação “Closer to the Heart”, na famosa versão já com teclados, “The Sphere”, encerramento de “Cygnus X1 Book Two”, e a animada “In the Mood”, faixa do primeiro disco da banda e presente em praticamente todas as apresentações.
Apesar desse show do Pinkpop ter rolado no mercado e na internet através de bootlegs, é muito legal ter uma versão definitiva e original do mesmo, e principalmente, com uma qualidade de gravação muito clara e gostosa de se ouvir. A Super Deluxe Edition contém as mesmas faixas apresentadas acima, porém no Bluray há as versões em vídeos promocionais de “Circumstances”, “The Trees” e “La Villa Strangiato”, além de “La Villa Strangiato” ao vivo no Pinkpop Festival, onde se pode conferir toda a parafernália de palco do Rush, mas principalmente, o talento descomunal que esse trio exalava pelos poros.
Track list
CD 1 – Hemispheres
1. Cygnus X-1 Book II: Hemispheres
2. Circumstances
3. The Trees
4. La Villa Strangiato
CD 2 – Live At Pinkpop Festival: June 4, 1979
1. A Passage To Bangkok
2. Xanadu
3. The Trees
4. The Sphere (A Kind Of Dream)
5. Closer To The Heart
6. La Villa Strangiato
7. In The Mood
8. Drum Solo
9. Something For Nothing
10. “2112” (Live In Arizona: November 20, 1978)
Um dos meus álbuns favoritos da banda, e certamente a fase que mais curto dos canadenses. Uma pena essas edições não terem saído em versão nacional (como muita coisa ultimamente, infelizmente), o que faz com que o preço mesmo dessa versão mais “simples” fique quase proibitivo. A versão “deluxe”, então, essa vai direto para a lista de “sonhos impossíveis” mesmo…
Arrisco a dizer que essa apresentação do Pinkpop é uma das melhores da carreira da banda, que estava realmente em uma fase espetacular!
Eu só lamento que eles não tenham tocado “Cygnus X1 Book Two” na íntegra, mas é um showzaço mesmo. O pior de tudo é que além de não sair no Brasil, o governo Bolsonaro conseguiu fazer o dólar bater 6 reais, o euro foi a 7 e a questão de que as entregas iam melhorar quando tirasse a Dilma melhorou só para sabe-se lá quem, pq perder material importado é mais comum do que comprar arroz no mercado (se bem que nem arroz no mercado tá fácil de comprar com esse governo). Eu consegui esse material usado no e-bay e com um cupom desconto de 5 dolares, que acabou saindo então 5 dolares com frete no mesmo valor. Ou seja, foram 10 dolares CD + frete rastreado, o que dá 60 reais. Valeu o preço, claro que valeu, mas é interessante pensar que há cinco, seis anos atrás, pagaríamos esses mesmos 10 dólares, mas valeria 30 reais …
Enfim, um desabafo por aqui, desculpem …
Pelo que já li, o Rush nunca tocou “Cygnus Book II” aovivo na íntegra. Existe uma versão em um bootleg da turnê (o gravado na Floresta Negra da Alemanha – Black Forest – salvo engano), mas parece que ela foi “fabricada” a partir de shows diferentes! Fica a dúvida!
Quem fez uma versão completa foi Mike Portnoy com seu projeto Cygnus And The Sea Monsters, extremamente competente na parte instrumental, mas cujo vocalista, pro meu gosto, deixou a desejar! Mesmo assim, vale conferir!
Que edição linda! Ainda bem que não sou colecionador de discos e cds, porque se fosse eu iria atrás. Quanto ao disco em si, Hemispheres é um dos melhores dessa banda que, apesar de eu conhecer há uns 10 anos, só ultimamente virou uma das minhas bandas favoritas da vida.
Interessante as informações do começo do post. Galera da consultoria não decepciona.
Valeu Elardenberg, Sempre bem vindo teus comentários. Em breve apresentarei mais uma dessas edições por aqui. Abração