Cinco Discos Para Conhecer: Jimmy Page
Por Igor Miranda (Publicado originalmente no site Van do Halen)
Jimmy Page é uma lenda viva da música. Além de ter feito história com o Led Zeppelin, participou de vários projetos, foi um competente músico de estúdio antes da fama, revolucionou os métodos de captação e produção de som e foi um dos primeiros a construir uma verdadeira imagem de “guitar hero”. A seguir, cinco discos para conhecer um dos maiores guitarristas da história – sem exageros.
O Led Zeppelin já havia entrado pra história da música com os três primeiros discos. Mas o que garantiu que o nome do grupo seria conhecido pelas gerações futuras foi o quarto da discografia, lançado em novembro de 1971 e produzido (assim como todos os outros da banda) por Jimmy Page. O álbum não tem um título oficial, mas frequentemente recebe a alcunha de IV. Em IV, a inspiração do quarteto é espantosa. Ali, foram ditadas muitas das regras de se fazer Rock pesado que futuros grupos seguiriam, mesmo que de forma inconsciente. Desde fazer hino de estádio (“Black Dog”, “Rock And Roll”) até balada que comove até pedra (“Going To California“, “Stairway To Heaven”). E os caras funcionam como um conjunto, em um só corpo. É complicado falar de um integrante só quando se fala de Zeppelin, diga-se de passagem. Quarenta e dois minutos incríveis, formadores de caráter.
Robert Plant (vocal, gaita), Jimmy Page (guitarra, violão, mandolin), John Paul Jones (baixo, sintetizadores, teclados, mandolin) e John Bonham (bateria, percussão)
Músicos adicionais:
Sandy Denny – vocal em 3
Ian Stewart – piano em 2 (não creditado)
1. Black Dog
2. Rock and Roll
4. Stairway to Heaven
5. Misty Mountain Hop
6. Four Sticks
7. Going to California
Apesar de ter lançado álbuns magníficos, como o próprio IV, trazido logo acima, grande parte dos fãs do Led Zeppelin e de Rock no geral acreditam que Physical Graffiti seja o trabalho definitivo do conjunto. Sua magnitude provavelmente torna esse texto inócuo, tendo em vista a riqueza de elementos a serem abordados e a objetividade que é vista nesse quadro. Por se darem ao luxo de lançarem o play em um formato duplo, os caras foram além e experimentaram a inserção de influências que giraram entre Funk, Folk, Blues, música clássica e Rock progressivo, além do Hard Rock pirado de praxe. A criatividade dos integrantes estava nas alturas, justificando a salada mista que foi gerada, mas que ficou uniforme e, mais uma vez, se tornou o trabalho definitivo do conjunto. Definitivamente, um hors concours no assunto Rock.
Robert Plant (vocal, gaita), Jimmy Page (guitarra, violão, mandolin), John Paul Jones (baixo, sintetizadores, teclados, mandolin) e John Bonham (bateria, percussão)
1. Custard Pie
2. The Rover
4. Houses of the Holy
5. Trampled Under Foot
6. Kashmir
7. In The Light
8. Bron-Yr-Aur
9. Down by the Seaside
10. Ten Years Gone
11. Night Flight
12. The Wanton Song
13. Boogie with Stu
14. Black Country Woman
15. Sick Again
O The Firm foi um competente supergrupo construído pela parceria entre o vocalista Paul Rodgers (Free, Bad Company) e o guitarrista Jimmy Page (Led Zeppelin). Integraram a line-up o baixista Tony Franklin (Roy Harper) e o baterista Chris Slade(Uriah Heep, Tom Jones). Nomes competentes que fizeram um disco de estreia que, até certo ponto, dividiu opiniões. Auto-intitulado, o debut do quarteto uniu as influências da música Soul e Funk de Franklin, a performance acessível e ligada ao Pop de Rodgers, as guitarras Bluesy e cheias de texturas sonoras de Page e a bateria pesada de Slade. O resultado final foi bom, pois o álbum foi bem feito e é agradável, mas a recepção foi abaixo do esperado pois, apesar de tudo, não é um disco de impacto e não trouxe um hit.
Paul Rodgers (vocal, violão e guitarra adicional), Jimmy Page (guitarra, violão), Tony Franklin (baixo, teclados, sintetizadores) e Chris Slade (bateria, percussão, backing vocals)
Músicos adicionais:
Steve Dawson – trompete em 1
Paul “Shilts” Weimar – sax barítono em 1
Willie Garnett – sax tenor em 1
Don Weller – solo de sax tenor em 1
Sam Brown – backing vocals em 6 e 9
Helen Chappelle – backing vocals em 6 e 9
Joy Yates – backing vocals em 6 e 9
1. Closer
2. Make or Break
4. Together
5. Radioactive
6. You’ve Lost That Lovin’ Feeling
7. Money Can’t Buy
8. Satisfaction Guaranteed
A engraçada parceria entre Jimmy Page e David Coverdale começou logo quando Coverdale deu fim ao Whitesnake, em 1991. Engraçada porque Robert Plant, ex-vocalista do Led Zeppelin, sentiu-se cutucado com a união, por acreditar que Coverdale era uma mera cópia sua. Mas o produto desse conjunto é simplesmente fenomenal e, na minha opinião, supera até alguns trabalhos do Zeppelin – não em inovação, mas em qualidade das composições. O único trabalho da dupla apresenta puro Rock n’ Roll, com levadas Hard e grande influência do Blues, principalmente nas guitarras de Jimmy Page. O estilo se aproxima bastante ao dos tempos áureos do Led Zeppelin, porém com uma dosagem de peso, atribuída à presença de David Coverdale. E a banda de apoio é linda, diga-se de passagem. Uma pena que tenha acabado com apenas um lançamento e uma turnê, mas esse discão já vale a pena.
David Coverdale (vocal, violão), Jimmy Page (guitarra, violão, gaita, saltério, baixo adicional, backing vocals), Jorge Casas (baixo), Denny Carmassi (bateria, percussão) e Lester Mendez (teclados, percussão)
Músicos adicionais:
Ricky Phillips – baixo
John Harris – gaita
Tommy Funderburk – backing vocals
John Sambataro – backing vocals
1. Shake My Tree
2. Waiting On You
4. Pride And Joy
5. Over Now
6. Feeling Hot
7. Easy Does It
8. Take a Look At Yourself
9. Don’t Leave Me This Way
10. Absolution Blues
11. Whisper A Prayer For The Dying
Não adianta. Jimmy Page trabalhou com muita gente boa no meio musical. Só para lembrar dos vocalistas, Page tocou com Paul Rodgers, David Coverdale, Roy Harper, Chris Farlowe, John Miles, Keith Relf e por aí vai. Mas seu lugar é ao lado de Robert Plant. A prova disso é Walking Into Clarksdale, único disco de inéditas da dupla fora do Zeppelin e último do guitarrista até então. O trabalho retoma as influências Folk que marcaram as composições do duo em sua banda de origem. Há pouca viagem sonora, até porque, no auge dos 50 anos, os caras já não tinham aquela fome de inovação de outros tempos. Mas há a competência de dois dos caras que mudaram a cara da música desde que apareceram, que trouxeram composições muito bem feitas, uma banda de apoio sensacional e talento de sobra. Não espere por Led – espere por metade dele, mais amadurecido.
Robert Plant (vocal), Jimmy Page (guitarra, violão, mandolin, backing vocals), Charlie Jones (baixo, percussão) e Michael Lee (bateria, percussão)
Músicos adicionais:
Tim Whelan – teclados em 6
Ed Shearmur – programadores em 6
2. When the World Was Young
3. Upon a Golden Horse
4. Blue Train
5. Please Read the Letter
6. Most High
7. Heart in Your Hand
8. Walking into Clarksdale
9. Burning Up
11. House of Love
12. Sons of Freedom
Senti falta de Little Games, um dos maiores trabalhos da carreira de Jimmy Page. Não concordo com o The Firm, mas ai é questão de gosto pessoal mesmo.
Eu tenho uma profunda admiração por esse disco do Page com o Coverdale. Acho uma das coisas mais legais que o rock produziu. Pra mim, melhor disco do Coverdale desde o Ready and willing.
A história ainda há de fazer justiça com este álbum e colocá-lo em pé de igualdade com os grandes clássicos.
Concordo. Apesar das comparações um tanto quanto exageradas de que Coverdale imita Plant, o disco é muito bom.