A Alvorada Progressiva do Kansas
Por Ronaldo Rodrigues
Poucos grupos norte-americanos (considerando o tamanho do país) se destacaram no cenário progressivo nos anos 70, ainda que parte considerável da evolução do estilo tenha raízes na música americana. O Kansas talvez seja o primeiro nome a ser lembrado nesse assunto – um grupo com uma sequência consistente de álbuns e que, posteriormente, alcançou sucesso comercial e reconhecimento internacional.
A estreia do Kansas conhecido pelo grande público aconteceu em 1973, mas já em 1969 os músicos da banda estavam envoltos em experiências progressivas com diversas bandas. Kerry Livgreen, guitarrista, tecladista e compositor, fazia parte de uma banda chamada Reasons Why, baseada na cidade de Wichita, que tocava covers de sons da época. Ele saiu da banda para ir ao encontro de sua primeira experiência com música autoral, batizando o projeto de Saratoga. Seus companheiros na empreitada eram Lynn Meredith (vocal), Dan Wright (teclados), Zeke Low (bateria) e Scott Keller (baixo).
Havia na cidade de Topeka (que ficava a cerca de 2 h de Wichita ) uma espécie de “antagonista” do Saragota – a banda White Clover. Ambas praticavam um rock progressivo bastante melódico, mas que incluía tintas experimentais. Devido as frequentes mudanças de formação que rolaram para os dois grupos, em um dado momento do ano de 1970, dois membros do White Clover – Phil Ehart (bateria) e Dave Hope (baixo) – se juntaram ao Saragota. Essa espécie de “fusão” entre as duas bandas foi rebatizada como Kansas.
Mas a história não foi muito longe. No ano seguinte, Ehart e Hope saíram para reformar o White Clover e o Kansas acrescentou John Bolton como saxofonista e flautista. Essa formação é chamada de Kansas II e, com o lançamento de material de arquivo da época no início dos anos 2000, essa formação intermediária foi batizada como Proto-Kaw. Essa formação do Kansas II/Proto-Kaw durou até o início de 1973. O material lançado em CD mostra o grupo em processo de formação de sua identidade musical, ora emulando o Procol Harum, ora o King Crimson ou o Van der Graaf Generator do início de carreira. Porém, algumas sementes do que o Kansas viria a desenvolver já estavam presentes, em faixas como “Belexes” e “Incomudro” (que já prenunciava a clássica faixa “Magnum Opus”, do álbum Leftoverture).
Da parte do White Clover, o grupo renasceu contando com Robby Steinihardt tocando violino e cantando, Steve Walsh tocando teclados e cantando, e Rich Williams tocando guitarra. Em 1972 o White Clover contava com 5/6 da formação que viria a ser Kansas conhecido mundialmente. Quando o Proto-Kaw estava se desfazendo, Kerry Livgreen foi contatado por Phil Ehart e Dave Hope para se juntar ao novo White Clove. Nisso, decidiram novamente adotar o nome Kansas em definitivo.
Uma fita demo deles caiu nas mãos de Wally Gold, que era assistente de Don Kirshner, famoso apresentador de TV que estava lançando o próprio selo, Kirshner. Wally assistiu um show da banda em Ellinwood e se impressionou com o que viu, fazendo as tratativas para que o Kansas fosse contratado. O primeiro álbum foi gravado no primeiro semestre de 1973, mas lançado apenas em abril de 1974. Como Don Kirshner estava inserido na mídia e tinha muitos contatos, não foi difícil “vender” a banda por todo o país e assim começou a escalada do Kansas rumo ao sucesso maciço alcançado a partir de 1976 com o hit “Carry on my Wayward Son”.
Matéria curtinha! Vai ter uma continuação? Seria interessante ver a evolução do grupo até o estouro nas paradas americanas.
Da uma olhada nesse aqui Marcello
https://www.consultoriadorock.com/2011/01/20/maravilhas-do-mundo-prog-kansas-magnu/
Abraços