Nightfall – At Night We Prey [2021]
Por Thiago Reis
A banda grega Nightfall lançou em 2021 o seu décimo álbum de estúdio, chamado At Night We Prey, sucessor de Cassiopeia, lançado em 2013. O seu death metal de característica sombria e melódica continua dando o tom para as suas composições. Por aqui, o álbum saiu pela Metal Relics em uma edição em caixa acrílica, OBI com informações bem interessantes e encarte contendo as letras, fotos, informações técnicas e uma arte gráfica de muito bom gosto. Além das informações básicas, ressalta-se o texto que se encontra na última página do material, contendo informações a respeito do conceito por trás de At Night We Prey, destacando-se o fato de que o álbum foi escrito a respeito de pessoas que estão sofrendo de depressão, levando-as à raiva suprimida.
O álbum é uma homenagem às vítimas da depressão e um grito de ajuda àqueles que sofrem deste mal. O tema abordado é de extrema importância no mundo atual, demonstrando a sensibilidade a temas atuais por parte de Efthimis Karadimas, o responsável pela parte lírica do álbum. A formação conta com Efthimis Karadimas (vocal e baixo), Mike Galiatsos (guitarra), Kostas Kyriakopoulos (guitarra), Fotis Bernardo (bateria), além de vocais femininos a cargo de Eleni e Souzana Vougioukli. Além disso, foi produzido por Efthimis Karadimas e Fotis Bernardo.
At Night We Prey começa com “She Loved the Twilight”, uma intro de 53 segundos, bem enigmática e sombria. Já em seguida temos “Killing Moon” com riffs poderosos, mantendo o clima imposto pela introdução. A bateria é um plus, já que Fotis Bernardo não se contenta com levadas simples. Os vocais entram de forma feroz, aumentando ainda mais a fúria contida nas letras e melodias. “Darkness Forever” começa com riffs muito influenciados em thrash metal dos anos 1980, com a bateria turbinada por Fotis Bernardo. O refrão também é destaque, já que mesmo sendo uma música de death metal, tanto a melodia quanto as letras ficam em nossa mente já na primeira audição, com a seguinte letra: “I am the Night, I am your Death, Endless Darkness, Rise, Death takes your life”. Após a metade da faixa, podemos conferir riffs mais cadenciados que encaixam perfeitamente com o restante da música, além de um belo solo de guitarra.
Seguimos com “Witches”, com riffs mais puxados para o doom, além de linhas bem interessantes de bateria. Depois da intro, podemos conferir riffs bem intrincados, bem característicos do technical death metal, evidenciando ainda mais a qualidade e experiência dos músicos. A alternância de riffs continua a mil, com passagens complexas que chegam a lembrar prog metal. Sem dúvidas, “Witches” ao vivo deve ser um dos pontos altos em um possível show.
“Giants of Anger” já em seu início nos remete a bandas de black metal como os conterrâneos do Rotting Christ. Logo em seguida os dois bumbos chegam com tudo, conferindo um tempero a mais à canção. Podemos conferir a forte influência do black metal ao longo da faixa, entretanto sem deixar a originalidade de lado, com riffs, alternâncias e vocais bem característicos.
A próxima é “Temenos”, com sua introdução bem diferente das demais, com sua guitarra nos remetendo a algum tipo de escala árabe, mas não por muito tempo. Logo em seguida podemos conferir uma mudança repentina no andamento da faixa. As mudanças continuam, com alguns riffs que nos remetem novamente ao thrash metal, alternando de forma muito interessante com o já conhecido death metal sombrio que a banda pratica. “Meteor Gods” apresenta um coro bem enigmático em seu início, juntamente com um sombrio dedilhado de guitarra, quando de repente somos surpreendidos por riffs poderosos e rápidos, alternados com riffs mais lentos nos remetendo ao doom metal. O solo de guitarra apresenta muito feeling e técnica, aliado a uma base nada convencional de baixo e bateria.
“Martyrs of the Cult of the Dead (Agita)” é a próxima e como destaque podemos conferir os vocais mórbidos de Eleni e Souzana Vougioukli em sua introdução. Em seguida, aparecem os vocais Efthimis Karadimas, acompanhados de riffs bem técnicos. Fotis Bernardo também é destaque mais uma vez, com uma linha de bateria bem criativa.
Seguimos com “At Night we Prey” e como não poderia deixar de ser, a faixa título é uma das mais inspiradas do play. A introdução apresenta linhas de guitarra bem sombria e influenciada no Black Metal dos anos 1990. A cadência no andamento da faixa nos coloca em um clima muito interessante. Os vocais guturais se alternam de forma bem criativa com os dedilhados de guitarra, que são sucedidos por riffs de metal tradicional acompanhados pelos vocais enigmáticos e obscuros de Eleni e Souzana Vougioukli, conferindo contornos dramáticos à faixa. “At Night we Prey” é a faixa que sumariza perfeitamente o trabalho do Nightfall no presente álbum de forma magistral. Encerramos com “Wolves in Thy Head” que já de início nos brinda com riffs influenciados pelo Candlemass, os mestres do doom. O refrão com o trecho “I am the Wolves in Thy Head” fica na cabeça do ouvinte de forma surpreendente. O double bass de Fotis Bernardo também marca presença, a partir do momento em que os riffs ficam mais rápidos. Encontramos também riffs com fortes influências do Slayer de Show No Mercy e Hell Awaits, conferindo ainda mais ingredientes a uma fórmula de sucesso. Os riffs mais cadenciados voltam juntamente com o refrão já citado, encerrando com chave de ouro o disco.
At Night we Prey é um álbum para fãs de black metal, death metal, doom metal e thrash metal, ou seja, transcende estilos. A grande qualidade e cuidado na gravação, os instrumentistas acima da média, a criatividade, o tema abordado nas letras e toda a ambientação criada com maestria pela banda fazem com que este seja um álbum que os fãs estavam esperando há muito tempo. Para quem não conhece a banda, essa sem dúvidas é uma excelente porta de entrada para o som do Nightfall.
Track list
- She Loved The Twilight
- Killing Moon
- Darkness Forever
- Witches
- Giants Of Anger
- Temenos
- Meteor Gods
- Martyrs Of The Cult Of The Dead (Agita)
- At Night We Prey
- Wolves In Thy Head
Uma bela resenha, descreve perfeitamente o álbum. Qualidade incontestável.