Happy the Man – Happy the Man [1977]
Por Diego Camargo (Originalmente publicado no site Progshine)
O primeiro álbum do Happy the Man é uma das principais obras do rock progressivo já lançados nos Estados Unidos. Formado por Stanley Whitaker (voz e guitarras de 6 e 12 cordas), Frank Wyatt (saxofone, flauta, piano, teclados e vocais), Kit Watkins (mini-moog, piano, Fender Rhodes, A.R.P., órgão Hammond, Hohner clavinet, flauta e marimba), Rick Kennell (baixo) e Mike Beck (bateria e percussão), o grupo fazia um som que lembrava misturas de Gentle Giant com Genesis.
O disco abre com “Starborne” que tem um clima meio Kitaro, meio oriental. Uma coisa meio New Age. Depois de uma introdução climática, cada vez mais climas diferentes e camadas. Os teclados de Kit Watkins são uma boa base durante toda a música.
Kit Watkins (acima, na esquerda). Da esquerda para a direita: Rick Kennell, Coco Russel, Frank Wyatt e Stanley Whitaker. Happy the Man em 1978 |
“Stumpy Meets The Firecracker In Stencil Forest” já tem um clima jazz? Claro! A banda é quase instrumental! Os saxofones dão um toque meio Van Der Graaf Generator, às vezes. Grandes acordes mantém a melodia grandiosa. Um minuto de música e a surpresa: ritmos quebrados e vários riffs rápidos. Bendito seja Stanley Whitaker. Outras influências? Zappa total em muitos momentos! Grande influência nas guitarras e sopros. Uma loucurada sensacional de se ouvir. Muita virtuosidade em doses comedidas e bem compostas.
“Upon The Rainbow (Befrost)” tem uma bela introdução com o Clavinete e uma surpresa: vocais de Stanley. Muito bons, por sinal! Boas melodias. Versos com rítmica quebrada e uma melodia meio ‘duende na floresta’ (se é que isso é possível). Agora… Outra coisa importante. Os moogs de Kit!
O Lado A de Happy the Man |
“Mr. Mirror’s Reflections On Dreams” é uma coisa mais prog (ou não). Com começo “esporádico” e uma continuação um tanto quanto “engraçada”, se assemelha bastante com uma canção de ninar. O baixo de Rick Kennell vai criando uma base atmosférica. A música vai aumentando… Partes percussivas de Mike Beck e guitarras espertas de Stanley. Sintetizadores! O que seria do nosso rock sem eles? Afinal, são os responsáveis por abrirem uma gama sonora tão grande para a galera que gosta de experimentações. Camadas de som, guitarras e teclados em casamento. Frank Wyatt e suas flautas… Sempre achei uma grande riqueza flauta em música.
Na sequência, “Carousel”. Não diria que é um carrossel, mas é quase uma ciranda louca. O som dá a impressão de rodar mesmo. Ainda mais com a atmosfera criada pela melodia, meio caótica. Do começo ao fim, psicótica e cheia de solos.
Apesar do começo louco, “Knee Bitten Nymphs In Limbo” tem um clima meio desenho animado. O melhor são os synths. Perfeitos no som! A bateria toda quebrada e em síncopas. O baixo ‘andando’. Sopros e synths em dupla e uma guitarra inquieta o tempo todo (ou seria o teclado? Engano! É o teclado mesmo). Não tem problema… Depois é a guitarra! A banda continua sua ‘Lagoa dos Cisnes’. Vira-e-mexe o tema inicial volta. Um tanto quanto engraçado.
E não é que temos vocais novamente? Eles aparecem em “On Time As A Helix Of Precious Laughs”. Sou suspeito pra falar. Não sou fã de música instrumental. Preciso das palavras e melodias vocais, então me agrada mais essas duas faixas cantadas. Logo aos dois minutos, um groove delicioso de baixo de Rick Kennell toma boa parte do som junto com a parte percussiva.
“Hidden Moods” tem mais uma das histórias de contos de fadas. Pelo menos, essa é a primeira impressão. Melodias delicadas com teclados gentis. Claro que um pouco de alegria e doidera no caminho a gente sempre encontra. Nunca leram Alice No País Das Maravilhas? A capa deixa isso um tanto quanto claro.
Por fim, a maravilha prog “New York Dream’s Suite”. Seria esse a Nova York dos sonhos? Ou seria essa a Nova York de Robby Willians em Moscou em Nova York? Não sei! Mas fiquei com vontade de ver esse filme de novo! Na película, ele encarna um saxofonista de jazz que veio da Rússia para a América. Excelente! Se puderem, assistam! Uma suíte dos sonhos, onde muitas coisas podem se realizar, se realmente quisermos…
Os americanos no início da carreira, ainda com Mick Beck |
Track list:
1. Starborne
2. Stumpy Meets The Firecracker In Stencil Forest
3. Upon The Rainbow (Befrost)
4. Mr. Mirror’s Reflection On Dreams
5. Carousel
6. Knee Bitten Nymphs In Limbo
7. On Time As A Helix Of Precious Laughs
8. Hidden Moods
9. New York Dream Suite
Happy The Man foi uma sombra agradável no árido progressivo americano. Uma banda que, apesar das influências inegáveis, tinha personalidade. E pelo menos os discos que conheço, os primeiros, são muito, mas muito bons. Kit Watkins tem um trabalho solo que flerta bastante com o new age. Fazia sucesso na loja esotérica que minha mulher teve por alguns anos, hehe… Grande lembrança, Diego!