David Bowie: A Carreira em Box Sets
Por Marcello Zapelini
Desde 2015, os fãs de David Bowie têm sido brindados por boxes de múltiplos CDs ou LPs que cobrem períodos específicos de sua carreira. De cara, pode-se destacar o cuidado tomado nessas edições: os CDs são acondicionados em capas do tipo mini-LP que reproduzem fielmente a arte dos álbuns originais, e, para evitar acidentes, são fornecidos envelopes plásticos para protegê-los dentro das capas; os CDs são dourados e com selos que reproduzem os originais; em quase todas as boxes, há pelo menos um disco original, duplicado em edição com nova mixagem (posteriormente disponibilizada à parte); em cada box há no mínimo um CD simples (“Re:Call”, com cinco volumes) coletando músicas que não fazem parte dos LPs originais; por fim, os livretos em capa dura são de excelente qualidade, tanto em termos visuais quanto de textos, reproduzindo artigos e entrevistas da época, bem como trazendo todas as informações possíveis sobre cada disco.
Nem tudo são flores, porque muita coisa ficou de fora. Para começar, por questões de licenciamento, o primeiro LP do cantor (David Bowie, de 1967), não foi incluído em nenhuma das boxes. Em segundo lugar, vários álbuns ao vivo lançados ao longo dos anos não foram incluídos, como VH1 Storytellers. Mais grave é o fato de que o período do Tin Machine foi completamente ignorado, havendo um salto no começo dos anos 90. E o pior caso é que muitas raridades que foram incluídas em edições prévias em CD (em especial as da Rykodisk) simplesmente desapareceram. Dessa maneira, para os completistas, essas boxes não são definitivas; por outro lado, para os menos obsessivos, trata-se de uma excelente coleção que garantirá muitas audições.
Até o momento, cinco boxes cobrem a carreira de Bowie de 1969 a 1988 e de 1992 a 2001, cada uma intitulada a partir de uma música da época: Five Years (1969-1973), Who Can I Be Now? (1974-1976), A New Career in a New Town (1977-1982), Loving the Alien (1983-1988)” e Brilliant Adventure (1992-2001), as duas primeiras com doze CDs, as demais, onze. As quatro primeiras foram lançadas entre 2015 e 2018, ao passo que a última em 2021. Agora vamos às caixinhas uma a uma, para destacar seus aspectos mais interessantes e vantagens.
Five Years (1969-1973)
A primeira box cobre o período que vai do sucesso de Space Oddity até a implosão de Ziggy Stardust, cobrindo seis LPs originais, David Bowie (1969, posteriormente relançado como Space Oddity), The Man Who Sold the World (1970), Hunky Dory (1971), The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars (1972), Aladdin Sane e Pin Ups (ambos de 1973), mais dois lançamentos ao vivo posteriores, Live in Santa Monica 72 e Ziggy Stardust: The Motion Picture Soundtrack (CD duplo). Completam o pacote uma remixagem do produtor Ken Scott, feita em 2003, para The Rise and Fall… e a coletânea Re:Call 1 (CD duplo). Todos os discos receberam remasterizações, algumas exclusivamente para a box.
Os álbuns estão entre os mais populares de Bowie, e não preciso comentá-los aqui. No caso dos CDs, pelo menos em termos de qualidade sonora, as remasterizações têm melhor qualidade sonora do que a das edições da EMI, com as quais pude comparar. O cuidado com as novas edições fica patente, por exemplo, na capa texturizada de The Man Who Sold the World, e na inclusão dos encartes e capas duplas originais. Fora isso, há pouca novidade; Ziggy Stardust: The Motion Picture foi lançado na mesma edição de sempre, que deixa de fora algumas músicas que só foram aparecer na recente edição de 50 anos do show e filme originais, como as duas músicas com Jeff Beck. A alegação é de que Beck não autorizou o lançamento de sua parte nem no filme, nem no álbum original do começo dos anos 80; agora, depois de sua morte, foi possível fazê-lo. O livreto é muito bom, com um prefácio de Ray Davies, informações técnicas das gravações, e depoimentos dos produtores originais, como Tony Visconti e Ken Scott. E a coletânea de raridades, Re:Call 1 traz sobretudo músicas de singles da época, incluindo “Ragazza Sola, Ragazzo Solo” (“Space Oddity” em italiano? Podia ter sido “Spaghetti Oddity”), as músicas do projeto Arnold Corns (objeto recentemente do Tralhas do Porão), “The Prettiest Star” com Marc Bolan na guitarra, duas versões para “John I’m Only Dancing”, a insuportável “Amsterdam”, que Bowie adorava tocar ao vivo, “Velvet Goldmine” (que seria lançada em 1975). No entanto, praticamente todo esse material já tinha sido disponibilizado em lançamentos anteriores; a comodidade reside em tê-lo reunido num só lugar.
No geral, Five Years é uma ótima box, bastante prática, muito bonita, e que qualquer fanático por David Bowie adoraria ter em sua coleção, especialmente porque inclui alguns dos seus discos mais famosos. Ela peca no quesito “novidades”, porque falta bastante coisa incluída em outros lançamentos; completistas terão que buscar outras edições dos discos originais se desejarem ter tudo o que Bowie gravou.
Who Can I Be Now? (1974-76)
A segunda box, de 2016, cobre um período bastante curto da carreira de Bowie, mas nem por isso deixa de ser interessante. Em primeiro lugar, os três álbuns de estúdio da época, Diamond Dogs, Young Americans e Station to Station são muito bons, e no caso deste último, duas versões são apresentadas, uma delas a remixagem de Harry Maslin feita em 2010. Em segundo lugar, David Live, de 1974, aparece em duas versões, ambas em CD duplo: uma recria fielmente o álbum original, a outra finalmente apresenta o show completo, na sequência de sua apresentação. O pacote se completa com outro álbum duplo ao vivo, Live Nassau Coliseum 1976, um álbum engavetado (The Gouster, que seria substituído por Young Americans), e Re:Call 2, desta vez um CD simples.
Particularmente, se tivesse que escolher apenas uma box para adquirir, o páreo seria muito duro entre as três primeiras, mas provavelmente escolheria esta, porque os três discos de estúdio são top 10 para mim, e Live Nassau Coliseum 1976 é o melhor álbum ao vivo dentre os muitos que Bowie lançou. Para completar, The Gouster é muito bom, levantando dúvidas sobre porque ficou inédito por tanto tempo. No entanto, afora esse álbum não lançado à época, a box traz poucas novidades, afinal, o remix de Maslin e Live Nassau Coliseum 1976 saíram na DeLuxe Edition de 2010 de Station to Station. Mesmo o CD com as músicas avulsas, Re:Call 2, não traz nada efetivamente raro.
As oportunidades perdidas, entretanto, são importantes. Diamond Dogs foi relançado em CD duplo com várias versões alternativas que não aparecem aqui (e podiam fazer parte do Re:Call 2. Críticos apontam desde 2010 que o solo do baterista Dennis Davis foi cruelmente editado no álbum ao vivo de Nassau, e o edit permaneceu nesta versão. E depois do lançamento da box, dois álbuns ao vivo da turnê de 1974 foram lançados oficialmente, e pelo menos um deles poderia ter sido colocado no lugar da versão incompleta de David Live (um disco, aliás, considerado muito ruim por boa parte da crítica e pelo próprio Bowie – embora eu pessoalmente não tenha problema com ele, pelo contrário).
Nada disso tira o brilhantismo dos discos de estúdio originais, de The Gouster e de Live Nassau Coliseum 1976. Nesse período, David Bowie estava afundando no vício em cocaína, mas sua música estava absolutamente fantástica. O livreto da box, mais uma vez, é de excelente qualidade, em especial o material ilustrativo, e a capa da edição remixada de Station to Station reproduz a da reedição da Rykodisk, embora com as cores certas dessa vez. E há um charme adicional: em vários dos discos originais você encontra um cartão com instruções para filiar-se ao fã-clube de Bowie, que originalmente era encartado nos LPs britânicos.
A New Career in a New Town (1977-1982)
Lançada em setembro de 2017, a terceira box cobrindo a carreira de Bowie possui, mais uma vez, onze CDs. Na verdade, 10 CDs e meio, porque um deles é um EP com quatro versões para “Heroes” em alemão e francês, e em cada um desses idiomas há a versão “normal” e a editada para compacto. Quatro álbuns de estúdio e um ao vivo originais são incluídos: Low, ’Heroes’, Lodger (disponível na versão original e em remix feito por Tony Visconti especialmente para este lançamento em 2017), Stage (em duas versões, uma similar à original e outra com o que seria o show completo da turnê Isolar II) e Scary Monsters (And Super Creeps). Re:Call 3 completa a box com mais um CD simples. O período de 1977 a 1980 é considerado um dos melhores da longa trajetória de David Bowie, sendo que Low é figura comum nas listas dos melhores álbuns do cantor britânico, e Scary Monsters… era o padrão contra qual todo disco dele foi medido nos trinta e tantos anos seguintes, até The Next Day se tornar uma unanimidade entre os críticos. Stage, por sua vez, é considerado um disco ao vivo muito superior a David Live, embora não seja exatamente tratado como obra-prima. Quanto a ’Heroes’ e Lodger, são outros discos com boa aceitação entre críticos e fãs.
Assim, o conteúdo “normal” da box set não compromete em nada. Um destaque: a primeira prensagem de Low trazia um adesivo na contracapa com o nome das músicas – e esse cuidado foi repetido nessa box! Vamos, então, às novidades. O EP de ’Heroes’ traz a versão em alemão, conhecida da trilha sonora do filme Christiane F, portanto, nada raro, mas a francesa era bem difícil de encontrar. A segunda versão de Stage traz duas músicas a mais em relação a edição anterior em CD (que já acrescentava mais vinte minutos ao álbum original), e a remixagem de Tony Visconti trouxe mais clareza e volume ao material de Lodger – mas para mim não faz diferença alguma, considero-o um dos álbuns mais fracos da carreira de Bowie, salvo por algumas músicas efetivamente sensacionais.
Re:Call 3 traz as músicas do EP Baal, com músicas de Bertold Brecht; do dramaturgo alemão tem-se também uma versão de estúdio para “Alabama Song”, que para mim é uma das músicas maisinsuportavelmente irritantes já gravadas por um rockstar de renome (a versão dos Doors é um pouco melhor, mas não torna a música boa). Além disso, há a regravação de 1979 para “Space Oddity”, a versão de “Cat People (Putting Out Fire)” para a trilha sonora do filme de mesmo nome (a música foi regravada posteriormente para Let’s Dance), os duetos com Bing Crosby para o especial de Natal, “Under Pressure”, e outras guloseimas. O livreto da terceira caixa é um dos melhores, trazendo, entre outras coisas, uma entrevista de Bowie em que ele abre o jogo sobre o vício em cocaína e sua ida a Berlim, e deixa bem claro o quanto a amizade com Iggy Pop era importante nesse período. Mais ainda, dá uma ótima ideia da contribuição de Brian Eno à “trilogia berlinense”, e há um trecho impagável em que ele analisa o álbum David Live, dizendo que, a julgar pela capa, o álbum deveria se chamar David Bowie is Alive and Living Only in Theory. A New Career in a New Town ranqueia com o que o Camaleão fez de melhor, mas que a caixa é um pouco decepcionante, apesar de todos os elogios feitos aqui, isso ela é.
Para os fãs desse período da carreira de Bowie, recomendo procurar a box set de Iggy Pop, The Bowie Years, que traz os dois discos de estúdio que ele produziu para o Iguana, bem como TV Eye Live, do qual participa como tecladista em algumas músicas. Essa box se completa com um CD de raridades e inéditas, e três álbuns ao vivo com a dupla Bowie-Pop.
Loving the Alien (1983-1988)
À primeira vista, você torce o nariz. Tirando Let’s Dance (e ainda assim provavelmente por ter sido um sucesso), os discos de estúdio da época (Tonight e Never Let me Down) não são exatamente os favoritos dos fãs de Bowie. Lançada em 2018, novamente com onze CDs, a quarta box traz, além desses discos originais, uma versão regravada de Never Let me Down, com uma produção mais limpa, os duplos ao vivo Serious Moonlight (Live ’83) e Glass Spider (Live Montreal ’87), uma compilação de remixes intitulada Dance (originalmente programada para lançamento em 1985 e cancelada – da original sobraram algumas versões, o título e a capa), e Re:Call 4, desta feita em CD duplo. Os anos 80 foram cruéis com a maioria dos rockers da década de 60, mas peço licença para discordar. Let’s Dance é uma pérola do pop oitentista, Tonight é, verdade seja dita, o mais fraco disco de David Bowie, mas nem por isso deixa de ter coisas boas ali no meio, e Never Let me Down é material para um “Discos que Parece que Só Eu que Gosto” – em especial na versão regravada. Os dois discos ao vivo derivam de vídeos lançados nos anos 80, e foram disponibilizados em separado posteriormente, e são ambos de muito boa qualidade, com destaque para Peter Frampton estraçalhando em “Glass Spider”.
É verdade que Re:Call 4 traz a cretina regravação de “Dancing in the Street” com Mick Jagger, mas também traz a bela “Absolute Beginners”, Albert Collins fazendo misérias em “Underground”, e as duas canções que Bowie cantou com Tina Turner em seu duplo ao vivo Tina Live in Europe, “Tonight” e “Let’s Dance”, bem como outras músicas que até então estavam dispersas por aí. Resultado: aquela que teria sido a pior das box sets da série acaba se mostrando muito interessante”.
Mais uma vez há que se tirar o chapéu para a qualidade do livreto, em especial no que tange à regravação de Never Let Me Down, devidamente explicada e justificada, e ao cuidado com as múltiplas fontes para as músicas de Re:Call 4. Sobre Never Let Me Down, algumas das músicas do álbum aparecem diversas vezes, pois, além de o CD com a gravação original e daquele com a regravação, ainda há espaço em Re:Call 4 para as versões mais curtas que foram disponibilizadas em LP na época (a duração do CD era cerca de cinco minutos mais longa do que a do LP). Isso pode ser problema para quem odeia o álbum, mas não é o meu caso. Ainda assim, não se incluiu “Too Dizzy”, música que fez parte das primeiras edições em vinil e CD e depois foi retirada da track list a pedido do próprio Bowie, que confessou odiar a música. Loving the Alien não seria a minha recomendação para quem quisesse adquirir apenas uma das cinco boxes, mas tem seus bons momentos e prova que David Bowie podia errar de vez em quando, mas nunca estava completamente errado…
Brilliant Adventure (1992-2001)
A quinta e atualmente última das boxes que cobrem a carreira de David Bowie foi lançada três anos depois das anteriores, e deixa um buraco na discografia do grupo, já que os discos do Tin Machine não fazem parte de nenhuma delas. Se os administradores do espólio do cantor decidirem por um lançamento, seria interessante incluir, além dos três discos originais da banda, o áudio do vídeo ao vivo Live at La Cigale. Voltando para Brilliant Adventure, esta box é, pelo menos na edição que tenho, a única que apresenta uma capa texturizada, e apresenta uma pintura com um autorretrato de Bowie, em vez de uma foto. O conteúdo da box consiste nos álbuns Black Tie, White Noise, The Buddha of Suburbia (ambos lançados em 1993), Outside (1995), Earthling (1997) e Hours (1999), complementados por uma versão em CD duplo para o show gravado na BBC em 2000 – BBC Radio Theatre, London, 27 June 2000 (do qual uma parte foi lançada como o terceiro CD de Bowie at the Beeb, de 2000), o álbum de regravações Toy (gravado em 2000 e engavetado pela EMI, o que levou o cantor a deixar o selo), e Re:Call 5 (desta vez em CD triplo). Mais uma vez, há um belo livreto, e é especialmente tocante a parte em que Nile Rodgers (que voltara a produzir Bowie em Black Tie…) relembra o amigo.
Particularmente, esta é a box que, para mim, serve apenas para completar a coleção. Os cinco álbuns de estúdio do período não ranqueiam muito alto na minha ordenação de preferências, sendo que Outside e Earthling, apesar de ambos terem seus momentos de brilho, entram confortavelmente na minha lista dos dez piores discos do Camaleão. Toy, por outro lado, é excelente, mas logo depois saiu uma edição em CD triplo que deixa esta – que é exatamente como Bowie a concebeu (incluindo aquela que provavelmente é a capa mais horrorosa da sua carreira) – comendo poeira, porque as versões alternativas e “unplugged” são muito boas. O álbum gravado para a BBC é excelente, não se pode negar, mas da mesma época já estava disponível o Glastonbury 2000, com um repertório semelhante – e mais completo (vinte minutos a mais de música), o que diluiu um pouco o impacto do disco ao vivo da box; ainda assim, a presença de várias músicas que não aparecem no setlist de Glastonbury, como “Seven”, “Survive”, “Always Crashing in the Same Car”, “The London Boys”, “I Dig Everything” e “Cracked Actor”, fazem com que ele se torne
obrigatório.
Quanto a Re:Call 5, as 39 músicas apresentadas incluem diversos remixes, músicas para trilhas sonoras, single edits, algumas “avulsas” que não fizeram parte dos discos originais e uma versão para “Pictures of Lilly” feita para um álbum-tributo ao The Who, tornando a coletânea a principal razão para a compra dos discos, junto com o álbum para a BBC.
Who knows what tomorrow may bring?
Sim, eu sei, o título é de uma música do Traffic. Mas já se passaram três anos desde o lançamento de Brilliant Adventure (1992 – 2001)”, e por enquanto os discos posteriores de Bowie ainda não receberam sua box set. A sexta box provavelmente traria os bons Heathen, Reality, The Next Day e Blackstar, bem como o duplo ao vivo A Reality Tour, todos lançados no século XXI. Talvez se pudesse incluir VH1 Storytellers, gravado em 1999, mas somente lançado em 2009. O material oficialmente disponibilizado em diferentes edições dos quatro discos de estúdio preenche tranquilamente um hipotético Re:Call 6 em CD duplo, talvez até triplo. Da mesma forma, falta uma box para o período do Tin Machine. Embora o primeiro disco da banda não tenha sido do meu agrado, considero o segundo muito bom, e junto com o material ao vivo disponível em Tin Machine Live: Oy Vey Baby e Live at La Cigale, a box poderia trazer ao menos um volume de Tin Machine Re:Call, pois há músicas lançadas em singles ou pirateadas que não fizeram parte dos dois álbuns de estúdio da banda, e que poderiam formar o lançamento – mas, verdade seja dita, não há material para uma box de 11-12 CDs como as anteriores.
Fãs de David Bowie não podem, entretanto, reclamar de falta de lançamentos. Antes do lançamento de Brilliant Adventure (1992 – 2001), duas outras boxes tinham sido lançadas: Conversation Piece (4 CDs), dedicada às gravações imediatamente anteriores e da época do disco de 1969, e a série Brilliant Live Adventures (6 CDs), com shows das turnês dos anos 90, cujos CDs foram lançados individualmente e reunidos numa box que pode ser adquirida no site oficial. A elas somam-se ChangesNowBowie, um EP ao vivo gravado em 1996 e lançado em 2020, e os lançamentos que em 2021 comemoraram The Man Who Sold the World: a remixagem feita por Tony Visconti disponibilizada sob o título Metrobolist e a “mini-box set” (só dois CDs) The Width of a Circle. Nos últimos dois anos, teve-se Divine Simmetry (4 CDs, 1 Blu-Ray), que cobre o período de Hunky Dory, e, como mencionado acima, a nova versão do show final de Ziggy Stardust (2 CDs, 1 Blu-Ray), numa edição de 50º aniversário que traz finalmente o show na íntegra, inclusive no filme. Os arquivos de David Bowie não parecem ter fim – o que sairá dos baús, por enquanto, é uma incógnita.
Bowie, Zappa, Hendrix … As famílias lucrando em cima dos defuntos, e no caso do Bowie, que belo jeito de lucrar. Eu tenho uma forte vontade de ter esses boxes, mas com a situação da Receita ter parado compras minhas do Discogs desde dezembro, não estou querendo arriscar no momento. Boxes lindos mesmo, que como a matéria do Marcello mostra, trazem bastante material apetitoso.
Em termos de Bowie, por enquanto eu só tenho os boxes menores (The Width of a Circle, que é fantástico, e o Toy), assim como o box Deluxe do Station to Station citado no trecho do box Who Can I Be Now?, e se fosse me atirar somente em um, eu ia no primeirão, que é o que eu não possuo o material adicional de alguma forma, ou mesmo no Who Can I Be Now?, por conta do disco de inéditas.
Em tempo, eu acho Let’s Dance uma obra prima, mas Tonight e Never Let Me Down só tiveram de bom os shows de divulgação (Glass Spider é uma turnê incrível).
Ah, e eu adquiri pouco antes de começar a tal greve da Receita Federal, o box não oficial David Live 1, com 10 CDs diversos que um dia pretendo resenhar aqui. Só não resenhei ainda por que tenho esperanças de adquirir o box David Live 2, e assim completar esse pequena coleção de 20 CDs.
Em tempo, alguém mais sofrendo com problemas com a greve da receita federal?
Essas boxes são muito boas mesmo, e os livretos são fantásticos em termos de informações sobre os discos e as músicas (melhor do que eles, só o livro do Nicholas Pegg). Gosto muito das boxes que você menciona, a do “Toy” (que eu acho um disco fantástico, aliás) e da “Width of a Circle”, que é meio que a “prima pobre” das boxes dedicadas ao “David Bowie” de 1969 (a “Conversation Piece”, para mim a box set mais bonita já lançada) e ao “Hunky Dory” (“Divine Simmetry” – essa é absurdamente boa na parte musical, uma das melhores boxes dedicadas a um único álbum que já vi na vida, perdendo apenas para as do Rory Gallagher). Sobre o “Never Let Me Down”, este é para mim um dos álbuns mais injustiçados que conheço!
Conheço as duas “David Live” só de ouvir falar – a qualidade sonora é boa? Não cheguei a pesquisar muito a respeito, mas fiquei interessado nelas ao vê-las no Mercado Livre, e fiquei em dúvida sobre as gravações serem audíveis ou não.