Riot – Fire Down Under [1981]

Por Daniel Benedetti

Fire Down Under é o terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana Riot, lançado em 1981, e é o último álbum com a participação do vocalista original Guy Speranza. Os produtores nova-iorquinos Billy Arnell e Steve Loeb, que também eram donos do Greene Street Recording Studio e do selo independente Fire-Sign Records, gravaram e produziram o primeiro álbum do Riot, Rock City (1977), e o lançaram pelo seu selo independente.

Depois de um começo promissor e shows de aberturas para AC/DC e Molly Hatchet, a banda não conseguiu manter o ritmo e estava prestes a se separar em 1979. Naquele ano, porém, a nova onda do heavy metal britânico estourou no mainstream, e o grupo chamou a atenção do influente DJ Neal Kay, que espalhou a música deles na Grã-Bretanha, onde os fãs compraram cópias importadas de Rock City. Encorajados, Arnell e Loeb, agora empresários do Riot, gravaram um novo álbum da banda, Narita.

Após uma turnê bem-sucedida com Sammy Hagar no Texas (EUA), a Capitol Records ofereceu ao Riot um acordo para lançamento mundial de Narita, principalmente com a finalidade de um suporte a Hagar. A Capitol e Sammy Hagar precisavam de uma abordagem mais forte e jovem para se associar a ele, então a banda Riot foi escolhida, em troca do grupo ser banda de abertura para Hagar em sua turnê pelo Reino Unido. Hagar e Riot tiveram uma turnê de sucesso, mas o Riot foi dispensado pela Capitol assim que terminou a turnê.

Arnell e Loeb gastaram o restante do adiantamento da Capitol Records, mantendo importantes promoções em rádios FM independentes para promover Narita. Arnell e Loeb colocaram o álbum no maior número possível de estações de rádio em todo o país, aumentando assim o público o suficiente para que a Capitol escolhesse sua opção por mais um disco com o Riot, e que se tornaria o álbum mais vendido do conjunto, Fire Down Under. Mais uma vez com Loeb e Arnell na produção, o álbum foi gravado no Greene St. Recording em New York, nos Estados Unidos. A banda era formada por Guy Speranza nos vocais, o líder do grupo, Mark Reale, e Rick Ventura nas guitarras, Kip Leming no baixo e Sandy Slavin na bateria.

“Swords and Tequila” abre o disco com um típico ‘arrasa quarteirão’, o qual poderia ser assinado por qualquer banda da NWOBHM. “Fire Down Under” aumenta a velocidade e a intensidade do disco, sendo uma música repleta de energia. “Feel the Same” segue mais cadenciada, sem abrir mão do peso, em uma das melhores canções da carreira do Riot. “Outlaw” puxa mais para um Hard/Heavy, trazendo um ritmo contagiante e ótimos vocais. “Don’t Bring Me Down” volta a acelerar, contando com um belo trabalho da seção rítmica. “Don’t Hold Back” apresenta um bom riff principal, com uma sonoridade totalmente de metal oitentista. Já em “Altar of the King”, a banda opta por uma introdução mais suave que finalmente desemboca em um Heavy Metal inspirado, com ótimos solos de guitarras.

“No Lies” contém um riff mais puxado para um ‘pré-thrash’, cadenciado, mas pesado e bem interessante. “Run for Your Life” volta a acelerar com guitarras cortantes e solos muito afiados. “Flashbacks” encerra o trabalho com uma espécie de homenagem ao DJ Neal Kay, aquele mesmo que havia ajudado a popularizar a banda no Reino Unido. Apesar de ser possivelmente o único ainda a preferir Narita, é inquestionável que Fire Down Under está no mesmo patamar, apresentando canções fortes, guitarras extremamente afiadas e uma banda transbordando inspiração em composições de primeira linha como “Swords and Tequila”, “Don’t Bring Me Down”, “Outlaw” e “Feel the Same”. Em suma: Fire Down Under é um álbum que merecia mais reconhecimento.

Retornando aos acontecimentos, quando o disco foi concluído, alguns meses depois, a Capitol o recusou, denominando-o de “comercialmente inaceitável”, o que colocou a banda em um limbo contratual. No entanto, a mesma Capitol se recusou a liberar a banda do contrato. Uma campanha foi organizada e financiada pelos produtores Arnell e Loeb, envolvendo fãs de todo o mundo. Os fãs britânicos fizeram piquetes nos escritórios da EMI Records, especialmente no Reino Unido. Finalmente, a Elektra Records chegou a um acordo com o vice-presidente da Capitol, Rupert Perry, e imediatamente lançou Fire Down Under, que então atingiu a 49ª posição da parada Billboard 200.

O vocalista Guy Speranza teve dificuldade em conciliar suas convicções religiosas com seu papel na banda e acabou substituído por Rhett Forrester no próximo álbum, Restless Breed, o qual foi lançado em 1982. Após o falecimento de seu líder, o guitarrista Mark Reale, em janeiro de 2012, uma nova formação continua o legado do Riot, mas sob o nome Riot V.