Cinco Discos Para Conhecer: Cozy Powell
Se há alguém que merece o céu, e lá deve estar, é Cozy Powell. Nenhum músico tocou com tantas malas sem alça durante a carreira, como você verá nas linhas abaixo. E mesmo assim, conseguiu construir seu nome e história, sendo considerado peça seminal da história da bateria. Foi difícil escolher apenas cinco discos e sei que muitos sentirão falta de determinados plays. Mas como a ideia é mostrar diferentes facetas de um músico, acho que temos um resumo legal dos caminhos seguidos pelo saudoso músico.
The Jeff Beck Group – Jeff Beck Group [1972]
O começo da carreira profissional não poderia ser em melhor companhia senão a do genial (e genioso) Jeff Beck, lenda viva das seis cordas. O quarto trabalho do Jeff Beck Group, popularmente conhecido como o disco da laranja, mostra mais uma vez o quinteto se aventurando pelo Blues Rock com maestria. Interpretando músicas próprias, além de cinco composições de gente do gabarito de Bob Dylan e Stevie Wonder, o conjunto mostra toda sua destreza. E embora a estrela principal esteja na guitarra, todos os envolvidos brilham nos momentos certos. É dever obrigatório saborear ao menos algumas vezes clássicos como “Ice Cream Cakes”, “Highways” e “Definitely Maybe”. As versões para “Glad All Over”, “Going Down” e “I Got To Have A Song” também merecem destaque. Sem singles – e nem se faria necessário – o album transcorre em uma agradável e surpreendente audição. E a história de Cozy Powell no mundo da música estava apenas começando.
Jeff Beck (guitarras); Bobby Tench (vocals); Clive Chaman (baixo); Max Middleton (teclados) e Cozy Powell (drums)
01. Ice Cream Cakes
02. Glad All Over
03. Tonight I’ll Be Staying Here With You
04. Sugar Cane
05. I Can’t Give Back the Love I Feel For You
06. Going Down
07. I Got to Have a Song
08. Highways
09. Definitely Maybe
Rainbow – Rising [1976]
Esse não é o álbum que mais apareceu neste quadro à toa. Em seu segundo disco, o Rainbow deixa de ser um projeto com o nome de Ritchie Blackmore para ganhar status de banda – apesar de o guitarrista continuar sendo a mente por trás da música. Da formação que gravou a estreia, apenas Ronnie James Dio foi mantido. Mas o time montado por Blackmore era muito acima da média, com destaque para o então emergente Cozy Powell – que parece ter as manhas de aturar guitarristas egocêntricos, já que, além dos citados aqui, ainda tocou com Michael Schenker e Yngwie Malmsteen – e o baixista Jimmy Bain, que se tornaria um grande parceiro de Ronnie a partir de então. Rising pode ser considerada peça fundamental na história do Heavy Metal, influenciando todas as gerações posteriores que se aventuraram no estilo, com suas incursões definitivas por novos caminhos para a música pesada. Os oito minutos e meio de “Stargazer”, faixa que conta com a participação da Orquestra Filarmônica de Munique, definiram uma nova era, graças a sua atmosfera hipnótica e emocionante. As excepcionais “Tarot Woman”, “Starstruck” e “A Light In The Black” ajudavam a compor o mundo fantasioso e alucinante dessa curta, sólida e marcante obra do Rock. Álbum indispensável na coleção de qualquer admirador dos bons sons.
Ronnie James Dio (vocals); Ritchie Blackmore (guitarras); Jimmy Bain (baixo); Tony Carey (teclados) e Cozy Powell (bateria)
01. Tarot Woman
02. Run With The Wolf
03. Starstruck
04. Do You Close Your Eyes?
05. Stargazer
06. A Light In The Black
Whitesnake – Slide It In [1984]
Esse é o exato meio-campo da história do Whitesnake. Afinal de contas, foi a partir de Slide It In que a banda de David Coverdale resolveu adotar uma estratégia sonora e publicitária que se adaptasse ao então lucrativo mercado norte-americano. Aliás, muitos se surpreenderiam ao saber de como a banda era desconhecida por aqueles lados do mapa antes deste disco, que acabou tendo duas versões. John Sykes (mais um guitarrista egocêntrico pra lista) participou da yankee, que teve Keith Olsen na produção, enquanto Micky Moody e Martin Birch ocuparam as respectivas posições no lançamento inglês. E o que vamos dizer de um disco em que metade das faixas virou single? Basta uma pequena conferida no tracklist para constatar que estamos diante de um Greatest Hits disfarçado. Com Jon Lord em seus últimos momentos no grupo e a fenomenal cozinha formada por Neil Murray e Cozy Powell, só poderíamos estar diante de um play com qualidade indiscutível. E Coverdale ainda tinha aquela voz que só os fora de série da história do Rock possuem. Quanto aos guitarristas, cada um com seu estilo teve importância no contexto. E ainda era só o começo de uma monstruosa escalada que, de aspecto negativo, acabou praticamente matando o passado do Whitesnake. Mas enfim, foi o preço a se pagar.
David Coverdale (vocals); John Sykes (guitarras); Mel Galley (guitarras); Neil Murray (baixo); Jon Lord (teclados); Bill Cuomo (teclados) e Cozy Powell (bateria)
01. Slide It In
02. Slow an’ Easy
03. Love Ain’t No Stranger
04. All or Nothing
05. Gambler
06. Guilty of Love
07. Hungry for Love
08. Give Me More Time
09. Spit It Out
10. Standing in the Shadow
Emerson, Lake & Powell – Emerson, Lake & Powell [1986]
No meio dos anos 1980 o ELP virou… o ELP! O que faz todo sentido, pois apenas alguém do calibre de Cozy Powell teria capacidade de substituir o exímio Carl Palmer. Lógico que a musica do grupo não é das coisas mais fáceis de digerir para os padrões de um ouvinte comum. Mas naquilo que se propõe, o trio faz um trabalho digno de nota, com execução mais que primorosa. No total, são dez faixas na versão em CD – o vinil saiu com duas a menos, prática relativamente comum à época, quando a era dos compacts começava a deixar os bolachões para trás definitivamente. Além das faixas próprias, o disco conta com três releituras. “Touch and Go”, que foi lançada como single, é baseado em uma canção folk tradicional inglesa, chamada “Lovely Joan”. “Mars, The Bringer Of War” já havia sido executada em formato Rock por Greg Lake nos tempos de King Crimson e foi resgatada. A última é “The Loco-Motion”, de Carole King e Gerry Goffin. Obra complexa – nem tanto quanto algumas do auge do Emerson, Lake & Palmer – porém de grande valor histórico. Indispensável, até por seu status de ‘cult’.
Keith Emerson (teclados); Greg Lake (vocals, baixo, guitarras) e Cozy Powell (bateria)
01. The Score
02. Learning to Fly
03. The Miracle
04. Touch and Go
05. Love Blind
06. Step Aside
07. Lay Down Your Guns
08. Mars, the Bringer of War
09. The Loco-Motion
10. Vacant Possession
Black Sabbath – Headless Cross [1989]
Após as clássicas eras Ozzy e Dio, o Black Sabbath deixou de ser uma banda para se transformar definitivamente no projeto de Tony Iommi. Obrigações contratuais fizeram com que o nome fosse mantido, mas demorou a uma formação se estabelecer ao lado do guitarrista. Mas isso acabou acontecendo em Headless Cross, décimo quarto trabalho de estúdio do grupo. Após a estreia em The Eternal Idol, Tony Martin se estabelecia definitivamente como o titular do microfone, tendo pela primeira vez um disco composto para sua voz, já que no anterior, assumiu a função no meio do caminho, em substituição ao saudoso Ray Gillen. Outro grande reforço angariado pelo bigode mais conhecido do mundo do Rock foi justamente Cozy Powell. Aliás, o espancador de peles não apenas participaria em sua tradicional ocupação como dividiria a produção do álbum com o chefão. Apenas o baixista levou mais tempo para ser definido, com Laurence Cottle sendo responsável pelo trabalho em estúdio, com Neil Murray realizando a turnê. Aliás, basta uma rápida investigada para constatar por quantas bandas essa dupla (Powell/Murray) passou junto. Nos teclados, Geoff Nicholls se mantinha firme e forte, quase chegando a uma década na função, algo raro para a época em que o dono da bola trocava de músicos como quem troca de roupa.
Tony Martin (vocals); Tony Iommi (guitarras); Laurence Cottle (baixo); Cozy Powell (bateria) e Geoff Nicholls (teclados)
Participação Especial
Brian May (guitarra solo em 4)
01. The Gates of Hell
02. Headless Cross
03. Devil and Daughter
04. When Death Calls
05. Kill In the Spirit World
06. Call Of the Wild
07. Black Moon
08. Nightwing
Sinceramente, a inclusão do ELP é surpreendente. Esse disco é muito fraco, e eu colocaria no lugar dele o ótimo Octopuss da carreira solo do Powell. Os demais discos (principalmente Jeff Beck Group e Rising) são obrigatórios em qualquer coleção decente de música.
Dos citados só não gosto do ELP (que horror, esse disco é medonho) e o Headless Cross (péssimo também)…
já o Rising (Starstruck é uma das músicas que mais escutei na vida), Slide It In e Jeff Beck Group são essenciais…
no lugar dos "renegados" colocaria o disco do egocêntrico Michael Schenker de 81 e o Octopuss da carreira solo…
parabéns pelo blog!!!
Poxa, tu não gosta do Headless Cross? Baita disco do Sabbath, e concordo como classificaram esse disco aqui no Consultoria do Rock, um AOR sombrio.
Imperdoável vocês terem se esquecido de falar do segundo disco do Michael Schenker Group em que Cozy Powell toca bateria. Discaço também!