Cinco Músicas Para Conhecer: Gal Costa E O Frevo

Cinco Músicas Para Conhecer: Gal Costa E O Frevo
Ney Matogrosso, Guilherme Araújo e Gal Costa no Carnaval de 1978

Por Mairon Machado

A baiana Gal Costa foi uma das grandes vozes do nosso país. Com uma carreira muito ampla, de mais de 55 anos, ela enveredou por diversos estilos, destacando-se desde o rock até o frevo. Foi nesse último que Gal deixou sua marca em canções que alavancaram seu nome entre a população brasileira, e por que não, mundial. A “gaúcha” (apelido dado pelo conterrâneo Gil) registrou diversas canções nesse estilo, e hoje, em homenagem ao Carnaval, e também à própria Gal, trago aqui cinco dos frevos (conhecidos e raridades) que estão na vasta discografia de Gracinha.


Deixa Sangrar – Le-gal [1971]

A faixa de Caetano Veloso é um frevo animado, tendo como diferencial a guitarra lisérgica de Lanny Gordin acompanhando o vocal suave da baiana com intervenções maluquetes, e que lembra muito o que foi apresentado em canções de Caetano como “Atrás Do Trio Elétrico” e “A Filha da Chiquita Bacana”. Para um disco repleto de rock ‘n’ roll, é surpreendente a presença de “Deixa Sangrar” em Le-gal, ainda mais entre o rockaço de “Hotel das Estrelas” e o samba-blues lindaço de “The Archaic Lonely Star Blues”. Além disso, foi lado B de “Você Não Entende Nada”, faixa que entrou depois em uma nova edição de Le-gal devido ao grande sucesso da bolachinha. Tem a importância histórica de ser a primeira incursão de Gal pelo frevo, e está aqui também por que é uma canção bem bonitinha.


Estamos Aí – 7″ [1973]

Essa preciosidade original de Edil Pacheco e Paulo Diniz veio ao mundo em uma raríssima bolachinha de 1973, com “Barato Modesto” no lado B. Um frevo levado pela guitarra e por uma bela melodia vocal de Gal, acompanhada por uma flautinha manhosa e claro, a bateria conduzindo tudo com muita animação. A crítica letra da canção diz “Estamos aí em toda cidade pagando em suor a felicidade … Vou sair de palhaço, você de careta a verdade deixei na gaveta” consegue se camuflar entre o ritmo festivo da canção, e gruda na cabeça do ouvinte. Boa faixa!


Sem Grilos – 7″ [1974]

Outra raridade que saiu em um compacto simples em 1974, e exalta o frevo de forma descarada. “Vamos curtir o frevo diz por onde ir, vamos pelo rumo bom que o frevo seguir” e destacando como o frevo foi do Recife para a Bahia, virando o trio elétrico em Salvador. Destacando os vocais agudos de Gal e os teclados de Perinho Albuquerque, é uma canção simples, com uma letra mais simples ainda (mais um frevo na conta de Caetano, ao lado de Moacyr Albuquerque) e muito bom para curtir com os indicadores apontados para o céu e uma garrafa de samba (a famosa mistura de vodca ou cachaça com Coca-Cola) nas mãos, curtindo o Carnaval!


Balancê – Tropical [1979]

Esta regravação de Braguinha e Alberto Ribeiro, lançada originalmente por Carmem Miranda em 1936, se tornou o maior sucesso dos carnavais no início dos anos 80, e responsável pela primeira venda de mais de um milhão de discos de Gal (no caso, o álbum Tropical, de 1979). Alguns consideram ela uma marchinha de carnaval, mas creio que o arranjo feito para a interpretação de Gal se aproxima muito mais de um frevo comandado pelo saxofone insinuante de Juarez Araujo. Na letra simplória de amor, o folião quer se divertir ao lado de uma morena que o despreza. A simplicidade da canção, e o grudento refrão, destacam-se junto dos belos agudos de Gal. Ainda hoje, muitos “veteranos” de carnavais sacodem-se ao som de um dos maiores hits da carreira da baiana. Como curiosidade, a canção não saiu no EP promocional de Tropical, e tão pouco em compacto simples aqui no Brasil, mas foi lançada em compacto de 7″ no Perú, onde foi igualmente um grande sucesso, e foi tema musical da história Currupaco Papaco, lançada na Série Coleção Taba em 1984, onde a canção é a preferida do papagaio que é o personagem central da mesma.


70 Neles – Mexicoração [1986]

Em 1986, a gravadora Som Livre soltou no mercado a coletânea Mexicoração, com canções de incentivo para a seleção canarinho rumo a Copa do Mundo do México. Entre artistas como Luiz Ayrão, Os Incríveis, Coral do Joab e até o lateral Júnior (Flamengo), quem se destacou mesmo foi Gal com uma revisão para “70 Neles”. Composta por Antonio Edgard Gianullo*, Vicente De Paula Salvia e com arranjos de Lincoln Olivetti, a faixa enaltece o êxito da seleção brasileira na Copa de 1970, também no México, com um refrão grudento que tenta unir os torcedores brasileiros. A canção perambula entre o frevo dos metais e a marchinha de carnaval, mas com muitos sintetizadores. A faixa na época fez tanto sucesso que saiu em um compacto exclusivo em ambos os lados da bolachinha, mas com o fracasso em campo do time de Zico, Sócrates, Falcão, Careca, etc … acabou ficando obscurecida na discografia de Gal.

Gal Costa no Carnaval do Rio em 1994

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