Roger Waters, líder e mentor do grupo britânico Pink Floyd durante a década de 70, está no Brasil nesse final de março para uma série de shows da turnê THE WALL LIVE, e claro, o Consultoria do Rock não poderia deixar passar essa presença em branco. Assim, o Podcast Grandes Nomes do Rock desse mês presta sua homenagem ao homem que ajudou a fixar o rock progressivo como um dos principais estilos da música contemporânea, contando sua história através de canções do Pink Floyd, da carreira solo, artistas que gravaram com Waters e também artistas que regravaram canções compostas pelo britânico.
George Roger Waters nasceu em seis de setembro de 1943, em Great Bookham, Inglaterra. Quando tinha apenas cinco meses de vida, o pai de Waters foi assassinado durante a Segunda Guerra Mundial, em um fronte de batalha na cidade de Anzio, Itália, fato este ocorrido em 18 de fevereiro de 1944. Este fato levou a mãe de Waters a mudar-se de Great Bookham para Cambridge, junto com seus dois filhos, sendo Waters o mais novo.
O pequeno Waters no colo de sua mãe
Em Cambridge, Waters entra para a Morley Memorial Junior School, onde conclui o ensino fundamental, ingressando então na Cambridgeshire High School, para cumprir o ensino médio. Lá, ele conhece Roger “Syd” Barrett, o qual se torna seu principal amigo, junto de um garoto que estudava em outra escola da região, David Gilmour, um morador da cidade de Mill Road, que estudava na escola Perse School.
Waters e Mason durante a Universidade
Durante a adolescência, o lado rebelde e ativista de Waters comça a brotar, e ele torna-se um dos líderes da Campanha de Jovens para o Desarmamento Nuclear (Youth Campaign for Nuclear Disarmament, ou YCND). Apesar disso, ele vivia na escola um comportamento ditatorial de seus diretores, com regras muito ríspidas, que também ajudaram a moldar o cérebro de Waters para torna-lo um ser contrário à opressão.
Acabado o Ensino Médio, Waters vai para Londres, ingressando na Regent Street Polytechnic (hoje, Universidade de Westminstes) em 1962, para cursar o curso de Arquitetura. É nela que Waters conhece Nick Mason e Richard “Rick” Wright. Por volta de setembro de 1963, Waters e Mason já não estavam tão interessados nos estudos, e voltaram os olhos para o aprendizado da música.
Sigma 6: Clive Metcalfe, Sheila Noble, Keith Noble, Roger Waters, Nick Mason e Vernon Thompson
Com a ajuda de Mike Leonard, o tutor da Regent Street Polytechnic, a dupla Waters e Mason começou a aprender seus primeiros instrumentos no outono de 1963, e não demorou para formar o primeiro grupo, ao lado de Keith Noble (vocais), Sheila Noble (vocais), Vernon Thompson e Clive Metcalfe (baixo). Com Waters na guitarra, Mason na bateria, nascia o Sigma 6, que também era conhecido como Meggadeaths.
Essa formação durou pouco tempo, com Metcalfe e Noble indo formar outro grupo. Em janeiro de 1964, o Sigma 6 mudava de nome, agora para Abdabs, e depois Screaming Abdabs, tendon a formação Wright, Mason, Waters (agora tocando baixo), Syd Barrett (guitarra, vocais) e Bob Klose (guitarra, vocais). Vários nomes foram adotados pelo quinteto, até que finalmente, em 1966, o nome Pink Floyd foi adotado, nome este sugerido por Barrett para homenagear dois ídolos seus do blues, Pink Anderson e Floyd Council.
Primeira formação do Pink Floyd: Rick Wright, Roger Waters, Nick Mason, Syd Barrett e Bob Klose
Logo após o nome Pink Floyd ser fixado, Klose decidiu sair do grupo, e então, como um quarteto, em agosto de 1967 lançam The Piper at the Gates of Dawn, uma ótima resposta britânica à crescente onda psicodélica dos Estados Unidos. Canções como “Bike”, “Pow R. Toc H.”, “Take Up Thy Stethoscope and Walk” (primeira composição de Waters) e a longa “Interstellar Overdrive”, mostraram ao mundo que a Inglaterra também sabia trabalhar canções voltadas para o psicodelismo, e logo, o Pink Floyd passou a ser taxado como líder dessa nova geração inglesa.
Waters, no auge do crescimento do Pink Floyd, em 1971
Porém, em 1968, o líder do grupo, Syd Barrett, era afastado por excesso de drogas. Para seu lugar, o jovem e velho amigo de Waters, David Gilmour é contratado, e com isso, Waters assume a posição de principal letrista e compositor do Pink Floyd. A partir de então, o quarteto mudou de cara, investindo pesado no rock progressivo e tornando-se uma das principais referências do estilo, graças à álbuns como: Atom Heart Mother (1970), Meddle (1971), The Dark Side of the Moon (1973) e Wish You Were Here (1975).
Lindas pinturas com as capas de alguns dos principais discos do Pink Floyd
Esses álbuns inovaram tanto no sentido de composição quanto em estúdio, onde inclusive Waters foi um dos que experimentaram o uso de sintetizadores, loops de fitas e mixagens, e até mesmo em apresentações. Vários foram os shows que marcaram a carreira do Pink Floyd nesse período, com destaque para a apresentação na cidade de Pompeia (Itália), dentro do Grande Teatro Romano das ruínas da cidade, para nenhum (nenhum mesmo) fã, somente os músicos e diretores de câmera, que registraram esse espetáculo sonoro no filme Pink Floyd Live at Pompeii.
A partir de 1977, Waters passa a fazer cada vez mais a função de líder do grupo. Em Animals (lançado no mesmo ano), apenas uma das cinco canções não é somente dele, e sim uma co-autoria entre Waters e Gilmour. Durante a turnê de Animals que surge a ideia de construir aquele que Waters considera sua obra-prima, o fabuloso álbum The Wall.
Rick Wright, David Gilmour, Roger Waters e Nick Mason.
Disco duplo no formato conceitual, The Wall narra a história de Pink, um super star do rock que por diversos problemas, acaba se isolando do mundo, criando um muro (THE WALL) que o separa do resto da humanidade. Essa história já foi contada em detalhes pelos colaboradores Mairon e Micael Machado nesta matéria especial.
A criação de The Wall acabou gerando muitas brigas internas, pois Waters queria que tudo saísse do seu jeito. Como resultado final, Wright foi despedido, voltando apenas para cumprir as datas da grande turnê de promoção do álbum, a qual acabou sendo um verdadeiro estrondo nos cofres dos britânicos, já que os altos custos da manutenção do palco (que era montado durante a execução na íntegra de The Wall, e demolido ao final), praticamente fizeram com que o grupo falisse.
Depois de um período afastados, tentando recuperar forças do fracasso que foi a turnê de The Wall do ponto de vista pessoal (e financeiro também, já que menos de 30 shows acabaram sendo realizados, apesar do álbum ter vendido bastante), em 1983 o Pink Floyd voltava à cena com outro grande projeto individual de Waters, o controverso The Final Cut.
O álbum cabe bem na definição de ame-o ou odeie-o, e sua qualidade é discutida até hoje, mas o que ficou de fato é que este foi o último disco do Pink Floyd a contar com a participação de Waters, o qual seguiu em carreira solo, sempre travando briga com Gilmour e Mason pelos direitos do nome Pink Floyd, a qual foi encerrada em 1987, quando Gilmour e Mason ganharam os direitos e lançaram o contestado A Momentary Lapse of Reason (1987), seguido da grande turnê de divulgação que gerou o álbum ao vivo Delicate Sound of Thunder (1988).
Roger Waters ao vivo em 1984
Na carreira solo, Waters lançou apenas três álbuns oficiais de estúdio: The Pros and Cons of Hitch Hiking (1984), Radio K.A.O.S. (1987) e Amused to Death (1992), todos eles sendo álbuns conceituais envolvendo histórias imaginativas do músico britânico. Além disso, Waters participou das trilhas dos filmes The Body (1970), Monsieur René Magritté (1978), When the Wind Blows (1986) e The Legend of 1900 (1999), além da ópera Ça Ira (2005). A discografia solo é completada com os ao vivos The Wall Live in Berlin (1989), registrando a histórica apresentação diante de 200 mil pessoas no antigo muro de Berlin, e In The Flesh Live (2002), bem como a coletânea Flickering Flame (2002), e começa justamente pelo dueto ao lado do músico Ron Geesin na trilha sonora do filme sobre biologia humana de Roy Batersby, chamado The Body, e que conta com a narração de Vanessa Redgrave e Frank Finlay.
Lançado em 28 de novembro de 1970, Music from The Body apresenta canções que mesclam instrumentos acústicos com sons humanos, como respirações, risadas, flatulência, batidas de coração, entre outros. O experimentalismo proposto por Waters conta com a colaboração de Geesin (guitarra, violoncelo, órgão, piano, banjo, bandolim e vários instrumentos de corda), além de Gilmour, Mason e Wright colaborando na canção “Give Birth to a Smile”. Obviamente, o álbum foi um fracasso comercial.
Somente em 1984 Waters voltaria a lançar um disco solo, desta vez o bom e conceitual Pros and Cons of Hitch Hiking. Contando com uma excelente banda de apoio, formada por Eric Clapton (guitarras, vocais, sintetizador), Ray Cooper (percussão), Andy Newmark (bateria), David Sanborn (saxofone), Michael Kamen (piano), Andy Bown (órgão), um trio vocal com Madeline Bell, Katie Kissoon e Doreen Chanter, e a National Philharmonic Orchestra (arranjada e conduzida por Michael Kamen), The Pros and Cons of Hitch Hiking chegou às lojas em 30 de abril de 1984 pela Harvest inglesa (Columbia nos Estados Unidos).
Inicialmente, o disco era para ter sido gravado pelo Pink Floyd. Após a turnê de Animals, Waters desenvolveu dois projetos em paralelo. Um deles era The Wall; o outro era The Pros and Cons of Hitch Hiking. A história narra a vida de um homem durante uma viagem de carro pela Europa central, sofrendo da chamada Crise de Meia-Vida, sonhando com um adultério cometido com uma caroneira que ele pegou durante sua viagem. Durante o sonho, ele encontra-se durante de outros fatos, principalmente medos e paranoias que aparecem no tal sonho entre as 04:30 da manhã e 05:12 da manhã de um dia em específico, sendo esse período tratado em tempo real no vinil e cassetes original (inclusive com um tempo compensatório para a mudança de lado da fita ou do vinil, o que acabou sendo perdido no formato do CD). No fim da história, o cidadão acorda e percebe que escolher a vida que vive, com monogamia e sem promiscuidades, é o jeito mais honesto de se viver, tendo amor e paz do que incertezas e rancores.
A capa na versão proibida
A ideia foi rejeitada pelos demais membro do Pink Floyd, que preferiram o projeto inicialmente batizado de Bricks in the Wall (que tornou-se The Wall), e virou o primeiro álbum solo de Waters. A capa do álbum gerou polêmica, por mostrar o corpo nu de uma caroneira (na vedade, o desenho das costas, traseiro e pernas da modelo e atriz pornô Linzi Drew), com ativistas femininos considerado a capa sexista e inclusive com algumas dizendo que tratava-se de um incentivo ao estupro. Em alguns países inclusive, posters de divulgação com a capa do álbum acabaram sendo rasgados e queimados em praça pública. Algumas edições posteriores acabaram trazendo a imagem da modelo nua com uma tarja preta sobre seu traseiro.
O cachorro Reg, símbolo da turnê de The Pros and Cons of Hitch Hiking
De qualquer forma, isso não impediu que o álbum vende-se relativamente bem, destacando: “4:33 AM (Running Shoes)”, “4:50 AM (Go Fishing)” e “5:01 AM (The Pros and Cons of Hitch Hiking part 10)”. Waters partiu para uma turnê de divulgação em 16 junho de 1984, com um show em Estocolmo, tendo como convidado especial, Eric Clapton. No palco, animações como as de The Wall foram realizadas, tendo destaque o cachorro Reg, que acabou tornando-se o personagem principal das apresentações, tendo como fundo, um quarto com uma TV ligada passando filmes antigos antes do show e durante os intervalos, além de três projetores que reproduziam filmes sincronizados com as canções que estavam sendo apresentadas.
Durante a primeira parte da apresentação, canções do Pink Floyd eram executadas, e na segunda metade, The Pros and Cons of Hitch Hiking era interpretado na íntegra. Clapton acabou saindo da turnê após a primeira parte da mesma ter sido concluída, passando por Suécia, Holanda, Inglaterra, Suíça, França, Estados Unidos e Canadá.
Eric Clapton e Roger Waters, durante turnê de The Pros and Cons of Hitch Hiking
A segunda perna contou com apenas 10 concertos em seis cidades diferentes, tendo destaque a apresentação em 28 de março de 1985, que foi a primeira apresentação transmissão holográfica do mundo, tendo na guitarra solo Tim Renwick. Apesar de ter sido bem divulgada, várias datas foram canceladas, principalmente pela baixa procura por ingressos. Esta turnê gerou um prejuízo para Waters de quase um milhão de dólares, apesar de o álbum ter sido relativamente bem sucedido, conquistando a terceira posição na Suécia, a quarta na Noruega, a décima terceira no Reino Unido e a trigésima primeira nos Estados Unidos (onde veio receber disco de ouro em 1995).
Dois anos depois, Waters contribuiu com algumas canções para a trilha do filme de desenhos animados When the Wind Blows, baseado no livro de mesmo nome, escrito por Raymond Briggs. A trilha chegou às lojas em 16 de maio de 1986, e Waters participa de duas canções: “Towers of Faith” e “Folded Flags”, tendo como banda de apoio a The Bleeding Heart Band, formada por John Gordon (baixo), Jay Stapley (guitarra), Matt Irving (teclados), Nick Glennie-Smith (piano), John Linwood (programações), Freddie Krac (bateria), Mel Collins (saxofone), Clare Torry (vocais) e Paul Carrack (teclados). Outros destaques deste álbum vão para a faixa-título (a qual conta com David Bowie nos vocais) e “The Brazilian”, gravada pelo Genesis, entre outros.
Waters e Clapton
Em 15 de junho de 1987, Waters lançou seu segundo álbum solo, Radio K.A.O.S., mais um álbum conceitual, que desta vez, conta a história de Billy, um garoto de 23 anos, morador de uma pequena cidade do País de Gales, e que possui limitações físicas, usando cadeira de rodas e sendo considerado como vivendo em um estado vegetativo.
Mas Billy é altamente inteligente, só que não consegue expressar-se a si mesmo. O irmão gêmeo de Billy, Benny, é um minerador, que perde seu emprego enquanto cuida de sua esposa Molly, seus filhos e seu irmão Billy.
Um dia, Benny entra para a criminalidade, primeiro roubando um telefone sem fio, e depois, sendo acusado injustamente de assassinato, acabando preso. Assim, Molly envia Billy para viver com seu tio David em Los Angeles. Lá, Billy descobre que possui uma incrível habilidade de gravar ondas de rádio em sua cabeça. Através do telefone sem fio que o irmã havia roubado, e escondido na cadeira de rodas de Billy, ele inicialmente aprende a se comunicar com uma rádio de Los Angeles (a Radio K.A.O.S.), aprendendo a falar através de computadores e sintetizadores.
Depois de contar sua história para os DJs da rádio, Billy descobre que pode hackear um satélite militar, passando então a simular um ataque nuclear, pedindo o desarmamento nuclear. O álbum encerra com uma interessante mensagem sobre morte, realizações, medo e competição, dizendo que a mídia em massa é provocadora de grande parte destes fatos, os quais são menores perto de uma vida com família, amor e cumplicidade, tanto que a frase que aparece no encarte de Radio K.A.O.S. nos diz: “to all those who find themselves at the violent end of monetarism”.
Musicalmente, os principais destaques vão para “Radio Waves”, “Me or Him” e “The Tide is Turning (After Live Aid)”. A banda de apoio de Waters nesse disco conta com Graham Broad (bacteria), Mel Collins (saxophone), Andy Fairweather Low (guitarras), Ian Ritchie (piano, teclados, programação), Jay Stapley (guitarras), John Phirkell (trompete), Peter Thoms (trombone) e vários convidados especiais), destacando novamente Clare Torry.
O pessoal de apoio do Waters na turnê de Radio K.A.O.S.
Radio K.A.O.S. atingiu a vigésima quinta posição no Reino Unido, e a modesta quinquagésima posição nos Estados Unidos. Sua turnê abrangia canções do Pink Floyd e dos dois álbuns solos de Waters, com Radio K.A.O.S. na maioria das vezes sendo interpretado na íntegra. Ela percorreu Estados Unidos e Canadá durante os meses de agosto e novembro de 1987, encerrando a mesma com dois shows no Wembley Arena, nos dias 21 e 22 de novembro do mesmo ano. No palco, os fãs eram apresentados à novidades como telas circulares, sons quadrifônicos, projeções de fundo, e principalmente, uma cabine telefônica, pela qual o público entrava em contato com Waters durante o show. As pessoas eram escolhidas através de uma competição nas rádios locais por onde a turnê passava.
Três anos após o término da turnê de Radio K.A.O.S., Waters apresentou talvez aquele que seja o mais emocionante show de sua vida. Entre o portão de Brandenburg e a Praça Leipziger, sobre os resquícios do Muro de Berlin (Alemanha), que havia caído em novembro de 1989, Waters apresentou para uma gigantesca plateia o show The Wall – Live in Berlin, no dia 21 de julho de 1990, como parte das comemorações justamente da queda do muro.
A apresentação contou com artistas renomados, destacando Joni Mitchell, Va Morrison, Cindy Lauper, Scorpions, The Band, Bryan Adams, entre outros. Durante o show, Waters reviveu a turnê de The Wall, construindo um muro de 25 metros de altura por 170 metros de comprimento enquanto as músicas eram apresentadas, além de usar os mesmos bonecos infláveis da época de The Wall, porém com proporções bem maiores. Obra de Mark Fisher e Jonathan Park.
Cena de The Wall Live in Berlin
Um álbum duplo com o registro da apresentação foi lançado em 10 de setembro de 1990, e recebeu platina nos Estados Unidos. Apesar de trazer todas as canções de The Wall na íntegra, a forma e os arranjos não necessariamente seguiram os moldes do original. Waters voltava à cena com força, inspirando-o novamente para compor um disco.
Então, em 1992, após sair da EMI e ir parar na Columbia, Waters lançou seu terceiro álbum solo. Lançado no dia sete de setembro, Amused to Death foi o mais ambicioso disco da carreira solo de Waters. Primeiro pelo grande número de artistas convidados, quase todos de renome, tendo como principal destaque Jeff Beck nas guitarras, além de monstros como Patrick Leonard (teclados), Steve Lukather (guitarra), Jeff Porcaro (bateria) e Don Henley (vocais).
O disco apresenta ao mundo a desilusão de Waters com a sociedade ocidental, criticando principalmente a televisão e a mídia de massa. O álbum foi inspirado no livro Amusing Ourselves to Death, do crítico de televisão Neil Postman. Durante a história, um macaco muda canais de televisão aleatoriamente, passando por mensagens políticas e sociais, além de criticar veemente a Primeira Guerra do Golfo. Tudo isso entre samplers e efeitos sonoros, que inclusive chegaram a ser lançadas em um a edição especial MasterSound.
Waters, eterno ativista
Este foi o álbum solo mais bem sucedido da carreira de Waters, chegando na oitava posição no Reino Unido, e a vigésima primeira posição nos Estados Unidos, onde o single de “What God Wants, Part I” atingiu a quarta posição, enquanto o single de “What God Wants, Part II” chegou na trigésima quinta posição. Outros destaques ficam para “Perfect Sense, part I”, “Perfect Sense, part II”, ‘Watching TV” e “Too Much Rope”.
Apesar do extremo sucesso, Waters decidiu não excursionar desta vez. O disco, influenciado pelos protestos na praça Tiananmen na China em 1989, e claro, pela Guerra do Golfo, não motivou o músico a cantar as letras para um grande público, e assim, acabou virando o último disco de estúdio com canções inéditas de Roger Waters, que entrou em um breve período de reclusão, enquanto via o Pink Floyd voltar com Gilmour, Wright e Mason para gravar Division Bell (1994).
Em 1996, Waters teve uma breve aparição, ao ser nomeado para a Rock and Roll Hall of Fame dos Estados Unidos e do Reino Unido como membro do Pink Floyd. Somente em 1999, Waters decidiu sair do seu “retiro”. Após doze anos afastado dos palcos, e sete anos sem lançar um disco, ele decidiu criar a In the Flesh Tour, performando material solo e do Pink Floyd.
No início, a ideia era tocar para pequenas plateias, mas a busca por ingressos foi tão grande que no fim, as arenas predominaram. Essa foi a maior turnê da carreira de Waters, durando três anos, nos quais ele atravessou o mundo, vindo inclusive pela primeira vez ao Brasil, com shows no Rio de Janeiro (09 de março), Porto Alegre (12 de março) e São Paulo (14 e 15 de março) no ano de 2002.
Matéria sobre o show de Roger Waters em São Paulo (acima); Ingresso do show em Porto Alegre (abaixo)
A turnê que começou no dia 23 de julho de 1999 em Milwaukee, Estados Unidos, encerrou-se em 30 de junho de 2002, com um show na cidade de Pilton, Inglaterra, sendo que três dias antes, Nick Mason havia dado uma canja durante “Set the Controls for the Heart of the Sun” durante o show no Wembley Arena. No palco, Waters contou com uma grande banda, destacando Snowy White (guitarras), Andy Fairweather Low (guitarra, vocais), Mel Collins (saxofone) entre outros. O show de 27 de junho de 2000, no Rose Garden Arena, em Portland, Oregon, foi lançado no CD e DVD In the Flesh Live, em 05 de dezembro de 2000. Como destaque, a apresentação de duas canções inéditas: “Each Small Candle” e “Flickering Flame”.
Ainda em 2002, no dia 13 de maio, foi lançada a coletânea Flickering Flame: The Solo Years Volume I, junto da caixa The Roger Waters Collection. Essa coletânea traz como novidade a cover par “Knocking on Heaven’s Door” (BoB Dylan), retirada da trilha sonora do filme The Dybbuk of the Holy Apple Field, de 1998). Além desta canção, temos “Lost Boys Calling” (outra inédita, cuja versão final aparece na trilha sonora do filme The Legend of 1900, de 1999) e “Flickering Flame” na versão de estúdio como inéditas, além de uma canção de The Pros and Cons of Hitch Hiking (“5:05 AM Every Stranger’s Eyes”), três canções de Radio K.A.O.S. (“The Tide is Tuning”, “Who Needs Information” e Radio Waves”), uma da trilha de When the Wind Blows (“Towers of Faith”), duas de Amused to Death (“Too Much Rope” e “Three Wishes”) e duas de In the Flesh Live (“Perfect Sense part I & II” e “Each Small Candle”).
Waters executando uma de suas paixões, o Críquete
Em julho de 2004, Waters lançou pela internet duas novas canções: “To Kill the Child” (inspirada na invasão do Iraque) e “Leaving Beirut” (inspirada em suas viagens ao Oriente Médio quando adolescente). No ano seguinte, em 26 de setembro, lançou a ópera Ça Ira, divida em três atos traduzidos dos livretos de Étienne e Nadine Roda-Gils, baseados na Revolução Francesa. Ça Ira alcançou a quinta posição dos álbuns de música clássica mais vendidos nos Estados Unidos.
Reunião de David Gilmour, Roger Waters, Nick Mason e Rick Wright no Live 8
Mas foi em julho daquele mesmo ano, mais precisamente no dia 02, que ocorreu o grande momento da década para Waters e para os fãs. Durante o festival Live 8, Waters voltou a se apresentar ao lado de Mason, Wright e Gilmour. Era a primeira aparição do Pink Floyd clássico ao vivo, depois de 24 anos. O fato ocorreu no Hyde Park de Londres, diante de uma plateia estupefata, e na ocasião, o grupo tocou durante 23 minutos as canções “Speak to Me”, “Breathe (Reprise)”, “Money”, “Wish You Were Here” e “Comfortably Numb”.
Apesar de todas as especulações, a volta do Pink Floyd não aconteceu, devido principalmente as divergências musicais de Gilmour e Waters ainda existirem. De qualquer forma, o encontro inspirou Waters a lançar a turnê The Dark Side of the Moon Live, na qual, o show era dividido em duas partes: a primeira com clássicos do Pink Floyd e da carreira solo de Waters, e a segunda interpretando o álbum The Dark Side of the Moon em sua totalidade.
Palco da The Dark Side of the Moon Live
O palco dessa turnê foi extremamente elaborado, incluindo bonecos gigantes, grandes telões e o som de sistema quadrifônico. Inclusive o famoso porco inflável que aparece na capa de Animals se fez presente durante as apresentações, que começaram em 02 de junho de 2006, na edição portuguesa do Rock in Rio, e terminaram em 06 de junho de 2008, com uma apresentação em St. Petersburgo, na Rússia. Vale lembrar que Nick Mason fez parte de vários shows da turnê ainda em 2006.
Em 2007, a canção “Hello (I Love You)” foi lançada na trilha do filme The Last Mimzy, sendo também lançada em um single nas versões material (em CD) e para download. Em 2008, Waters participou do California’s Coachella Festival (abril) e também esteve para ser a principal atração do Live Earth, em Mumbai, Índia (dezembro), festival que foi cancelado devido aos ataques terroristas naquele país.
Waters diante do muro que está passando pelo Brasil
Já em 2010, Waters lançou o single “We Shall Overcome”, bem como começou a turnê The Wall Live, na qual o álbum The Wall é apresentado na íntegra. É exatamente essa turnê que está passando atualmente pelo Brasil, trazendo um dos principais momentos da história da música para o país. Para todos aqueles que estiveram ontem em Porto Alegre, no estádio Beira-Rio, e irão estar no estádio João Havelange (Rio de Janeiro) na noite do dia 29 de março, ou nos shows no estádio Morumbi (São Paulo) nos dias 01 e 03 de abril, a certeza de um espetáculo inesquecível de um fantástico e gigantesco nome do rock e da música.
Discos solos de Roger Waters
Track list Podcast # 35: Carnaval Rockleza
Abertura: “Bum Bum Paticumbum Prugurundum” [do álbum Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Rio de Janeiro Grupo Especial, Carnaval 82 – 1982 (G. R. E. S. Império Serrano)]
“Hoje” [do álbum Batalhões de Estranhos – 1985 (Camisa de Vênus)]
“Pierrot” [do álbum Los Hermanos – 1999 (Los Hermanos)]
“Todo Carnaval Tem Seu Film” [do álbum Bloco do Eu Sozinho – 2001 (Los Hermanos)]
“Todo Carnaval Tem Seu Fim” [do bootleg Bloco do Eu Sozinho DEMO – 2001 (Los Hermanos)]
“Marylou (Versão Carnaval)” [do single Liberdade para Marylou – 1986 (Ultraje a Rigor)]
“Samba Makossa” [do álbum Live – 2001 (Planet Hemp)]
“Quando o Carnaval Chegar” [do álbum 10.000 Destinos – 2000 (Engenheiros do Hawaii)]
“Carnaval” [ do álbum Carnaval – 1988 (Barão Vermelho)]
“Crise Geral” [do álbum RDP Ao Vivo – 1992 (Ratos de Porão)]
Abertura: “Liberdade, Liberdade” [do álbum Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Rio de Janeiro Grupo Especial, Carnaval 89 – 1989 (G. R. E. S. Imperatriz Leopoldinense)]
“Jungle” [do álbum Carnival of Souls – 1996 (Kiss)]
“Carnival Bizarre” [do álbum The Carnival Bizarre – 1995 (Cathedral)]
“Carnival Diablos” [do álbum Carnival Diablos – 2001(Annihilator)]
“Carnival is Forever” [do álbum Carnival is Forever – 2011 (Decapitated)]
“Manhã de Carnaval” [do álbum The Guitar Trio – 1996 (Al di Meola, John McLaughlin e Paco de Lucia)]
Abertura: “Chuê Chuá … As Águas Vão Rolar” [do álbum Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Rio de Janeiro Grupo Especial, Carnaval 91 – 1991 (G. R. E. S. Mocidade Independente de Padre Miguel)]
“Karn Evil 9” [do álbum King Biscuit Flower Hour: Greatest Hits Live – 1997 (Emerson, Lake and Palmer)]
Abertura:”Peguei Um Ita no Norte” [do álbum Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Rio de Janeiro Grupo Especial, Carnaval 93 – 1993 (G. R. E. S. Acadêmicos do Salgueiro)]
“Mulata Bossa Nova + Cabeleira do Zezé” [do bootleg Carnaval É Legal MTV – 1995 (Dinho Ouro Preto)]
“Pierrot Apaixonado” [do bootleg Carnaval É Legal MTV – 1995 (Jorge Cabeleira)]
“Está Chegando a Hora” [do bootleg Carnaval É Legal MTV – 1995 (Kleiderman)]
“Tem Galinha no Bonde” [do bootleg Carnaval É Legal MTV – 1995 (Little Quail and The Mad Birds)]
“Pobre Pierrot” [do bootleg Carnaval É Legal MTV – 1995 (Nomad)]
“Mamãe Eu Quero” [do bootleg Carnaval É Legal MTV – 1995 (Viper)]
“O Teu Cabelo Não Nega” [do bootleg Carnaval É Legal MTV – 1995 (Skank)]
“Taí” [do bootleg Carnaval É Legal MTV – 1995 (Volkana)]
“Yes, Nós Temos Banana” [do bootleg Carnaval É Legal MTV – 1995 (Ultraje a Rigor)]
Encerramento:”Atrás da Verde Rosa Só Não Vai Quem Já Morreu” [do álbum Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Rio de Janeiro Grupo Especial, Carnaval 94 – 1994 (G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira)]
Rogers Waters, grande compositor. Mas um eterno mala, chatérrimo! Como aliás são todos os esquerdistas ativistas que “lutam por um mundo melhor e sem preconceitos”. Cara chato!!!
“Anônimo de volta” Eu não acho o Roger Waters “um cara chato e um eterno mala”. Quem merece este apelido pra mim é o Caetano Veloso! Waters pode ser tudo isso que você citou, mas que ele é um puta gênio da música, isso ele é sem dúvidas e com sobras.
Roger Waters SEU LIMDO!
Momentary Lapse of Reason (1987, nao em 1977), abraços!
Correto, 1977 foi o ano do Animals, a visão de Roger Waters sobre o mundo político que foi o disco que me iniciou na obra do Pink Floyd.
Rogers Waters, grande compositor. Mas um eterno mala, chatérrimo! Como aliás são todos os esquerdistas ativistas que “lutam por um mundo melhor e sem preconceitos”. Cara chato!!!
“Anônimo de volta”
Eu não acho o Roger Waters “um cara chato e um eterno mala”.
Quem merece este apelido pra mim é o Caetano Veloso!
Waters pode ser tudo isso que você citou, mas que ele é um puta gênio da música,
isso ele é sem dúvidas e com sobras.
Esse cara é talentoso, mas é incrível como ele ficou com a cara do Otávio Mesquita.