Sargent D está vindo… e você está na lista! – Parte II
Por Pablo Ribeiro
Sargent D está de volta! E desta vez, maior que o diabo! Depois de quase 15 anos do lançamento do seminal Speak English or Die (1985), Scott Ian (guitarra), Charlie Benante (bateria), Billy Milano (vocal) e Danny Lilker (baixo) cospem outra obra prima do crossover! Bigger than the Devil (1999) pode não ser um clássico como seu predecessor (outros tempos, outros tempos…), mas é uma porradaria tão maravilhosa quanto o debut. Dessa feita, os sons em geral não estão tão hardcore e velozes (embora hajam várias sandices à velocidade da luz, é claro), e sim mais heavy, com tons mais graves (sinais dos tempos, sinais dos tempos…). E as letras? As letras seguem a linha S.O.D. de “fazer do mundo um lugar melhor”. Muita gente no mundo? Abra lugar (matando gente)! “Make Room, Make room”! Greenpeace? O cacete! O lance é guerra preta! (“Black War”)… Já a faixa-titulo – uma puta música, aliás – dá uma folgada na palhaçada satânica/nazista, e de quebra ri da cara dos fanáticos religiosos e choradeiras históricas. O teor da “poesia” vai por essas: “esculpa uma suástica em sua testa / dance em volta do fogo vestindo botas de couro de bode / o culto à personalidade não vai resistir”. Ou: “sim, sou maior que Cristo e sua cruz / sou maior que Buda, ele está perdido / sim, eu sou maior que Deus e seu lote / sim, eu sou maior do que o diabo, os seus discípulos e rebanho / Sou maior que o diabo, combinado com a lista de Schindler”. Emocionante, enfim!
Charlie Benante, Billy Milano, Danny Lilker e Scott Ian |
As “baladas” estão lá também: os homenageados dessa vez são Michael Hutchence (suicida e ex-vocalista do INXS, não necessariamente nessa ordem), e Phil Hartman (dublador canadense de Homer Simpson, assassinado pela companheira). Na outra mão, temos as letras de conteúdo mais engajado (mas bem no estilão S.O.D.) à la “United Forces”, do primeiro play: “We All Bleed Red”, com seu título auto-explicativo, decreta o fim da intolerância, afinal, independente de cor, credo e qualquer tipo de opção de vida, o sangue de todos é igual: vermelho. Outra com tema “na cara”, é “Kill the Assholes”: “idiotas e opiniões, são todos santos / eu digo: não discrimine”, “matar os idiotas! matar todos os idiotas! / vamos nos erguer, unir e virar a maré / se juntar na luta, mate os idiotas hoje à noite!”. Em “BTTD”, também há espaço para “homenagear” algumas bandas… “Celtic Frosted Flakes” (Frosted Flakes são aqueles cereais matinais tipo Sucrilhos, que os norte-americanos adoram enfiar goela abaixo) é um arregaço, com o andamento lento que remete ao próprio Celtic Frost, com uma letra hilária, que cita nomes de discos e músicas dos caras: “o que aconteceu com o Celtic Frost? / É verdade que eles (os integrantes da banda) se perderam / no pandemônio, para nunca mais serem vistos?”.
Vale uma ressalva: há uma edição rara de Bigger than the Devil que inclui um CD de três polegadas com mais três faixas: “Seasoning the Obese”, “Raise Your Sword” e “Ballad of the Scorpions”. “Seasoning…” é uma justíssima homenagem ao Slayer e seu Seasons in the Abyss (repararam no título?), e uma puta música. Já “Raise…” também é uma homenagem, mas às avessas, aos He-Men do metal: o Manowar. Sim, eles mesmos! Só a introdução do som, com direito a corinho épico, já vale a música! A capa também é uma verdadeira obra de arte, fazendo referência explícita ao disco do Slayer ao qual a faixa-título faz referência. Arte de capa, alías, é outro ponto a – não – ser levado a sério aqui: O Iron Maiden leva o seu na capa de Bigger than the Devil, em uma chupação proposital e hilária ao clássico dos clássicos The Number of the Beast (1982). Bigger than the Devil pode não ser tão seminal e influente quanto o debut, mas é item obrigatório para os fãs dos generos englobados pela sonoridade matadora do quarteto. Até porque, a bolacha, em matéria de qualidade, é infinitamente mais relevante do que muita coisa produzida na música do final dos anos 90, inclusive superando materiais lançados pelas bandas principais dos músicos aqui envolvidos. Se você já tem Speak English or Die, compre esse. Se não tem, compre os dois!
Track list:
1. Bigger than the Devil
2. The Crackhead Song
3. Kill the Assholes
4. Monkeys Rule
5. Skool Bus
6. King at the King / Evil Is In
7. Black War
8. Celtic Frosted Flakes
9. Charlie Don’t Cheat
10. The Song That Don’t Go Fast
11. Shenanigans
12. Dog on the Tracks
13. Xerox
14. Make Room, Make Room
15. Free Dirty Needles
16. Fugu
17. Noise That’s What
18. We All Bleed Red
19. Frankenstein and His Horse
20. Every Tiny Molecule
21. Aren’t You Hungry?
22. L.A.T.K.C.H.
23. Ballad of Michael H.
24. Ballad of Phil H.
25. Moment of Truth
Seasoning the Obese:
1. Seasoning the Obese
2. Raise Your Sword
3. Ballad of the Scorpions
Depois de um hiato de quase dez anos, Sargent D mostrou sua cara feia novamente! Desta feita, com o “EP mais longo da história do crossover”. Trata-se de Rise of the Infidels (2007), que contém 24 faixas, sendo 20 sons gravadas ao vivo em Seattle. Das quatro primeiras faixas, teoricamente inéditas, as duas primeiras já haviam sido lançadas em uma coletânea com outros artistas. A terceira saiu na versão japonesa de Live at Budokan (1992). Apenas “Ready to Fight” (cover do Negative Aproach) era realmente inédita. Já as faixas ao vivo, apesar de manterem o estilão da banda em alta, sofrem devido a uma mixagem relaxada. Esses fatores fazem de Rise of the Infidels um disco fraco demais para os padrões de qualidade e energia do S.O.D., infelizmente. Depois dessa bolacha, Milano se desentendeu com o restante da banda, o que levou ao fim do grupo. Ian e Benante seguiram com o Anthrax, Lilker seguiu com o Brutal Truth, depois reuniria o Nuclear Assault, e novamente retornaria com o Brutal Truth. Billy Milano mantém uma carreira instável, produzindo músicas que variam em qualidade… de boas a medíocres. Infelizmente, Sargent D abandonou as trincheiras do crossover…
Track list:
1. Stand Up and Fight
2. Java Amigo
3. United and Strong
4. Ready to Fight
5. Ballad of Nirvana / March of the S.O.D.
6. Sargent D and the S.O.D.
7. Kill Yourself
8. Milano Mosh
9. Speak English or Die
10. Fuck the Middle East
11. Douche Crew
12. Ballad of Jimi Hendrix
13. Ballad of Jim Morrison
14. Ballad of INXS
15. Ballad of Frank Sinatra
16. Ballad of Nirvana
17. Ballad of Freddy Mercury
18. Chromatic Death
19. Fist Banging Mania
20. No Turning Back
21. Milk
22. Pussywhipped
23. Freddy Krueger
24. United Forces
"Bigger Than the Devil" definitivamente não é um álbum seminal como "Speak English or Die" foi, mas é repleto de pedradas pra fazer o cara se encaminhar para a auto-destruição, e "Shenanigans" provavelmente é a minha preferida. Outra: gozação bem feita pode rolar até com uma das nossas bandas favoritas e ser aprovada, caso de "Celtic Frosted Flakes", outro petardo…
A sátira,ao celtic frost,realmente,é muito engraçada!!Até os "ughs",do Tom Warrior,são iguaizinhos!!Um "ugh",a todos os fãs do Celtic Frost