Cauldron – O Novo Heavy Metal Oitentista
Por Leonardo Castro
O início da década atual tem se caracterizado por um revival no underground do Heavy Metal dos primórdios dos anos 80, com bandas que não apenas recriam a sonoridade clássica do estilo, mas que também fazem questão de reproduzir o visual e a estética dos pioneiros oitentistas. Contudo, entre as muitas cópias sem qualidade, há também boas bandas fazendo um som “datado” mas extremamente eficiente e empolgante, como o Armour, o Enforcer e os canadenses do Cauldron.
Formada em 2006, nascida das cinzas do grupo doom Goat Horn, a proposta do Cauldron sempre foi apostar no puro heavy metal do início dos anos oitenta, absorvendo influências da NWOBHM, de bandas clássicas do underground da época, como Omen, Sortilege (França), Tyrant (Alemanha) e Lizzy Borden, e de outras que viriam a ter uma maior repercussão, como o Accept, Anthrax e até o Ratt. Outra grande referência para a consolidação da identidade da banda foram os heróis da cena canadense, como o Anvil, Exciter e o mítico John Mikl Thor, com quem o guitarrista Ian Chains e o baixista/vocalista Jason Decay chegaram a tocar por um período (veja aqui um vídeo da banda Thor com os dois tocando a clássica “Let The Blood Run Red”).
Após o lançamento do EP independente Into The Cauldron em 2007, a banda foi contratada pela Earache, e entraram em estúdio para gravar seu esperado disco de estréia. Lançado em 2009, Chained To The Nite mostrava uma banda que reunia todas as influências listadas anteriormente e ainda assim conseguia ter uma identidade forte, com canções marcantes. O álbum inicia com “Young And Crazy”, conduzida pelos bons riffs de guitarra de Ian Chains. O vocal de Jason, anasalado, com pouco alcance e incomum, pode até causar estranheza, mas acaba sendo uma marca registrada da banda. Ao longo do disco, as influências do grupo vão aparecendo, como a sonoridade a la Iron Maiden de faixas como “Conjure The Mass” e “Midnite Hour”; a pegada proto-thrash de “Dreams Die Young”; a veia Black Sabbath de “The Leaven/Fermenting Enchantress”; e o lado melódico e mais comercial do heavy metal em “Chained Up In Chains”, que ganhou um videoclip, e “Bound To The Stake”. Para completar, o disco trazia ainda um cover para “Chains Around Heaven”, clássico do Black ‘N’ Blue presente no primeiro volume da série Metal Massacre. Os solos e riffs de guitarra também eram dignos de nota, mostrando um excelente desempenho de Ian Chains. Resumindo, um prato cheio para os fãs do heavy metal do início dos anos 80, revisitando a sonoridade clássica do estilo com elegância, qualidade e ótimas composições. Uma edição limitada do disco trazia ainda um cd bônus, contendo duas faixas do EP Into The Cauldron, a rápida “The Striker Strikes” e a cadenciada “Restless”, ambas excelentes.
Após o lançamento de Chained To The Nite, a banda foi escolhida como uma das revelações do ano por diversas publicações especializadas, gerando uma expectativa ainda maior para o lançamento do segundo álbum. Lançado em 2011, Burning Fortune trazia composições ainda mais fortes e diversificadas, além de ótimas performances individuais de toda a banda. A abertura com “All Or Nothing” é puro NWOBHM, e poderia estar facilmente em um dos primeiros discos do Tygers Of Pan Tang. A segunda faixa, “Miss You To Death”, é uma das melhores da carreira da banda, e lembra o hard n’ heavy do Ratt, além de ter um refrão viciante. “Frozen In Fire” e “Breaking Through” soam como o típico power metal americano de bandas como Omen, Lizzy Borden e Jag Panzer. Já “Tears Will Come” vai na veia do Dokken ou do KISS da fase Animalize, e também gruda na memória, enquanto o speed/power metal de bandas como o Exciter dá as caras em “Rapid City/Unchained Assault”. O disco se encerra com “Taken By Desire”, mais épica e cadenciada, lembrando em alguns momentos a fase áurea do Manowar e do Running Wild. E se no disco anterior uma banda mais comercial foi homenageada, neste foi escolhido um representante do undeground norte americano: o Halloween, com a música “I Confess”. O disco também teve uma ótima repercussão em todo o mundo, e elevou ainda mais o status da banda, mostrando que é possível ao mesmo tempo soar clássico e sem ser repetitivo; ter influências e não ser uma mera cópia.
De olhar para o visual, as capas e os títulos das músicas, achei que não curtiria a banda, até pela ojeriza que tenho a certas cópias da sonoridade oitentista que se proliferam por aí, mas curti todas as músicas que ouvi! Paira sobre o Cauldron aquela aura de banda meio terceiro escalão dos anos 80, que acaba lhe conferindo um charme muito interessante. Gostei, ainda mais porque não são apenas mais um da turma do thrash retrô, explorando sonoridades bem mais diversas.
Finalmente algum blog respeitável que tenha algo falando sobre esta grande banda que é o Cauldron. Acompanho a banda desde o lançamento de seu primeiro álbum, e considero como sendo uma das melhores bandas de metal da atualidade, valeu, resenha ótima
Leonardo, voce viu que o grupo se acidentou?
http://whiplash.net/materias/news_794/238635-cauldron.html