DVD: New Order – 511 [2002]
Nunca fui muito fã do New Order. A banda é uma das referências da música eletrônica feita nos anos 80, e alcançou um sucesso e um respeito enormes em todo o mundo. Mas, acredito, as únicas músicas do grupo que me chamaram a atenção foram “Bizarre Love Triangle” (e ainda prefiro a versão mais calma e melódica gravada pelo Frente! nos anos 90) e a clássica “Blue Monday”, uma das melhores músicas eletrônicas da história, e presença sempre confirmada nas festinhas de garagem da minha adolescência.
Por outro lado, sempre fui um entusiasta do som do Joy Division, a banda que originou o New Order. O pós-punk do grupo liderado pelo saudoso Ian Curtis, apesar de sempre me remeter ao começo de bandas com o The Cure, Bauhaus ou Siouxsie and the Banshees, se adapta perfeitamente ao meu gosto musical, com seu baixo bem destacado e a voz marcante de Ian em canções muitas vezes lamuriosas e tristes, mas que soam sempre agradáveis a meus ouvidos. Por isso, quando vi esse DVD do New Order à venda por um preço bem interessante, e reparei que no repertório constavam seis músicas do Joy Division, minha atenção foi imediata. O New Order sempre se negou a tocar músicas da antiga banda de seus membros, mas na turnê onde este show foi registrado acabou abrindo uma exceção, para delírio dos fãs da Divisão da Alegria.
Joy Division, a origem do New Order |
Com a morte de Ian, o trio remanescente decidiu seguir em frente, chamando a esposa de Morris, Gillian Gilbert, para os teclados, com Barney assumindo os vocais e tendo a sua sonoridade alterada para uma música com ênfase nos elementos eletrônicos, em sonoridades por vezes atmosféricas, por vezes bastante dançantes. A tristeza e a amargura dos tempos do antigo grupo haviam ficado para trás, e o novo conjunto, batizado de New Order, tornou-se um dos maiores grupos do estilo no mundo, com músicas no topo das paradas e muito mais fãs do que o Joy Division um dia sequer sonhou.
New Order, ainda com Gillian Gilbert |
Isso até Gillian decidir abandonar o grupo, devido a problemas de saúde de sua filha, os quais a impediam de excursionar, e o New Order lançar o álbum Get Ready em 2001, um disco mais voltado às guitarras e ao rock, deixando um pouco de lado os teclados e as batidas dançantes. Com Phil Cunningham cuidando dos teclados e da guitarra base, foi na turnê de divulgação deste álbum, mais precisamente em Finsbury Park, na Inglaterra, a 9 de junho de 2002, que este DVD foi registrado, e onde o grupo faria a alegria dos muitos fãs que lhe acompanham desde os tempos de Joy Division.
Capa e contracapa do DVD |
Ao longo de todo o set, fica evidente a alegria dos integrantes em estarem ali tocando, com várias brincadeiras entre eles, e uma constante comunicação com a plateia, que inclusive é convidada a escolher entre “Blue Monday” ou “Rock the Shack”, uma música menor no track list de Get Ready. É mais ou menos como se o Deep Purple pedisse ao público para escolher entre “Smoke on the Water” ou alguma música do álbum The House of Blue Light (1987), ou o Black Sabbath colocar em votação “Paranoid” contra “Don’t Start (Too Late)”. Como era certo que a maioria escolheria “Blue Monday”, um bem-humorado Sumner manda quem quer este clássico levantar a mão, e quem quer a outra opção mostrar o pênis! Claro que “Blue Monday” venceu!
Peter Hook brincando com a plateia |
O DVD ainda conta com um curta de três minutos intitulado “Earlier in the Day”, com imagens do público no local antes do show do grupo e a entrada do quarteto no palco (que não é mostrada no show principal), e o documentário “9802”, incluindo entrevistas com banda e fãs, além de imagens do grupo ao vivo nos anos de 1998 e 2002, em apresentações diversas.
Barney e suas estranhas caretas |
No documentário “9802”, Sumner declara que a banda evitou tocar as canções do Joy Division por muito tempo, tentando chamar a atenção do público para o New Order, não para a antiga encarnação, mas que acreditava que aquela era a hora correta para fazer isso, e relembrar o quanto essas canções são boas e quão grande compositor Ian era, e ainda que o falecido vocalista, de onde quer que esteja, iria aprovar essa decisão. “9802” se encerra com uma versão de “In a Lonely Place”, uma das mais lúgubres músicas de uma banda lúgubre por natureza, e Sumner termina a mesma com a frase “Ian Curtis, rest in peace, man”. É o que todos desejamos…
Tell me now how does it feel…
Track list:
1. Crystal
2. Transmission
15. Blue Monday
16. Your Silent Face
Às vezes parece até um tanto forçante ficar elogiando artigos publicados no blog onde colaboro, mas não há como ser diferente aqui. Ainda mais levando em conta que o Micael não é um grande entusiasta do New Order, a recapitulação que levou à análise do DVD ficou muito boa. Explicativo e opinativo na medida.
Obrigado pelo comentário, Diogo. Realmente não sou um entusiasta do New Order, mas um pouquinho de história a gente tem de saber, né? (kkkkkk)