Selos Lendários – Parte I
Por Ronaldo Rodrigues
Uma Breve Introdução
Alguns selos da indústria fonográfica se tornaram icônicos no universo do rock. Ajudaram a catapultar alguns artistas e outros, mesmo não conseguindo fazer isso com quase nenhum de seus contratados, se tornaram “cult” e fortaleceram o colecionismo nesse meio. Hoje, alguns deles são apenas lembranças dos tempos áureos da indústria fonográfica. Mas é uma abordagem que parece interessante – falar das bandas e dos artistas pelo prisma da indústria.
A indústria fonográfica nasceu quase que conjuntamente com a invenção dos primeiros fonógrafos e gramofones, por volta dos anos 1870-1880. O primeiro registro fonográfico de que se tem notícia é a recitação de um poema, na voz do próprio Thomas.
Essa história, se detalhada, acaba se tornando um pouco maçante. Adquire com facilidade uma direção eminentemente acadêmica ou empresarial. Empresas se fundindo umas com outras, acordos de produção e distribuição, subsidiárias para determinados nichos de mercado, falências, etc. Vamos tomar o cuidado de colocar o lado divertido e prazeroso disso tudo em foco – a música.
Mas pulando alguns passos na história, os primeiros “selos” (não existia essa terminologia na época, o termo comum eram companhias fonográficas) que realmente se consolidaram foram a Victor Talking Machine Co e a Columbia Records. Assim como a maioria das companhias, a Victor produzia tanto os gramofones quanto as gravações. Foi fundada em 1896, em Nova Jersey, EUA, por Eldrige R. Johnson. Johnson desenvolveu e patenteou um método próprio de gravação dos sons, com uma qualidade superior ao dos demais concorrentes. Essa foi a base do sucesso da Victor (de cujo nome derivou também o termo “victrola”). Seus primeiros lançamentos datam do comecinho do século XX, com gravações de música clássica e vaudeville, entre outros estilos populares. A Victor tinha como logotipo um simpático cachorrinho prestando ouvidos a um gramofone.
A patente da Victor também foi usada por outra companhia emergente, a Columbia, cuja fundação data de 1888 e seu primeiro fonograma de 1891.
A Victor também inovou ao fazer contratos de exclusividade com os artistas (evidentemente, os mais populares e rentáveis) que gravava. Em 1927, seu fundador estava já com a saúde abalada e novas tecnologias ameaçavam a companhia – o rádio e gravações de mais alta fidelidade desenvolvidas por concorrentes. Isto fez com que Johnson vendesse a Victor para banqueiros, que posteriormente a venderam para a Radio Corporation of America, mais conhecida como RCA, em 1929. No ano seguinte, adquirindo também a área de fabricação de equipamentos, tornou-se RCA Victor. O logo do cachorrinho continuou sendo usado pela RCA Victor por décadas.
Já a Columbia foi adquirida em 1925 pela Electric & Musical Industries, a EMI. Era o início dos grandes conglomerados da indústria fonográfica. E estas histórias de aquisições e fusões foram constantes ao longo dos anos. Indo direto para a história mais recente, chegamos a uma concentração de 4 grandes conglomerados da indústria fonográfica – a EMI, a Sony BMG, a Universal e a Warner.
Quase todos os selos de que iremos tratar nesta série estão dentro destes poderosos grupos ou tem história relacionada com algum selo que foi comprado/vendido por alguma “major”.
A ideia será tratar principalmente dos selos que investiram no rock ou ficaram conhecidos por causa dele. Alguns selos usaram o rock como trampolim ou já pegaram artistas consolidados ou revelados por selos menores. Também falaremos das bandas que lançaram seus próprios selos.
Nos próximos meses, estaremos nos deparando com histórias e discos deliciosos da Vertigo, Harvest, Deram, Virgin, Bellaphon, Manticore, Brain, Parlophone, Epic, Island, Elektra, Mercury, A&M, Ariola, Charisma Label, Atco, Atlantic, Janus, etc.
Muuuito bacana!
Estamos no aguardo!