Por Pablo Ribeiro
Aproveitando o gancho do recente anúncio dos shows de Ringo Starr no Brasil, que serão realizados em novembro próximo, lembrei de um dos discos mais bacanas que um ex-Beatle já lançou: Vertical Man, obra do mais simpático dos quatro fab four, Ringo Starr.
Um pouco de história: nascido Richard Starkey, a 7 de julho de 1940, em Liverpool, Ringo começou a tocar bateria ainda na adolescência, ficando bastante conhecido no cenário musical de Liverpool ao tocar com o grupo Rory Storm and the Hurricanes. Foi nessa época que recebeu o convite para entrar nos Beatles, substituindo Pete Best, em 1962. Com o
fab four, Starr cantou em números conhecidos como “Yellow Submarine”, “Octopus’s Garden” (que também compôs) e, principalmente, “With A Little Help From My Friends”. Definindo a si mesmo como um baterista
offbeat, Ringo é seguidamente taxado como um músico tecnicamente fraco; mas se por um lado há a limitação técnica, por outro sobra
feeling e ritmo. Além disso, Ringo tem uma importância absurda na evolução da bateria no rock. É considerado o pioneiro do
double gripping, estilo que praticamente definiu a maneira de se tocar rock ‘n’ rol desde então, o que, convenhamos, não é pouco.
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Ringo Starr |
Ringo também foi um dos primeiros canhotos a tocar com a bateria na posição destra. Além dos fatores técnicos, Ringo redefiniu a importância do baterista como membro fundamental de uma banda de rock, fazendo com que este passasse a ser tão importante quanto os outros integrantes para o conjunto. Starr foi quem teve a ideia de instalar a bateria em um semi-palco elevado, nas apresentações dos Beatles. Atualmente, o valor de Ringo tem sido cada vez mais alardeado no meio musical, enquanto o baterista recebe elogios de inúmeros admiradores incondicionais famosos de diversos gêneros musicais. Entre esses, gente como Steve Smith (ex-Journey), Max Weinberg (E Street Band, que acompanha Bruce Springsteen), Nicko McBrain (Iron Maiden), o falecido Eric Carr (Kiss), Phil Rudd (AC/DC), Dave Grohl (Foo Fighters), Mike Portnoy (ex-Dream Theater), Phil Collins (ex-Genesis) e uma infinidade de outros artistas, que idolatram Ringo como músico, criador, influenciador e personagem fundamental na história do rock.
Lançado em 15 de junho de 1998, Vertical Man marca o início da parceria de Starr com Mark Hudson (produtor e compositor de hits por encomenda), e traz uma lista estrelada de participações especiais. Artistas do calibre de Joe Walsh (The James Gang, Eagles), Timothy B. Schmit (Poco, Eagles), Scott Weiland (Stone Temple Pilots), Brian Wilson (The Beach Boys), Alanis Morissette, Tom Petty, Steven Tyler (Aerosmith) e Ozzy Osbourne. Encabeçando a lista de celebridades, seus ex-colegas Paul McCartney (acompanhado de sua esposa na época, Linda) e George Harrison.
As músicas presentes em Vertical Man são todas muito bem compostas e “redondinhas”, sendo muito agradáveis de se ouvir, características usuais na carreira de Ringo. Um feeling otimista e “pra cima” também permeia o disco todo, o que também é bem comum no repertório de Starr, fazendo da bolacha uma experiência interessantíssima para os ouvidos e a alma dos felizardos que derem uma – ou várias – chances ao material. De Vertical Man saiu o single (e vídeo) para a divertidíssima “La De Da”, onde Ringo, já na primeira frase da letra, deixa claro o que define sua existência e sua forma de encarar o mundo: “Eu vivo minha vida / E é o correto / Porque eu não posso viver sua vida por você”. Ainda bem!
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Ringo Starr e Joe Walsh, que tocou guitarra em diversas faixas de Vertical Man |
Ringo Starr merece o maior respeito possível. Pelo que é, pelo que representa, e principalmente, pelo o que contribui – e ainda contribui – para o mundo da música. Vertical Man é apenas um pequeno – mas inspiradíssimo – momento na gigantesca influência do simpático senhor chamado Richard Starkey!
Track list:
1. One
2. What in the World
3. Mindfield
4. King of Broken Hearts
5. Love Me Do
6. Vertical Man
7. Drift Away
8. I Was Walkin’
9. La De Da
10. Without Understanding
11. I’ll Be Fine Anywhere
12. Puppet
13. I’m Yours
14. Mr Double It Up [Faixa Bônus no Japão]
15. Everyday [Faixa Bônus no Japão]
Uma das pessoas mais legais do famigerado roquinrou. Muitos deslumbrados dizem que ele não toca nada, mas como Beethoven deveria ter um busto acima de cada bateria (não me pergunte onde) para acompanhar o pito dos professores de música dizendo: Deixa de frescura e toca direito, garoto. Sentimental Journey e Beaucoup of Blues são discos que eu não levaria para uma ilha deserta, mas para uma cheia de nativas, com certeza.
E Pablo, seu texto ficou tão simpático quanto o homenageado.
Entre as presentes no álbum, conheço apenas "La De Da", que é uma música com a cara de Ringo, reflexo de sua personalidade boa praça. A quantidade de convidados de qualidade em seus álbuns e em sua All Starr Band é sempre digna de nota, mas destaco em especial Joe Walsh, que toca guitarra em várias faixas de "Vertical Man". Claro que sou suspeito pra falar, pois sou fã do cara e de sua persona malandra, tanto no The James Gang quanto no Eagles e em carreira solo.