Hibria – Blind Ride [2011]
Por Fernando Bueno
No final do ano passado foi veiculada pela imprensa especializada uma carta aberta do vocalista de uma banda conhecida no cenário brasileiro, direcionada ao público heavy metal deste país. Nessa carta, o artista enumerava os motivos que encontrou para justificar a falta de apoio que as bandas do gênero recebem dos fãs brasileiros e fazia um apelo por maior reconhecimento. Muita gente achou que os argumentos eram pertinentes e muitos deles são reais. Porém, diversas pessoas execraram a atitude do músico, e a carta acabou se tornando motivo de todo tipo de chacota e classificada como um tratado de puro “mimimi”.
Ao ouvir o álbum recém lançado do grupo Hibria, Blind Ride, essa carta me veio à cabeça. Isso aconteceu porque o disco é nada menos que excelente e, para mim, o lançamento desse disco é milhares de vezes melhor na finalidade de ajudar o metal brasileiro a ser mais reconhecido do que uma carta de lamentação.
A banda foi formada em meados da década de 90 em Porto Alegre e, durante esses mais de 15 anos na ativa, já lançou três discos: Defying the Rules (2004), The Skull Collectors (2008) e Blind Ride (2011). A sua formação variou pouco durante esse tempo e tem hoje Eduardo Baldo na bateria, Benhur Lima no baixo, Diego Kasper e Abel Camargo nas guitarras, além de Iuri Sanson nos vocais.
Hibria: Benhur Lima, Abel Camargo, Iuri Sanson, Diego Kasper e Eduardo Baldo |
Confesso que adquiri o disco sem muita expectativa e o fiz somente por saber das oportunidades que o grupo teve como atração de abertura de shows internacionais nesses últimos tempos, caso do Metallica, em Porto Alegre (2010), e Ozzy Osbourne no Rio de Janeiro e Belo Horizonte (2011). Pensei, se a banda conquistou essas oportunidades é porque possui qualidade. O quinteto também tocou no maior festival japonês do gênero, o Loud Park, em 2009, e teve seu álbum, The Skull Collectors, no topo da lista dos mais vendidos em uma cadeia de lojas do país, além de ter sido lembrado nas votações de melhores daquele ano na famosíssima revista Burrn!.
O Hibria pratica um heavy metal poderoso, que em certos momentos pode até ser classificado como thrash metal. Entretanto, os sites especializados em música estão classificando-os como power metal. A voz de Iuri Sanson é destaque e varia dos tons mais limpos para um vocal mais rasgado com facilidade. O disco foi produzido pelo guitarrista Diego Kasper e a mixagem foi realizada por William Putney, em Nova York. O baixo em “The Shelter’s On Fire” é metalizado e me lembrou de cara o baixo de Steve Harris na gravação de Maiden England (1989). Fiquei com o refrão dessa música na cabeça durante um tempão.
Hibria com o Metallica |
Após algumas audições – ainda não ouvi muitas vezes o disco, e mesmo assim senti que ele valeria um artigo – chamam atenção as músicas “Nonconforming Minds” e “Shoot Me Down”, essa última escolhida para ser o vídeo promocional do álbum. “I Feel No Bliss” é a mais calma, se é que podemos chamá-la assim, e talvez por isso ganhou uma interessante versão acústica que foi acrescentada como bonus track.
Depois de um tempo, você percebe que o álbum foi feito com bastante esmero. Riffs bem trabalhados, melodias bem encaixadas e bastante competência técnica é o que você encontrará durante todo o álbum. Ainda não ouvi os outros discos e pretendo fazê-lo o quanto antes. Procurando-os por aí, descobri que o primeiro, Defying the Rules, está esgotado e não há previsão de relançamento. Espero que Blind Ride repercuta bastante e obrigue esse relançamento. Porém, The Skull Collectors está no catálogo de uma dessas grandes lojas da internet. O Hibria foi uma agradável surpresa para mim e comprova que o metal daqui do país tem muito o que mostrar. O metal brasileiro vai sim cair nas graças de todos, mas pela sua qualidade e não por pena. Lembrem-se que, durante um período da década de 90, tivemos uma banda brasileira, o Sepultura, como uma das maiores do mundo no gênero.
O som que o Hibria faz hoje em dia já não bate tão bem comigo, mas hei de reconhecer que o Iuri é um vocalista talentoso. Além de já ter assistido a banda ao vivo, comprovando que a competência transcende o estúdio, lembro de um tributo ao Iron Maiden onde o cara participou de algumas músicas. Depois dele ter saído do palco, ninguém mais queria que os outros vocalistas continuassem e seguissem sua vez…
Eu acho o Hibria a melhor banda do Brasil atualmente. Os 3 discos sao muito bons, mas o meu favorito ainda é o primeiro.
Sem falar que os caras batalham, correm atras, e aos poucos alcançam o que querem, ao inves de ficar postando "manifestos" na internet…
Gostei mais do Blind Ride que o Skull Collectors, e gostei da direção que a banda parece seguir com esse disco.
escutei a música “Nonconforming Minds” no youtube e por volta de 3:15 tem um som do windows no fundo. será que no cd também tem isso?
Hahaha…não, não tem Ramon. Isso deve ter sido um descuido do cara que colocou no Youtube…
mas e aí, gostou da música?
Gostei, e no geral também gostei do álbum. Curti o Hibria desde o primeiro som que eu escutei do Defying the Rules.
gostei muito de todos los cds deles, mas este ultimo é foda..
na minha opinião é o MELHOR CD de 2011..
não so do brasil, mas do mundo…
é incrivel…
qto ao manifesto, concordo com ele
acho q mais fãs deveriam ir aos shows sim..
todos os, poucos, nacionais q vou estão sempre vazios
espero q o show do baranga no centro cultural vergueiro tenha bastante gente…
Eu diria que até os internacionais, com algumas poucas exceções, andam vazios… ao menos aqui em Porto Alegre… Se havia no máximo 500 pessoas (se muito!) no do Alice Cooper, que merece o status de lenda viva do rock, imagine em eventos menores, com artistas de menor relevância…
O HIbria é o tipico caso de sucesso internacional de uma banda brazuca q poucos conhecem em nosso pais. Porem, no show do Metallica citado pelo Bueno, o publico que estava la para assistir os grandes americanos parecia conhecer todas as musicas do grupo. Infelizmente, eu lutava contra o barro e nao me concentrei no som, e confesso q nao conheço o hibria como deveria.
Gostei dessa frase:
"O metal brasileiro vai sim cair nas graças de todos, mas pela sua qualidade e não por pena. "